Fale com Ela / Hable con Ella

Nota: ★★★★

(Disponível na Netflix em 2/2022.)

Em um dos muitos momentos extremamente belos de Fale Com Ela, o Pedro Almodóvar de número 15, de 2002, vemos a jovem toureira Lydia (Rosario Flores) em ação – mas não ouvimos nenhum som produzido na praça de touros lotada, e sim a gravação de Elis Regina de “Por Toda Minha Vida”, aquela do disco Elis & Tom, de 1974.

“Por Toda Minha Vida”, de Tom e Vinícius, tem aquelas afirmações bombásticas, exageradas, de que só os amantes tresloucadamente apaixonados são capazes: “Eu prometo, por toda a minha vida / Ser somente teu e amar-te como nunca / Ninguém jamais amou, ninguém”. “Eu te amo e te proclamo / O meu amor, o meu amor / Maior que tudo quanto existe.”

Quando Elis Regina canta os versos de Vinicius de Moraes para a melodia linda mas densa, triste, de Tom Jobim, Hable con Ella ainda está começando. Bem mais adiante, quando o filme já está se encaminhando para o final, Marco (Darío Grandinetti), o homem que se apaixona pela toureira Lydia, cita outros versos de Vinicius de Moraes: “Como diz a canção de Jobim, o amor é a coisa mais triste quando se desfaz”.

Num momento em que Lydia chega por trás de Marco e o abraça, ele diz: – “Este Caetano me emociona”.

O espectador tinha acabado de ver Caetano Veloso, acompanhado por Jacquinho Morelenbaum ao violoncelo, cantar “Cucurucucu Paloma”, numa festa para um pequeno grupo de amigos. É um clipe musical que Almodóvar enfia na sua história: vemos Caetano em close-up, em diversas tomadas, vemos planos de conjunto das pessoas reunidas em uma varanda para ouvi-lo, vemos planos americanos de algumas pessoas que estão ali – e entre as pessoas estão Cecilia Roth e Marisa Paredes, duas atrizes que trabalharam em vários filmes de Almodóvar, e fazem ali figurações absolutamente especiais, cameo roles, como dizem os americanos – pequeninas aparições especiais, como as que Alfred Hitchcock fazia em seus filmes.

Caetano havia gravado “Cucurucucu Paloma” no disco de 1995 tirado de seu show com canções latino-americanas, Fina Estampa ao Vivo, e entende-se perfeitamente por que Almodóvar escolheu a canção mexicana composta por Tomás Méndez – ela é bela, nostálgica, apaixonada, e a interpretação de Caetano é extraordinária.

Mas creio que outra canção do repertório de Caetano, “Paula e Bebeto”, parceria dele e Milton Nascimento, se encaixaria ainda melhor na trama de Hable con Ella.

“Paula e Bebeto” faz uma afirmação tão definitiva quanto “Por Toda a Minha Vida”: “Qualquer maneira de amor vale a pena”.

Uma das histórias que Almodóvar conta nesta beleza de filme, a do amor de Benigno (Javier Câmara) por Alice (Leonor Watling, os dois na foto abaixo), tem tudo a ver com aquela declaração de amor peremptória, definitiva – “Eu prometo, por toda a minha vida / Ser somente teu e amar-te como nunca / Ninguém jamais amou, ninguém”.

Que o amor é a coisa mais triste quando se desfaz, ah, sobre isso não há dúvida alguma. Em Hable con Ella há vários amores que se desfazem – o de Marco por Angela (Elena Anaya), o de Lydia por Niño de Valencia (Adolfo Fernández), depois o de Lydia pelo próprio Marco.

E há a amor de Benigno por Alicia, “maior de tudo quanto existe”.

Só que o amor de Benigno por Alicia é tão grande que põe em dúvida aquela afirmação da canção que Caetano não canta no filme, a de “qualquer maneira de amor vale a pena”.

A maneira com que Benigno ama Alicia acaba o levando para a prisão.

Não que Almodóvar afirme, em seu filme, que Benigno estava errado. Ele não afirma isso. Ao contrário, deixa a questão bastante em aberto. Quem sabe, afinal de contas, não acabou sendo boa para a própria Alicia a maneira com que Benigno a ama? Mesmo ele tendo ido para a prisão por causa disso?

Mais velho, Almodóvar passou a pôr doçura em seus filmes

Pedro Almodóvar bota para cantar em seu filme Elis Regina (voz em off, enquanto observamos Lydia em ação na praça de touros) e Caetano Veloso, que vemos ali na tela, como se fosse um clipe no meio da narrativa, e ainda cita uma outra canção de Tom e Vinícius.

Ao rever agora Hable con Ella, para escrever sobre ele e ter o filme o aqui no + de 50 Anos de Filmes, me lembrei de outro verso da música brasileira, esta que é o nosso mais belo e perfeito produto nacional:

“João, o tempo andou mexendo com a gente, sim…”

O verso de Belchior se aplica para todo mundo – mas, para Pedro Almodóvar, serve como uma luva. Parece ter sido feito para ele:

Pedro, o tempo andou mexendo com você, cara.

Iconoclasta, sarcástico, herético, provocador, hedonista, exibicionista, safado…

Todos esses adjetivos servem perfeitamente para definir Pedro Almodóvar.

Mas o tempo andou mexendo com ele. À medida em que foi ficando mais velho, o enfant terrible do cinema espanhol, o realizador que acabou virando o símbolo mais coloridamente marcante do cinema feito no pós-franquismo foi acrescentando a seus filmes – sempre repletos de um talento sem fim – um toque de doçura, de suavidade, de ternura.

Hable con Ella é um perfeito exemplo disso.

Hable con Ella fala de amor, sim, é claro. Mas fala também, e muito, de amizade – “e quem há de negar que esta lhe é superior?”, como questionou Caetano em “Língua”.

A rigor, a rigor, talvez o tema central do filme seja a amizade que vai surgindo entre Benigno e Marco, aqueles dois homens tão diferentes, mas que se encontram num hospital em que estão em coma as mulheres que eles amam.

Benigno conversa o tempo todo com Alicia, enquanto dá banho nela, cuida de seus cabelos, suas unhas, faz massagem nela. Como ela gostava de dança, ele vai ao teatro ver espetáculos de dança; como ela gostava de filmes, em especial dos mudos, ele vai à Cinemateca ver filmes mudos – e conta para ela tudo o que viu, enquanto a massageia, a lava, cuida de seus cabelos, suas unhas, sua pele.

Já Marco não consegue sequer encostar no corpo duro, rijo de Lydia, depois que o touro a atacou e a deixou em coma. Nem sequer para ajudar as enfermeiras a virá-la.

Conhecem-se então no hospital aqueles dois homens tão díspares, cada um ao lado da mulher que ama, as duas mulheres em coma – e só um deles fala com ela.

A abertura do filme é uma sacada brilhante do criador e contador de histórias Almodóvar: a incensadérrima Pina Bausch – que Wim Wenders também retratou, em Pina, documentário de 2011 –  apresenta um número de dança absolutamente papo-cabeça, “Café Müller”. E no teatro estão Benigno e Marcos; os dois não se conhecem, nunca tinham sido se visto, sentaram-se lado a lado no teatro por absoluto acaso. Só irão se conhecer muito mais tarde, quando o filme já está quase chegando na metade de seus 116 minutos que passam rápido demais.

O acaso, a descomunal importância do acaso na vida das pessoas é um dos temas recorrentes de Almodóvar.

Julieta, seu opus de 2016, mostra bem isso. Podemos perfeitamente traçar planos para o futuro imediato – e sermos surpreendidos por algo imprevisto. Podemos passar bom tempo planejando uma determinada coisa – mas um fato inesperado, um único fato, pode pôr tudo abaixo, pode virar nossa vida de pernas para o ar.

A vida é traiçoeira, surpreendente sempre, imprevisível – e assustadoramente capaz de nos jogar ao chão a qualquer momento.

Não fazemos nosso caminho. Fatos, fatores, acontecimentos, encontros, desencontros, imprevistos, surpresas, ou até mesmo obviedades absolutamente previsíveis acabam determinando o que vamos fazer, o que será da nossa vida.

Feito 14 antes de Julieta, Hable con Ella já falava exatamente isso.

Mais doce, mais suave – mas sempre chocando os caretas

A obra de Almodóvar é povoada por amores estranhos, esquisitos, complicados, fora de esquadro, fora do padrão, com modos sexuais não propriamente ortodoxos – e então é interessantíssimo ver que a amizade que se desenvolve entre Benigno e Marco é uma beleza de uma amizade. Que não tem absolutamente nada a ver com algum interesse, algum ganho – nem sequer com sexo.

Benigno e Marco se tornam amigos sem que um queira ganhar nada com a amizade do outro. Por puro e simples prazer de se ter um amigo.

Meu, isso é extraordinário em Almodóvar, depois de 14 filmes de relações loucas, piradonas – e em que o sexo era elemento fundamental.

Não que o sexo não esteja presente em Hable con Ella. Claro que o sexo está presente. É óbvio.

Mas há uma distância tão grande entre este filme de 2002 e muitos dos anteriores…

Fiquei comparando coisas de Ata-me!, o longa-metragem número 9 do realizador, de 1989, com este Habla con Ella, feito 13 anos depois.

Em Ata-me!, Ricky (Antonio Banderas) dá uma de Freddie Clegg, o protagonista de O Colecionador, o livro de John Fowles e o filme de William Wyler, e sequestra a mulher que ama, Marina (Victoria Abril) – sem que ela sequer saiba da existência dele. E explica para ela:

– “Tentei falar com você, mas você não me deixou. Assim, tive que raptá-la para que me conheça melhor. Tenho certeza de que se apaixonará por mim, como estou apaixonado por você. Tenho 23 anos e 50 mil pesetas. Estou só no mundo. Tentarei ser um bom marido para você e um bom pai para seus filhos.”

Em Hable con Ella, o sujeito não sequestra, não rapta a mulher que ama. Benigno é muito mais benigno que o Ricky de Ata-me! Ele vai cuidar da mulher que ama louca, desesperadamente, depois que acontece de ela ser atropelada e levada para um hospital em coma.

Bem, é verdade que depois ele vai cometer um abuso – mas é tudo por amor. Exatamente como o Ricky de Ata-me!

Em Ata-me!, há uma fantástica sequência em que Marina-Victoria Abril está tomando um banho de banheira. Acontece antes de ela ser sequestrada e aprisionada por Ricky. Na banheira, ela coloca para funcionar um brinquedinho movido a pilha, um mergulhador em miniatura, que vai nadando, vai nadando, e acaba fazendo cócegas na xoxota dela.

Primeiro há uma tomada subaquática: vemos o mergulhador viajando, e aí vemos, imensas, gigantescas, as pernas abertas de Marina. Aí corta e temos uma tomada em que vemos Marina de cima para baixo, um plongée 180 graus, a cabeça dela em primeiríssimo plano, na parte de baixo da tela, os peitinhos lindos no meio da tela e, na parte superior, o brinquedinho fazendo cócegas masturbatórias na xoxota da heroína.

Em Habla con Ella, Almodóvar inventa que Benigno vai ver um determinado filme mudo, e então conta a história para Alicia enquanto a lava, acaricia, limpa, massageia. O filme mudo – criado, claro, pelo próprio Almodóvar – se chama Amante Menguante, e conta a história de uma cientista (a belíssima Paz Vega) que acaba fazendo com que seu marido, namorado, seja o que for, tome uma fórmula que ela preparou, e então ele vai ficando pequenininho, pequenininho. (O amante minguante é interpretado por Fele Martínez.)

À medida em que Benigno conta a história para Alícia, vamos vendo o filme mudo que Almodóvar criou.

O homem diminutozinho está na cama com a mulher, a cientista. Ela adormece. Ele faz um esforço descomunal e tira o lençol que a cobria, e aí passeia pelo corpo dela. Sobe e desce pelos seios dela como se estivesse entre gigantescas dunas de areia do Saara. Depois caminha pela barriga dela, por entre os pêlos púbicos dela – e cai entre as coxas, diante da xoxota. E aí mergulha lá dentro.

Interessante, fantástico: o amor de Benigno por Alicia é louco como o de Rickie por Marina. É tão apavorante que é capaz de nos deixar em dúvida sobre a afirmação de que “qualquer maneira de amor vale a pena”.

Mas a sequência de Ata-me! em que vemos o submarino se aproximar da xoxota de Victoria Abril, perdão, de Marina, é mais “inocente”, mais “pudica” do que essa sequência em que o sujeito entra inteirinho na xoxota da moça do filme mudo que jamais existiu na época do cinema mudo.

Como eterno rebelde, danado, enfant terrible, Almodóvar fica mais suave, mais doce – mas não abre mão de épater les boureois. Encher o saco dos caretas, provocá-los.

Há sempre outras artes nos filmes de Almodóvar

Um registro sobre a presença das outras artes nos filmes de Almodóvar.

É fascinante como o realizador insere em seus filmes sequências em que vemos outras artes. É uma de suas marcas registradas. Aqui temos dois números de dança – aquele inicial, no teatro em que estão na platéia Benigno e Marco, com a incensada Pina Bausch, “Café Müller”, e um outro ao final, com um grupo grande de dançarinas, “Masurca Fogo”. Na platéia deste último, estão Marco e Alicia – e pode ser que estejam sendo dadas ali as condições para que os dois se conheçam e, quem sabe, se apaixonem.

No meio do filme, surge o que é praticamente um clipe de Caetano Veloso cantando “Cucurucucu Paloma”.

E há ainda um curta-metragem mudo e em preto-e-branco, aquele Amante Menguante.

Dois espetáculos de dança, uma apresentação musical, um filme dentro do filme.

O cara é danado.

Um registro sobre a presença de Geraldine Chaplin.

Almodóvar tem prestígio suficiente para ter quem ele bem entender em seus filmes. Quis ter Paz Vega – aquela atriz linda demais da conta – naquele papelzinho interesante mas bem pequeno de Amparo, a cientista do curta-metragem mudo, e teve. Imagine se Paz Vega recusaria um convite de Pedro Almodóvar…

Geraldine Chaplin também não deve ter demorado mais que um segundo para dizer sim ao convite do realizador para interpretar Katerina Bulova, a professora de balé de Alicia. É um papel pequeno, mas importante – e esta foi a primeira e única vez em que Almodóvar dirigiu Geraldine. Creio que o convite a ela tem a ver – além do fato em si de que ela é uma ótima atriz – com as circunstâncias de ela ser filha de Charles Chaplin, um dos nomes mais importantes da história do cinema, e, em especial, de ela ter sido parceira – nas telas e na vida real – de Carlos Saura, o cineasta que mais representa o ressurgimento do cinema espanhol no pós-franquismo. Geraldine e Saura tiveram uma relação que durou 12 anos, e juntos fizeram vários filmes muito importantes, como Ana e os Lobos (1973), Cria Corvos (1976), Elisa, Vida Minha (1977) e Mamãe Faz 100 Anos (1979).

Dá para dizer, sem medo de errar, que Carlos Saura abriu o caminho no cinema espanhol para a liberdade e o atrevimento que Almodóvar passou a representar. Ter Geraldine Chaplin numa participação especial é também um homenagem a Saura.

46 prêmios mundo, mais 47 indicações, inclusive ao Oscar

Logo depois de rever o filme agora, fui conferir se eu havia feito alguma notação, ou apenas anotado dados ficha técnica, quando vimos o filme pela primeira vez. Verifiquei que vimos na época do lançamento, ainda no Cine Bijou da Praça Roosevelt, que, naquele finalzinho de dezembro de 2002 se chamava Bijou Recrearte. Anotei no meu doc de filmes do ano apenas duas frases: “Um dos melhores do ano, um dos melhores dos últimos anos. Um show de inteligência e sensibilidade.”

Gostei bastante de ver o que anotei. Repetiria exatamente o mesmo hoje, 19 anos depois.

Almodóvar já havia sido elogiado, incensado, premiado demais da conta – mas Hable con Ella extrapolou. O filme ganhou 46 prêmios mundo afora, e teve outras 47 indicações. Foi indicado aos Oscars de melhor diretor e melhor roteiro original, e levou a estatueta desta última categoria. Levou também o Bafta na mesma categoria de roteiro original e o Bafta de melhor filme em outra língua que não o Inglês. Assim como o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro.

A revista Cahiers du Cinéma, a bíblia de gerações de cinéfilos, colocou o filme entre os dez melhores do ano.

Diz o livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer, de Steven Jay Schneider:

“A maioria dos filmes anteriores de Almodóvar se concentra em personagens femininos e suas complexas e muitas vezes contraditórias interações entre si e com o mundo a sua volta. Fale com Ela centra-se nos protagonistas masculinos em seus diálogos cada vez mais reveladores da condição de isolamento que existe entre eles e as mulheres em sua vida – ambas em coma. Um dos aspectos mais marcantes do filme é a forma como Almodóvar é capaz de manipular e dirigir com sutileza as emoções da platéia, tirando a ênfase – pelo menos por algum tempo – das conotações mais perturbadoras representadas pelas ações no filme. No que talvez seja a manobra mais ousada em sua cinematografia, ele ‘mostra’ um estupro através da hábil paródia de um filme surrealista mudo chamado O Amante Encolhedor. A conquista mais significativa de Fale com Ela está na forma como consegue brincar e desafiar a identificação da platéia. É uma meditação profunda sobre a forma como falamos para as pessoas e através de pessoas, objetos e textos que exprimem nossas vidas.”

Não entendi bem o que o texto do 1001 Filmes quis dizer – e acho simplesmente absurda a afirmação de que o filme mudo Amante Minguante é a manobra mais ousada em sua filmografia. Mas vamos em frente.

Leonard Maltin deu a cotação máxima de 4 estrelas: “Um filme único, sui generis, sobre duas mulheres em coma e os homens que as amam, de maneiras muito diferentes. Soberba, enfeitiçante meditação sobre amor, desejo e solidão que só poderia ter sido criada por Almodóvar. O segmento com um filme mudo é chocante e inesquecível. Triste, engraçado, belamente filmado, com ótimas atuações. Uma obra-prima.”

O Guide des Films de Jean Tulard também deu a cotação máxima de 4 estrelas, algo que a obra gigantesca reserva para bem poucos dos 15 mil filmes que comenta:

“Almodóvar envereda pelos caminhos de um melodrama (que não seriam negados a Douglas Sirk e a Fassbinder) para realizar uma obra magistral cheia de compaixão. Mas jamais ele se alonga inutilmente, sabendo abreviar uma cena, reservar as elipses, incluir flashbacks para esclarecer as motivações dos quatro personagens. Aqui, a distinção entre os sexos fica vaga: uma mulher desce até a arena para enfrentar um touro enquanto um homem chora de emoção em um balé de Pina Bausch. E o filme se organiza assim numa espécie de transmissão entre uns e outros, uma transmissão que reunirá ao final dois personagens que nada, talvez, fosse capaz de fazer com que eles se encontrassem. Não é um filme sobre a dor, mas um filme sobre a solidão, sobre a dificuldade de se comunicar, sobre a necessidade de se falar (no sentido mais amplo) com o outro. Uma obra de doçura (esplêndida cena em que Caetano Veloso canta ‘Cucurucuu Paloma’), de ternura, de amor louco. Um sucesso total.”

Almodóvar é grande. Dos maiores que há.

Anotação em setembro de 2021       

Fale com Ela/Hable con Ella

De Pedro Almodóvar, Espanha, 2002.

Com Javier Cámara (Benigno),

Darío Grandinetti (Marco, o jornalista),

Rosario Flores (Lydia, a toureira),

Leonor Watling (Alicia, a bailarina)

e Mariola Fuentes (Rosa, enfermeira), Roberto Álvarez (doutor Veja), Elena Anaya (Ángela, a ex de Marco), Lola Dueñas (Matilde, enfermeira), Adolfo Fernández (Niño de Valencia, o ex de Lydia), Ana Fernández (irmã de Lydia), Loles León (a apresentadora de TV que entrevista Lydia), Helio Pedregal (o pai de Alicia), José Sancho’(o agente de Niño de Valencia), Beatriz Santiago (enfermeira), Juan Fernández (diretor de prisão), Carmen Machi (a enfermeira-chefe), Ismael Martínez (enfermeiro), Joserra Cadiñanos (o diretor do hospital), Agustín Almodóvar (o padre do casamento), Adela Donamaría (a recepcionista do psiquiatra), Carlos García Cambero (cunhado de Lydia)

e, em participações especiais, Geraldine Chaplin (Katerina Bilova, a professora de dança de Alicia), Pina Bausch (a bailarina no número “Café Müller”, na abertura), Malou Airaudo (a segunda bailarina no número “Café Müller”), Caetano Veloso (cantando “Cucurrucucú Paloma” em uma festa), Marisa Paredes e Cecília Roth (entre os convidados da festa em que Caetano Veloso canta), Paz Veja (Amparo, no curta-metragem mudo Amante Menguante), Fele Martínez (Alfredo, idem)

Argumento e roteiro Pedro Almodóvar

Fotografia Javier Aguirresarobe       

Música Alberto Iglesias

Montagem José Salcedo

Casting Sara Bilbatua

Direção de arte Antxón Gómez

Produção Agustin Almodóvar e Michel Ruben, El Deseo, Antena 3 Televisión, Good Machine, Vía Digital

Cor, 116 min

R, ****

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