Danny Collins, no Brasil Não Olhe para Trás, é um desses deliciosos filmes que misturam duas das minhas maiores paixões, que são também das maiores paixões de muita gente: cinema e música.
Vem se juntar a outros belos filmes, como, para citar só alguns, Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum (2013), Mesmo Se Nada Der Certo/Begin Again (2013), Os Piratas do Rock/The Boat that Rocked (2009), Não Estou Lá/I’m Not There (2007), The Wonders – O Sonho Não Acabou (2006), Apenas Uma Vez/Once (2006), Quase Famosos/Almost Famous (2000), The Commitments (1991), Febre da Juventude/I Wanna Hold Your Hand (1979).
Como diversos desses filmes citados aí, Danny Collins tem muitos momentos alegres, ótimas piadas – mas não é uma comédia. É uma comédia dramática, ou dramédia, como tem sido dito ultimamente. Fala de caminhos errados, arrependimentos, frustrações. Não só disso: fala também de sexo drogas e rock’n’roll, mais especificamente, sexo drogas e pop. Mas tem seu lado caminhos errados, arrependimentos, frustrações.
Vários desses filmes usam personagens reais, fatos reais, para fazer parte da história fictícia. Em The Commitments, por exemplo, o grande ídolo do soul Percy Sledge (ou seria Ottis Reding? ou Wilson Pickett?) ficou de ir ao show do conjunto iniciante de Dublin. Febre de Juventude usa o fato real da primeira apresentação dos Beatles na TV americana, no show de Eddie Sullivan, para criar toda uma trama deliciosa de jovens que tentavam estar no hotel da banda e/ou no auditótio do programa.
Danny Collins parte de um episódio verdadeiro envolvendo John fucking Lennon, Saint John of Liverpool, John Marx Engels Lenin Ono Lennon, the working class hero, o mais famoso do que Cristo, o homem que botou boa parte da humanidade para sonhar que magina de pipol.
Incrível como arranjaram um sujeito idêntico ao Pacino de 1971
Um letreiro faz uma brincadeira com aquele rótulo “baseado em uma história real”: “O que vem a seguir é tipo baseado um pouquinho numa história real”. The following is kind of based on a true story a little bit.
A narrativa abre com o editor de uma revista de rock, um sujeito com cara de muito doidão, Guy DeLoach (Nick Offerman), entrevistando um jovem muito jovem. Era 1971. DeLoach tem a absoluta certeza de que aquele jovem compositor-cantor, que acabava de lançar um disco só com composições próprias, virá a ser um grande astro do rock, rico a não mais poder, com mais mulheres do que ele poderia jamais imaginar.
E o jornalista diz que vê no trabalho do garoto imensa influência de John Lennon: “É o seu jeito de compor, cara. Você escreve como o fucking Lennon.”
E depois vem a profecia – ou maldição: – “Você vai ser grande, garoto. Podre de rico. Famoso pra caramba. Vai chover mulher.”
E depois pergunta ao entrevistado por que, enquanto ele ouve aquilo, fica com aquela cara de quem está morrendo de medo – e ele responde que é por isso mesmo: está morrendo de medo. Só não dizem exatamente a palavra morrendo, e sim aquela outra, a escatológica.
O espectador vê o rosto do promissor singer-songwriter, ele mesmo, Danny Collins, o personagem-título: um rapaz tremendamente parecido (na foto acima) com o jovem Al Pacino de O Poderoso Chefão/The Godfather (1972).
Fiquei impressionado com a semelhança. Achei que talvez tivessem feito alguma peripécia com imagens geradas por computador, mas, segundo o IMDb, o jovem Danny Collins, que aparece só nesta sequência inicial, e em fotos de capas de discos, é interpretado por Eric Michael Roy e Davide Donatiello.
Danny Collins é um grande astro, é milionário – e profundamente infeliz
E aí corta, e estamos agora em 2014. A profecia – ou maldição – feita pelo jornalista em 1971 tinha acontecido, tinha virado realidade. Danny Collins – agora interpretado por Al Pacino, do alto de seus 74 anos de idade no ano em que o filme foi rodado, 2014 – tinha, sim, virado um pop star. Um baita pop star. Dos maiores que há.
Vemos Danny Collins entrando num estádio lotado – em Los Angeles, a cidade em que mora. Veremos que aquilo é o início de uma turnê mundial. Bem, pelo menos deveria ser.
Ele canta uma canção que Lennon-McCartney poderiam ter escrito no iniciozinho de sua carreira. Ou Buddy Holly, o extraordinário jovem que influenciou Lennon e McCartney e morreu aos ridículos 22 anos de idade. Uma letrinha bobinha, adolescente – “ei, boneca, o que está fazendo? Boneca doce, vou cantar minha canção para você”. Uma letrinha adolescente e uma melodia fácil, dessas que grudam na cabeça da gente feito chiclete: o mais perfeito clichê do pop.
Nada contra clichês do pop, de forma alguma. Adoro coisas tipo “P.S. I Love You” ou “You’ve lost that lovely feeling”.
Mas o que a sequência de Danny Collins cantando uma canção adolescente para o aplauso frenético tanto de jovens quanto de senhorinhas idosas mostra é exatamente isso, o paradoxo – uma coisa ginasiana que não combina muito com um senhor bem passado dos 60 anos de idade.
Nas sequências seguintes, o autor e diretor Dan Fogelman vai nos mostrar, da maneira mais clara possível, que a fama e o sucesso deixaram Danny Collins cheio da grana, milionário, que, como manda o figurino, bebe demais e cheira demais – e é profundamente infeliz. Não era isso que ele gostaria de estar fazendo.
Lota estádios, agrada a multidões, enche o rabo de dinheiro cantando aquelas cançõezinhas pop bonitinhas e descartáveis – e é profundamente infeliz. Não compõe uma canção faz mais de 30 anos.
Ah, claro, e, depois de três casamentos, está agora com uma namorada extremamente jovem, quase uma adolescente, bela e gostosa, Sophie (Katarina Cas, na foto abaixo). Que, no dia seguinte ao do show no estádio de Los Angeles, fará para ele uma festa de aniversário surpresa.
Mais de 30 anos depois, Danny recebe a carta que Lennon escreveu para ele
Depois da festa, em que Danny enche a cara de cachaça e pó, mas não consegue de livrar de tremendo cansaço, imenso tédio, ele fica conversando com Frank, seu empresário e maior amigo (interpretado por Christopher Plummer, na foto abaixo), diante de uma Sophie seminua apagada no gramado de sua mansão hollywoodiana.
Falam de Sophie, da necessidade de um acordo pré-nupcial, para impedir alguma coisa tipo ela dois dias depois do casamento pedir o divórcio e metade da grana dele. Frank define Sophie como “uma adolescente cheirada que não consegue deixar de mostrar os peitos por mais de cinco minutos”.
E então Frank diz que tem um presente de fato muito especial para Danny.
É o original de uma carta de John Lennon escrita em 1971:
“Prezado Danny Collins, Yoko e eu lemos sua entrevista. Ser rico e famoso não muda seu modo de pensar. Não corrompe sua arte. Só você pode fazer isso. Então, o que você acha disso, Danny Collins? Continue honesto com sua música. Continue honesto consigo mesmo. Deixo meu telefone abaixo. Ligue para mim. Podemos discutir isso. Nós podemos ajudar. Com carinho, John.”
E o espectador, assim como Danny Collins, vê a carta – que Frank emoldurou num belo quadro. É a letra de John Lennon, acompanhada daqueles desenhinhos que ele fazia nas cartas que escrevia.
A carta da história fictícia é bem parecida com uma carta real de Lennon
John Lennon gostava de escrever cartas. Para amigos, para fãs. Hunter Davies – o primeiro biógrafo oficial dos Beatles, autor de The Beatles: The Authorized Biography, publicada pela primeira vez em 1968, o ano do Álbum Branco, o ano em que Lennon e McCartney não mais compunham juntos, cada um fazia suas próprias canções, que continuavam a ser assinadas pela dupla seguindo um pacto feito quando eram jovens e sonhadores como o quase adolescente Danny Collins de 1971 – reuniu dezenas e dezenas de cartas escritas a mão por John em um belo, precioso livro, As Cartas de John Lennon, editado no Brasil pela Planeta, em 2012.
Uma das muitas cartas que John Lennon escreveu em 1971 – o ano do álbum Imagine, com “Imagine”, seu hino de amor à humanidade, “How do you sleep?”, seu hino de ódio a Paul McCartney, mais “Crippled Inside”, “Give Some Truth”, “Oh my love”, “Oh Yoko” – foi de fato para um então jovem cantor e compositor folk inglês, Steve Tilston. Tilston tinha 21 anos na época, e havia dado uma entrevista à revista ZigZag, na qual perguntava se ficar rico poderia prejudicar sua capacidade de escrever músicas fortes.
John Lennon fez, na vida real, exatamente o que fez na história fictícia do filme: enviou a carta endereçada a Steve Tilston aos cuidados de Richard Howell, o jornalista que entrevistara o jovem. “A carta ficou na redação da ZigZag, que fechou não muito tempo depois”, escreve Hunter Davies em As Cartas de John Lennon. “Ele só soube da existência dela em 2005, quando foi contatado por um fã americano dos Beatles que tinha comprado a carta e decidira procurar Tilston para saber quem ele era.”
Nos créditos finais de Danny Collins, vemos recortes de jornais com os títulos contando essa história real – tipo ‘folk singer recebe carta de John Lennon 34 anos depois” – e trechos de uma entrevista com o Steve Tilston, então um senhorzinho grisalho.
A carta real de John Lennon – publicada com o número de 155, na página 125 da edição brasileira do livro de Hunter Davies – diz o seguinte:
“Ser rico não muda a sua vida no modo de pensar. A única diferença basicamente é que você não precisa se preocupar com dinheiro – comida – teto etc., mas todas as outras experiências – emoções – relacionamentos – são os mesmos que os de qualquer um. Eu sei, já fui rico e pobre, assim como Yoko (rica – pobre – rica) então o que você acha disso? Com amor, John & Yoko.”
As Cartas de John Lennon não traz apenas a tradução das cartas, mas também o fac-símile de cada uma delas. O fac-símile e a tradução da carta manuscrita a Steve Tilson mostram que Lennon tinha mania de sublinhar algumas palavras. Aqui, ele sublinhou money, food, roof.
Foi com base nesse fato real que o diretor Dan Fogelman escreveu sua história e o roteiro do seu filme.
No filme, ao entregar a carta emoldurada para Danny, Frank conta a história fictícia inspirada pela história real: ele ouviu falar da carta, e foi atrás do colecionador que possuía o original. E conseguiu traçar o histórico: sem ter o endereço de Danny Collins, John Lennon enviou a carta para Guy DeLoach, o editor da revista de rock. Guy sentiu cheiro de dinheiro ao ter em mãos uma carta manuscrita de John Lennon, e não a entregou para o jovem cantor-compositor que havia entrevistado. Quando Guy morreu, a carta acabou indo parar nas mãos de um colecionador, a história apareceu em algum lugar, Frank a descobriu na internet e foi atrás do colecionador.
O eterno e sempre fascinante tema do “e se?”
O filme está com exatos 15 minutos quando Danny Collins lê as palavras que John Lennon dirigiu a ele quando ele era um garoto mal saído da adolescência, cheio de sonhos e esperança.
E então temos aqui aquele eterno e sempre fascinante tema do “e se?”
What if?
E se um almanaque do futuro tivesse de fato sido levado para o passado em De Volta para o Futuro 2? Toda a cidade teria virado aquela coisa pavorosa, corrompida, mafiosa?
E se George Bailey tivesse morrido bem jovem, o que aconteceria na cidade que o desajeitado anjo Clarence vai visitar, em A Felicidade Não se Compra?
E se o jovem Charles Foster Kane não tivesse brigado por causa de seu trenó Rosebud?
E se o iceberg tivesse se desviado uma milha e não tivesse atingido o Titanic?
E se, em De Caso com o Acaso/Sliding Doors (1998), a porta do metrô não tivesse se fechado naquele exato momento em que fechou para a personagem interpretada por Gwyneth Paltrow?
E se, em 3 Corações/Trois Coeurs (2014), o personagem de Benoît Poelvoorde tivesse conseguido chegar ao Jardin des Tuileries a tempo de se encontrar com a personagem de Charlotte Gainsbourg?
E se eu não tivesse ido conhecer as irmãs da minha cunhada Célia na Casa Verde, quando cheguei a São Paulo, aos 18 anos, entre sonhos de estudar cinema na ECA e a realidade de ir vender ferramentas na Florêncio de Abreu? Se não tivesse ido à Casa Verde, não teria conhecido Suely, Fernanda não existiria, Marina não existiria. Toda minha vida teria sido incrivelmente diferente – que horror.
E se não tivesse havido a crise na Sucursal de Brasília da Agência Estado, em 1990, e eu não tivesse ido passar uma temporada lá, Mary Zaidan provavelmente não estaria aqui ao lado agora.
Pacino representa um sujeito que tem dez anos menos que ele
E se? What if?
Quando o filme está aí com pouco mais de 15 minutos, Danny Collins decide mudar de vida.
Mudar de vida não é fácil, nem mesmo para um superstar do pop – ou talvez especialmente para um superstar do pop. E então Danny enfrentará uma série de problemas.
Resgatar o passado, tentar desfazer os erros cometidos, ir em busca do perdão para faltas graves, nada disso é fácil. Muitíssimo ao contrário.
Al Pacino está absolutamente Al Pacino como esse superstar que, como bem define seu amigo Frank, esconde como pode o fato de que tem um bom coração. O personagem de Danny Collins, o jeitão dele, as oscilações de humor, da tristeza, do enfado, às atitudes energéticas, pra cima, tudo cai bem no jeitão abusado, estourado, exagerado de Pacino representar.
Há um probleminha relativo à idade de Pacino e à idade de Danny Collins. Em 1971, Danny Collins estaria com 21 anos. O jornalista Guy DeLoach se refere a ele como um quase adolescente. John Lennon estava com 31, e era um dos dois maiores ídolos musicais de toda uma geração, ao lado de Bob Dylan.
Na vida real, no entanto, Pacino e Lennon são exatamente da mesma idade. Ambos são da classe de 1940 (Dylan é de 1941), dez anos antes da minha.
Noto isso não como um defeito, um probleminha, um erro. Não, de forma alguma. É só uma mera curiosidade o fato de Pacino estar representando um personagem que tem dez anos menos que ele.
Christopher Plummer, 85, dá um show. A garotinha Giselle Eisenberg também
Na minha opinião, a melhor interpretação no filme é de um homem mais velho. Christopher Plummer é de 1929; estava, portanto, no ano em que o filme foi rodado, com 85. Christopher Plummer melhora a cada filme que vejo dele. Em A Noviça Rebelde/The Sound of Music (1965), me parecia um canastrão. Estava um brilho como Liev Tolstói em A Última Estação (2009), estava ótimo como um sujeito que assume a homossexualidade depois de bem velho em Toda Forma de Amor/Beginners (2010), está excelente aqui como o amigo fiel do ídolo de multidões que vive angustiado e de repente quer mudar de vida.
Annette Benning interpreta Mary Sinclair, a gerente do Hilton de uma cidade do interior de New Jersey onde Danny Collins vai se hospedar. A personagem é interessante, os diálogos entre os dois são inteligentes, gostosos – e Annette Benning é um colírio, uma delícia para os olhos.
Gosto dessa moça Jennifer Garner. Ela me parece uma pessoa simpática, interessante. Vejo-a assim como uma espécie de nova Sandra Bullock, a garota simples da casa vizinha. Ela está muito bem como Samantha, a esposa perfeita que todo homem gostaria de ter. Samantha é casada com Tom (o papel do compridão Bobby Cannavale), um perfeito working class hero, homem da construção civil, o espírito da América boa, que trabalha duro, é esforçado, é digno, reto, e cheio de orgulho.
Quando Danny Collins se oferece para botar Hope, a filhinha de Tom e Samantha, garota hiperativa, na melhor escola especializada em crianças hiperativas do país, o rapaz quer recusar, cheio de brio, de orgulho. E então Danny Collins diz uma das melhores frases de um filme cheio de bons diálogos:
– “Você irá para o céu por ser tão tolerante, e eu irei para o inferno porque não se compra o perdão.”
A garotinha Hope – absolutamente encantadora – é interpretada por Giselle Eisenberg, que tem cachinhos e olhos vivos parecidos com os da minha netinha. O IMDb não traz a idade dela, o que é bastante estranho, mas o fato é que Giselle Eisenberg, que não tinha em 2014 mais que nove anos, de jeito nenhum, já tem em sua filmografia dez títulos. Mundo doido.
Uma ou outra cançãozinha adolescente não é problema
Peço licença para uma digressãozinha – uma tentativa de explicar aquela coisa de Danny Collins cantar canções com letras de adolescente.
Não há mal nenhum – eu acho – em um artista sexagenário, ou septuagenário, cantar uma ou outra canção adolescente. Paul McCartney tem todo o direito de cantar “I saw her standing ther”. Com a bagagem que tem, com a quantidade de obras de arte que criou, Paul McCartney tem o direito de fazer o que bem entender num palco. Exatamente o mesmo vale para Bruce Springsteen – que, aliás, é citado no filme. The Boss pode perfeitamente cantar, quantas vezes quiser, a deliciosa “I’m on fire”, em que pergunta “ei, garotinha, seu pai está em casa? Ele saiu e deixou você inteiramente sozinha? Eu tenho um desejo mau, estou pegando fogo” – porque, além dessa delícia adolescente, ele canta diversas canções com letras adultas, densas, fortes, sérias.
Um crítico americano mal humorado uma vez reclamou do fato de, no concerto no Central Park de Nova York, diante de meio milhão de pessoas, em 1982, os então quarentões Paul Simon e Art Garfunkel cantarem uma coisa adolescente como “Wake up, little Susie”: “acorde, pequena Susie, nós pegamos no sono, o filme terminou, são 4 da manhã e estamos com um problema sério. O que você vai dizer para sua mamãe? O que você vai dizer para o seu papai?”
Besteira. “Wake up, little Susie”, do genial casal Felice & Boudleaux Bryant, é uma absoluta delícia da era inicial do rock, quando o rock era adolescente e inocente, e o narrador da canção seguramente não tinha sequer passado a mão nos peitinhos da little Susie – só tinham ficado juntinhos, vendo um filme, e aí caíram no sono mais puro e angelical do mundo.
Simon e Garfunkel podem perfeitamente se divertir – e divertir seu meio milhão de espectadores – cantando essa pérola dos anos 50, porque, no mesmo show, cantariam várias das mais belas, sérias, densas canções que já foram feitas no universo da música popular.
O que o filme quer mostrar é que, na sua trajetória para o imenso sucesso, Danny Collins abandonou a procura por uma música com conteúdo, deixou de compor suas canções e passou a cantar apenas musiquinhas feitas sob medida para agradar de imediato e para sempre.
E mostra isso de maneira clara, límpida, fascinante.
Toda a narrativa é pontuada por canções de John Lennon. John fucking Lennon
Danny Collins estreou nos Estados Unidos em março de 2015. Em julho, já estava disponível na TV a cabo do Brasil. Não consigo entender esses prazos – mas, afinal, jamais consegui entender nada sobre a indústria de cinema, seus mecanismos, sua forma de aprimorar o jeito de ganhar mais e mais dinheiro. O fato é que muito provavelmente Pacino e Plummer estarão na disputa por uma indicação aos Oscars, no início de 2016.
É incrível que este filme tão absolutamente bem escrito e bem realizado seja o primeiro longa-metragem dirigido por Dan Fogelman. Absolutamente incrível. IMDb, Wikipedia e outros sites tipo Hollywood.com não trazem a idade do indivíduo, mas, pelas fotos, nasceu seguramente bem depois de 1971, o ano em que a ação de seu filme começa.
Que bom que haja novos talentos que sabem que o mundo não começou quando eles nasceram.
Toda a narrativa de Danny Collins é pontuada por canções de John Lennon. E cada uma entra no momento certo da ação – “Beautiful Boy”, por exemplo, num momento sobre relação pai-filho, “Working class hero” num momento de angústia, “Instant Karma” para encerrar.
É uma das muitas qualidades deste bom filme.
PS: Depois de reler este texto, botei pra tocar “Beautiful Boy”. A extraordinária beleza dessa canção me fez pensar na minha filha e na minha neta, e meus olhos marejarem. John fucking Lennon.
Anotação em agosto de 2015
Não Olhe para Trás/Danny Collins
De Dan Fogelman, EUA, 2015
Com Al Pacino (Danny Collins)
e Annette Bening (Mary Sinclair), Jennifer Garner (Samantha Leigh Donnelly), Bobby Cannavale (Tom Donnelly), Christopher Plummer (Frank Grubman), Katarina Cas (Sophie), Giselle Eisenberg (Hope Donnelly, a netinha de Danny), Melissa Benoist (Jamie, a recepcionista), Josh Peck (Nicky Ernst, o valet), Brian Smith (Judd, o amante de Sophie), Scott Lawrence (Dr. Ryan Kurtz), Nick Offerman (Guy DeLoach), Eric Michael Roy (jovem Danny Collins), Davide Donatiello (jovem Danny Collins)
Argumento e roteiro Dan Fogelman
Fotografia Steve Yedlin
Música Ryan Adams e Theodore Shapiro
Com canções de John Lennon
Montagem Julie Monroe
Casting Mindy Marin
Produção Big Indie Pictures, ShivHans Pictures.
Cor, 106 min
Excelente artigo. Fiquei com muita curiosidade relativamente ao filme. Parabéns!
Olá, Tiago!
Obrigado pela gentileza
Veja, sim. Tenho certeza de que você gostará do filme.
Um abraço.
Sérgio
Ah Como não assisti a um filme de El Paccino! Adoro! Muito bom, interessante, belo! Ele é demaaaais!