Senhoritas em Uniforme / Mädchen in Uniform

Nota: ★★★☆

Romy Schneider estava com 20 anos de idade quando fez, ainda na Alemanha, o papel principal em Senhoritas em Uniforme/Mädchen in Uniform. O filme foi lançado em 1958, entre o imenso sucesso da trilogia Sissi – aqueles romances históricos água-com-açúcar que fizeram mães e filhas do mundo inteiro chorarem e sonharem – e a série de obras importantes que a atriz faria com alguns dos grandes diretores do cinema mundial (René Clément, Luchino Visconti, Orson Welles, Otto Preminger, depois Joseph Losey, Claude Sautet, Henri-Georges Clouzot).

Não é um grande filme, está longe de ser uma obra-prima. Mas tem grande importância, é marcante, fascinante.

Tem uma interessante particularidade: não há um homem em cena, em momento algum. E é muito bom, conforme fui me convencendo cada vez mais, ao rever alguns trechos para fazer esta anotação.

É a refilmagem, 27 anos e uma guerra mundial depois, de uma obra homônima, feita na Alemanha de 1931, pouco antes da chegada dos nazistas ao poder.

O primeiro Mädchen in Uniform foi banido pelos nazistas, que queimaram diversas cópias – mas, felizmente, eles não conseguiram destruir todas. Nos Estados Unidos, o filme foi proibido, e a censura só foi retirada após moções feitas por Eleonor Roosevelt, a então primeira-dama, a sra. Franklin D.

Confesso que não sabia disso quando resolvi ver. Não sabia absolutamente nada sobre o filme – só tinha uma vaguíssima lembrança do título marcante, Mädchen in Uniform, e vi, na capa do DVD, a data, 1958, e o nome de Lilli Palmer, essa outra atriz maravilhosa, de uma geração anterior à de Romy Schneider, que teve uma carreira respeitável tanto na Europa quanto no cinema americano e de quem sou fã há décadas.

E então peguei para ver.

Um aviso preventivo de spoiler

Vivendo e aprendendo.

Mädchen in Uniform começa quase como se fosse assim uma coisa infanto-juvenil, um filme para adolescentes sonhadoras e casadoiras, do mesmo tipo da trilogia Sissi. Só lá pela metade da narrativa vai revelando a que veio.

E não veio a pouca coisa, não, senhor. Em 1958, deve ter espantado, chocado muita gente. O primeiro, de 1931, então, esse deve ter de fato provocado escândalo, dos grandes.

Assim, faço aqui um aviso preventivo de spoiler. Quem ainda não viu Senhoritas em Uniforme, quem gosta de ver os filmes sem saber sobre a história, quem prefere ser surpreendido (como eu mesmo prefiro), não deve ler este comentário a partir de um determinado ponto, em que se revelam pontos fundamentais da trama.

Pela moral prussiana, uma mãe carinhosa não sabe como educar a filha

Letreiros anunciam que estamos em Potsdam, em 1910. Potsdam, na rigorosíssima, rigidíssima Prússia. A adolescente Manuela von Meinhardis (o papel de Romy Schneider) acaba de ficar órfã da mãe. A tia, irmã do pai, a rigidez prussiana em pessoa, a leva para um internato para moças ricas – uma daquelas construções gigantescas, quase um castelo, cercado por grande bosque.

Quem recebe a tia e a jovem não é a diretora, que estaria adoentada, e sim Fräulein von Racket (Blandine Ebinger), braço direito e puxa-saco da diretora, encarregada da disciplina e da segurança na escola. Veremos que essa von Racket é uma imbecil absoluta.

A tia define a sobrinha, ela mesma presente e ouvindo, para Fräulein von Racket: – “É incrivelmente inocente e muito vulnerável. Sua criação não foi boa. Minha cunhada era uma sofredora e muito indulgente.”

Pelos princípios prussianos, uma mãe carinhosa é muito indulgente, incapaz de dar boa criação à filha.

Todas as garotas têm adoração, veneração pela professora

Vemos então a chegada de Manuela à vida rígida do internato. Ao pegar com a costureira, a encarregada das roupas, o seu uniforme, Manuela se espanta um pouco ao perceber que é roupa usada. A encarregada faz um pequeno discurso sobre a necessidade de se fazer economia. Manuela pergunta o que significam aquelas letras bordadas do lado de dentro da blusa, um “e” e um “b”. A encarregada explica que a moça que usava aquele uniforme adorava sua professora, Fräulein Elisabeth von Bernburg.

Fräulein Elisabeth von Bernburg (o papel de Lilli Palmer) será a professora de Manuela.

Na classe de Manuela, e no dormitório – como costuma ser nos internatos, as colegas dormem todas juntas num grande dormitório, tomam banho todas juntas num grande banheiro coletivo, protegidas por cortinas, fazem as refeições todas juntas num grande refeitório coletivo –, conheceremos as principais figuras daquele grupo de moças, todas aí entre uns 16 e 17 anos, todas germanicamente belas.

Há uma ou outra um pouquinho mais rebelde, menos conformada com a rigidez da disciplina imposta por Fräulein von Racket, como Ilse von Westhagen (Sabine Sinjen). Há, ao contrário, as que são tão CDF quanto a bedel-mór ou a própria diretora, como Margot von Raakov (interpretada, acho, por Gina Albert). A que se aproximará mais de Manuela será Erika von Kleist (Ginette Pigeon, se eu não estiver enganado), filha de mãe francesa e pai alemão, uma criatura doce.

Mas uma coisa todas aquelas garotas têm em comum: todas adoram, veneram a professora, Fräulein von Bernburg.

Uma delas, a mais lourinha do grupo, Alexandra von Treskow (Danik Patisson, acho), é visivelmente mais encantada ainda pela Fräulein von Bernburg que as demais. Mas todas têm adoração, veneração por ela.

“Os alemães estão acostumados à fome! Essas garotas serão mães de soldados”

Um diálogo entre a diretora da escola (Therese Giehse) e sua puxa-saco, Fräulein von Racket, mostra a ideologia, digamos assim, daquele internato para moças ricas da Prússia. Copiei as falas. A diretora pede para ver as contas, von Racket as apresenta. A diretora comenta que a situação não é boa.

von Racket (toda prestativa, lambe-botas): – “Onde poderíamos economizar? As garotas queixam-se de fome.”

A diretora (olhando com severidade para a subalterna): – “Fome! O que elas sabem de fome? Os alemães estão acostumados à fome! Essas garotas algum dia serão mães de soldados. Nós precisamos, minha cara Racket, é de disciplina, ordem e têmpera. Nem luxo nem sentimentalismo. A pobreza não é desgraça. A pobreza é honra.”

É algo que dá o que pensar. A ação se passa em 1910, mas o filme é de 1958. Os alemães tinham passado fome e provações ainda piores que a fome, ao longo do século: uma guerra contra o resto da Europa entre 1914 e 1918; período de hiper-inflação depois da derrota na guerra; a ascensão do nazismo; a outra guerra contra praticamente o resto do mundo, entre 1939 e 1945; seu país havia sido dividido em dois, sua antiga capital havia sido dividida ao meio e ocupada pelos vencedores da Segunda Guerra.

Esse diálogo que me impressionou praticamente repete uma fala do filme original, de 1931. O IMDb traz esta frase do primeiro Mädchen in Uniform, dita pela diretora do internato:

– “Fome? Nós prussiamos sempre tivemos fome. Elas são filhas de soldados e, se Deus quiser, mães de soldados também. Elas precisam é de disciplina, não uma vida de luxo!”

Diversos diálogos presentes na refilmagem repetem, quase ipsis literis, diálogos da primeira versão.

          “Não estamos na Terra para ser felizes, mas para fazer nosso trabalho.”

Nesta refilmagem de 1958, acima da cama de Manuela, no dormitório coletivo, há um cartaz com a seguinte frase:

“Não estamos na Terra para ser felizes, mas sim para fazer nosso trabalho.”

Quando o filme se aproxima do final, uma amiga da diretora comenta com ela:

– “Trato minha filha como minha mãe me tratou: primeiro o internato, depois o matrimônio. No meio, nada.”

E a diretora concorda: – “São os nosso princípios: meninos, igreja, cozinha”.

Como diria Chico Buarque: não se mirem no exemplo das mulheres da Prússia, criadas para terem boa educação, para se casarem e cuidarem do marido e dos filhos, até a hora de botá-los no internato.

Atenção: spoilers. Quem não viu o filme não deve ler a partir daqui

Todas as noites, na hora de apagar as luzes do dormitório, Fräulein von Bernburg dá um beijo na testa ou no rosto de cada uma de suas alunas, e diz boa noite, chamando cada qual pelo sobrenome.

Essa despedida noturna rotineira é mostrada em uma seqüência impressionante, quando estamos com 24 minutos dos 95 de duração do filme. Vemos a alegria no rosto das moças; o rosto de Alexandra von Treskow resplandece de felicidade ao ver a professora venerada.

Quando chega a vez de Manuela, a novata, Fräulein von Bernburg gasta com ela alguns segundos a mais. Dá a ela um conselho: que, a cada dia, diga para si mesma: “Vou ser feliz aqui”. E então Lilli Palmer coloca as duas mãos no rosto de Romy Schneider – primeiro vemos o rosto de Lilli Palmer, a câmara colocada atrás de Romy Schneider, e depois o contracampo, o rosto de Romy Schneider voltado para a câmara – e dá um beijo na testa da garota.

A seqüência é longa, e bela. Termina com a câmara avançando num suave zoom para o rosto de Romy Schneider-Manuela von Meinhardis. Ela acabou de chegar, mas já tem veneração por Lilli Palmer-Fräulein von Bernburg.

Depois de ter sido queimado, o filme original virou cult

O filme original se baseou em uma peça teatral, Gestern und Heute (ontem e hoje), de Christa Winsloe (1888-1944). Essa escritora viveu a experiência de passar por um internato extremamente rígido em Postdam, quando adolescente. Com base no que viu, escreveu primeiro um conto, Das Mädchen Manuela, e, depois, o transformou em uma peça de teatro, lançada primeiramente em Leipzig, em 1930. O sucesso da peça levou à filmagem da história no ano seguinte, sob a direção de Leontine Sagan.

Christa Winsloe foi casada com um barão húngaro, ele também um escritor; quando se separaram, o barão concedeu à ex-mulher uma confortável pensão. E, após o fim do casamento, ela assumiu publicamente sua homossexualidade.

Gostaria muito de ver o filme de 1931. Aparentemente, não foi lançado no Brasil, nem na era do VHS, nem agora, mas está disponível no mercado americano.

As indicações são de que é um belo filme, talvez mais belo do que esta refilmagem. Parece que a conotação de homossexualidade era mais clara, mais explícita, no filme de 1931 do que no de 1958.

Depois de ter sido queimado, banido, o filme original acabou virando cult, pelo que se vê na internet, em especial entre as ativistas do lesbianismo. Há quem o considere o primeiro filme sobre homossexualidade feminina da História.

O filme de 1931 é tido como obra de extrema importância

O fantástico livro inglês Cinema Year by Year 1894-2000, preciosa edição da DK, Dorling Kindersley, que traz textos sobre os mais importantes eventos da história do cinema, escritos como se fossem notícias de jornal da época em que aconteceram, fala do filme de 1931. O título é “’Crianças’ de Sagan se mostram perturbadoras”. Eis o texto:

“Berlim, 28 de novembro (de 1931).

“Para seu filme de estréia, Leontine Sagan escolheu um tema ainda não explorado: as relações entre jovens mulheres vivendo em um internato muitíssimo autoritário. Manuela, interpretada por Hertha Thiele, reage mal à forma agressiva de disciplina da escola, encontrando seu único consolo na companhia de uma professora atenciosa, interpretada por Dorothea Wick. Mas essa ‘paixão proibida’ leva a uma tentativa de suicídio de Manuela. Essa produção só de mulheres trata de um tema difícil com tato e um erotismo delicado.”

Outro belo livro, o francês Le Siècle du Cinéma, de Vincent Pinel, abre o capítulo referente a 1931 dizendo que a República de Weimar naquele ano esteve mergulhada na crise, e a ascensão do nacional-socialismo parecia inevitável, mas, apesar disso, o cinema alemão teve três obras-primas: M, o Vampiro de Dusseldorf, A Ópera dos Quatro Vinténs e Jeunnes Filles en Uniforme!

A refilmagem não foge, de forma alguma, da questão do homossexualidade. A atração de Alexandra von Treskow pela Fräulein von Bernburg é abertamente sexual, assim como a de Manuela vai se tornando cada vez mais sexual.

A fascinação das demais garotas pela professora não me parece erótica. Parece uma fascinação, uma adoração, uma veneração por uma mulher mais velha, mais sábia, mais segura, bela, elegante, em tudo admirável.

Já a atração da professora por Manuela… Quanto a isso, o filme me parece propositalmente dúbio. Na minha opinião, o filme de 1958 deixa em aberto se há atração homo-erótica da professora por Manuela. Há indicações de que, sim, há sexo – mas também há de que é apenas o afeto, sem sexo no meio, de uma professora por uma aluna, e uma aluna especialmente interessante.

O mesmo tema estaria na peça de estréia de Lillian Hellmann

Não dá para deixar de pensar em The Children’s Hour, a peça de estréia de Lillian Hellmann. The Children’s Hour estreou na Broadway em 1934, e ficou em cartaz por dois anos consecutivos. Conta a história de duas jovens professoras que criam um internato só para moças; uma das alunas mente para a avó que as duas professoras são amantes – e, em uma questão de horas, todos os pais retiram suas filhas da escola. A menina, uma pustema, mentiu – mas a questão é que uma das professoras de fato era apaixonado pela outra.

O filme Julia, que Fred Zinnemann fez em 1977 com Jane Fonda no papel de Lillian Hellmann, baseado em um dos capítulos de um dos livros de memórias da autora, Pentimento, mostra o processo de nascimento da peça The Children’s Hour. A então jovem Lillian escrevia, escrevia, e mostrava para seu companheiro, o genial Dashiell Hammett. Ele criticava isso, aquilo, ela voltava para a máquina de escrever, reescrevia, reescrevia.

The Children’s Hour, assim como a peça da alemã Christa Winsloe, deu original a dois filmes, que, fantasticamente, foram dirigidos pelo mesmo realizador, William Wyler, grande amigo de Lillian Hellman. Um foi feito em 1936, com o título de Those Three; o outro, em 1961, com o título original da peça. No Brasil, os dois tiveram o título de Infâmia (e é um absurdo que eu não tenha ainda visto o filme de 1936).

Li bastante Lillian Hellmann, e também Dashiell Hammett – obras dos dois, e também sobre os dois –, e não me lembro, de forma alguma, de qualquer menção ao fato de que a autora tivesse conhecimento da existência da peça e do filme alemães.

Mas que é uma coincidência grande demais, lá isso é: em 1931, um  filme alemão falando de homossexualidade em uma escola só para moças ricas; em 1934, uma peça americana, falando de uma acusação de homossexualidade em uma escola só para moças ricas.

E ainda mais: como mostram o capítulo de Pentimento e o filme Julia, baseado nele, Lillian Hellmann esteve na Alemanha nos anos 1930.

Porém, vendo de outro lado, a verdade é que homossexualidade em escola só para moças não chega propriamente a ser uma exclusividade alemã, nem americana.

 Lillian Hellman se inspirou em um caso real acontecido em 1810!

Diabo. Este texto já está enorme, mas aí eu fui reler minha própria anotação sobre o filme Infâmia/The Children’s Hour, de 1961, e nele topei com uma informação que já havia esquecido completamente. Lillian Hellmann pode até ter ouvido falar que, na Alemanha, tinham feito uma peça e em seguida um filme sobre homossexualidade em escola de moças – mas a verdade é que ela escreveu sua peça com base em um caso real acontecido na Escócia em 1810!

 

 

 

 

 

 

Transcrevo o que escrevi em 2009, ao comentar sobre Infâmia/The Children’s Hour:

A base da história da peça de estréia de Lillian Hellman aconteceu de fato, na vida real, na Escócia, em 1810: duas mulheres fundaram uma escola, investindo nela tudo o que possuíam; a tia de uma delas, que havia trabalhado como atriz, dava aula na escola; as duas mulheres foram acusadas por uma estudante de ter relações sexuais; a acusação foi feita pela estudante à sua avó, pessoa proeminente na localidade. Tudo exatamente como na peça, e como no filme. 

Essa história real, chocante, foi contada em um capítulo, “Closed Doors, or The Great Drumsheugh Case”, de um livro chamado Bad Companions, de autoria do inglês William Roughhead, que reuniu nessa obra casos discutidos e julgados nos tribunais britânicos. Hammett leu o livro, se impressionou especialmente com essa história das duas mulheres, e sugeriu que Lillian usasse o caso como ponto de partida para a peça que ela desejava escrever. (Essas informações estão na biografia de Lillian Hellman escrita por William Wright.)

Credo! Mais uma prova (como se fossem necessárias novas provas) daquela antiga verdade: não se reinventa a roda. Quando a gente acha que descobriu uma história muito antiga, que talvez seja a primeira, a respeito de um determinado assunto – homossexualidade, ou acusação de homossexualidade em escola para moças, por exemplo –, se for procurar direito, sempre haverá uma história mais antiga bem parecida.

Se não fosse por todas as suas outras qualidades, o filme já valeria por Lilli Palmer e Romy Schneider

Só mais duas coisinhas, antes de encerrar.

Senhoritas em Uniforme foi dirigido por Géza von Géza von Radványi, um húngaro que fez 23 filmes, entre 1940 e 1980. Segundo Jean Tulard, no seu Dicionário de Cinema – Os Diretores, ele começou com belos filmes, feitos durante a Segunda Guerra e tendo como tema a Segunda Guerra. Depois, diz o mestre francês, Radványi “perdeu toda sua originalidade em refilmagens de clássicos como Senhoritas de Uniforme, de Sagan, e O Congresso Dança, de Charell”.

Não tenho condições de argumentar sobre a originalidade ou não do diretor húngaro. Acho que o filme tem alguns defeitos – como uma mão pesada na cena clímax, poucos minutos antes do final, que me pareceu operística demais, forçada, estilizada demais. Mas é um bom filme, que merece ser visto.

E Romy Schneider…

Bem. Que Romy Schneider é um dos rostos mais belos que já passaram diante de uma câmara, disso eu já estava cansado de saber. Desde que era garoto e minha mãe me levava para ver uma Sissi atrás da outra no Cine Tupi, que depois virou Jacques, na Rua Tupis, em Belo Horizonte.

Em 1958, o ano do lançamento deste Senhoritas em Uniforme, Romy Schneider estava exatamente com 20 anos, como falei 200 linhas acima. (Nasceu em 1938, em Viena.) Tinha o rostinho de uma garota de 16 ou 17 – embora já fosse uma estrela, e uma veterana. Filha de atores (sua mãe, Magda Schneider, interpretou o papel da mãe de Sissi na trilogia), estreou no cinema em 1953, aos 15 anos. Fez o primeiro Sissi em 1956, aos 18. Em 1957 estava em Montpi, Um Amor em Paris, ao lado de Horst Buchholz. Em 1960, tendo deixado a Alemanha para o mundo, apareceu numa ponta em O Sol Por Testemunha/Plein Soleil, em que o astro era seu então namorado Alain Delon. Em 1962 foi dirigida pela primeira vez por Luchino Visconti em um dos episódios de Boccaccio ’70 – e aí a adolescente de filmes água com açúcar e pelo menos um nem tanto virou uma das atrizes mais requisitadas do mundo.

Neste Senhoritas de Uniforme, está no rito de passagem. Há momentos em que é extremamente expressiva, e já mostra o talento e a experiência, e há momentos em que, ao contrário, parece uma garotinha aprendendo a caminhar.

Mesmo se não valesse por suas muitas qualidades, este filme já valeria só para ver Lilli Palmer – e, sobretudo, Romy Schneider.

***

Depois de tudo isso escrito, leio o texto da contracapa do DVD brasileiro (ao lado), teoricamente uma sinopse. Em umas poucas, porcas mal escritas linhas, conta todo o fim do filme!

E aí? Fazer o quê? Reclamar com quem?

Não há Procon capaz de enfrentar a estupidez.

Anotação em julho de 2012

Senhoritas em Uniforme/Mädchen in Uniform

De Géza von Radványi, Alemanha Ocidental-França, 1958

Com Romy Schneider (Manuela von Meinhardis), Lilli Palmer (Fraeulein Elisabeth von Bernburg),

Therese Giehse (a diretora), Blandine Ebinger (Fräulein von Racket), Gina Albert (Marga), Sabine Sinjen (Ilse von Westhagen), Christine Kaufmann (Mia).  Danik Patisson (Alexandra von Treskow), Ginette Pigeon (Erika von Kleist), Margaret Jahnen (Miss Evans), Adelheid Seeck (a princesa), Marthe Mercadier (Madame Aubert)

Roteiro Franz Hollering e F.D. Andam

Baseado na peça Gestern und Heute, de Christa Winsloe

Fotografia Werner Krien

Música Peter Sandloff

Montagem Ira Oberberg

Produção Central Cinema Company Film (CCC), Les Films Modernes. DVD Ocean Pictures

Cor, 91 min

***

 

10 Comentários para “Senhoritas em Uniforme / Mädchen in Uniform”

  1. Achei muito interessante o filme e sua crítica. Só um detalha que faz muita diferença, cuidado com os as palavras, NÃO é homossexualiSMO, é homossexualiDADE, o sufixo “ismo” faz referencia a doença.

  2. Agradeço muito seu comentário, Chichi. Mas, veja, nos meus dicionários não há qualquer menção a homossexualismo ter a ver com doença. Lá homossexualismo aparece como sinônimo de homossexualidade. Jamais tinha ouvido falar que o sufixo ismo tem a ver com doença.
    Um abraço.
    Sérgio

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  4. Muito bom o seu comentário. O original em preto e branco esta disponível na integra no YouTube e de graça. Gostaria de assistir na integra r com legenda o de 1958, com Romy e Palmer

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