Judy: Muito Além do Arco-Íris / Judy

Nota: ★★★★

Belíssimo filme, grande cinema, Judy impressiona demais, emociona, mexe profundamente com o espectador por duas características, na minha opinião. Uma é o tema em si – um retrato de Judy Garland poucos meses antes de sua morte, em 1969, quando estava com apenas 47 anos. A outra é a interpretação de Renée Zellweger.

A vida de Judy Garland, uma das maiores estrelas do cinema nestes 120 e tantos de História, é uma imensa tragédia. A interpretação de Renée Zellweger é extraordinária, fora de série, uma coisa impressionante.

É daquelas que, quando o filme termina, depois que você começa a recuperar o fôlego, você tem certeza de que é uma das melhores que já viu na vida.

Passado algum tempo depois do final do filme, me lembrei de Marion Cotillard no papel de Edith Piaf em La Môme, no Brasil Piaf: Um Hino ao Amor (2007), de Olivier Dahan. Há vários pontos em comum. Assim como Judy Garland, Edith Piaf teve uma vida cheia de drama, de romances conturbados – e de imenso, fantástico sucesso. Foram, ambas, cantoras absolutamente reverenciadas, adoradas – e sua fama permanece imensa décadas após elas terem morrido. Como Marion Cotillard, Renée Zellweger não é uma cantora – mas as duas treinaram duramente e cantaram com suas próprias vozes ao interpretar as cantoras monumentais.

Marion Cotillard ganhou os prêmios mais importantes por sua interpretação magnífica, extraordinária. Renée Zellwegger também. Sua interpretação como a sofrida, solitária, torturada, muitas vezes bêbada e drogada Judy Garland deu a ela o Oscar, o Globo de Ouro, o Bafta, o British Independent Film Award.

É uma daquelas atuações que a gente dificilmente consegue esquecer.

Renée passa com perfeição as emoções de Judy Garland – a dor, a amargura, a insegurança, a solidão. E está arrebatadora, impressionante, nos números musicais.

Atriz de tantas comédias, como Eu, Eu Mesmo e Irene (2000), Abaixo o Amor (2003), O Amor Não Tem Regras (2008), Recém-Chegada (2009) e as da série Bridget Jones (2001, 2004 e 2016), Renée já tinha comprovado seu talento dramático em Um Amor Verdadeiro (1998), Cold Mountain (2003), A Minha Canção de Amor (2010), Versões de um Crime (2016).

Talento. A moça tem quatro indicações ao Oscar e dois prêmios: além do Oscar de melhor atriz por seu papel neste Judy, levou também o de atriz coadjuvante por Cold Mountain. As outras indicações haviam sido por O Diário de Bridget Jones (2001) e Chicago (2002). Fora o Oscar, ele já ganhou, até hoje – escrevo em março de 2021 –, 51 prêmios, fora outras 112 indicações.

Ao talento, ela acrescentou muito suor: antes de começarem as filmagens, Renée estudou canto durante um ano com o professor Eric Vetro, e depois ensaiou durante quatro meses com o diretor musical Matt Dunkley.

Valeu o esforço. Ela está soberba nas diversas canções do repertório de Judy Garland que canta – reencenando as noites em que a atriz e cantora se apresentou no grande teatro londrino The Talk of the Town, no final dos anos 60, nos meses que seriam alguns dos seus últimos de vida.

Um roteiro “verdadeiro e preciso”

O roteirista Tom Edge se baseou na peça teatral End of the Rainbow, do dramaturgo inglês Peter Quilter, lançada em 2005 e que foi um tremendo sucesso internacional. O título, fim do arco-íris, já indicava o tema – os últimos meses da vida de Judy Garland, a atriz e cantora que se tornou uma estrela de primeira grandeza ainda adolescente por seu papel em O Mágico de Oz, de 1939, até hoje tido como um dos mais adorados filmes para toda a família da História do cinema. O arco-íris, claro, é uma óbvia referência à canção “Over the Rainbow”, que virou uma marca registrada de Judy ao longo de toda a sua vida.

End of the Rainbow foi encenada – sempre com sucesso e prêmios – na Inglaterra, Austrália, Escócia, Holanda, República Checa, Finlândia, Polônia, Nova Zelândia, Espanha, Alemanha… Estreou no Rio de Janeiro em novembro de 2011 e só em janeiro de 2012 chegou aos Estados Unidos. A versão encenada no West End de Londres recebeu quatro indicações ao Laurence Olivier Awards, nas categorias de melhor atriz, melhor ator coadjuvante, melhor som e melhor peça nova. E a encenada na Broadway de Nova York teve três indicações ao Tony.

As informações são de que o roteirista Tom Edge – ele também inglês, como o autor da peça – fez uma adaptação bastante livre, solta, pouco rígida da peça. Na opinião do próprio autor Peter Quilter, em uma entrevista, o roteirista “quis que a história fosse muito mais verdadeira e precisa”, com “menos elementos de fantasia” do que a peça.

Declaração interessantíssima essa do dramaturgo Peter Quilter. Ele admite assim que sua peça teve muitos elementos de fantasia – e indica que o roteiro do filme se preocupou mais em se ater à verdade dos fatos, a ser mais próximo dos eventos reais daquelas semanas de 1969 retratadas no filme, em que Judy Garland fez uma série de shows no The Talk of the Town de Londres.

O roteiro que Tom Edge escreveu mostra dois momentos da vida de Judy Garland: esse período de alguns meses em 1968, 1969, e a época das filmagens de O Mágico de Oz, em 1938. O filme vai intercalando as duas épocas – sequências da adolescente Judy, de 14 anos, nos estúdios da MGM (em que ela é interpretada por Darci Shaw) vão se intrometendo o tempo todo na narrativa principal, que mostra Judy já depois do auge da fama, com 46, 47 anos, sem convites para o cinema, tendo que se submeter a apresentações mal pagas em teatros de segunda categoria.

A narrativa começa numa dessas apresentações, em que a grande estrela está no palco com os dois filhos mais novos, Lorna, garota aí de uns 16 anos, e Joey, de uns 10, filhos de seu terceiro marido, Sidney Luft. Ao final da apresentação, Judy recebe o pagamento em dinheiro vivo, dentro de um envelope: míseros US$ 150,00. Míseros US$ 150,00 por um show de uma das maiores estrelas de Hollywood de todos os tempos!

O início do filme é de fazer chorar qualquer um – mesmo quem, porventura, não tiver qualquer admiração por Judy Garland.

Com agilidade e maestria, em menos de 10 minutos o roteiro nos mostra que Judy está na pior. A fama de artista difícil, de gênio ruim, que chegava atrasada – quando chegava – para os compromissos a havia deixado inteiramente sem fonte de renda, e sem casa em que pudesse criar os filhos menores. Judy não se dava de forma alguma com o pai das crianças, a quem acusava de ter ficado com parte do dinheiro que ela havia ganho nos bons tempos – mas não vê outra alternativa a não ser deixar as crianças com o pai e aceitar o único convite que aparecera em um bom tempo: uma temporada de apresentações em um grande teatro de Londres.

Com má vontade, ela embarca para a Inglaterra. O plano era ganhar algum dinheiro para voltar aos Estados Unidos, ter um teto e retomar os filhos.

Sid Luft é interpretado por Ruffus Sewell; Lorna Luft, por Bella Ramsey, e o caçula Joey, por Lewin Lloyd.

A filha Liza não deu qualquer aprovação ao filme

A primogênita de Judy, Liza, filha de seu segundo casamento, com o grande diretor Vincente Minnelli, aparece numa sequência ainda no início do filme, interpretada por Gemma-Leah Devereux. Liza está numa grande festa numa casa em Los Angeles, para onde Judy vai, depois de deixar as crianças com o pai, simplesmente porque não tinha lugar nenhum para passar a noite. Mãe e filha conversam rapidamente; Liza conta, feliz, que está ensaiando para um show

Liza estava, naquela época, 1968, com 22 anos; nasceu em 1946 – o casamento de Judy Garland e Vincente Minnelli durou de 1945, o ano em que ele a dirigiu no belo O Ponteiro da Saudade/The Clock, a 1951.

O IMDb fez as contas e, na página de Trívia sobre o filme Judy, diz que, quando Liza Minnelli diz para a mãe que está ensaiando para um show, ela devia estar se referindo a Flora the Red Menace, um musical com músicas da dupla John Kander-Fred Ebb que viria a ser o primeiro show da filha de Vincente Minnelli e Judy Garland na Broadway, e que daria a ela um Tony de melhor atriz em musical. Kander e Ebb – acrescenta o IMDb – viriam a ser frequentes colaboradores de Liza. O grande site não menciona, mas eles são os autores das canções de Cabaret (1972), a obra-prima de Bob Fosse que daria o Oscar de melhor atriz para Liza Minnelli.

Liza Minnelli afirmou publicamente, pouco antes do lançamento do filme sobre os últimos meses de vida da sua mãe, que não havia se encontrado nem conversado com Renée Zellweger. E deixou absolutamente claro que ela não havia dado qualquer tipo de aprovação ao projeto.

O gigante Louis B. Mayer esmaga a pequena Judy

Judy ainda não chegou aos 20 minutos dos seus 118 de duração quando Judy Garland é recebida – e muito bem recebida – em Londres.

O dono do teatro The Talk of the Town, Bernard Delfont (o papel do veterano Michael Gambon) a recebe juntamente com uma jovem funcionária, Rosalyn Wilder (interpretada pela atriz e também cantora irlandesa Jessie Buckley), e a instala numa belíssima suíte de um belíssimo hotel.

Bernard Delfont vai aparecer em diversas sequências, no seu teatro, durante as apresentações de Judy. Mas essa Rosalyn Wilder é que terá papel especialmente importante no filme, e muito tempo na tela: a ela caberá a tarefa de cuidar de Judy Garland. De ser, digamos, uma mistura de acompanhante, secretária particular e babá. A pessoa encarregada de fazer com que a grande estrela estivesse pronta para entrar no palco todas as noites, no horário marcado.

Uma tarefa que vai se mostrar duríssima, dificílima. Judy Garland não era fácil. Bebia exageradamente. E, exageradissimamente, entupia-se de pílulas – pílulas para dormir, pílulas para acordar, pílulas para se manter de pé.

E o roteiro desse rapaz inglês Tom Edge mostra, com absoluto brilhantismo, como a dependência de Judy pelas pílulas havia começado bem cedo, cedo demais, quando ela era uma adolescente, e foi escolhida para o papel de Dorothy em O Mágico de Oz, o papel que a transformaria em estrela internacional.

As sequências em que a garotinha Judy conversa com Louis B. Mayer, o dono da MGM, um dos maiores estúdios de Hollywood, são impressionantemente bem realizadas, de uma grande beleza visual – vemos os dois no estúdio em que O Mágico de Oz foi filmado, vemos The Yellow Brick Road, a Estrada de Tijolos Amarelos. São também de uma dramaticidade, de uma tristeza que não têm fim.

Louis B. Mayer, o sujeito que mandava nos atores que o mundo inteiro adorava, que dava ordens em gente como Spencer Tracy, Walter Huston, James Stewart, Alice Faye, William Holden, Tyrone Power, Don Ameche, para citar só alguns, é interpretado por Richard Cordery, um sujeito alto, corpulento. Diante dele, a adolescente Judy Garland era pequenininha, minúscula – um Davizinho diante de um gigantesco Golias.

L.B. – como a frágil feito casca de ovo Judy o chama – parece exatamente a figura gigantesca, poderosa, que o Mágico de Oz tenta ser. Mas o chefão da MGM nem precisa dos truques que o Mágico usa. Basta pôr sua figura volumosa diante da pequenina adolescente e falar com sua voz tonitroante:

– “O que você vê além desse muro? Imagine. Você tem imaginação: vá em frente. O que eu vejo é uma pequena cidade no Meio Oeste.”

É a primeira fala do filme: vemos ali aquele Golias diante da pequenina Davi. O patrão de alguns dos maiores astros de cinema do mundo e uma adolescente de 16 anos. O muro a que Louis B. Meyer se refere são os muros que separam os estúdios do MGM, a fábrica de sonhos, do mundo real lá fora.

Não fica explícito, mas dá para o espectador inferir que a garota – sob a imensa, descomunal, desumana pressão do estúdio para treinar os números de dança, ensaiar, treinar as canções, ensaiar, treinar, atuar, não comer, tomar pílula disso, tomar pílula daquilo – pudesse ter expressado um sinal de cansaço. Pudesse ter dito alguma coisa que poderia parecer um “não aguento mais”.

– “O que eu vejo é uma pequena cidade no Meio Oeste”, diz a figura imensa. Judy Garland nasceu em Grand Rapids, Michigan, Meio-Oeste. Décadas mais tarde, Grand Rapids, que na verdade é uma cidade média, e não pequena, ofereceria ao mundo um espetáculo maravilhoso, mas isso é outra história.

– “Um punhado de igrejas, um lugar para os fazendeiros se reunirem para beber. Talvez um salão para as mulheres deles fazerem o cabelo nos feriados. Eu visito lugares assim. Essas são as pessoas que nos mandam seu dinheiro. Que nos pagam o seu salário. Eu faço filmes, Judy, mas é o seu trabalho fornecer sonhos a essas pessoas. A economia está no esgoto, e eles pagam para ver você. E vou dizer mais uma coisa: em cada uma dessas cidades, pode acreditar, há uma garota que é mais bonita que você. Talvez o nariz dela seja um pouco mais fino; ela tem dentes melhores que os seus, ou são mais altas, ou mais magras. Só que você tem uma coisa que nenhuma dessas garotas bonitas tem. Você sabe o que é?”

E a pequenina, frágil Judy: – “Não, senhor”.

– “Você tem essa voz. Ela vai talvez levar você para Oz. Um lugar onde essas garotas bonitas nunca poderão ir.”

Louis B. Meyer aproxima-se da garotinha, põe cada mão em cada lado do rosto dela: – “Você é minha favorita, Judy”.

“Você é uma caipira de dentes tortos”

Fiquei aqui imaginando: se fossem reunidas as sequências da pequena Judy, interpretada por essa garota Darci Shaw, em que ela está diante de Louis B. Meyer, as em que ela é monitorada no estúdio por uma bedel com jeito de sargento nazista, as em que ela aparece com o outro astro-mirim da MGM que viria a ser seu amigo e companheiro em vários filmes, Mickey Rooney (Gus Barry)…

Se fossem reunidas todas as sequências de Judy em que aparece a Judy de 16 anos, aquilo daria um curta-metragem aí de uns 20, 25 minutos absolutamente extraordinário.

Um curta-metragem mostrando, com absoluta perfeição, as origens de todos os problemas que Judy Garland enfrentaria a partir daí, em sua trágica vida.

Numa das outras sequências em que a figura imensa de Louis B. Meyer esmaga a adolescente Judy Garland, ele profere a seguinte crueldade:

– “Seu nome é Frances Gumm. Você é uma caipira de Grand Rapids de tornozelo gordo e dentes tortos. Seu pai era uma bicha e sua mãe só quer saber do que eu acho de você. Agora você se lembra de quem você é, Judy?”

Sequências de rara, especial beleza

O curta-metragem que eu imaginei seria sem dúvida um filmaço. Mas, obviamente, é muito melhor que Judy seja exatamente assim como ele é – a narrativa das semanas que a estrela passou em Londres, entremeada pelos flashbacks que mostram a origem de muitas das suas inseguranças, temores – e de sua dependência de drogas químicas.

Quando o filme está ali com uns 30 minutos, o diretor Rupert Gould, a montadora Melanie Oliver, o diretor de fotografia Ole Bratt Birkeland e as atrizes Renée Zellweger e Darci Shaw nos oferecem um absoluto show, um espetáculo à parte, uma maravilha: uma sequência que mistura, em montagem rápida, acelerada, a adolescente Judy absolutamente exausta nos estúdios da MGM obrigada a tomar pílulas para emagrecer e para ficar desperta, com a Judy aos 47 anos tomando pílulas e álcool para dormir para estar inteira no dia seguinte – e não conseguindo dormir.

É uma absoluta maravilha. Triste a não mais poder – mas esplendorosamente encenado.

Uma outra sequência emocionante, impressionante, fascinante do filme é quando, numa noite, ao final do espetáculo no The Talk of the Town, Rosalyn Wilder, a profissional escalada para tomar conta de Judy, dá uma relaxada, e não a acompanha até o hotel.

Livre, sem babá do lado, carente, solitária, Judy caminha até o local, próximo à saída dos artistas, em que os eventuais fãs se reúnem para ver os astros à saída após o espetáculo. Estão ali apenas dois homens, maduros, na meia-idade – um casal de gays, numa Inglaterra em que apenas naquela década de 1960 a homossexualidade deixou de ser crime que dava cadeia.

Judy se aproxima dos fãs atônitos, puxa conversa, se convida para ir jantar com eles.

È uma sequência brilhante. De fazer chorar um frade de pedra.

O roteirista Tom Edge foi brilhante ao criar esses dois personagens, dois homens simpáticos, seguramente bons caracteres, gente do bem, que de repente se vêem com a estrela que mais admiram na vida dentro de seu apartamento classe média média. É uma forma de lembrar – e bem – uma característica interessante: entre a multidão de fãs de Judy Garland, a atriz e a cantora, sempre houve um imenso número de gays; ela era considerada um ícone para a comunidade gay dos Estados Unidos, em especial nos anos 1950 e 1960.

O filme ganhou 23 prêmios

Algumas informações & curiosidades:

* Judy ganhou 23 prêmios, fora outras 65 indicações. Como já foi dito, Renée Zellweger levou o Oscar de melhor atriz, assim como o Globo de Ouro e o Bafta.

* Renée foi a terceira atriz a ganhar prêmio importante por interpretar Judy Garland. Judy Davis e Tammy Blanchard haviam vencido os Emmys respectivamente de melhor atriz e melhor atriz coadjuvante em minissérie ou filme para a TV por seus papéis como a Judy madura e a Judy adolescente em A Vida com Judy Garland: Eu e Minhas Sombras.

* Essa minissérie, de 2001, se baseou no livro Me and My Shadows: A Family Memoir, escrito por Lorna Luft e lançado em 1998. Nascida, como já foi dito antes, em 1952, Lorna estava portanto com 17 anos quando a mãe morreu.

* Renée Zellweger nasceu em 1969, exatamente o ano em que Judy Garland morreu. Judy estava com 46 anos em 1968, o ano em que se passa a maior parte do filme. Durante as filmagens, Renée estava com 48.

* Os Beatles e os Rolling Stones são citados num diálogo. Quem fala deles é Mickey Deans (o papel de Finn Wittrock), o rapaz que viria a ser o quinto e último marido de Judy. Num momento em que Judy e Mickey passeiam pela Swingin’ London de 1968, à procura de roupas mais joviais para ela, a câmara focaliza um mural psicodélico pintado num prédio. É uma referência ao prédio da Apple Boutique, na região da Carnaby Street, uma aventura dos Beatles no mundo da moda.

* Renée gravou sua voz para a trilha sonora do filme nos estúdios Abbey Road.

* O disco da trilha sonora, lançado pela Decca/Universal, em que Renée canta 12 canções do repertório de Judy, recebeu a cotação de 4 estrelas em 5 pelos leitores do grande site AllMusic.

Um filme aterradoramente triste

Gostaria de lembrar que são muitos, muitos os filmes que contam as vidas trágicas de estrelas e grandes nomes do cinema e da música pop – desde os que contam histórias fictícias, como a obra-prima A Condessa Descalça, ou Nasce uma Estrela, Assim Estava Escrito, até as cinebiografias de pessoas reais.

A própria Judy Garland estrelou a segunda versão de Nasce uma Estrela, de George Cukor, de 1954. E seu marido Vincente Minelli foi o diretor de Assim Estava Escrito/The Bad and the Beautiful, de 1952, um ano depois de se divorciar da mãe de sua filha Liza.

Entre as cinebiografias, me passam pela cabeça, assim, sem propriamente ter que fazer uma pesquisa, Harlow: A Vênus Platinada (1964), com Caroll Baker; Dorothy Dandrige – O Brilho de uma Estrela (1999), com Halle Berry; Lovelace (2013), com Amanda Seyfried; O Palhaço que Não Ri/The Buster Keaton Story (1957), com Donald O’Connor; Ama-me ou Esquece-me (1955), com Doris Day como Ruth Etting; Marlene (2000), com Katja Flint como Marlene Dietrich; Grace de Mônaco (2014), com Nicole Kidman sobre Grace Kelly. E, claro, o já citado Piaf – Um Hino ao Amor (2007), com Marion Cotillard.

E também Estrelas de Cinema Nunca Morrem (2017), em que Annette Benning interpreta Gloria Grahame em alguns de seus últimos meses de vida, na Inglaterra, distante de seu país e seus parentes e amigos. Algumas características bem parecidas com esta narrativa de Judy Garland em alguns de seus últimos meses de vida, na Inglaterra, distante de seu país e seus parentes e amigos.

Este Judy aqui é um dos mais aterradoramente triste de todos esses filmes. E um dos melhores.

Anotação em março de 2021

Judy: Muito Além do Arco-Íris/Judy

De Rupert Goold, Reino Unido, 2019

Com Renée Zellweger (Judy Garland)

e Darci Shaw (Judy adolescente), Jessie Buckley (Rosalyn Wilder, a acompanhante), Finn Wittrock (Mickey Deans, o namorado), Rufus Sewell (Sidney Luft, o ex-marido), Michael Gambon (Bernard Delfont, o dono do teatro), Richard Cordery (Louis B. Mayer), Bella Ramsey (Lorna Luft, a filha do meio), Lewin Lloyd (Joey Luft, o filho mais novo), Gemma-Leah Devereux (Liza Minnelli, a filha mais velha), John Dagliesh (Lonnie Donegan, o cantor), Gus Barry (Mickey Rooney), Royce Pierreson (Burt Rhodes),

Roteiro Tom Edge

Baseado na peça teatral de Peter Quilter

Música Gabriel Yared

Fotografia Ole Bratt Birkeland

Montagem Melanie Oliver

Direção de arte Tilly Scandrett

Casting Alice Searby, Fiona Weir

Produção David Livingstone, BBC Films, BBC Films, Calamity Films, Twentieth Century Fox.

Cor, 118 mim (1h58)

Disponível no Now em março de 2021

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