Não são muitos os filmes que tratam dos grupos ultra-radicais de esquerda que atuaram nos Estados Unidos no finalzinho dos anos 60 e nos 70. Eu me lembro de apenas três – e é fascinante o fato de que Robert Redford participa de dois deles.
Em Quebra de Sigilo/Sneakers, de Phil Alden Robinson (1992), Redford interpreta Martin Bishop, o líder de uma equipe de experts em espionagem industrial. É uma atividade perfeitamente legal: o grupo era contratado por empresas para tentar quebrar seus sistemas de segurança, de modo a poder melhorá-los, maximizá-los. Com o desenrolar da trama, o espectador ficará sabendo que, nos tumultuados, loucos anos 60, o jovem Martin Bishop havia sido um hacker de fabuloso talento naquele tempo em que a computação ainda era incipiente.
É um thriller com algum toque de política e muito de humor, valorizado pelo excelente elenco: além de Redford, estão lá Sidney Poitier, Ben Kingsley, Dan Aykroyd, David Strathairn, a bela e ultimamente sumida Mary McDonell e o garotinho River Phoenix.
Por coincidência, River Phoenix – morto tão absurdamente cedo – está também no elenco de outro filme que fala de grupos ultra-radicais de esquerda, O Peso de um Passado/Running on Empty (1988), dirigido pelo grande Sidney Lumet. River Phoenix interpreta Danny, um adolescente dotado de promissor talento para a música, filho do que aparenta ser uma família absolutamente normal. Mas seus pais, na verdade (interpretados pelos sempre bons Christine Lahti e Judd Hirsch), vivem com nomes falsos – quase duas décadas antes, haviam participado de ações terroristas e continuavam sendo procurados pelo FBI.
O Peso de um Passado tem bastante a ver com este The Company You Keep, que no Brasil recebeu o título de Sem Proteção. O tema e o tom são parecidos: ao contrário de Quebra de Sigilo, que opta por uma abordagem mais bem humorada, os dois são dramas sérios, pesados.
O filme de Lumet focaliza basicamente a vida do garoto filho dos ex-ativistas. Já este aqui vai fundo na vida dos próprios ex-terroristas do grupo Weather Underground.
E se em Quebra de Sigilo Redford era apenas ator, neste Sem Proteção ele faz o papel central mas também dirige e é um dos produtores.
Os temas políticos interessam muito a Redford, como se sabe.
No elenco, quatro atores que já ganharam o Oscar e mais cinco indicados
Neste seu nono filme como realizador, em um período de 32 anos (sua estréia foi com o excepcional Gente como a Gente/Ordinary People, de 1980), Redford – essa figura respeitabilíssima, especialmente benquisto pelos colegas, há décadas promotor do maior festival de filmes independentes dos Estados Unidos, através de seu Sundance Institute – conseguiu reunir um elenco absolutamente admirável.
Estão ali, como notou o IMDb, quatro atores que já receberam Oscar (o próprio Redford, Susan Sarandon, na foto acima, Chris Cooper e Julie Christie), e mais cinco outros que foram indicados ao prêmio mais badalado do cinema mundial (Anna Kendrick, Richard Jenkins, Nick Nolte, Terrence Howard e Stanley Tucci).
Alguns deles fazem papéis pequenos – praticamente participações especiais.
Não é à toa, assim, que o filme tenha sido indicado ao prêmio de melhor casting na categoria drama pela Casting Society of America, o órgão que reúne os profissionais exatamente dessa área, de escolha do elenco. A direção de casting do filme é de Avy Kaufman, um dos maiores nomes do métier.
Um filme que teve mais sucesso na Europa que nos Estados Unidos
Não deve ser, seguramente, um tema muito palatável para as audiências americanas – terroristas domésticos, não árabes, não muçulmanos, e sim Wasps, brancos-anglo-saxões-protestantes, de classe média para cima, em geral estudantes universitários, que, a partir da oposição ao envolvimento americano na guerra do Vietnã, partiram para ações terroristas, assaltos a bancos, bombardeio de prédios públicos.
O pouco interesse das platéias americanas pelo assunto deve ser a explicação óbvia para a existência de poucos filmes sobre o tema – e para o fato de que este The Company You Keep, apesar de tantos nomes importantes no elenco, não ter feito grande sucesso na bilheteria.
No mercado doméstico (que inclui o Canadá, além dos próprios Estados Unidos), o filme rendeu US$ 5,1 milhões. O número em si parece grande, mas é bastante modesto para uma produção com tantos bons atores. E é bem menor do que o filme rendeu fora dos Estados Unidos – US$ 14,3 bilhões até novembro de 2013. Segundo o Box Office Mojo, só na Itália o filme rendeu US$ 4,8 milhões; na França, US$ 2,6 milhões, e, na Alemanha, U$ 1,2 milhão.
Trinta anos depois de um assalto com morte, uma assaltante é presa
O filme abre direto – sem créditos iniciais – com imagens de telejornais do final dos anos 60, iniciozinho dos 70; não se precisa a data, mas os americanos ainda estavam atolados na guerra do Vietnã. O noticiário fala sobre ações do Weather Underground, um grupo que começou da ala radical da Students for a Democratic Society (SDS) e foi se afundando cada vez mais na violência. Vemos cenas reais de protestos contra a guerra.
Numa belíssima sacada do roteirista Lem Dobbs, de maneira praticamente imperceptível para o espectador passa-se de noticiários reais daquela época para um programa de TV já fictício em que o locutor informar: “Três suspeitos estão foragidos depois que um guarda foi morto durante um assalto ao Banco de Michigan. O FBI divulgou os nomes de Mimi Lurie, Nicholas Sloan e Sharon Solarz, membros do grupo anti-guerra Weather Underground”.
Surge na tela apenas o nome do filme, mais nada. Fade out, e, depois de alguns segundos, o espectador vê a primeira personagem da história, interpretada por Susan Sarandon. Ela está de pé na cozinha, diante da pia, olhando para fora de sua casa confortável em um subúrbio classe média alta, no Estado de Vermont. Seu rosto está tenso.
Os dois filhos – uma garota e um garoto já criados, aí na faixa dos 17 a 19 anos – passam pela cozinha, despedem-se da mãe; a filha pede para ela não se esquecer de que tem treino depois da aula. O marido pára um momento junto à porta, os dois trocam um olhar, ela acena que sim para ele.
Em seguida, ela pega da carteira um cartão e um documento específicos. Vemos um carro na estrada, um letreiro informa que o carro está entrando no Estado de Nova York.
A mulher pára num posto de gasolina, entra na loja de conveniência, paga a conta com cartão. E sai para botar a gasolina no tanque. Está ali quando surgem diversos carros de polícia, sirene ligada.
O chefe da equipe, o agente Cornelius do FBI de Albany, a pequena cidade que é capital do Estado de Nova York (interpretado por Terrence Howard, na foto), dá a voz de prisão: “Sharon Solarz, você está presa pelo assassinato de Hugh Krosney.” (Veremos que esse é o nome do guarda morto no tal assalto realizado 30 anos antes.) E em seguida recita aquela frase obrigatória sobre direito a um advogado, etc.
O editor-chefe do jornal local fica intrigado: o que explicaria um vacilo daqueles?
A sequência seguinte se passa na redação de um jornal local de Albany, o Sun Times. O editor-chefe, Ray (Stanley Tucci), está furibundo porque a notícia da prisão de Sharon Solarz, matéria de interesse nacional acontecida ali perto, no seu quintal, simplesmente não estava na edição do dia. Estava em todos os outros jornais, menos no dele. Ray culpa o jovem repórter Ben Shepard (Shia LaBeouf), o encarregado da área de polícia e justiça, por não ter tido nenhum material exclusivo. Ben argumenta que está sobrecarregado, tendo que cuidar de mil coisas ao mesmo tempo, o jornal acabara de demitir uma pessoa que cuidava da área junto com ele.
No rápido diálogo entre o editor-chefe e o jovem repórter do pequeno jornal local, o filme de Robert Redford dá uma bela mostra da crise profunda que assola todos os jornais independentes do mundo: os leitores escapam para ler notícias de graça na internet, os anunciantes deixam de anunciar, é preciso cortar pessoal para diminuir os custos, sem pessoal não se faz um jornal decente.
Experiente, escolado, o editor-chefe quer saber como e por que aquela ex-membro do Weather Underground cometeu a imprudência de pagar uma conta com cartão de crédito, permitindo sua imediata prisão. Não entende aquele descuido. Afinal, aquele pessoal era extremamente bem treinado, e muitos deles continuavam na lista dos mais procurados do FBI após 30 anos dos crimes que haviam cometido.
Aquilo era intrigante: por que raios a ex-terrorista havia cometido uma bobagem daquelas?
O garoto repórter tem uma fonte no destacamento local do FBI. Na verdade, ele havia comido a fonte – Diana (Anna Kendrick), uma jovem agente do Bureau. Eles estavam brigados, mas Ben vai à procura dela.
Jim Grant, o personagem de Redford, é uma daquelas pessoas imprescindíveis
E em seguida conhecemos Jim Grant (o papel de Robert Redford), o personagem central desta história de muitos personagens.
Jim é daqueles sujeitos de que falava Bertolt Brecht, os que lutam a vida inteira, os imprescindíveis. Os que lá atrás sonharam em mudar o mundo e, com o passar das décadas, não viraram cínicos ou corruptos, e continuaram a fazer seu trabalhinho de formiga, se não por um mundo melhor, ao menos para uma vida melhor para algumas pessoas próximas.
Nascido na Califórnia, havia se estabelecido em Albany 30 anos antes, e ao longo deste tempo vinha praticando uma advocacia séria, bem intencionada, em defesa de cidadãos comuns, gente como a gente.
Cria sozinha a filha Isabel, Izzy (Jacqueline Evancho), uma garotinha de 11 anos de idade. Veremos depois que Jim havia perdido a mulher, bem mais jovem que ele, então com 48 anos de idade, um ano antes da época da ação. Jim é um pai absolutamente dedicado, e Izzy é uma total gracinha de pré-adolescente que curte o pai, o admira, o respeita. Têm uma bela relação.
Jim vai levar Izzy ao colégio dela, e, logo após deixá-la, é abordado por um ex-cliente, Billy Cusimano (Stephen Root). Cusimano fala com Jim sobre a prisão de Sharon, diz que ela gostaria que ele a defendesse; Jim diz que não aceita, em parte porque acabou de perder a mulher e tem que cuidar da filha e de muitos outros casos, e em parte porque há advogados melhores que ele – e dá a Cusimano o nome de uma boa firma de advocacia na Philadelphia.
No trecho abaixo há a rigor um spoiler. Se você não viu o filme, pule para o outro intertítulo
O jovem repórter Ben age rapidamente. Obtém uma boa informação da ex-namorada Diana, sobre conversas telefônicas gravadas pelo FBI, vai atrás de Billy Cusimano, do advogado Jim Grant. Fotografa a placa do carro do advogado, dá uma grana para um funcionário para obter os dados do veículo, dá uma grana para uma conhecida que tem lá alguma espécie de rede de informações.
Quando o filme está com exatos 23 dos seus 125 minutos, o espectador fica sabendo que Jim Grant é na verdade Nick Sloan, o ex-membro do Weather Underground envolvido – segundo todos os registros policiais – no tal assalto a banco de 30 anos atrás que resultou na morte do guarda.
Faltam ainda 102 minutos deste belo filme. Diversos outros personagens surgirão, novas situações, diversas revelações.
Só lá quando estamos pela metade da narrativa veremos na tela, no papel de Mimi Lurie, Julie Christie, essa mulher que mais que atriz é uma lenda para todas as pessoas que já iam ao cinema nos anos 60.
Foi dito que o livro não toma partido. O filme toma partido, sim
O filme de Redford com roteiro de Lem Dobbs se baseia num livro lançado por Neil Gordon em 2003 com o mesmo título, The Company You Keep.
(E aqui um pequeno parênteses. O título remete necessariamente a outro livro, The Company She Keeps, que a escritora Mary McCarthy, autora de O Grupo, lançou em 1942. A expressão é extremamente usual, e equivale ao nosso “dize-me com quem andas”.)
Não há na Wikipedia em inglês um verbete sobre Neil Gordon; ele é um professor universitário, que em 2013 era reitor da American University em Paris. Numa entrevista ao jornalista Mike Olson, Neil Gordon citou a seguinte frase: “Durante a guerra do Vietnã, ou você era pró-Jane Fonda ou você era pró-John Wayne.”
Diz o texto de Mike Olson, publicado em abril de 2013: “O escritor e professor não se lembra onde ele primeiro ouviu essa máxima, mas ela resume perfeitamente seus sentimentos a respeito de uma das eras mais tumultuadas da história de nosso país. Embora ele pertença firmemente ao Time Fonda, a novela de Gordon de 2003 The Company You Keep – assim como o thriller político da tela grande que ele inspirou – não toma posição, optando, em vez disso, por mostrar o que pode acontecer a um movimento bem intencionado quando idéias boas (terminar uma guerra injusta) e táticas ruins (terrorismo doméstico) colidem.”
O texto é muito bom. Essa última frase é um brilho. Mas, diante da afirmação de que o filme não toma posição, eu diria “Truco!”
Na minha opinião, o filme é claramente simpático àquele bando de hoje velhinhos que nos anos 60 e 70 lutou contra o envolvimento dos Estados Unidos na guerra. É claramente pró-ativismo liberal contra o Estado todo-poderoso, é claramente contra os poderes mamutianos do FBI, contra as corporações gigantescas que dominam a máquina política.
Os personagens interpretados por Redford, Susan Sarandon, esses são os mocinhos, os good guys. Os bandidos, os bad guys, são o FBI incompetente apesar de todos os seus poderes, e, inicialmente, o jovem repórter sem qualquer escrúpulos, sem ética.
Isso é bastante óbvio. Até porque, se não fosse assim, não seria um filme de Robert Redford.
É emocionante ver Julie Christie e Robert Redford contracenando pela primeira vez
Não que o filme defenda a luta armada. Isso não, de forma alguma – muito ao contrário. O filme tenta mostrar o contexto que levou aqueles jovens esperançosos, sonhadores, idealistas, a entrarem na barca furada do terrorismo. Mas aponta exatamente isso: que a barca do terrorismo é furada, é a opção errada.
A personagem interpretada pela eterna rebelde, anti-Establishment Julie Christie se mantém apegada às idéias antigas, de 30 anos antes – assim como, só para citar um exemplo que envolve Jane Fonda, outra figura lendária da contestação ao Sistema nos anos 60 e 70, a personagem Grace, interpretada por ela, permanecia ainda hoje parada na época de Woodstock, no gostoso Paz, Amor e Muito Mais (2011).
A personagem de Julie Christie parou no tempo.
O personagem de Robert Redford, ao contrário, manteve os ideais, mas compreendeu que o mundo mudou, e então mudou os métodos, as táticas.
Os diálogos entre os dois, quando a narrativa já se aproxima do fim, são emocionantes – e reveladores.
Ela diz: – “A luta não termina só porque você ficou cansado dela.”
E ele responde: – “Não fiquei cansado dela. Eu cresci.”
Mais absolutamente emocionante até que o belo diálogo, na verdade, é ver Julie Christie e Robert Redford, essas lendas, contracenando pela primeira vez em suas gloriosas carreiras, ela do alto de seus majestosos 71 anos de idade, ele carregando mais no rosto enrugado que nos ombros ainda firmes seus 76.
Só os totalitaristas são contra as empresas jornalísticas fortes, grandes, independentes
Vou me permitir uma digressão sobre jornalismo, a profissão que exerci durante bem mais tempo que os 30 anos decorridos neste belo filme entre o assalto ao banco e a prisão de uma dos assaltantes.
Quando, ainda no início da narrativa, o filme dirigido por Robert Redford apresentou um retrato especialmente amargo, duro, do jornalismo atual, Mary deixou escapar uma exclamação de tristeza.
Que tristeza ver o retrato que se faz no começo do filme do jovem repórter Ben – um garotão pretensioso, seguro de si por demais, egocêntrico, que não hesita em corromper funcionário em busca de informações, que não dá a mínima importância para as consequências do que escreve sobre a vida das pessoas envolvidas.
Que tristeza ver isso justamente num filme de Robert Redford, que, na maturidade jovem, em Todos os Homens do Presidente (1976), interpretou o repórter Bob Woodward, que, ao lado do colega Carl Bernstein (feito por Dustin Hoffman), e com o apoio da proprietária e do editor-chefe de um dos maiores jornais do mundo, o Washington Post, desvendou a cadeia de corrupção ligando o assalto ao comitê do Partido Democrata no edifício Watergate diretamente aos mais altos escalões da Casa Branca, chefiada pelo republicano Richard M. Nixon.
Em outro filme da mesma época, Três Dias do Condor (1975), de Sydney Pollack, Redford interpretou um pesquisador que trabalhava para a CIA, e acaba descobrindo um gigantesco complô orquestrado por altas figuras da própria agência de espionagem do governo americano – e, ao fim, entrega as informações para o outro dos maiores jornais americanos, o New York Times.
O jornalismo feito por grandes, fortes empresas independentes do governo de plantão – conforme o cinema americano já mostrou nesses dois filmes citados logo acima, e em tantos outros – é um dos pilares básicos da democracia. É impossível haver democracia sem jornalismo forte e independente dos governos de plantão.
Só quem defende os totalitarismos de qualquer coloração, de qualquer dos lados do espectro político, é contra a existência de empresas jornalísticas fortes, grandes, ricas (porque jornalismo custa caro, e para fazer bom jornalismo é preciso dinheiro) – e portanto independentes.
Por isso o susto de Mary, sua tristeza, ao ver o retrato amargo do jovem repórter Ben Shepard, muito bem interpretado pelo garoto Shia LaBeouf, esse astro em ascensão.
As pessoas não estão condenadas a ficar paradas, condenadas no tempo
Mas The Company You Keep, entre tantas outras qualidades, tem a de mostrar que as pessoas, assim como a realidade em volta delas, podem mudar, evoluir. As pessoas não estão condenadas a ficar paradas, congeladas no tempo.
Há um belo diálogo, ainda no início da narrativa, entre o jovem repórter e Sharon Solarz, a personagem de Susan Sarandon. Ele quer saber por que ela mudou de idéia.
Ela: – “Você não tem filhos, tem?”
Ele: – “Não. Eu… Eu mal tenho móveis.”
Ela: – “Bem, se você tiver, vai compreender que eles mudam você.”
E, quando estamos chegando perto do fim do filme, e o jovem repórter já aprendeu muita coisa e não é mais o mesmo do início, ele ouve o seguinte do personagem interpretado por Robert Redford:
– “Segredos são uma coisa perigosa, Ben. Nós todos pensamos que gostaríamos de conhecê-los, mas se você guardou um, acaba compreendendo que, ao fazer isso, você pode aprender alguma coisa sobre uma outra pessoa, mas também descobre algo sobre você mesmo. Espero que você esteja pronto para isso.”
Beleza de filme. Não dá para evitar: obrigado, Robert Redford.
Anotação em dezembro de 2013
Sem Proteção/The Company You Keep
De Robert Redford, EUA-Canadá, 2012.
Com Robert Redford (Jim Grant), Shia LaBeouf (Ben Shepard), Julie Christie (Mimi Lurie), Susan Sarandon (Sharon Solarz), Chris Cooper (Daniel Sloan), Terrence Howard (agente Cornelius), Anna Kendrick (agente Diana), Nick Nolte (Donal Fitzgerald), Stanley Tucci (Ray Fuller), Richard Jenkins (Jed Lewis), Brendan Gleeson (Henry Osborne), Brit Marling (Rebecca Osborne), Jacqueline Evancho (Isabel Grant, Izzy), Sam Elliott (Mac McLeod), Stephen Root (Billy Cusimano), Gabrielle Rose (Marianne Osborne)
Roteiro Lem Dobbs
Baseado na novela de Neil Gordon
Fotografia Adriano Goldman
Música Cliff Martinez
Montagem Mark Day
Casting Avy Kaufman
Produção Voltage Pictures, Wildwood Enterprises. DVD Imagem Filmes.
Cor, 125 min
***1/2
Assiste a esse filme na TV por assinatura e como Sérgio comentou, ele é fantástico, imperdível.
Prezados senhores,
assisti ao filme também, e gostei muito da resenha. Tenho apenas um ponto de divergência da mesma, que diz respeito ao papel do jornalismo e dos jornalistas, no filme e na sociedade atual. Entendo a importância da verdade e do jornalismo independente nas sociedades democráticas. Na minha opinião, o filme, longe de satanizar o papel da imprensa, mostra como um jovem jornalista comete erros e revê sua postura até o final da história. O filme expõe muito mais erros da esquerda radical do que dos jornalistas.
Na minha opinião, as sociedades democráticas são já muito boas, mas precisam amadurecer. Da mesma forma que os radicais de esquerda, os jornalistas também cometem erros e, eventualmente, precisam arcar com as consequências de seus atos. Nem sempre a exposição de fatos isolados é a melhor coisa para a sociedade como um todo, e não posso dizer que estou contente com certos caminhos do jornalismo moderno. Não sou a favor de teorias de conspiração, mas não posso ficar feliz com a forma como os jornalistas trataram o Iraque até a deposição do Saddam Hussein. E não posso dizer que estou contente com o modo como a imprensa esqueceu do que está acontecendo hoje com o cidadão iraquiano médio. Para mim, o maior pecado do jornalismo de hoje é que a maior parte da imprensa publica para vender, antes de vender para publicar. A independência do governo torna uma boa parte da imprensa refém do dinheiro; e eu realmente não sei se essa é uma boa solução, pois não vejo melhoria destes aspectos, em curto ou longo prazo. Não sabemos das verdades necessárias para tomarmos hoje as melhores decisões; e às vezes, a imprensa privada atrapalha mais do que ajuda.