Os Eleitos – Onde o Futuro Começa / The Right Stuff

4.0 out of 5.0 stars

Os Eleitos/The Right Stuff, de Philip Kaufman, é um daqueles filmes que não apenas não perdem absolutamente nada, com o passar dos anos, das décadas, como ainda parecem melhores, ainda mais perfeitos, ainda mais maravilhosos do que a gente se lembrava.

Adoramos rever, 35 após seu lançamento em 1983. Fui conferir minhas anotações agora, depois da revisão, para fazer este texto, e me surpreendi ao saber que tínhamos visto duas vezes, em 1993 e em 2001 – isso depois que vi o filme no belo Cine Paulistano, na Brigadeiro Luiz Antônio, na época do lançamento. Não fazia idéia de que esta agora já era a quarta vez.

Claro que me lembrava de muita coisa, talvez de quase tudo – mas é impressionante como é um prazer ver o filme mais uma vez. Rever The Right Stuff não cansa, as 3h13 de duração passam depressa demais, e dá vontade de aplaudir de pé, como na ópera, tanta exibição de talento, competência.

Philip Kaufman sabe adaptar obras literárias – qualquer que seja o gênero        

Foi o próprio diretor Philip Kaufman que fez a adaptação do livro The Right Stuff, lançado por Tom Wolfe em 1979. (O livro teve edição brasileira em 1991, pela Rocco, com tradução de Lia Wyler, com o mesmo título escolhido para o filme aqui, Os Eleitos.)

Kaufman é um mestre em fazer adaptações para o cinema de textos literários – seja de que gênero for. Cinco anos depois de The Right Stuff, em 1988, lançou A Insustentável Leveza do Ser, do checo Milan Kundera, com roteiro assinado por ele e Jean-Claude Carrière, um dos melhores roteiristas de todos os tempos. Em 1990, assinou junto com a mulher Rose Kaufman a adaptação do livro de Anaïs Nin sobre o triângulo amoroso formado pela escritora e pelo casal Henry e June Miller – Henry & June. Dirigiu e foi um dos roteiristas de Sol Nascente (1993), o thriller político-tecnológico, se é que se pode usar essa expressão, baseado no belo livro de Michael Crichton.

E é bom não esquecer que, afinal de contas, Philip Kaufman foi o criador do personagem e da primeira história de Indiana Jones, ao lado de George Lucas.

Como se vê, é um sujeito que trafega pelos gêneros mais diferentes possíveis – do romance erótico à aventura deslavada.

Não estava, portanto, andando em terreno desconhecido quando adaptou e filmou o livro de Tom Wolfe.

A epopéia da conquista de céus nunca antes voados

Verdade que The Right Stuff, o livro, é novo jornalismo puro – a mistura perfeita de literatura e jornalismo criada pelo próprio Tom Wolfe,  Truman Capote, Norma Mailer, Gay Talese e mais uns poucos eleitos. Ao contrário de Os Caçadores da Arca Perdida, A Insustentável Leveza do Ser, Sol Nascente, isto aqui não é ficção – é tudo verdade. Na “Nota do Autor”, ao final do livro, Tom Wolfe afirma que “a escritura deste livro teria sido impossível sem as lembranças pessoais de muita gente” que ele entrevistou – além de ter pesquisado documentos e obras de gente que participou da história.

Mas o fato é que a história de The Right Stuff – embora estritamente, rigorosamente real – tem muito a ver com a ficção mais imaginativa, mais improvável que possa haver. E também tem muito a ver com aventura.

Tom Wolfe conta a história do início da exploração espacial como se estivesse narrando uma grande aventura. Algo como uma mistura de A Ilha do Tesouro de Robert Louis Stevenson, as histórias do lendário índio Winnetou de Karl May e mais Buck Rogers e Flash Gordon dos quadrinhos.

E que outro tom poderia haver para narrar os primórdios da conquista espacial, desde as tentativas de quebrar a barreira do som, em 1947, até o Projeto Mercúrio da Nasa, com os primeiros vôos espaciais tripulados por astronautas ocidentais, no início dos anos 60, se não o de uma grande aventura?

Depois que vi o filme agora pela quarta vez, fiquei pensando que aquele início da conquista do espaço, em meio à Guerra Fria, é a maior aventura da História da humanidade até aqui, e só teve uma outra que chega a ser comparável a ela – as grandes navegações dos séculos XV e XVI.

Naquela época de Cristóvão Colombo, Américo Vespucci, Vasco da Gama e (por que não?) Pedro Álvares Cabral, eram, como diz Luís Vaz, os mares nunca dantes navegados.

Os Eleitos conta a história da conquista dos céus nunca antes voados.

O começo da conquista espacial nos EUA se parece muito com um western

O livro tem um tanto disso, mas o filme expõe ainda mais que a narrativa de Tom Wolfe, que a corrida espacial, nos Estados Unidos, começou com um jeitão western.

O Chuck Yeager do filme – Charles Elwood Yeager, hoje general brigadeiro aposentado, 95 anos de idade –, uma interpretação maravilhosa de Sam Shepard, é tão ás da aviação, herói da Segunda Guerra Mundial, quanto cowboy, um perfeito cowboy do melhor western que o espectador imaginar. Tanto cavalga no deserto do Sul da Califórnia quanto voa. Na verdade, ao voar, é como se estivesse cavalgando mesmo.

E o botequim que ele e os outros aviadores frequentam, uma edificação que parece um tanto precária, perdida no meio do nada, faz lembrar, sem dúvida alguma, os saloons frequentados por Wyatt Earp, Doc Holiday, essa turma.

O filme mostra muito mais o bar de Pancho Barnes (interpretada por Kim Stanley) do que a vizinha Base Aérea de Edwards, a mais importante dos Estados Unidos, ao sul de Los Angeles, no meio do deserto. Edwards, como informa a Wikipedia, era o lugar em que se testavam as novas aeronaves desenvolvidas pela indústria para a força aérea, exército e marinha dos Estados Unidos, protótipos e aviões experimentais.

Em 1947, época em que começa a ação de The Right Stuff, alguns dos melhores e mais corajosos pilotos do país andavam por lá, testando os novos aviões, tentando enfrentar o demônio que havia nos ares para impedir o homem de voar mais rapidamente que o som.

Dizia-se que um diabo vivia no ar, e matava quem tentasse quebrar a barreira do som

The Right Stuff começa com algumas sequências em preto-e-branco – um preto-e-branco um tanto azulado, na verdade – e ocupando não toda a tela CinemaScope, widescreen. Sem cores, e tela mais para quadrada do que para retangular – para lembrar como eram os filmes naquela época, assim como a então bebê, engatinhante televisão. Vemos imagens de aviões cortando as nuvens, e a voz de um narrador (Levon Helm) começa a contar a história:

– “Havia um demônio que vivia no ar. Diziam que qualquer um que o desafiasse morreria. Seus controles congelariam, seus aviões tremeriam loucamente, e se desintegrariam. O demônio vivia no ponto Mach 1 do marcador, 750 mil milhas por hora, quando o ar não podia mais sair de lado. Ele vivia atrás de uma barreira através da qual diziam que nenhum homem passaria. Eles a chamavam de barreira do som.”

Beleza de introdução!

Como milhas não significam lhufas para nós, lá vai: o som viaja (no nível do mar, em condições perfeitas) a 1.234,8 quilômetros por hora. Isso equivale a Mach 1.

Até 1947, nenhum aparelho criado pelo homem havia viajado a essa velocidade. O que se tentava, na Base Aérea de Andrews, e o que se mostra no início do filme, era ultrapassar essa velocidade. Quebrar a barreira do som. Bater no diabo.

Vários pilotos tentaram – e vários foram verncidos pelo diabo e morreram.

No momento exato em que um avião que tentava quebrar a barreira do som se espatifa no chão e vira uma bola de fogo, quando estamos com uns 3 ou 4 minutos de filme, a imagem passa a ser colorida e widescreen.

Costelas quebradas numa queda, Chuck Yeager vence o diabo

No livro, Tom Wolfe fala dos mensageiros da morte – os funcionários encarregados de bater na porta da casa do piloto que acabava de morrer para dar a notícia à sua esposa.

O filme concentrou a figura dos mensageiros da morte em um único homem, um sujeito velho, alto, sempre vestido com terno preto, com uma cara quase tão feia quanto a da velha Parca. Ele na verdade se parece demais com a Parca que Victor Sjöström, Ingmar Bergman e Woody Allen colocaram em seus filmes – só não carrega a foice.

Antes que o filme de 193 minutos chegue aos 5, o mensageiro da morte já bateu na casa de uma esposa. E nós o vemos assistindo ao enterro daquele piloto que acabou de ser derrotado pelo diabo da barreira do som.

Chuck Yeager também está presente ao enterro. Assim como uma bela mulher, que depois veremos entrar no bar de Pancho Barnes e começar a ser paquerada pelo piloto herói da Segunda Guerra. Só então ficamos sabendo que ela é a mulher dele, Glennis Yeager. É interpretada por Barbara Hershey, e ela nunca esteve tão linda quanto neste filme aqui; está bem, tão linda quando neste filme aqui e em Hannah e Suas Irmãs, de 1986, e em A Última Tentação de Cristo, de 1988.

Sam Shepard e Barbara Hershey como Chuck e Glennis Yeager formam um dos casais mais belos que já apareceram em um filme.

Havia chegado à base um protótipo novinho em folha. Perguntam a Yeager, no boteco, se ele topa testá-lo, ele diz que sim – e em seguida sai a cavalo atrás da mulher, que cavalga maravilhosamente bem. Na corrida louca, bate num galho de árvore mais baixo, leva um tombo, quebra umas costelas.

Na manhã seguinte, costelas quebradas, monta no protótipo novinho em folha e quebra a barreira do som pela primeira vez na História da humanidade.

A câmara focaliza os diversos quadros com fotos de grandes pilotos pendurados numa parede do bar de Pancho Barnes: os quadros todos tremem com o ruído fortíssimo que se produz quando o avião pilotado por Yeager rompe a barreira do som.

Os testes para escolher os astronautas privilegiavam o físico, não o intelecto

Só pilotos mortos em ação mereciam a honra de ter sua foto pendurada no muro da fama do bar de Florence Lowe Barnes, que todos chamavam de Pancho, como se fosse um mexicano de bigodão e chapelão. Florence – como todos os demais personagens de The Right Stuff – existiu na vida real. Aprendo no IMDb que ela conseguiu sua licença de piloto ainda em 1928, fez vôos solo, sofreu acidente e conseguiu o recorde de velocidade entre as aviadoras mulheres, batendo o que até então era da famosérrima Amelia Earhart (1897-1937), cuja vida foi contada no filme Amelia (2009), da indiana Mira Nair.

Florence ainda trabalharia como dublê de pilotos em diversos filmes de Hollywood. Tudo isso – como diz, com bom estilo, o IMDb – bem antes que qualquer um dos sete homens que viriam a ser escolhidos como os primeiros astronautas americanos, os astronautas do projeto Mercury, tivessem completado 10 anos de idade.

Florence chama Gordon Cooper (o papel de um Dennis Quaid jovenzinho de tudo) de novato, quando ele aparece no seu bar. Gordon Cooper, assim como Gus Grissom (interpretado por Fred Ward), passaram algum tempo na Base Aérea de Andrews – e, é claro, frequentavam o botequim que todos os aviadores frequentavam.

Ao contrário do veterano Yeager e de vários outros de Andrews, que não quiseram saber de nada daquilo, Gordon Cooper e Gus Grissom apresentaram-se quando foram convocados pilotos de todas as áreas para escolher os melhores de todos, os que fariam parte do primeiro programa espacial dos Estados Unidos, o projeto Mercury.

O processo de seleção daqueles pilotos vindos de todos os lugares do país, da força aérea, da Marinha, do exército, ocupa boa parte de The Right Stuff. E é um processo todo feito em cima da capacitação física dos pilotos – da força, da resistência física às condições mais duras, mais extremas.

É como se estivessem ali selecionando não pilotos, futuros astronautas, mas atletas capazes de concorrer à medalha olímplica de triatlo.

Não são mostrados testes de conhecimentos, de aptidão para matemática, física, química. Tudo se resume a testar a resistência física dos candidatos.

O filme é longo, e então dá para a gente conhecer os sete eleitos, the right stuff

Ao longo do processo de seleção, ficamos conhecendo todos os sete escolhidos, os primeiros sete astronautas, os eleitos – the right stuff.

Stuff é uma daquelas palavras que funcionam para muitos significados. Como coisa, trem.

Stuff, segundo o melhor dicionário Inglês-Português que tenho, um velho Exitus supervisionado por Antonio Houaiss, é matéria, material, coisas, pertences, trastes, troços.

The right stuff é a matéria certa, a coisa certa. Coisa feita do material certo.

Quando Sam Spade-Humphrey Bogart vê a estátua do falcão maltês pelo qual tanta gente morreu, em Relíquia Macabra/The Maltese Falcon (1940), ele diz: “this is the stuff the dreams are made of”.

Essa é a coisa de que são feitos os sonhos.

São, repito, 3h13 de filme, e então dá tempo para conhecermos os sete eleitos, os sete que eram feitos de the right stuff – e também suas mulheres.

Ed Harris, sempre muito bom, está perfeito como John Glenn, o mais articulado, mais falante, mais comunicativo dos sete. Dá para entender perfeitamente por que ele, John Glenn, iria depois para a política – seria senador por Ohio entre 1974 e 1999, pelo Partido Democrata.

E é fascinante como as mulheres dos outros seis astronautas ficam achando que a senhora John Glenn, Annie (o papel de Mary Jo Deschanel) é fresca, esnobe, metida a besta, porque não fala com as demais. Só depois de algum tempo as senhoras astronautas ficam sabendo – assim como o espectador – que Annie é gaga, e morre de medo de ter que falar. Quando finalmente Glenn vai ao espaço, e a tropa louca de repórteres e fotógrafos e cinegrafistas – e mais o então vice-presidente Lyndon Johnson (Donald Moffat) – cercam sua casa, Annie se recusa terminantemente a receber qualquer um deles.

Toda essa sequência é uma maravilha. Mostra Glenn como um sujeito de excelente caráter – e Lyndon Johnson como um idiota. Coisa que ele não era.

É um show de imagens belíssimas, um esplendor

Ao rever o filme agora pela terceira vez, fiquei especialmente impressionado com duas características.

A primeira é a extraordinária beleza das imagens – todas elas. Não sei se houve aproveitamento de imagens reais, de filmes feitos para a televisão ou pela própria Nasa, a agência espacial, mas o fato é que as tomadas em que vemos os foguetes subirem (ou se arrebentarem logo após o lançamento) se integram com perfeição às tomadas do próprio filme.

É tudo esplendorosamente bem feito, bem cuidado. O que vemos nos momentos em que os aviões lutam contra a barreira do som, em que mais tarde as cápsulas enviadas pelos foguetes orbitam o planeta – é tudo de uma beleza impressionante. E era 1983, era tudo pré imagens geradas por computador.

O diretor de fotografia, o sujeito que conseguiu isso, é Caleb Deschanel. Teve, ao longo da carreira, cinco indicações ao Oscar de melhor fotografia.

E aqui é preciso registrar uma “trívia” interessantíssima: Caleb Deschanel já era um diretor de fotografia experiente quando fez The Right Stuff. Mas foi o primeiro trabalho de sua mulher, Mary Jo Deschanel, o da mulher de John Glenn.

Estão casados até hoje, Mary Jo e Caleb Deschanel. São os pais das atrizes Zooey Deschanel e Emily Deschanel.

O filme faz questão de demonstrar os erros, as falhas da epopeia americana

A segunda característica impressionante do filme, que me chamou especialmente atenção ao revê-lo agora, é como narra-se tudo de forma realista. Como não se procura pintar um quadro róseo. Como os problemas, as falhas, os defeitos são mostrados de forma clara, nítida, firme.

Jamais seria possível acusar de The Right Stuff de ser um filme patrioteiro, ufanista.

O filme mostra o início da conquista do espaço, um dos maiores feitos da humanidade, sem pintar tudo de cor-de-rosa. Sem esconder as merdas.

Bem ao contrário: as merdas – e, literalmente, os mijos – são abordados com a maior franqueza.

Assim como se mostra com clareza que os americanos perdiam todas as paradas para os russos, quer dizer, os soviéticos!

Um filme americano sobre a conquista do espaço que faz questão de expor, mostrar, demonstrar os erros, as falhas, os problemas. Que maravilha.

Não dá para compreender como os soviéticos conseguiram estar à frente

Fascinante é pensar, agora, tantas décadas depois, tanta água passada sob a ponte, o Muro de Berlim derrubado, o comunismo praticamente varrido da face da Terra, como foi possível que a União Soviética tivesse conseguido aquelas façanhas todas – e antes dos americanos.

Os soviéticos saíram na frente a cada movimento da corrida espacial. Puseram um animal no espaço antes dos americanos. Puseram um homem no espaço antes dos americanos.

Não sabiam construir carro, geladeira, aparelho de TV tão bom quanto nos países capitalistas decadentes. A economia centralizada, planejada, estatizada, só dava resultado ruim, e faltava de tudo, de arroz a sabão – mas os caras conseguiram estar à frente na corrida espacial!

“Os alemães deles são melhores que os nossos alemães”, alguém diz, no filme. Um publicitário brasileiro copiou a frase, e houve uma campanha publicitária de marca de TV que dizia que os japoneses daquela tal empresa eram melhores que os japoneses das empresas concorrentes.

O filme foi um grande impulso para as carreiras de Ed Harris e Dennis Quaid

O filme foi bastante importante para impulsionar, em especial, a carreira de dois bons atores, Ed Harris, que faz John Glenn, e Dennis Quaid, que faz Gordon Cooper. Ed Harris, de 1950, havia começado a carreira em 1976, mas este foi seu primeiro grande filme. E o mesmo se pode dizer de Dennis Quaid, nascido em 1954 e que começou a carreira em 1975.

Foi também importante para a carreira do grande Sam Shepard, ator, dramaturgo, diretor. Diferentemente dos colegas Ed Harris e Dennis Quaid, Shepard já havia tido grandes papéis – em Cinzas no Paraíso (1978), a incensada obra de Terrence Malick, e Frances (1982), o relato sobre a trágica vida da atriz Frances Farmer, interpretada por Jessica Lange. Shepard e Jessica Lange se apaixonaram durante as filmagens de Frances, e viveram juntos por quase três décadas, até 2009.

Outro ator que pouco mais tarde passaria a ter papéis importantes em filmes idem é Jeff Goldblum. Nascido em 1952, tinha já na sua filmografia duas dezenas de títulos, entre filmes e séries de TV. Em The Right Stuff, teve um papel pequeno, como um funcionário do governo que visita o bar de Pancho Barnes para recrutar candidatos a astronauta.

Veronica Cartwright, que dá um show de interpretação como Betty, a mulher de Gus Grissom, é de 1949, a mesma geração de Ed Harris, Dennis Quaid e Jeff Goldblum (que é também a minha), mas já era, em 1983, uma absoluta veterana. Veronica Cartwright começou a trabalhar aos 9 anos de idade; em 1963, aos 14 anos, fez a irmãzinha mais nova de Mitch Brenner em Os Pássaros, de Alfred Hitchcock.

Teve oito indicações ao Oscar, elogios da crítica – mas não foi sucesso comercial

The Right Stuff teve 8 indicações ao Oscar – e venceu em quarto categorias.

Perdeu nas categorias mais importantes: melhor filme, melhor ator coadjuvante para Sam Shepard, melhor fotografia, melhor direção de arte. Ganhou nas categorias de trilha sonora (por Bill Conti), montagem, som e efeitos sonoros,

O livro Cinema Year by Year 1894-2000 diz que o filme é um “inpirador tributo aos astronautas americanos”:

The Right Stuff de Tom Wolfe, o relato do programa espacial dos Estados Unidos que virou best-seller, transformou-se por Philip Kaufman em uma celebração intrigantemente diferente dos astronautas do Mercury e do lendário piloto de testes Chuck Yeager, interpretado por Sam Shepard, que abriu caminho para eles. Entremeando talentosamente o jeito individualista de Yeager com a dinâmica de grupo da equipe do Mercury, Kaufman nos mostra vividamente que ‘a matéria certa’ é mais do que uma metáfora para o machismo.”

O livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer diz que o resultado do filme nas bilheterias foi decepcionante, se comparado a seu custo. (O livro não fala, mas o filme, segundo o IMDb, custou em torno de US$ 27 milhões, e rendeu, no mercado americano, apenas US$ 21,5 milhões.) “Contudo, as tomadas não convencionais do roteirista e diretor Philip Kaufman sobre o heroísmo e suas impressionantes imagens recompensaram Os Eleitos com oito indicações ao Oscar (incluindo Melhor Filme) e quatro premiações, além de um grupo significativo de admiradores, para os quais as sequências aéreas e em órbita da Terra permanecem puro êxtase.”

O Guide des Films de Jean Tulard se derrete: “Soberbo afresco sobre a conquista do espaço pelos americanos, realçando a verdade apimentada com humor e emoções. Filme espetacular e admiravelmente bem interpretado.”

Perfeito! É isso aí.

Anotação em maio de 2018

Os Eleitos – Onde o Futuro Começa/The Right Stuff

De Philip Kaufman, EUA, 1983

Com Sam Shepard (Chuck Yeager), Barbara Hershey (Glennis Yeager),

(os Mercury 7 e suas mulheres) Scott Glenn (Alan Shepard), Ed Harris (John Glenn), Dennis Quaid (Gordon Cooper), Fred Ward (Gus Grissom), Charles Frank (Scott Carpenter), Lance Henriksen (Wally Schirra), Scott Paulin (Deke Slayton), Kathy Baker (Louise Shepard), Mary Jo Deschanel (Annie Glenn), Pamela Reed (Trudy Cooper), Veronica Cartwright (Betty Grissom), Susan Kase (Rene Carpenter), Mittie Smith (Jo Schirra), Mickey Crocker (Marge Slayton),

e Kim Stanley (Pancho Barnes), Donald Moffat (Lyndon B. Johnson), Levon Helm (Jack Ridley / a voz do narrador), Scott Wilson (Scott Crossfield), Royal Dano  (ministro), Jeff Goldblum (recrutador), Harry Shearer (recrutador)

Roteiro Philip Kaufman

Baseado no livro homônimo de Tom Wolfe, lançado em 1979.

Fotografia Caleb Deschanel

Música Bill Conti

Montagem Glenn Farr, Lisa Fruchtman,

Tom Rolf, Stephen A. Rotter, Douglas Stewart

Casting Lynn Stalmaster

No DVD. Produção Robert Chartoff, Irwin Winkler, The Ladd Company. DVD Warner Bros.

Cor, 193 min (3h13)

R, ****

Título na França: L’Etoffe des Héros. Em Portugal: Os Eleitos.

8 Comentários para “Os Eleitos – Onde o Futuro Começa / The Right Stuff”

  1. Concordo inteiramente com a sua opinião, acho que este é mesmo um filme excepcional.
    Roger Ebert dá-lhe a pontuação máxima (tem duas críticas) e considera-o como Great Movie. Já o vi várias vezes, é um daqueles filmes que eu veja de vez em quando.

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