O Sol Por Testemunha / Plein Soleil


Nota: ★★☆☆

Plein Soleil, no Brasil O Sol Por Testemunha, que René Clément lançou em 1960, é um daqueles filmes que marcam gerações inteiras. Com algum exagero (mas não muito), daria para dizer que não há cinéfilo nascido, digamos, entre 1945 e 1960, que não tenha se extasiado com o filme.

É muita beleza demais: Alain Delon, Marie Laforêt, la fille aux yeux d’or, e Maurice Ronet, sob o azul cristalino do céu e sobre o azul cristalino do Mediterrâneo em um iate.

Ah, meu, é azul demais, é beleza demais!

Como eu escrevi ao rever o filme em 2006:

“Vi o filme pela primeira vez adolescente – e ficou na memória uma coisa idílica, bonita, prazerosa. Tudo era absolutamente belo – Marie Laforêt com aqueles gigantescos olhos verdes, aquela pele lindíssima sob o sol do Mediterrâneo, arranhando um violão e cantando com aquela vozinha pequena, suave e sensual. Não era possível admitir, mas, cacilda, Alain Delon e Maurice Ronet são igualmente bonitos, bonitos pra cacete. Aquelas roupas esportivas simples e maravilhosas, belos jeans e camisetas. O azul profundo do mar italiano. O dolce far niente, a vida boa de playboy endinheirado indo de Roma para o litoral, e para outra cidade do litoral mais linda ainda. E até o crime – o mocinho bonito mas pobretão pegando a assinatura, o iate, o dinheiro e a mocinha linda do mocinho rico – parecia quase uma conquista socialista, o proletariado expropriando os bens de produção da burguesia.”

Isso aí – é bom insistir, enfatizar – era a visão que o adolescente Sérgio Vaz teve do filme.

Vou agora transcrever outras opiniões – opiniões de quem entende.

“É muito difícil falar de um filme tão perfeito”. Começa assim a avaliação do Guide des Films do mestre Jean Tulard, assinada por M.A., Michel Azzopardi. No Guide, sempre há um primeiro parágrafo com a sinopse, e, depois, um outro com a avaliação, a crítica. Ao ver agora como é grande e detalhado o verbete sobre Plein Soleil, decidi transcrevê-lo inteiro. Além de ser importante a avaliação de um guia tão fundamental quanto o de Jean Tulard, a sinopse escrita por M.A. me desobriga a tentar escrever um resumo da trama.

É necessário também registrar: o Guide (15 mil filmes comentados, em três volumes, cerca de 3.700 páginas) não costuma dar nota para todos os filmes. Só para os que considera mais importantes. São poucos os filmes com três estrelas. Quatro, então, a cotação máxima, é coisa para um número bem pequeno de grandes obras. Plein Soleil é um desses poucos.

Melhor que muitos de Hitchcock, diz o Guide

Lá vai.

“Tom Ripley foi incumbido por um rico industrial americano, Greenleaf, de ir encontrar seu filho Philippe na Itália, onde ele leva uma vida de lazer em companhia de sua amante, Marge, e de alguns festeiros. Tom Ripley se junta a eles mas não pode se impedir de ter um profundo sentimento de inveja de Philippe, de quem gostaria de ter a amante e o dinheiro.”

Rapidíssima interrupção: Alain Delon faz Tom Ripley, Maurice Ronet, Philippe Greenleaf. Marie Laforêt, claro, interpreta Marge.

“No curso de um cruzeiro no iate de Philippe em que estão só os dois, Tom o mata e lança seu corpo no mar. De volta à terra firme, Tom imita a assinatura de Philippe para obter dinheiro e se faz passar por ele, imitando sua voz ao telefone. Um amigo de Philippe descobre tudo, mas Tom o assassina, fazendo-se passar por Philippe. Ele reencontra Marge e se torna seu amante depois de dizer a ela que Philippe a esqueceu.”

Aqui entram duas frases que relatam todo o final da história. Que, todos sabemos, é conhecidíssima. Mesmo assim, pulo as duas sentenças e vou para a apreciação:

“É muito difícil falar de um filme tão perfeito; os epítetos mais laudatórios não exprimem perfeitamente a admiração que se experimenta por este Plein Soleil, que pode ser considerado como a obra de uma equipe: as imagens de Henri Decaë são de uma beleza de tirar o fôlego, e jamais o sistema Eastmancolor foi tão bem utilizado; a música de Nino Rota (cujo nome é associado a todos os filmes de Fellini) é excelente como sempre, e a direção de atores, fora do comum. Alain Delon, aos 24 anos de idade, já encontra um de seus melhores papéis, tão bem soube se encarnar dentro desse personagem de criminoso ao mesmo tempo desprezível e atraente. Maurice Ronet e uma iniciante, Marie Laforêt, estão também excelentes e os personagens secundários são bem construídos. Não é exagero dizer que eu abriria mão sem hesitar da maior parte dos filmes de Alfred Hitchcock em troca deste filme de René Clément.”

Uau!

Os livros de Patricia Highsmith dão bons filmes

Diz o Petit Larousse des Films: “Notável adaptação do romance de Patrícia Highsmith, de quem L’Inconnu du Nord-Express já havia sido levado à tela por Alfred Hitchcock. Clément reuniu pela primeira vez Alain Delon e Maurice Ronet para um relacionamento bastante conturbado que os dois atores voltariam a ter depois em outros filmes. A notar a muito curta aparição de Romy Schneider.”

Volto depois a transcrever opiniões sobre o filme, mas creio que, neste ponto, depois dessa avaliação do Larousse, é necessário registrar algumas informações básicas.

L’Inconnu du Nord-Express, literalmente o desconhecido do expresso Norte, é o título na França de Strangers on a Train, no Brasil Pacto Sinistro, o filme de Hitchcock de 1951, baseado no romance Strangers on a Train, de 1950, o primeiro publicado por Patricia Highsmith (1921-1995), a escritora norte-americana do Texas que Graham Greene chamou de “a poeta da apreensão”.

Plein Soleil foi a primeira adaptação para o cinema do romance The Talented Mr. Ripley, de 1955. O personagem foi tão marcante que a autora fez quatro outros romances com ele, Ripley Under Ground (1970), Ripley’s Game (1974), The Boy Who Followed Ripley (1980) e Ripley Under Water (1991).

Trinta e nove depois de Plein Soleil, em 1999, portanto, os americanos fizeram sua versão da história de Tom Ripley e Phillip Greenleaf, com o título idêntico ao do romance, The Talented Mr. Ripley, no Brasil O Talentoso Ripley. O diretor foi Anthony Minghella (1954-2008), de O Paciente Inglês (1996) e Cold Mountain (2003). Matt Damon fez Ripley, Jude Law fez Phillip e Gwynett Paltrow, Marge. E tinha ainda Philip Seymour Hoffman como Freddie, o amigo que descobre a verdade, e Cate Blanchett como Meredith Logue. Outro excesso de beleza e talento.

E agora, em 2024, quase 70 anos após o lançamento do livro, 64 anos após o filme de René Clément, chega Ripley, minissérie de oito episódios de cerca de 60 minutos cada – e vem com elogios absolutamente superlativos. Tem a direção de Steven Zaillian, que também é o autor do roteiro. Certamente à procura de uma atmosfera de filme noir, e talvez para se distanciar dos dois filmes anteriores, Zaillian – cinco indicações ao Oscar de melhor roteiro, vencedor do prêmio por A Lista de Schindler (1993) – resolveu fazer a história passada em boa parte nas águas azuis do Mediterrâneo em preto-e-branco.

Tá todo mundo adorando, babando. (Eu, quietinho aqui no meu canto, não vejo nem que a vaca tussa: a vida é curta.)

Mais um registro: Romy Schneider.

“A notar a muito curta aparição de Romy Schneider”, diz, corretissimamente, o verbete sobre o filme no Petit Larousse des Films.

Romy Schneider é apenas uma figurante em Plein Soleil. Aparece rapidamente, em uma sequência em uma rua de Roma, no início do filme, como a namorada de Freddy, o amigo de Philippe Greenleaf. Em inglês se usa o termo cameo para essas participações especiais – como aquelas aparições que Hitchcock adorava fazer em seus filmes. Em Plein Soleil, o próprio diretor René Clément tem um cameo role como um garçom desajeitado.

Em 1960, quando o filme foi lançado, Romy Schneider estava com 22 aninhos. Já havia sido a estrela da trilogia açucarada Sissi (1955-1957) e feito, ainda na Alemanha natal, entre outros, a comédia romântica Monpti, um Amor de Paris (1957) e o drama sério, denso, Senhoritas de Uniforme (1958), que abordava um tema até então quase tabu, o lesbianismo. Estava começando o namoro com Alain Delon, na transição da atriz adolescente para a estrela de obras de Luchino Visconti, Orson Welles, Otto Preminger, Henri-Georges Clouzot, Claude Sautet.

Aparece rapidamente, bem rapidamente – mas é de babar.

“Um suspense dirigido com firmeza”

Plein Soleil teve três títulos em língua inglesa. No Reino Unido, foi Blazing Sun, sol escaldante. Nos Estados Unidos, foi lançado como Purple Noon, literalmente meio-dia roxo – uma expressão usada pelo poeta romântico Percy Shelley para indicar o contraste entre os dias de céu claro, límpido, com seu estado de espírito sombrio. Mais tarde, foi relançado como Lust for Life, literalmente desejo pela vida, mas com uma conotação sexual, tipo luxúria pela vida, tesão pela vida – décadas depois, Lust for Life viraria o título de uma canção de Lana Del Rey.

Bem. Leonard Maltin dá 3 estrelas em 4 para Purple Noon depois Lust for Life:

“Maravilhosamente fotografado (por Henri Decaë), um suspense dirigido com firmeza sobre Delon que tem inveja do amigo playboy Ronet e planeja matá-lo e assumir sua identidade. Baseado em The Talented Mr. Ripley de Patricia Highsmith.

Pauline Kael, a prima donna da crítica americana, que prestava especial atenção ao cinema europeu, começa seu verbete sobre o filme lembrando que ele é “também conhecido como Plein Soleil”:

“Maurice Ronet e Alain Delon como americanos decadentes vadiando pela Itália – Ronet rico e perverso, Delon pobre, amoral e assassino. Quando Delon experimenta as roupas de Ronet, está claro que elas ficam melhores nele. O diretor, René Clément, mantém esse thriller no estilo de férias ensolaradas de cartazes de viagens sobre férias ensolaradas, com uma atmosfera purulenta de ódio homossexual e inveja. Nessa atmosfera sensual, excitante, você se sente como se estivesse respirando algo belo e podre. Com Marie Laforêt como a namorada compartilhada. Adaptado de The Talented Mr. Ripley de Patricia Highsmith. Direção de fotografia de Henri Decaë; música de Nino Rota. Em francês.”

Para quem não se lembra, Henri Decaë foi dos maiores diretores de fotografia do cinema europeu na segunda metade do século 20, o que é a mesma coisa de dizer que foi um dos maiores do mundo. E Nino Rota é um dos mais importantes compositores da História do cinema. Simples assim.

Achei que o filme ficou velho. Desbotou. Derreteu

Pois bem.

Quando euzinho aqui revi, já passado dos 50 anos de idade, o filme que havia deixado extasiado o adolescente que eu fui algumas encadernações atrás (jornalista não reencarna – reencaderna), fiquei bastante, mas bastante, mas bastante decepcionado. Foi em 2006, dois anos antes de criar este site. E fiz uma anotação – para mim mesmo, porque sempre gostei de anotar minhas sensações ao ver um filme –mal-humoradíssima, furibunda, virulenta, possessa.

Começava assim: “Não envelheceu bem este filme que foi um marco, um cult na época em que a gente era muito jovem e nem usava essa palavra, que só viraria moda, e moda cult, muito depois.”

Em seguida vinha aquele parágrafo que transcrevi lá em cima: “Vi o filme pela primeira vez adolescente – e ficou na memória uma coisa idílica, bonita, prazerosa.”

E prosseguia:

“Ao rever o filme, 46 anos depois que ele foi feito, o charme derrete como sorvete au plein soleil.

“As brincadeirinhas do jovem playboy rico com o jovem aventureiro que vai à procura do outro para tentar convencê-lo a voltar para casa não funcionam mais. Parecem patéticas, idiotas. Mas que diabo estão fazendo esses sujeitos na faixa dos 25, 28 anos, agindo feito adolescentes de 14 nas ruas de Roma? Por que não vão procurar alguma coisa de útil pra fazer na vida? E por que aquelas mudanças de humor, repentinas, de uma hora para outra? Por que de repente se abatia aquele tédio profundo naquelas pessoas?

“Todos os personagens parecem hoje falsos como uma nota de 3, as situações todas parecem carecer absolutamente de qualquer tipo de sentido.

“Acho que tem filmes da época da adolescência que a gente não deveria rever.”

Não retiro o que disse. Mas é com todo o respeito

Poucas vezes na vida levei tanto cacete por algo que escrevi. Os comentários estão todos aí embaixo.

Há tempos pensava em mexer neste texto, neste post.

Não era minha intenção retirar o que escrevi em um momento de péssimo humor após rever um filme adorado e ter me decepcionado. Não queria me penitenciar, pedir desculpas.

Todo mundo tem direito a ter suas opiniões sobre os filmes. Ninguém tem a obrigação de gostar de um filme porque ele é adorado pela crítica ou por boa parte do público. Há aqui neste site diversos textos em que falo muito mal de grandes clássicos – e me orgulho disso.

Mas achava – e continuei achando – que seria necessário dar mais espaço para outras opiniões, para grandes elogios feitos ao filme.

Manter minha opinião, sim – mas com respeito.

René Clément merece respeito. Plein Soleil merece respeito.

Então está aqui a nova anotação. Com todo respeito.

Anotação em maio de 2023, substituindo outra de 2006, com complemento em 2008.

O Sol Por Testemunha/Plein Soleil

De René Clement, França-Itália, 1960.

Com Alain Delon (Tom Ripley)

Marie Laforêt (Marge Duval),

Maurice Ronet (Phillippe Greenleaf)

e Erno Crisa (inspector Ricordi), Frank Latimore (O’Brien), Billy Kearns (Freddy Miles), Ave Ninchi (signora Gianna), Viviane Chantel (a senhora belga), Nerio Bernardi (diretor de agência), Barbel Fanger (Mr. Greenleaf, o pai), Lily Romanelli (empregada), Nicolas Petrov (Boris), Elvire Popesco (Mrs. Popova), René Clément (o garçom desajeitado), Jacqueline Parey (Ingrid), Romy Schneider (a acompanhante de Freddy)

Baseado no livro “The Talented Mr. Ripley”, de Patricia Highsmith

Fotografia Henri Decae

Música Nino Rota

Montagem Françoise Javet

Direção de arte Paul Bertrand

Figurinos Bella Clément

Produção Raymond Hakim, Robert Hakim, Goffredo Lombardo, Paris Film, Paritalia, Titanus.

Cor, 112 min

**1/2

Título em Portugal, “À Luz do Sol”. Nos EUA, “Purple Noon”, depois “Lust for Evil”. No Reino Unido, “Blazing Sun”

34 Comentários para “O Sol Por Testemunha / Plein Soleil”

  1. Um dos filmes que marcaram minha vida no período da juventude. Sempre aconselho os jovens a vê-lo. Eu mesmo quero ver de novo.

  2. Hoje eu tenho 60 anos.Ví o filme e outros tantos da época. Sempre fui apaixonada por cinema. Alguns lembranças ficam para sempre na vida da gente.

  3. Estranho esse sentimento não é? Como pode algo que adoramos um dia, simplesmente se desintegrar no tempo. Ainda bem que nos sobra a beleza!

  4. Desculpe. Gosto é gosto. Mas vc pegou pesado
    demais. Esse filme foi, é e, daqui 30 anos,
    será maravilhoso. Alain Delon e Gerard Phillipe foram os maiores galãs do cinema francês de todos os tempos. Maurice Ronet era um ator extraordinário – notável no
    soberbo 30 Anos Esta Noite (Feu Follet). E, ainda mais, a história é sensacional. Sem
    ofensa, mas naõ aceito comparação com a versão americana “O Talentoso Ripley”, apesar
    de Gwyneth Paltrow, Jude Law e Matt Damon.
    Esse filme nos fez todos sonharmos em ter um
    iate e vagabundear pelo mundo…

  5. Caro Mário, pelamordedeus, não é o caso de pedir desculpa! Posso, sim, ter pego pesado demais na hora em que fiz a anotação, posso ter revisto o filme numa hora ruim. Eu tinha uma lembrança fantástica dele, e ele me decepcionou. Mas esta é apenas minha opinião pessoal. Claro que respeito a sua opinião, que é também a de muita, mas muita gente boa.
    De qualquer forma, cabe um esclarecimento: não fiz comparação com a versão americana. Só citei que ela existe; não disse de forma alguma que a versão americana é melhor.
    Um abraço.
    Sérgio

  6. quem viu la dolce vita de fellini, sabe que igual aos anos sessenta nunca mais. passei um ano assistindo todos os dias. é o cult mais cultuado, assim como o sol por testemuna. alain dellon etostá bello e pungente quanto i marcello mastroiann´. é magia dos anos sessenta.não ficar triste por existe mais esta magia, foi uma dádiva para os que temm mais de sessenta não ficar triste. foi um privilegio ser jovem nos anos sessenta. agora é só cultuar os cults.

  7. Bôa tarde !!

    Ía assistir este filme agora em um site de filmes online. Mas , quando dei o play , o filme foi retirado, deletado. Uma pena.
    Seria muito bom assisti-lo pelos atores e pela beleza da época.
    Mas, não lamento de todo. Digo isto porque assisti ” O Talentoso Ripley ” e , confesso, não sabia que era refilmagem deste.
    No “Talentoso”, os atores tbm são bonitos.
    E eu gostei muito do filme.
    Um abraço !!

  8. Atenção: Este comentário contém spoiler – revela o final da trama!
    Me parece que há um erro de continuidade. Quando Tom assassina Philippe ele tem o cuidado de atar uma âncora ao corpo e desatar totalmente o corpo do barco.
    Ao fim do filme o corpo aparece atado ao barco.
    Fora isso é uma perfeição o filme com momentos de tensão e suspense.

  9. ESSE FILME O SOL POR TESTEMUNHA É UM CLASSICO DO CINEMA. ASSISTE E GOSTEI E ATÉ HJ.QUERO ASSISTIR NOVAMENTE E NÃO ENCONTRO. LINDA HISTORIA COO O FAMOSO ALAN DELEN NO AUGE DA FAMA. FILME NOTA 10

  10. Seu texto é muito bom, claro e criativo. No entanto, ela começa mal, com sua frase lapidar: “Não envelheceu bem este filme”… Depois você arremata com outra frase e conserta o equivoco, concluindo que o filme “foi um marco, um cult na época em que a gente era muito jovem e nem usava essa palavra, que só viraria moda, e moda cult, muito depois”. Mas concordo com noventa por cento do texto,quando você comenta que o filme tem uma coisa idílica, bonita e prazerosa, sem esquecer Marie Laforet (1939-2019), “com aqueles gigantescos olhos verdes, aquela pele lindíssima sob o sol do Mediterrâneo, arranhando um violão e cantando com aquela vozinha pequena, suave e sensual”. Sem esquecer a presença juvenil de Alain Delon e Maurice Ronet e de suas roupas esportivas, há ainda a deslumbrante cenografia do Mar Mediterrâneo e o contraste entre duas classes sociais. Mas o bom mesmo é quando você observa que, na disputa do iate e da mocinha, está onipresente uma conquista socialista, “o proletariado expropriando os bens de produção da burguesia”. Portanto, o filme tem uma temática atual que teima em não desaparecer

  11. Eu o assisti há 50 anos atrás e achei, no mínimo, um drama inteligentissimo, como a maioria dos filmes franceses de suspense. Eu também achei a música de Nino Rota a mais bonita da história do cinema. Infelizmente não quero rever este clássico depois que você o depreciou pois tenho medo da decepção e da desmistificação, que geralmente acontece com alguns clássicos muito antigos. Que pena!

  12. Olá, Francisco!
    Rapaz, eu não me lembrava de ter depreciado esse clássico que marcou nossas gerações.
    Seu comentário me deixou assustado.
    Vou reler com muita calma e atenção o que escrevi. Posso ter pintado com cores fortes demais as sensações que tive ao revê-lo. E muitas vezes acontece de você ver e/ou rever um filme num momento em que você simplesmente não entra em sintonia com ele.
    Eu pediria a você que não se deixasse influenciar pelo que eu disse, e, tendo oportunidade, que você revisse o filme. Pode perfeitamente acontecer de você adorar a experiência.
    Um abraço.
    Sérgio

  13. Eu vou te contar, pois gosto de você, mas normalmente as pessoas não lidam bem com essa minha opinião: eu não acho o Alain Delon bonito. Talvez, quem sabe, por esse rostinho perfeito demais. Acho muito nhé! Lembro que, quando assisti o filme, achei o Maurice muito mais belo (para meus gostos peculiares).

    Recomendo que a vaca tussa. Andrew Scott é um dos melhores, maiores, mais talentosos e subestimados atores jovens e vivos que eu conheço. E olha que normalmente eu só elogio os defuntos!!!

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *