Dama por um Dia / Lady for a Day

4.0 out of 5.0 stars

Dama por um Dia, que Frank Capra lançou em 1933, o quarto ano da Grande Depressão em que se afundaram os Estados Unidos, é um dos mais belos, ternos, envolventes contos de fada que já foram contados. É também provavelmente o filme mais otimista, positivo, believer desse cineasta excepcional que soube como nenhum outro injetar esperança nas platéias de cinema em um país varrido pelo desemprego, pela miséria.

Tem uma importância bem grande na obra de Capra – e na história do estúdio em que realizou boa parte de seus filmes, a Columbia Pictures. Vigésimo-quarto longa-metragem do realizador, Lady for a Day não foi apenas o primeiro dele a receber indicações para o prêmio da Academia, mas também o primeiro entre todos os filmes da Columbia. Foram quatro indicações, nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor atriz para May Robson, que faz a dama do título, e melhor roteiro adaptado para Robert Riskin.

Quatro indicações em quatro das cinco categorias mais importantes.

Não levou nenhuma das estatuetas, é verdade, mas um dos dois filmes que lançaria no ano seguinte, 1934, teria cinco indicações, exatamente nas cinco categorias mais importantes, filme, diretor, ator, atriz, roteiro – e venceria todos! Aconteceu Naquela Noite/It Happened One Night levou os cinco Top 5 Oscars da festa de 1935 – uma façanha que seria repetida apenas 50 anos depois, com Amadeus, de 1984, de Milos Forman. Um filme de um imigrante checo em 1984, um filme de um imigrante  italiano em 1934.

A líder dos mendigos e um bandido de grande coração

O conto de fadas tem um pouco de Cinderela – mas, veja o eventual leitor que idéia maravilhosa, a Cinderela não é uma jovem, e sim uma senhorinha, uma velhinha. Chama-se Annie (o papel da já citada May Robson), é uma mendiga que vende maçãs no centrinho do centrinho de Manhattan, a ilha que começava a ser o umbigo do capitalismo mundial.

Todos a chamam de Apple Annie, Annie das Maçãs – e ela é, sem brigar por isso, uma espécie assim de líder dos mendigos da região central de Manhattan, ali perto da Broadway, perto da Times Square. A estonteante primeira sequência do filme – um extraordinário trabalho do diretor de fotografia Joseph Walker e do montador Gene Havlick – nos mostra tudo isso. Em uma série de tomadas amplas, com alguns poucos planos americanos, a câmara deslizando em belos travellings, o filme vai mostrando Annie andando no umbigo de Manhattan e interagindo com vários, vários outros mendigos, pedintes, aleijados, dando instruções a eles – vão para aquele tal lugar que ali está tendo muita gente.

Enquanto rege o concerto dos mais miseráveis daquela América enfiada na Grande Depressão, Annie das Maçãs está sendo procurada ansiosamente por Dave the Dude (Warren William), o sujeito que, a rigor, é o protagonista da história, mais importante até mesmo que a própria Annie.

O Dude é um bandido, um gângster, um mafioso. O filme nunca irá explicitar muito exatamente que tipo de crime ele comete – a gente vê que há, entre as atividades dele, o jogo proibido, ilegal, mas não se vai muito além disso. Lady for a Day mostra o Dude como um fora-da-lei gente boa, gente fina, coração gigante.

Naquele momento em que começa a ação, o Dude havia mandado seu capanga, seu faz-tudo, Shakespeare (Nat Pendleton), sair à cata de Annie: ele estava para iniciar uma nova negociata, que o filme nunca explica muito bem qual é, mas indica claramente que é muito importante – e o fato é que o Dude, sujeito supersticioso, crê que só consegue ter sorte depois de comprar uma maçã de Apple Annie.

Um hino à solidariedade, ao companheirismo

O roteirista Robert Riskin – que trabalhou com Capra em diversos de seus filmes, entre, se eu não estiver enganado, 1931 e 1941 – não tem pressa em apresentar o que será o ponto central do conto de fadas. Que é o seguinte: aquela mendiga velhinha, esfarrapada, tinha tido uma filha – e mandado a filha para ser criada numa escola católica da Espanha. Todo o dinheiro que ganhava vendendo maçãs nas calçadas de Manhattan serviam para pagar a escola da filha. E ela se fingia de rica: escrevia constantemente para a filha usando papel timbrado de um hotel milionário de Manhattan, o Marberry – papel que um amigo dela, estafeta do hotel, surrupiava.

Quando o filme de 96 minutos está ali com uns 20, a filha de Annie, Louise (Jean Parker), avisa em uma carta que está viajando para Nova York junto com o noivo, Carlos (Barry Norton), e o pai dele, o conde Romero (Walter Connolly). O pai quer conhecer a família da moça, antes de aceitar a possibilidade de um casamento.

Numa sequência belíssima, Annie lê a carta-bomba da filha caminhando na rua, no meio da multidão de pedestres – e desmaia.

Em 1933, ainda não havia o “Antonico”, que Ismael Silva só iria compor em 1950, mas o que o filme de Frank Capra mostra é bastante parecido com o samba. É um maravilhoso elogio à solidariedade, ao companheirismo, à amizade, essas que são as mais belas invenções do ser humano.

Todos os mendigos de Nova York se unem para tentar fazer alguma coisa por Annie das Maçãs.

E vão pedir ajuda a quem eles acham que pode ajudar: Dave the Dude.

O bandido mais generoso da História do cinema

Já disse muitas vezes, repito aqui: não tenho qualquer simpatia por bandidos. Nem por filmes, ou canções, que transformam bandidos em heróis.

As canções folk inglesas e irlandesas, e a música folk americana, que descende das primeiras, têm uma absurda fascinação por criminosos, foras-da-lei. O cinema também. O cinema americano adora Billy the Kid, Jesse James, bandidos do Velho Oeste, tanto quanto adora Bonnie & Clyde, os ladrões de banco daqueles anos da Grande Depressão. Há, nesse desvario, algo de Robin Hood, o herói que roubava dos ricos para dar aos pobres. É provável que vá nisso também um sonho socialista, de admiração pelo igualitarismo – “grande será o dia”, como diz a canção, “em que o Rockefeller mais velho chegar pra mim e pedir, irmão, pode me dar uma moeda?”

Não é uma coisa americana, apenas. O cinema francês sempre flertou com um bandidinho, em sua eterna luta contra “os burgueses”. Embora de forma diferente, os dois primeiros filmes dos maiores nomes da nouvelle vague, Os Incompreendidos/Les Quatre-Cents Coups (1959), de François Truffaut, e Acossado/À Bout de Souffle (1960), de Jean-Luc Godard, têm como personagens centrais respectivamente um jovem que roça com o outro lado da lei e um que passa completamente para ele.

Eu, bem ao contrário, não tenho qualquer admiração por bandido – ladrão, assassino, sequestrador, malandro, aproveitador, golpista, o que for.

Mas a verdade é que Dave the Dude é o bandido mais absolutamente generoso da História do cinema.

Diante dos pedidos daquele bando de mendigos, depois de alguns momentos de hesitação, o Dude aceita bancar a transformação de Apple Annie em uma dama, para que ela receba a filha, o noivo e o conde pai dele.

Em vez da abóbora que se transforma em carruagem, o Dude, mistura de gângster e fada, provê para Apple Annie, com a ajuda da simpática dona de cabaré Missouri Martin (Glenda Farrell, na foto abaixo), uma fantástica nova identidade, um apartamento luxuoso e ainda um falso marido, um astro da arte de enganar trouxas no bilhar que fala como professor de faculdade de Direito, o juiz Blake (Guy Kibbee).

Para Capra, as pessoas são boas, têm bom coração

Já seria bondade demais, solidariedade demais – mas, para Frank Capra, ainda era pouco.

Em muitos, muitos de seus grandes filmes que viriam depois deste Lady for a Day, Capra mostrou milionários como pessoas más, mesquinhas, só interessados em ganhar mais e mais dinheiro – mas que, na hora H, na hora em que o mocinho mais necessitava de ajuda, se mostravam capazes de ter gestos positivos, de ser bons, de demonstrar que no fundo, no fundo, tinham coração.

Essa é uma característica fundamental de vários dos filmes do realizador.

Mas nenhum deles mostra tão tremenda, tão gigantesca, tão ampla capacidade de tantos ricos, poderosos, serem capazes de – também eles – serem solidários aos pequeninos, pobres, desafortunados, abandonados pelo Sonho Americano.

Ao final da trama linda deste conto de fadas, o que se dá não é uma mentira, uma enganação, violência, um atentado. Não é uma ilegal aceitação de uma negociação com um bandido. Não, não, não: é Frank Capra puro. A elite toda aceita o convite do bandido para participar do conto de fadas.

Aceita porque, no fundo, no fundo, as pessoas são boas. Têm bom coração.

E então deixam-se de lado convenções, até a letra fria da lei – o que importa é fazer a felicidade de uma pessoa que merece um instante de felicidade.

Frank Capra, meu Deus do céu e também da terra, é uma maravilha. É humanismo puro, concentrado. Admiração, respeito pelo ser humano – com todas as suas falhas, os seus defeitos.

Depois deste aqui, Capraa faria 13 longas de ficção

Francesco Rosario Capra, nascido em Bisacquino, na Sicília, em 1897, estava portanto com 36 anos em 1933, o ano de lançamento deste filme – e já era um veterano, um nome respeitado. Havia começado a dirigir curta-metragens em 1922 e em 1926 lançara seu primeiro longa, O Homem Forte/The Strong Man. Como vários outros diretores de Hollywood daquela época, trabalhava muito, fazia vários filmes por ano, e este Lady for a Day foi, repito, seu 24º longa-metragem – 24 longa-metragens no espaço de apenas oito anos!

A partir daí, como todos os realizadores que começaram ainda no cinema mudo, diminuiria o ritmo. Depois de 1933, o ano deste Lady for a Day, e até seu último, seu canto de cisne, em 1961, Capra faria mais 13 longa-metragens.

É verdade que, em quatro anos, entre 1942 e 1945, fez cerca de 20 documentários para o Departamento de Guerra dos EUA – como outros grandes cineastas, deu sua contribuição no esforço de guerra contra o nazi-fascismo.

O fato é que, depois de Lady for a Day, foram 13 longa-metragens de ficção no espaço de 27 anos! Bem menos filmes que na fase inicial – mas, meu Deus do céu e também da Terra, que filmes! Uma quantidade absurda de obras-primas e/ou belíssimos filmes.

Aconteceu Naquela Noite/It Happened One Night (1934).

O Galante Mr. Deeds/Mr. Deeds Goes to Town (1936).

Horizonte Perdido/Lost Horizon (1937).

Do Mundo Nada se Leva/You Can’t Take it With You (1938).

A Mulher Faz o Homem/Mr. Smith Goes to Washington (1939).

Adorável Vagabundo/Meet John Doe (1941).

Este Mundo é um Hospício/Arsenic and Old Lace (1944).

A Felicidade Não se Compra/It’s a Wonderful Life (1946).

Sua Esposa e o Mundo/State of the Union (1948).

Nada Além de um Desejo/Riding High (1950).

Órfãos da Tempestade/Here Comes the Groom (1951).

Os Viúvos Também Sonham/A Hole in the Head (1959).

E, em 1961, fez o que seria seu último filme – uma refilmagem de A Dama um Dia/Lady for a Day! O título original era diferente, Pocketful of Miracles (no Brasil, os distribuidores repetiram o título do primeiro, e então o filme que o adolescente Sérgio Vaz viu duas vezes aos 12 anos de idade, e mais uma aos 14, nos cinemas de Belo Horizonte, se chamava Dama por um Dia).

O título original era diferente, o filme era em cores, os dois atores centrais grandes astros, muito mais famosos do que os competentes Warren William e May Robson (nada menos que Bette Davis como Apple Annie, Glenn Ford como Dave the Dude). Mas a trama era exatamente, exatamente a mesma do filme de 1933.

Começamos a rever o Dama por um Dia de 1961, e ainda vamos revê-lo, é claro. Mas não quis reunir os dois filmes em uma anotação só. Cada um merece suas trocentas linhas.

A Columbia não tinha dinheiro para grandes astros

Lady for a Day se baseia em um conto escrito por Damon Runyon (1980-1946), um repórter, colunista esportivo e escritor que teve diversos de seus contos levados para o cinema. São de sua autoria os contos que resultaram, entre outros filmes, em Rua das Ilusões/The Big Street (1942), com Henry Fonda e Lucille Ball, e Eles e Elas/Guys and Dolls (1955), um dos muitos musicais de Frank Sinatra, mas o único da carreira de Marlon Brando.

O conto de Damon Runyon se chama “Madame La Gimp”, e foi publicado na edição de outubro de 1929 da revista Internacional Cosmopolitan, pertencente a William Randolph Hearst, o magnata que serviu de modelo para o personagem-título do Cidadão Kane (1941) de Orson Welles.

Outras informações sobre o filme, a maioria tirada da página de Trivia do IMDb, com meus pitacos, é claro.

* A Columbia Pictures do chefão Harry Cohn ainda era, em 1933, um estúdio pequeno, e não tinha dinheiro para contratar grandes astros. Warren William, o bom ator que faz o Dude, era um astro, mas não tinha contrato com o estúdio: foi emprestado pela Warner Bros.

* Capra gostaria de ter Marie Dressler, então uma grande estrela da MGM, no papel de Apple Annie, mas Harry Cohn não aceitou a escolha, e indicou May Robson para o papel. Nisso aí o chefão do estúdio acertou: May Robson está excelente – e daria ao filme uma de suas quatro indicações ao Oscar.

* Para o papel de Missouri Martin, a dona do night club amiga de Dave the Dude (amiga e candidata a namorada), foi escolhida Glenda Farrell, uma atriz emprestada à Columbia pela Warner. A escolha se devia ao fato de que a moça era namorada de Robert Riskin, o roteirista deste e de vários outros filmes de Capra. A grande coincidência é que a atriz escolhida para o mesmo papel na refilmagem de 1961, Hope Lange, era a namorada de Glenn Ford, o ator que estava no auge da fama e foi também co-produtor.

Glenda Farrell e Hope Lange, na minha opinião, comprovam que nem sempre o fato de alguém ser indicado por motivos extra-profissionais quer dizer que não merece o lugar. As duas estão ótimas no papel.

* Essa personagem Missouri Martin foi um tanto inspirada em uma pessoa real, conhecida pelos frequentadores da noite de Nova York nos anos 20, com o apelido de Texas Guinan. Ela era atriz, cantora e dona de um bar. Repare-se que o prenome da moça é, como o da personagem, o nome de um Estado americano.

* Foi a partir de 1934 que o Código Hays, o código de autocensura dos estúdios, passou a ser aplicado de forma mais absolutamente rígida. O IMDb nota que, se tivesse sido lançado em 1934, e não em 1933, o filme provavelmente não traria a declaração de Apple Annie de que teve a filha sem ter se casado. Mães solteiras não existiam, segundo o Código Hays.

* Mendigos do Centro de Los Angeles foram convidados para pequenos papéis, inclusive o homem sem pernas, que percorre as calçadas num carrinho de rolemã. Tinha o apelido de Shorty, e Capra se lembrava dele vendendo lápis na cidade quando ele vendia jornais nas calçadas.

* Sobre um filme que fala de superstição – a maçã de Annie como amuleto de sorte –, uma historinha que envolve superstições. Consta que os responsáveis pelo Radio City Music Hall, o famoso cinema do Rockefeller Center de Manhattan, incluíram Lady for a Day na programação sem ter visto ainda o filme. Só porque O Último Chá do General Yen, o Capra de 1932, havia sido o primeiro filme a ser exibido na sala, e tinha dado sorte.

* Um caso curioso: na hora de apresentar o nome do vencedor do Oscar de melhor direção, o apresentador Will Roger disse, após abrir o envelope: – “Come and get it, Frank!”. Venha pegar. Capra chegou a se levantar e caminhar em direção ao palco – mas o prêmio era para Frank Lloyd pelo filme Cavalgada/Cavalcade.

Na cerimônia do ano seguinte o Frank chamado seria ele mesmo, esse extraordinário Francesco Rosario Capra.

“Terno, emocionante, engraçado”

“A venerável May Robson celebrou seu jubileu de ouro como atriz em uma deliciosa fantasia saída da pena cheia de cores de Damon Runyon chamada Lady for a Day”, diz o livro The Columbia Story, em seu longo verbete sobre o filme. “Ela interpretou Apple Annie, uma vendedora de frutas de Nova York, mãe de uma filha que ela não vê desde a infância e que viveu a maior parte da vida em um convento europeu.”

Depois de fazer uma boa sinopse da história, o livro diz: “Essa otimista história de Cinderela de imenso charme e mordacidade foi dirigida espertamente por Frank Capra que, mais que qualquer outro talento criativo do estúdio, seria logo depois responsável por levar riqueza e prestígio à Columbia para além dos sonhos de Harry Cohn. Além da de May Robson (que só ganhou o papel depois que Cohn não conseguiu obter Marie Dressler da MGM), houve atuações deliciosas de Guy Kibbee como o juiz Blake e de Walter Connolly como o conde Romero, com Ned Sparks e Nat Pendleton em igual boa forma. A história de Runyon ‘Madame La Gimp’ deu ao roteirista Robert Riskin espaço para uma narrativa sólida com excelentes diálogos – assim como a oportunidade de escrever um papel para sua namorada Glenda Farrell.”

Leonard Maltin deu a cotação máxima de 4 estrelas, mas foi sintético em seu verbete: “Maravilhosa fábula de Damon Runyon sobre a decadente vendedora de maçãs Robson transformada em uma perfeita dama pelo vigarista de bom coração William. Robert Riskin adaptou o conto de Runyon ‘Madame La Gimp’. Sequência: Lady by Choice. Refeito por Capra como Pocketful of Miracles.”

Hum… Lady by Choice, no Brasil Dama por Vontade, de 1934, tem May Robson interpretando um personagem parecido com Apple Annie, mas não é propriamente uma sequência de Lady for a Day, afirma o IMDb. O site traz esta sinopse do filme: “Uma impetuosa e alcoólatra senhora idosa é contratada para melhorar a imagem de uma controvertida dançarina, e as duas mulheres formam uma inesperada amizade”. A dançarina é interpretada por Carole Lombard – e há no filme uma outra coincidência, além da presença de May Robson como uma velha senhora que bebe muito: o roteiro é de Jo Swerling, que escreveu os scripts de alguns filmes de Capra, como A Mulher Miraculosa (1931), A Mulher Proibida (1932) e A Felicidade Não se Compra (1946).

O Petit Larousse des Films diz: “Primeiro triunfo pessoal de Frank Capra, Grande Dame d’un Jour retirou definitivamente a Columbia do grupo de ‘pequenos estúdios’, fazendo-a entrar na corrida pelos Oscars. Foi também, para o diretor, a passagem definitiva do melodrama à comédia sentimental, com sua ambientação de conto de fadas moderno, sua sorridente sátira social, sua galeria de personagens malucos. Desta obra menor, em meias tintas, Capra retiraria em 1961 uma excelente refilmagem, seu último filme, em que Bette Davis substituiria a extraordinária May Robson.”

O Guide des Films de Jean Tulard dá 3 estrelas em 4: “Terno, emocionante, engraçado. A angústia de uma bêbada, que não quer estragar o futuro de sua filha que só conhece a mãe por cartas. A ajuda simpática do gângster e seus amigos traz um elemento cômico tocante.”

“Terno, emocionante, engraçado.” Perfeita definição do cinema desse realizador extraordinário.

Anotação em junho de 2020

Dama Por Um Dia/Lady for a Day

De Frank Capra, EUA, 1933

Com Warren William (Dave the Dude), May Robson (Apple Annie), Guy Kibbee (juiz Blake)

e Glenda Farrell (Missouri Martin, a dona do cabaré), Ned Sparks (Happy, o comparsa do Dude), Nat Pendleton (Shakespeare, o faz-tudo do Dude), Jean Parker (Louise, a filha de Annie), Walter Connolly (conde Romero), Barry Norton (Carlos, o noivo de Louise), Robert Emmett O’Connor (o inspetor de polícia), Wallis Clark (o comissário de polícia), Samuel S. Hinds (o prefeito), Hobart Bosworth (o governador), Blind Dad Mills (o cego)

Roteiro Robert Riskin

Baseado na história “Madame la Gimp”, de Damon Runyon

Fotografia Joseph Walker

Música Howard Jackson

Diretor musical C. Bakaleinikoff

Montagem Gene Havlick

Figurinos Robert Kalloch

Produção Columbia Pictures. DVD

P&B, 96 min (1h36)

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Disponível em DVD.