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(Disponível no Now em 10/2021.)
Uma das muitas qualidades dos filmes da saga Harry Potter é a fidelidade aos livros de J.K. Rowling – esse fenômeno extraordinário, o maior sucesso literário das últimas décadas no mundo todo, com 450 milhões de exemplares vendidos. O roteirista Steve Kloves de fato conseguiu fazer um trabalho excepcional, fantástico, na adaptação das histórias da escritora inglesa para o cinema.
Steve Kloves, texano nascido em 1960, assina sozinho os roteiros dos quatro primeiros filmes da saga Harry Potter. Os roteiros dos três primeiros – HP e a Pedra Filosofal (2001), HP e a Câmara Secreta (2002), HP e o Prisioneiro de Azkaban (2004) – são não menos que brilhantes.
Ao ver o quarto título agora, Harry Potter e o Cálice de Fogo, também achei o trabalho do roteirista sensacional, Porém, diferentemente dos três anteriores, me pareceu que não coube no filme muito do que o livro traz.
É claro, é óbvio que estou cansando de saber que isso é a coisa mais absolutamente normal do mundo, que acontece em quase todas as adaptações de obras literárias para o cinema. Sempre ficam de fora detalhes que o livro teve espaço para apresentar. É claro, é óbvio – ainda mais no caso dos livros de J.K. Rowling, volumosos, e cheios de personagens e eventos intrincados.
Nem quero dizer, de forma alguma, que o roteiro deste HP e o Cálice de Fogo seja ruim, incompleto ou qualquer coisa assim. Não, nada disso. Só quero registrar esta minha impressão – de que, bem mais do que nas aventuras anteriores, muito do livro não coube nos 157 minutos do filme.
E 157 minutos, duas horas e 37 minutos, isso é bastante coisa; muitíssimo mais do que a duração normal da maioria dos longa-metragens, que fica aí entre 90 e 110 minutos. Mas os filmes da saga Harry Potter todos têm esse padrão – os quatro primeiros variam entre 142 e 161 minutos.
Mais adiante falo de alguns elementos que não couberam no filme.
É que são muitos tópicos que eu gostaria de abordar. Tantos que nem sei bem por onde começar. (Imagine-se então Steve Kloves diante daquele catatau de cerca de 450 páginas…)
O fio condutor do filme 4 é um torneio entre estudantes
O quarto tomo da saga, livro e filme, se passa quando Harry Potter e seus grandes amigos Hermione Granger e Ron Weasley estão no quarto ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Haviam entrado na escola aos 11 anos, estão agora com 14.
Havia 13 anos que o representante máximo das Trevas do mundo bruxo, aquele de quem não se tem coragem sequer de falar o nome, havia sido derrotado numa luta contra bruxos do bem: ele havia assassinado James e Lily Potter, mas não conseguira matar o filhinho deles, então bebê – e, na batalha contra os Potter, o pequenino Harry havia sido atingido por um golpe na testa, que deixara uma cicatriz em forma de raio, mas ele, Você-Sabe-Quem, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, havia sofrido um golpe quase fatal. Perdera o corpo – conseguira sobreviver como algo próximo de uma fumaça, um poderosíssimo espírito do Mal sem corpo para agir.
Nos três primeiros livros/filmes, Lord Voldemort havia tentado atacar Harry Potter – mas não tivera sucesso.
A cada vez que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado tentava um ataque ao garoto, ele sentia um terrível dor na cicatriz na testa.
Harry Potter e o Cálice de Fogo começa com um pesadelo que Harry está tendo, em que estão uma gigantesca cobra, o pet de Você-Sabe-Quem, um discípulo dele, Wormtail, rabo de minhoca, Rabicho, na tradução brasileira (o papel do grande Timothy Spall), um outro discípulo dele que o espectador não consegue ver direito, e a presença desencorpada do próprio Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado
Discute-se ali um ataque final a Harry.
É assim que começa o livro, é assim a primeira sequência do filme. No filme, quando Harry acorda, com expressão de dor terrível, não dá para o espectador respirar – e Hermione entra em cena, acordando Harry e Rony, e logo em seguida os três, mais o senhor Arthur Weasley, o pai de Rony, e três outros de seus filhos, Fred, George e Ginny, estão caminhando num campo, rumo a uma montanha. Encontram um colega de Arthur no Ministério da Magia e seu filho, os Diggory, Amos e Cedric. Juntam-se em torno de uma velha bota, que na verdade é uma Chave do Portal, um acionador de viagem teletransportada no espaço. Um glorioso efeito especial e plóft – o filme ainda não tem sequer oito minutos e aqueles personagens todos estão no que parece ser um camping infinito, a perder de vista.
Dentro de cada barraca há uma casa ampla, gigantesca – e ao ver o interior da barraca Harry, um bruxo que havia sido criado por tios trouxas, sem saber que era bruxo, exclama: – “Eu adoro a magia!” (“Trouxas” é como são chamados os seres humanos não bruxos.)
Logo em seguida vemos que todos aqueles bruxos reunidos no camping infinito estão ali para assistir à final da Copa Mundial de Quadribol.
Após a partida, há uma gigantesca agitação no camping. Imagens relacionadas à morte aparecem no céu, há uma correria sem fim, alastra-se um incêndio, milhares de barracas são destruídas pelo fogo.
Numa sequência seguinte, Harry, Hermione e Rony, e mais dezenas e dezenas de bruxos e bruxas adolescentes, estão no Expresso de Hogwarts.
Em Hogwarts, o diretor Albus Dumbledore (o papel de Michael Gambon) explica aos estudantes que naquele ano a escola sediará o Torneio Tribruxo, uma tradicionalíssima, milenar competição entre um representante de cada uma de três grandes escolas internacionais de bruxaria – a própria Hogwarts, a francesa Beauxbatons e a Durmstrang, do Leste Europeu. Delegações dessas duas escolas iriam chegar em breve, e ficariam hospedadas ali em Hogwarts.
Os estudantes que quisessem representar sua própria escola – só os maiores de 17 anos, devido aos perigos a serem enfrentados no torneio – deveriam escrever seus nomes em um pedaço de pergaminho e depositá-lo no Cálice de Fogo. Cabe ao Cálice de Fogo escolher um aluno de cada escola, um campeão de cada uma delas.
O Torneio Tribruxo, que consiste de três grandes tarefas, é o fio condutor da história deste Harry Potter e o Cálice de Fogo.
Como pano de fundo dos eventos todos envolvendo o torneio está a figura do Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, e o temor entre todos de que ele possa estar preparando a sua volta.
Às vezes me pergunto se alguém que não leu os livros consegue entender os filmes.
Não, não é isso. Deixe eu tentar escrever o que de fato penso, sinto.
Sim, é óbvio, é claro que dá para o espectador curtir os filmes da saga sem ter lido os livros. Dá para acompanhar a história – embora com alguma dificuldade aqui e ali, talvez.
Mas uma coisa é absolutamente certa: se você leu o livro antes de ver o filme, você entende muito melhor o que está acontecendo, e se diverte muito mais.
Nenhum dragão foi ferido durante as filmagens
Um dos grandes segredos que tornam especiais os oito filmes baseados nos sete livros de J.K. Rowling sobre Harry Potter, me parece, é a fantástica unidade que eles mantêm entre si. O exemplo mais óbvio dessa unidade é o fato de serem sempre os mesmos atores nos papéis principais. É algo extremamente difícil de se obter – e a série conseguiu, e com brilhantismo.
É absolutamente fascinante vermos, filme após filme, a grande Maggie Smith como a professora Minerva McGonagall, Alan Rickman como o professor Severus Snape, Robbie Coltrane como o gigantesco Rubeus Hagrid. Mas é uma maravilha especial, é claro, ver Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint nos papéis, respectivamente, de Harry, Hermione e Rony. A gente vai acompanhando o crescimento deles ao longo dos anos. Começamos vendo três crianças no Harry Potter e a Pedra Filosofal – em 2001, ano de lançamento do filme, Daniel Radcliffe fez 12 anos, Emma Watson, 11 e Rupert Grint, 13. No ano de lançamento deste quarto filme da série, 2005, eram adolescentes de, respectivamente, 16, 15 e 17 anos. Quatro anos, nessa fase da vida, fazem uma diferença imensa, abissal, total.
De fato, é uma conquista extraordinária dos realizadores da série terem feito esses atores permanecerem em seus papéis ao longo de dez anos, de 2001 até 2011, o ano do oitavo e último da série, Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2.
Às vezes, é claro, o destino intervém. Richard Harris, o grande ator que fez o diretor Dumbledore nos dois primeiros filmes da série, morreu em outubro de 2002 – e foi substituído, a partir de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, por Michael Gambon. Senti falta de Richard Harris ao ver este Cálice de Fogo. Na minha opinião, ele fazia um Dumbledore como J.K. Rowling o criou e descreve – sábio, calmo, suave, um homem que jamais eleva o tom de voz. Michael Gambon, um ator geralmente chegado a um certo exagero, faz um Dumbledore que fala alto – um absurdo.
Mas isso é uma exceção. A unidade entre os filmes é de fato impressionantes. Mudam os diretores, o estilo dos filmes não muda. O americano Chris Columbus, um especialista em filmes para platéias infanto-juvenis, dirigiu os dois primeiros. O mexicano Alfonso Cuarón, eclético, que já passou por diversos gêneros, dirigiu o terceiro. E este quarto coube ao inglês Mike Newell, também bastante eclético, autor daquela pérola da comédia romântica que é Quatro Casamentos e um Funeral.
Mudam os diretores, o estilo dos filmes não muda. É tudo rápido, muita informação em cada sequência, muita ação – e muito efeito especial.
É efeito especial que não acaba mais. As tais computer generated images – e a assinatura da Industrial Light & Magic do mago George Lucas, o melhor sinônimo que existe para efeitos especiais.
O próprio Cálice de Fogo que dá o nome a esta aventura, por exemplo, é uma sensacional criação das diversas equipes de efeitos especiais e CGIs.
Lá pelas tantas, Dumbledore retira um pensamento da cabeça e deposita na Penseira – uma espécie de bacia para guardar pensamentos, para desocupar um pouco a cabeça. Mais adiante Harry Potter fica olhando a Penseira – exatamente como J.K. Rowling descreve no capítulo 30 do livro –, cai dentro dela, e fica assistindo a um julgamento de pessoas acusadas de serem Comensais da Morte, partidárias do Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, uma lembrança que Dumbledore havia depositado lá.
Na primeira tarefa do Torneio Tribuxo, Harry enfrenta um gigantesco dragão rabo-córneo húngaro. Na segunda, mergulha no lago que fica junto do castelo de Hogwarts – e vira meio homem, meio peixe, com guelras e as pernas tornadas grandes nadadeiras.
Se em 1902 Georges Meliès (1861-1938) filmou uma viagem à Lua, se em 1945 Gene Kelly dançou com o ratinho Jerry, se em 1951 Fred Astaire dançou com uma vassoura num teto, por que nestes tempos de CGI o cinema não poderia fazer o jovem Daniel Radcliffe enfrentar um dragão e virar meio gente, meio peixe?
“Nenhum dragão foi ferido durante as filmagens”, informa um letreiro, nos créditos finais – uma deliciosa piada que encerra com bom humor o filme que tem como uma de suas características, assim como os demais da série, o bom humor.
Nenhum dragão foi ferido – mas Daniel Radcliffe teve um sério problema devido à quantidade de vezes que teve que mergulhar nas águas de um gigantesco tanque construído para asw filmagens das tomadas de Harry no lago de Hogwarts. O IMDb cita que o ator passou 41 horas no tanque de água – e teve infecção nos dois ouvidos depois disso.
Uma equipe de casting vencedora, com belas escolhas
Uma característica dos filmes da saga Harry Potter é a participação de grandes atores do cinema inglês, o que vale dizer alguns dos melhores do cinema mundial, já que as Ilhas Britânicas são o maior celeiro de bons atores do planeta. Além dos que são praticamente fixos, como Maggie Smith e Alan Rickman, há os que fazem personagens que aparecem ocasionalmente, em um ou mais filmes. Assim, no filme número 2, HP e a Câmara Secreta (2004), Kenneth Branagh tem uma participação especial como um professor terrivelmente narcisista que passa por Hogwarts. No terceiro, surge um personagem que será importante a partir daí, Sirius Black – que coube a Gary Oldman. Emma Thompson interpretou uma das professoras nesse terceiro, HP e o Prisioneiro de Azkaban – que teve ainda uma rápida participação da deusa Julie Christie.
Neste quarto filme aqui surge Ralph Fiennes como o corpo em que se instala o espírito antes desencorpado do Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, Lord Voldemort. O volumoso irlandês Brendan Gleeson (na foto acima) faz o estranhíssimo, fascinante Alastor ‘MadEye’ Moody, na tradução brasileira feita por Lia Wyler Olho Tonto Moody, um sujeito que tem um olho normal e um olho mágico.
E deram para Miranda Richardson (na foto abaixo) o papel da horrorosa Rita Skeeter, a repórter do Profeta Diário especializada em escrever furos jornalísticos que têm pouquíssimo a ver com a realidade dos fatos. A atriz está absolutamente perfeita como a repórter que divulga para o mundo bruxo as maiores mentiras a respeito de Harry Potter – e tudo o mais que passar pela frente dela.
O trabalho da equipe de casting nos filmes da série é sem dúvida admirável. Os responsáveis pela escolha dos atores tiveram uma sorte imensa em chegar aos três garotos que fazem os protagonistas, Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint. A escolha dos grandes, veteranos atores foi sempre um grande acerto – assim como a dos jovens atores escolhidos para os papéis menores, os dos outros alunos de Hogwarts. O ator que faz Neville Longbottom, um garoto desajeitado demais, tadinho, mas boa gente, Mathew Lewis, é ótimo, e o escolhido para fazer o nojentinho Draco Malfoy tem todo o jeito antipático necessário ao papel.
Neste quarto filme da série, a equipe de casting chefiada por Mary Selway e Fiona Weir marcou um estupendo gol na escolha do ator para fazer o papel de Cedric Diggory. Cedric é mais velho que o trio Harry-Hermione-Rony, tem 17 anos, é apanhador do time de quadribol da Lufa-Lufa, uma das quatro casas dos alunos de Hogwarts. Como já foi mencionado lá atrás, é filho de Amos Diggory (Jeff Rawle), colega no Ministério da Magia do sr. Arthur Weasley (Mark Williams), por sua vez pai de Rony, dos gêmeos Fred e George (James e Oliver Phelps) e de Ginny (Bonnie Wright). No livro, é dito muito expressamente que Cedric é um rapaz bonito.
Cedric tem importância grande na história: ele será o aluno escolhido pelo Cálice de Fogo como o campeão de Hogwarts, o representante da escola no Torneio Tribruxo. Para o papel dele, a equipe de casting de Mary Selway e Fiona Weir tinha, portanto, que achar um jovem ator bonito com aparência de 17 anos. Achou um rapazinho nascido em Londres em 1986, e que portanto faria 19 anos em 2005, o ano de lançamento do filme, cuja experiência anterior era mínima. Havia feito um papel bem pequeno, sequer creditado, em Feira das Vaidades de Mira Nair, e em um filme para a TV, A Maldição do Anel. Chamava-se Robert Pattinson (na foto abaixo), o rapaz que viraria um astro apenas três anos depois, com o primeiro filme da saga Crepúsculo.
O filme é dedicado a Mary Selway, uma gigante, uma ás
Pouquíssima gente vê, mas este Harry Potter e o Cálice de Fogo é dedicado a Mary Selway. A dedicatória aparece bem no final dos looooongos créditos após o fim da narrativa. São centenas e centenas de nomes que aparecem nos créditos finais. Só para se ter uma idéia, são 34 profissionais apenas no departamento de maquiagem! (Contei na relação dos nomes dos técnicos no IMDb.) Ao final dos vários minutos de créditos, está lá: “Dedicado a Mary Selway”.
Ela havia morrido quando o filme ainda estava sendo produzido, em abril de 2004, aos 68 anos de idade. Foi diretora de casting de nada menos que 120 filmes e/ou séries, e era tida como uma das melhores de seu métier em toda a História. Uma passada de olhos pelos títulos dos filmes da carreira de Mary Selway é de fazer qualquer pessoa que ama os filmes babar. Meu, quanto filme bom!
Por uma dessas coincidências fantásticas, eu havia visto, poucos dias antes de assistir a este HP e o Cálice de Fogo, o Tess de Roman Polanski, e também um trio de pequenos documentários sobre a produção do filme, e Mary Selway é uma das entrevistadas. Foi diretora de casting de Tess e também de outro filme de Polanski, Piratas (1986). E também de Cuba (1979), Excalibur (1981), Caçadores da Arca Perdida (1981), Victor/Victoria (1982), Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984), Entre Dois Amores (1985), Esperança e Glória (1987), Coração de Caçador (1990), A Casa da Rússia (1990)…
Bem. Falta falar, ainda que rapidamente, de elementos do livro que ficaram fora do filme. Mas antes vai uma tabela com dados que acho interessantes sobre os quatro primeiros filmes da série:
HP e a Pedra Filosofal (2001) | HP e a Câmara Secreta (2002) | HP e o Prisioneiro de Azkaban (2004) | HP e o Cálice de Fogo (2005) | |
Diretor | Chris Columbus | Chris Columbus | Alfonso Cuarón | Mike Newell |
Custo (em milhões) | US$ 125 | US$ 100 | US$ 130 | US$ 150 |
Renda | US$ 975 | US$ 879 | US$ 797 | US$ 896 |
Total de prêmios | 17, fora 68 outras indicações | 13, fora 46 outras indicações | 17, fora 53 outras indicações | 13, fora 44 outras indicações |
Oscars | 3 indicações | Nenhuma | 2 indicações | 1 indicação |
Alguns dos grandes atores ou muito famosos | Ian Hart,
John Hurt, John Cleese |
Kenneth Branagh, Toby Jones,
John Cleese, Gemma Jones |
Gary Oldman, David Thewlis, Timothy Spall, Emma Thompson,
Julie Christie |
Ralph Fiennes, Brendan Gleeson, Miranda Richardson, Robert Pattinson |
Duração | 152 min | 161 min | 142 min | 157 min |
Cotação de Leonard Maltin | **1/2 | **1/2 | *** | ***1/2 |
Minha cotação | **** | **** | ***1/2 | *** |
Os elfos domésticos são um dos elementos do livro que não couberam no filme HP and the Goblet of Fire.
Os elfos domésticos são uns pequenos seres que, no mundo mágico, fazem todo o trabalho de casa para os bruxos. São como as empregadas domésticas – só que não recebem salário, nem se preocupam com isso. A rigor, a rigor, são escravinhos, que trabalham sem parar – com a diferença de que não reclamam, não sofrem. Muito ao contrário: sentem prazer em servir aos donos. Têm uma fidelidade canina aos donos.
Hermione, que é uma criatura séria, de bons valores, e expressa o que acha certo, fica possessa com essa escravidão dos elfos, e cria a Frente de Liberação dos Elfos Domésticos, F.L.E.D. – mas não consegue grande adesão à sua causa. Os próprios elfos não querem saber de se liberar. A única exceção é Dobby, um elfo que já havia aparecido bastante em HP e a Câmara Secreta, em que fala com a voz do grande Toby Jones.
Dobby aparece bastante no livro HP e o Cálice de Fogo, assim como uma elfo fêmea, Winky, por quem Dobby arrasta as asinhas. Winky era a elfo doméstica de Barty Crouch (Roger Lloyd Park), o chefe do Departamento de Cooperação Internacional do Ministério da Magia e o superior de Percy Weasley, o irmão careta e carreirista de Rony e Ginny.
Os elfos Dobby e Winky, em especial esta última, são importantes na trama – mas eles não aparecem no filme. Assim como não aparecem os elfos da cozinha de Hogwarts e a Frente de Libertação dos Elfos Domésticos.
Também não coube no filme um outro funcionário importante do Ministério, Ludo Bagman, chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. No livro, ele aparece bastante, já que é seu departamento que cuida da Copa do Mundo de Quadribol e ele é um dos juízes do Torneio Tribruxo.
Não há também a menor menção à idosa bruxa Berta Jorkins, outra funcionária do Ministério, que é citada diversas vezes no livro, a começar pelo pesadelo de Harry que abre a narrativa.
Um detalhe interessante: não há, neste quarto filme da série, uma única sequência passada na casa dos tios de Harry, os intoleráveis, chatíssimos Dursley, que aparecem nos três primeiros filmes – foram eles que criaram Harry, e é com eles que o jovem bruxo é obrigado a passar as férias de verão. Os Dursley também não couberam no filme.
Repito: não vai nisso uma crítica ao roteiro de Steve Kloves. Não é uma crítica, uma reclamação – é apenas um fato que merece ser registrado.
É isso. Agora é ler o livro 5, Harry Potter e a Ordem da Fênix, para depois ver o filme…
Anotação em outubro de 2021
Harry Potter e o Cálice de Fogo/Harry Potter and the Goblet of Fire
De Mike Newell, Inglaterra-EUA, 2005
Com Daniel Radcliffe (Harry Potter),
Rupert Grint (Ron Weasley),
Emma Watson (Hermione Granger),
(em Hogwarts – os professores e seu entorno) Michael Gambon (diretor Albus Dumbledore). Maggie Smith (professora Minerva McGonagall), Robbie Coltrane (Rubeus Hagrid), Alan Rickman (professor Severus Snape), Brendan Gleeson (Alastor ‘MadEye’ Moody), David Bradley (Mr. Filch, o bedel), Warwick Davis (professor Filius Flitwick), Shirley Henderson (Moaning Myrtle, a Murta Que Geme),
(em Hogwarts – os alunos e seus parentes) Robert Pattinson (Cedric Diggory), James Phelps (Fred Weasley), Oliver Phelps (George Weasley), Julie Walters (Mrs. Weasley), Mark Williams (Mr. Arthur Weasley), Bonnie Wright (Ginny Weasley), Matthew Lewis (Neville Longbottom), Tom Felton (Draco Malfoy), Jason Isaacs (Lucius Malfoy, o pai de Draco), Jamie Waylett (Crabbe), Josh Herdman (Goyle), Devon Murray (Seamus Finnigan), Alfred Enoch (Dean Thomas), Adrian Rawlins (James Potter, o pai), Geraldine Somerville (Lily Potter, a mãe), Gary Oldman (Sirius Black, o padrinho), Jeff Rawle (Amos Diggory), Katie Leung (Cho Chang), Afshan Azad (Padma Patil), Shefali Chowdhury (Parvati Patil), Tiana Benjamin (Angelina Johnson),
(no Ministério da Magia e entorno) Robert Hardy (Cornelius Fudge, o ministro da Magia), Roger Lloyd Pack (Barty Crouch), Miranda Richardson (Rita Skeeter, a repórter do Profeta Diário), Robert Wilfort (o fotógrafo),
(nas Trevas) Ralph Fiennes (Lord Voldemort), Timothy Spall (Peter Pettigrew, Wormtail, o Rabicho), David Tennant (Barty Crouch Junior),
(os visitantes) Stanislav Yanevski (Viktor Krum), Frances de la Tour (Madame Olympe Maxime), Angelica Mandy (Gabrielle Delacour).
Clémence Poésy (Fleur Delacour), Predrag Bjelac (Igor Karkaroff)
Roteiro Steve Kloves
Baseado no livro de J.K. Rowling
Fotografia Roger Pratt
Música Patrick Doyle
Montagem Mick Audsley
Casting Mary Selway e Fopma Weor
Direção de arte Stuart Craig
Produção David Heyman, Warner Bros., Heyday Films, Patalex IV Productions Limited.
Cor, 157 min (2h37)
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