Harry Potter e o Enigma do Príncipe / Harry Potter and the Half-Blood Prince

Nota: ★★★☆

(Disponível no Max Prime em 3/2022.)

Penso em adjetivos para o sexto filme da saga Harry Potter. É uma epopéia que vai ficando cada vez mais densa, pesada. Sombria. Funesta. Lúgubre. “So bereaved and so bereft”, como diz a letra densa e pesada de Mark Knopfler naquela bela canção ainda do tempo dos Dire Straits.

Uma saga feita basicamente para crianças acima aí dos dez anos e para adolescentes – cada vez mais densa, pesada, sombrias, funesta, lúgubre, enlutada, desolada.

Como pode uma coisa tão triste enfeitiçar tantos milhões e milhões de crianças, pré-adolescentes, adolescentes, e também pessoas de meia idade como a mãe da Marina e vovós como Mary e eu?

Essa pergunta, evidentemente, é apenas retórica. Não há resposta para esse mistério, assim como os crentes sabem que não há explicações para os desígnios divinos, assim como todos sabemos (e aí cito mais uma letra de música, uma de autoria de Joan Baez) que é impossível “definir música para os surdos, cor para os cegos ou Deus para os homens”.

Aaahnn… Tá bastante papo cabeça, viajandão, e então seria bom baixar um tanto, ou bastante, a bola do quadribol. Bem: Harry Potter e o Enigma do Príncipe, o sexto filme da série, de 2009, baseado no sexto livro de J.K. Rowling, de 2005, mostra o mundo ameaçado pela volta à ativa de Voldemort, o Lorde das Trevas, o bruxo do Mal mais poderoso que já existiu.

Voldemort havia adquirido novamente um corpo ao final do tomo quatro da série, Harry Potter e o Cálice de Fogo (livro de 2000, filme de 2005). Ao longo do tomo cinco, Harry Potter e a Ordem do Fênix (livro de 2003, filme de 2007), Voldemort punha de novo em pé seu exército de Comensais da Morte, enquanto o lado do Bem, chefiado por Albus Dumbledore, o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, reunia suas próprias forças.

Ao final do tomo cinco, então, há uma violenta batalha das forças do Bem contra o Mal; a luta é vencida pelo Bem – mas perde-se Sirius Black, o padrinho de Harry Potter, morto por Bellatrix Lestrange. (O fato de Sirius ser interpretado por Gary Oldman e Bellatrix por Helena Bonhan Carter, dois dos melhores atores do cinema inglês e portanto do mundo, precisa ser registrado.)

Este tomo seis aqui abre com imagens absolutamente impressionantes, fantasticamente bem realizadas, de nuvens negras atacando Londres, destruindo uma ponte sobre o Tâmisa, matando dezenas e dezenas de pessoas, apavorando multidões, deixando o mundo em pânico.

Voldemort e seus Comensais da Morte estão atacando.

Efeitos especiais fantásticos – e roteiros brilhantes

Uma das muitas, muitas maravilhas da saga Harry Potter no cinema é o brilhantismo com que os roteiristas conseguiram transpor para filmes as tramas intrincadíssimas, complexas, cheias de numerosos personagens e detalhes, que J.K. Rowling criou em seus livros imensos, catataus de mais de 500 páginas.

Não é uma tarefa fácil, de forma alguma.

Claro, também não é tarefa fácil transformar em imagens na tela aquela quantidade de coisas malucas, doidonas, que a autora criou em momentos em que parece ter tido a ajuda de uma combinação de uns cinco alucinógenos potentíssimos, Mas para criar imagens o cinema tem montanhas de fantásticas equipes especializadas em efeitos especiais – e mais as verdadeiras magia e bruxaria que são as tais das computer generated images.

O cinema sempre foi capaz de criar imagens que parecem ter sido inventadas por talentos sob o efeito de alucinógenos. Ainda em 1921, um século atrás, o sueco Victor Sjoström filmou a vida deixando o corpo dos homens que acabavam de morrer, em A Carruagem Fantasma. (Décadas e décadas mais tarde, com toda a tecnologia então disponível, Steven Spielberg faria exatamente a mesma coisa naquele que é talvez seu mais menosprezado filme, Além da Eternidade/Always, de 1989).

Mas mesmo o exemplo de Victor Sjoström tem antecedentes. Em 1902 Georges Meliès já filmava uma viagem à Lua, diabo!

Então mostrar aquelas nuvens de negror avançando sobre as ruas Londres, fazendo tremer a Millennium Bridge, logo na abertura deste Harry Potter e o Enigma do Príncipe, não chega a ser propriamente surpreendente. É uma maravilha, é excepcional, é de parar o filme e aplaudir de pé como na ópera, embora tenham aí se passado apenas os primeiros quatro, cinco minutos do filme de 153 – mas a rigor, a rigor, não chega a ser surpreendente. Como dizia a mãe da minha filha quando ela chegava da escola com ótimas notas: não fez mais que a obrigação…

Mais fantástico do que os efeitos especiais – maravilhosos, sensacionais, de babar – é o talento com que os roteiristas conseguem comprimir em narrativas aí de cerca de 2 horas e meia, que é a média da duração dos filmes Harry Potter, as tramas que J.K. Rowlings espalha por mais de 500 páginas de texto.

O Ministério da Magia não coube neste filme

De qualquer forma, é humanamente impossível enfiar nos filmes todos os elementos que há nos livros. Assim. não coube neste filme número seis nada, absolutamente nada relacionado ao Ministério da Magia.

O Ministério da Magia é elemento importante ao longo de toda a saga. Suas ordens interferem na vida de todos os bruxos, na própria escola de Hogwarts, onde estudam Harry e seus inseparáveis amigos Rony Weasley e Hermione Granger (interpretados respectivamente por Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson). No tomo cinco da saga, HP e a Ordem da Fênix, por exemplo, o ministro Cornelius Fudge (Robert Hardy) nomeia uma interventora para Hogwarts, Dolores Umbridge (o papel da excelente Imelda Staunton), que inferniza a vida dos estudantes, em especial a de Harry.

No entanto, nunca havia aparecido, nos cinco primeiros livros e filmes da série, nada que relacionasse o Ministério da Magia com o resto do governo do Reino Unido, o Ministério, o primeiro-ministro. Bem no início do livro seis o novo ministro da Magia, que havia substituído Cornelius Fudge, faz uma visita ao primeiro-ministro – que, evidentemente, jamais tinha ouvido falar da existência de um Ministério da Magia. O ministro aparece para o prime-minister, o PM, como se usa lá, justamente por estar preocupadíssimo com as ocorrências trágicas todas que estão causando pavor a toda a humanidade, a todos os trouxas, como são chamados os não-bruxos – tudo provocado por um bruxo, o Lorde das Trevas.

O roteirista Steve Kloves – ele mesmo um grande mago, o cara que conseguiu roteirizar com brilho sete dois oito filmes da saga (o único roteiro que não é dele é o de HP e a Ordem da Fênix – entendeu, no entanto, que não cabiam no filme esses eventos relacionados ao Ministério da Magia. Ficaram de fora.

Não tem jeito: por melhores que sejam os filmes (e eles são todos ótimos), por mais talento que haja na adaptação para o cinema (e há talento saindo pelo ladrão nesse quesito, como em todos os outros), sempre há elementos, detalhes, subtramas e até personagens dos livros que ficam de fora dos filmes.

Assim, este HP e o Enigma do Príncipe começa diretamente com o diretor de Hogwarts, Albus Dumbledore (Michael Gambon, à direita na foto abaixo) procurando Harry Potter para juntos fazerem uma visita a Horace Slughorn (o papel do grande, maravilhoso Jim Broadbent, à esquerda na foto abaixo). Slughorn havia sido professor em Hogwarts muitos anos antes, e a princípio não queria, de forma alguma, voltar a dar aulas lá. Mas ele tinha uma característica – talvez um defeito: a vaidade. Adorava ter como alunos estudantes filhos de celebridades ou que fossem brilhantes, que com certeza viriam a ter grande importância na História do mundo bruxo. Era uma mania, uma obsessão – poder dizer, com todo orgulho do mundo, que havia dado aula para fulano, beltrano, sicrano. Dumbledore, é claro, sabia muito bem disso, e por esse motivo levou Harry Potter na visita que fez a Slughorn. Não dá outra: depois de dizer que não quer voltar de jeito algum, o velho professor especializado em poções mágicas aceita o convite. Pô, meu… Poder dizer que foi professor de Harry Potter, o bruxinho que Lord Voldemort não conseguiu matar! Não tem preço.

O professor Slughorn tem grande importância na trama. O diretor Dumbledore o queria em Hogwarts porque ele era de fato um bom professor de Poções, mas também, e especialmente, porque lá no passado Slughorn tinha tido uma conversa importante com o então estudante Tom Riddle, o rapaz que mais tarde viria a se tornar Voldemort, o Lord das Trevas.

Dumbledore tinha premente necessidade de saber exatamente qual havia sido aquela conversa.

Penseira e horcruxes, duas incríveis invenções da autora

A base, o centro da trama deste volume seis da saga Harry Potter – creio eu – é a busca que Dumbledore empreende por informações sobre o passado de Voldemort, que permitam a ele saber segredos que poderiam levar, no futuro, à destruição, finalmente, do Lord das Trevas. Para fazer com ele essa busca, o diretor da escola chama Harry, coloca o garoto como de fato seu parceiro.

A jornada do veterano, sábio, imponente bruxo com o bruxinho adolescente envolve dois elementos inventados pela imaginação tresloucada de J.K. Rowlings – a penseira e as horcruxes. É bastante difícil explicar para quem nunca navegou nos livros e/ou filmes da saga Harry Potter o que são duas coisas. Mas vou tentar.

Dumbledore é o único bruxo da saga a possuir uma penseira. É um objeto que a grosso modo parece uma grande bacia, em que fica um líquido absolutamente mágico, e em que o diretor deposita pensamentos e lembranças – dele e de outras pessoas. Serve assim como uma espécie disco rígido auxiliar para o cérebro – as lembranças, sentimentos, sensações, pensamentos podem ser depositados ali para não ocupar todo o espaço do disco rígido central, o cérebro.

Estava guardada na penseira, por exemplo, a memória que Dumbledore tinha de quando foi a um orfanato para convidar o então pré-adolescente Tom Riddle a ir para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. E as lembranças que ele havia guardado da passagem de Tom Riddle pela escola.

Num determinado momento lá, ele faz Harry entrar na penseira, e especificamente dentro daquela lembrança dele da visita que Dumbledore fez ao orfanato – a primeira vez em que ele viu o menino que viria a se tornar o Lord das Trevas. Harry entra na lembrança, e é claro que a câmara do diretor de fotografia Bruno Delbonnel vai junto – e então vemos na tela tudo o que ficou na memória de Dumbledore sobre aquele momento.

Será que J.K. Rowling bolou isso sem um acidozinho? Assim, só com os neurônios mesmo?

Se a penseira é chose de lóki, as horcruxes são mais doidonas ainda.

O jovem Tom Riddle teve uma primeira lição sobre as horcruxes com o professor Slughorn. O professor, é claro, não poderia ter idéia, naquele momento, de que estava municiando com uma arma perigosíssima o garoto que viria a ser o mais poderoso bruxo do mal, das trevas.

Em termos bem rudimentares, simplificando muito a coisa, uma horcrux é um objeto – uma bolsinha, um cofrinho, qualquer coisa que possa ser bem fechada – em que um bruxo do mal guarda um pedaço de sua alma. Assim, se algum dia esse bruxo for morto, não estará inteiramente morto, porque um pedaço de sua alma ficou guardado dentro de uma horcrux,

Ao longo dos anos, com toda sua sabedoria, com base em informações colhidas em diversas fontes, Dumbledore concluiu que Lord Valdemort havia criado sete orcruxes.

A rigor, não era preciso relatar tudo isso aqui. Mas posso garantir a quem ainda não conhece Harry Potter e o Enigma do Príncipe que nada disso é spoiler.

Toda a saga critica radicalmente o racismo

O trecho da visita do professor Dumbledore ao orfanato pobre em que vivia Tom Riddle, sem parente algum, me fez lembrar, e muito, a infância pobre, miserável, na Londres do início da Revolução Industrial, que é o tema das obras de Charles Dickens. Não dá para saber se foi intencional, mas para mim pareceu uma homenagem dessa moça J.K. Rowling ao grande escritor de tantos clássicos da literatura inglesa.

Logo depois deste HP e o Enigma do Príncipe, vimos The Adventures of Sherlock Holmes, de 1930, o segundo de uma série de 14 filmes com Basil Rathbone e Nigel Bruce como Holmes e o dr. Watson. Aí fico pensando: Sherlock Holmes & dr. John Watson, Harry Potter & Hermione Granger & Rony Weasley, Oliver Twist, Frankenstein, Peter Pan & Wendy, Hamlet, Macbeth… Meu Deus do céu e também da Terra, mas como criam-se personagens impressionantes naquelas ilhotas à esquerda do continente europeu!

O Príncipe Mestiço. É preciso registrar o personagem que dá título ao tomo seis da série.

Por puro acaso, Harry estava sem o livro exigido para as aulas de Poções ali no sexto ano de Hogwarts, e então o professor Slughorn disse que na estante havia alguns velhos exemplares que antigos estudantes haviam deixado na escola. E, por puro acaso, o exemplar que Harry pega na estante, um bem velho, capa dura mostrando os efeitos da passagem do tempo, tem várias anotações feitas à mão pelo antigo dono, que se autointitula “The Half-Blood Prince”, o Príncipe Mestiço. Harry passa a seguir, nos momentos de aulas práticas, de criar poções, não as receitas originais do livro, mas as dicas dadas pelo Príncipe Mestiço. E, de repente, vira o melhor aluno da classe nas aulas de Poções – para inveja e incômodo de Hermione, uma danada de uma CDF que sempre era a melhor da classe em todas, absolutamente todas as matérias.

O mestiço, aí, a coisa do half-blood, não tem a ver com a miscigenação entre pessoa de pele clara e pessoa de pele escura. É um termo usado para os bruxos que são filhos de bruxos e trouxas. Harry e Hermione são mestiços, half-blood; Rony e Ginny/Gina Weasley são filhos de bruxa e bruxa. A família Weasley não se importa nada com isso, porque é toda de gente bom caráter. Mas os bruxos que têm admiração pelo lado escuro da força, pelo lado das trevas, como a família de Draco Malfoy (Tom Felton) e sua tia Bellatrix (o papel, como já foi dito, da sensacional Helena Bonhan Carter), esses dão imensa importância à distância entre o que eles chamam de “os sangue-puros” e “os sangue-ruins”.

Qualquer semelhança com a coisa da “raça pura”, dos racistas, supremacistas, não é de forma alguma mera coincidência. A saga Harry Potter é inteiramente povoada por críticas ao racismo e elogios à convivência harmônica entre as pessoas de diferentes origens, crenças.

Propositadamente, é claro, provocantemente, acintosamente, J.K. Rowling criou um Lord das Trevas que não é sangue-puro – é, ele próprio, half-blood, mestiço. Não vai aí, também, mera coincidência com o fato de que um dos maiores Lords das Trevas do mundo trouxa, Adolf Hitler, não fosse propriamente um puríssimo ariano…

Só nas últimas páginas do livro, nas últimas tomadas do filme o leitor-espectador fica sabendo quem é o Príncipe Mestiço que havia sido dono daquele exemplar do livro sobre poções que Harry usa ao longo do sexto ano de Hogwarts. É óbvio que não tem sentido algum dizer quem é – só quis registrar que esse é um belo enigma, que deixa o espectador absolutamente intrigado.

Uma fantasia que fala muito deste nosso mundo real

Uma saga cada vez mais densa, pesada, sombrias, funesta, lúgubre, enlutada, desolada – e, no entanto, há neste sexto filme, como em todos os anteriores, momentos leves, suaves, bem-humorados.

É neste HP e o Enigma do Príncipe que finalmente pipocam os namoros. Uau, meu – já não era sem tempo! Harry, Hermione, Rony e todos os seus colegas de classe então no sexto ano de Hogwarts, com 16 anos de idade.

Acho interessantíssimo que a garota mais namoradeira de todos seja Ginny Weasley, Gina no Brasil (o papel de Bonnie Wright, na foto acima), a caçula da grande família de Rony, um ano mais nova que o trio principal. Quando seu irmão Rony começa o primeiro namoro de sua vida, com Lavender Brown, no Brasil Lilá (Jessie Cave), Ginny/Gina já está ali pelo quinto ou sexto, a danadinha.

Acho interessantíssimo também como J.K. Rowling driblou o óbvio nesse quesito namoro. O óbvio seria que Harry, o herói, o protagonista, namorasse Hermione, a figura feminina mais importante da história, a menina genial, a melhor aluna da escola. Essa fantástica escritora, mais danadinha que Ginny/Gina, fugiu disso – e o grande amor de Hermione é Rony, e o coraçãozinho de Harry bate mais forte é por Ginny/Gina.

Os enroscos afetivos de Harry com Gina e, sobretudo, de Hermione e Rony, foram, ao longo de muitos, muitos meses, um dos grandes temas das brincadeiras da minha neta Marina com Mary e comigo. A brincadeira favorita de Marina sempre foi encenar histórias, fazer um teatrinho, um faz-de-conta, com base em personagens das histórias que ela mais ama em cada momento da vida. Antes de mergulhar de cabeça no mundo Harry Potter, ela havia vivido por um bom tempo no mundo Frozen, depois no mundo de Como Treinar o Seu Dragão, depois no mundo das Winx. Mas a imersão mais duradoura, até aqui, foi sem dúvida alguma no mundo Harry Potter. A mãe foi lendo com ela os livros, um a um. Após ver cada livro, viam o filme correspondente – enquanto o livro passava para a Vovó, uma leitora expressa, e em seguida para o Vovô, um leitor bem lerdo.

Claro que a rigor tudo isso aí só interessa mesmo a mim e à minha família, mas registro aqui porque tenho vontade de registrar – e também porque é bem provável que alguns dos eventuais leitores tenham passado por experiência semelhante.

A verdade dos fatos é que, se Mary e eu não tivéssemos também entrado no mundo Harry Potter, perderíamos uma grande parte do prazer que é conversar com a neta sobre as coisas que ela ama.

Mary chorou perdidamente quando chegou ao fim do livro. Chorou de novo ao final do filme.

Minha filha e minha neta ficaram tristíssimas, e eu também, é claro.

“So bereaved and so bereft” esta saga, e este final do tomo seis. A letra de Mark Knopfler vem à minha cabeça – sempre, a qualquer momento, a troco de qualquer coisa me ocorrem trechos de letras de música. “Everybody knows that the good guys lost”, cantou Leonard Cohen, esse autor de tantas canções so bereaved and so bereft.

De uma certa maneira, J.K. Rowling, essa autora que fala demais sobre este nosso mundo real, enquanto está falando dessa fantasia que é o mundo dos bruxos, criou uma ficção que tem momentos de 1984, de Animal’s Farm, as distopias criadas naquelas mesmas ilhotas à esquerda do continente europeu por George Orwell.

No mundo dos bruxos do diretor Albus Dumbledore e do garoto Harry Potter, na história contada no volume seis, os bandidos ganham, os mocinhos são derrotados.

Parece até que J.K. Rowling estava prevendo este mundo de trouxas de Brexit, Donald Trump, Viktor Orbán, Recep Tayyip Erdoğan, Jair Bolsonaro, Vladimir Putin.

Este mundo tão sombrio que até parece – como escreveu Martha Medeiros outro dia – que Deus anda sumido.

Anotação em abril de 2022

Harry Potter e o Enigma do Príncipe/Harry Potter and the Half-Blood Prince

De David Yates, Inglaterra-EUA, 2009.

Com Daniel Radcliffe (Harry Potter),

Rupert Grint (Ron Weasley),

Emma Watson (Hermione Granger),

(em Hogwarts – os professores e seu entorno) Michael Gambon (diretor Albus Dumbledore), Jim Broadbent (professor Horace Slughorn), Maggie Smith (professora Minerva McGonagall), Alan Rickman (professor Severus Snape), Robbie Coltrane (Rubeus Hagrid), David Bradley (Mr. Filch, o bedel), Warwick Davis (professor Filius Flitwick), Gemma Jones (Madame Pomfrey),

(em Hogwarts – os alunos) James Phelps (Fred Weasley), Oliver Phelps (George Weasley), Bonnie Wright (Ginny Weasley), Evanna Lynch (Luna Lovegood), Freddie Stroma (Cormac McLaggen), Jessie Cave (Lavender Brown, a Lilá), Matthew Lewis (Neville Longbottom), Tom Felton (Draco Malfoy), Jamie Waylett (Crabbe), Josh Herdman (Goyle), Devon Murray (Seamus Finnigan), Alfred Enoch (Dean Thomas), Anna Shaffer (Romilda Vane), Georgina Leonidas (Katie Bell), Afshan Azad (Padma Patil), Shefali Chowdhury (Parvati Patil),

(pais e entorno) Julie Walters (Mrs. Molly Weasley), Mark Williams (Mr. Arthur Weasley), Natalia Tena (Nymphadora Tonks), David Thewlis (Remus Lupin), Geraldine Somerville (Lily Potter, a mãe de Harry),

(nas Trevas) Helena Bonham Carter (Bellatrix Lestrange, irmã de Narcissa), Helen McCrory (Narcissa Malfoy, a mãe de Draco), Hero Fiennes Tiffin (Tom Riddley aos 11 anos), Frank Dillane (Tom Riddley aos 16 anos), Jason Isaacs (Lucius Malfoy, o pai de Draco), Timothy Spall (Wormtail, o Rabicho)

Roteiro Steve Kloves

Baseado no livro homônimo de J.K. Rowling       

Fotografia Bruno Delbonnel

Música Nicholas Hooper

Montagem Mark Day

Casting Fiona Weir

Desenho de produção Stuart Craig    

Produção David Barron, David Heyman, Warner Bros., Heyday Films.

Cor, 153 min (2h33)

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