A Promessa / The Pledge

Nota: ★★★½

(Disponível na Netflix, em 6/2023.)

A Promessa fala de serial killer, mas nunca poderia ser tido como mais um filme sobre serial killers. Por vários motivos. É basicamente um filme sobre um policial, um veterano, sério, dedicado, competente policial que está se aposentando.

É uma obra diferenciada, quase única, sui generis. Que leva assinatura – tem, o tempo todo, a marca específica, pessoal e intransferível, de seu realizador, esse talento vulcânico que é Sean Penn.

Demonstra exaustivamente, ao longo de seus 124 minutos – que demoram um tanto para passar –, ser obra de um realizador que é sobretudo um ator.

A Promessa, no original The Pledge, de 2000, é estiloso, cheio de firulas formais, formalismos. Apesar disso, ou talvez até por isso mesmo – cabe a cada espectador decidir -, é um belo filme. Tão belo quanto triste – e é profundamente, profundamente triste.

Quando estão faltando aí mais ou menos uns 20 minutos para o final, dá perfeitamente para o espectador perceber que as coisas se encaminham para algo muito, muito doloroso, uma tragédia. Fiquei tentando imaginar qual seria o desfecho – e errei feio. Vem, sim, uma tragédia – mas é ainda pior do que eu estava imaginando. Acho que é pior do que qualquer um poderia imaginar.

Sean Penn encerra seu filme deixando uma trava amarga na garganta do espectador. Uma coisa assim que não deixa uma réstia de esperança.

Não são muitos os filmes com final tão infeliz, tão amargo, tão desesperançado. É preciso muita coragem para fazer um filme assim, em especial em Hollywood, a grande fábrica de sonhos, a indústria de onde saem – como é mesmo que disse, com ironia, é claro, mas com ternura e amor, a cineasta monegasca Danièle Thompson? – histórias em que “os pobres ficam ricos, os ricos têm uma vida dura, os sem-documento encontram os documentos, as guerras terminam, os mortos voltam a viver e as putas se casam com milionários”.

A Promessa/The Pledge pode ser chamado de muita coisa – nunca, porém, de apenas mais um filme sobre serial killers.

A câmara não age de maneira natural. Muito ao contrário

É preciso uma sinopse.

Pego a do IMDb: “Um detetive policial aposentado promete pegar o assassino de um menino.” Há um erro aí, seguramente na tradução. O original deve dizer “a child”, uma criança. É uma menina, uma garotinha de oito anos que é brutalmente assassinada no começo da narrativa. A mãe dela, interpretada por essa fantástica Patricia Clarkson, faz o policial Jerry Black jurar, prometer sob juramento, que vai pegar o assassino.

Vou tentar outras sinopses.

Eis a do site AlloCiné, que é especializado em cinema francês, mas tem de tudo. Vai sem aspas para me desobrigar de ser literal e me permitir acrescentar um ou outro detalhe

No dia em que vai se aposentar, o inspetor Jerry Black, da polícia de Reno, Nevada (o papel de Jack Nicholson), é homenageado por seus colegas com uma festa surpresa. Tocado pela generosidade dos colegas, aceita o presente deles – uma passagem de avião para realizar seu sonho de ir pescar no México. Naquele mesmo momento, o corpo de uma garotinha de oito anos, Ginny Larsen (Taryn Knowles) é encontrado meio enterrado na neve numa montanha do Norte de Nevada, com sinais de agressões brutais, que chocam até os policiais mais experientes. Jerry decide se juntar à investigação, que será chefiada pelo seu sucessor no posto de investigador mais graduado do departamento, Stan Krolak (Aaron Eckhart). Religiosa, a mãe da garotinha assassinada o faz jurar – pela salvação de sua alma – que vai encontrar o assassino.

Uau! Eis aí uma boa sinopse.

A forma com que Sean Penn mostra esses fatos iniciais da história não é nada simples, direta.

O filme abre com tomadas em que Jack Nicholson, esse ator extraordinário, mas que muitas vezes chega bem perto do over-acting, do exagero, interpreta um homem que está sofrendo exageradamente, afundado em um poço sem fim de angústia, dor, desespero.

Se não leu uma sinopse antes de ver o filme, o espectador, é claro, não tem a menor idéia de quem é aquele homem.

O rosto está totalmente desfigurado pelo sofrimento – e a câmara não age de maneira natural, normal. Não: em raríssimos momentos do filme age de maneira natural, normal a câmara de Sean Penn e de seu diretor de fotografia Chris Menges, o grande, magistral Chris Menges. Ela exagera nos close-ups – dos rostos dos personagens, é claro, mas não apenas deles. De coisas, pequenos detalhes, como uma torneira, um anzol, uma isca de pesca, um outro objeto qualquer.

A primeira tomada do filme é um close-up dos pés de Jack Nicholson, calçados com um tênis muito velho e muito sujo, sem meias. As mãos coçam a pele da canela direita. O chão é um terreno cheio de pedrinhas, venta, poeira se levanta. A segunda tomada é do céu, alguns pássaros voando. A terceira é um plongée – a câmara está no alto, em uma grua, voltada para baixo, mostrando Jack Nicholson visto do alto, o cocuruto da cabeça com as marcas de uma calvície que avança.

A imagem do homem que será o protagonista da história visto de cima, como se fosse o que é visto por aves no céu, se funde com imagens de aves no céu. Some a imagem do homem, fica a imagem de aves no céu. Corta, e vemos o rosto de Jack Nicholson em perfil e em close-up, os olhos fechados, o rosto virado para cima, a boca contorcida abrindo e fechando como se ele estivesse falando sozinho, embora não ouçamos o som da voz.

Nova fusão com imagens de pássaros voando. Nova tomada de Jack Nicholson, agora em plano americano, ele de frente para a câmara, olhos fechados, falando sozinho de olhos fechados, sem emitir som. O sujeito está discutindo consigo mesmo – e sofrendo miseravelmente.

Isso continua por mais algum tempo, até que começam os créditos iniciais. Os créditos mostram os nomes em letras pretas sobre o fundo muito claro de tomadas de um lugar gelado, tomado por uma nevasca. O nome de Jack Nicholson é o único que aparece antes do título – e, nisso, o filme é bastante natural, normal. É tradição centenária nos filmes de Hollywood, que se espalhou mundo afora: os nomes dos atores principais vêm antes do título.

Depois das palavras The Pledge, passamos a ver os nomes dos demais atores, em ordem alfabética pelo sobrenome. Nomes dos atores em ordem alfabética pelo sobrenome é natural, normal – mas não é nada natural, normal, a quantidade de atores extraordinários que Sean Penn conseguiu arregimentar para o seu terceiro longa-metragem como diretor. É um absurdo, um abuso, um exagero. Estão lá:

Patricia Clarkson

Benicio Del Toro

Aaron Eckhart

Helen Mirren

Robin Wright Penn

Vanessa Redgrave

Mickey Rourke

Sam Shepard

Harry Dean Stanton.

Tudo bem. O Mais Longo dos Dias/The Longest Day (1962), a mega hiper superprodução de Darryl F. Zanuck que reconstituiu o Dia D da Segunda Guerra Mundial, tinha mais astros do que isso aí, assim como uma ou outra superprodução, tipo A Volta ao Mundo em 80 Dias (1956) e Pepe (1960). Mas este A Promessa não tem nada a ver com superprodução voltado público amplo – é um drama pesado, um filme autoral sobre um policial veterano, sério, dedicado, competente e profundamente angustiado  que está se aposentando – ou estava.

É impressionante, chocante mesmo, como Sean Penn conseguiu reunir tantos atores especialmente talentosos para fazer papéis pequenos em seu filme. Papéis importantes, fundamentais, e em que todos brilham – mas pequenos, que duram poucos minutos.

Meu, convencer, por exemplo, as divas inglesas Helen Mirren e Vanessa Redgrave a aceitarem papéis em que suas personagens aparecem na tela não mais do que cinco minutos no total…

Não seriam muitos os realizadores que conseguiriam esse feito incrível.

Mas Sean Penn, diabo, é Sean Penn. Poderia também tirar a vírgula e mudar a posição das palavras na frase: Sean Penn é o diabo.

Encontrar o assassino vira uma absoluta obsessão

Gostaria de relatar um pouco mais da trama, além daqueles fatos básicos, iniciais, da sinopse que roubei do AlloCiné. Naturalmente, não vou apresentar spoilers, não vou revelar os fatos que são mostrados depois da metade do filme.

O rapazinho de uns 15 anos que encontra o corpo da garotinha Ginny vê (e o espectador também) um homem com cabelo preto longo perto do local. O homem sai dali em um carro que o rapaz descreve para a polícia – e bem rapidamente a equipe chefiada pelo sucessor de Jerry, Stan, prende um suspeito, um índio chamado Toby Jay Wadenah (o papel de Benicio Del Toro) que é claramente um deficiente mental, mas com ficha criminal – havia sido preso muitos anos antes por estupro.

Stan interroga o deficiente de uma forma nada convencional, nada correta – e obtém a confissão de que, sim, ele estuprou e matou a garotinha Ginny.

O departamento – chefiado por Eric Pollack (Sam Shepard, na foto acima) – dá o caso por encerrado. Mas Jerry não se convence, de forma alguma. E passa a investigar.

Aí é que está, creio, o cerne da trama.

Tudo bem: Margaret Larsen, segurando um crucifixo, exige que Jerry faça a promessa solene, pela sua salvação, de que vai encontrar o assassino – e daí sai o título do filme.

Há a promessa, sim, e isso tem importância. Mas o que o filme deixa claro o tempo todo, e a interpretação de Jack Nicholson, sempre beirando o over, o exagero, realça demais, é que Jerry é um policial abnegado, dedicado, sério, exigente, perseverante. É o caráter dele, é a personalidade dele. Encontrar o assassino da garotinha Larsen se torna uma obsessão, sim – mas ele estaria obcecado mesmo que não tivesse sido obrigado a fazer a promessa solene.

Jerry conversa com todas as pessoas que, na sua cabeça, possam ajudar, dar alguma pista. Fala com a maior amiga da garotinha Ginny Larsen, com a avó dela (o papel de Vanessa Redgrave), com uma psiquiatra (o papel de Helen Mirren), com policiais das cidades próximas ao lugar em que a menina vivia. E descobre que houve, em cidades vizinhas, dois casos de desaparecimento de garotinhas na faixa dos oito anos de idade – todas lourinhas como Ginny. Seus corpos jamais haviam sido encontrados, e os casos permaneciam inconclusos.

Ele leva as informações que reuniu para seu ex-chefe Eric Pollack e seu ex-colega Stan Krolak (na foto abaixo).

Os dois não vêem nada concreto ali – e, diabo, o índio tinha confessado. Para eles, o caso está acabado.

Jerry, é claro, não desiste. Ao contrário. Decide comprar um posto de gasolina localizado entre as três cidades em que tinham acontecido os casos de desaparecimento e o assassinato da menina Larsen. Para ficar observando as pessoas, continuar em busca de informações, pistas…

Numa lanchonete da cidade mais próxima do posto de gasolina, que ele passa a frequentar, trabalha uma garçonete simpática, Lori (o papel de Robin Wright, que à época ainda se assinava Robin Wright Penn). Mais tarde, Jerry e o espectador ficam sabendo que Lori tem uma filhinha de uns oito anos, lourinha como a menina Larsen e as duas desaparecidas.

Excepcionais atores em papéis bem pequenos

É coisa de ator chamar esses talentos para fazerem pequenos papéis. Ah, mas sem dúvida que é coisa típica de ator.

Todos aqueles atores cujos nomes enumerei acima, ao falar dos créditos iniciais, são profissionais do mais alto gabarito. Nem todos são gigantescos astros ou estrelas – mas a celebridade, a fama, o número de fãs, nada disso foi critério para que Sean Penn os escolhesse e convidasse. O critério, sem dúvida alguma, foi talento.

Dá para imaginar como foi. Nada de agente de um ligando para agente de outro. Deve ter sido pessoal. Algo tipo assim: “Alô, Vanessa, aqui é o Sean Penn, seu fã. Escute: topa trabalhar num filme que vou dirigir? É um papel pequeno, você teria uma sequência só – mas é um personagem importante, num momento difícil, de grande emoção. Tenho certeza de que você gostaria de fazer… Posso mandar o roteiro?”

Vanessa Redgrave, filha de grande ator, mãe e irmã de atrizes, 52 prêmios, inclusive um Oscar, um Emmy, um Bafta, dois prêmios em Cannes – uns três ou quatro minutos na tela como a avó da garotinha assassinada.

Helen Mirren, 130 prêmios, inclusive um Oscar, dois Emmys, um Bafta – não mais que três minutos na tela como uma psiquiatra que o policial procura para tentar traçar o perfil do assassinato.

Patricia Clarkson, 33 prêmios, inclusive três Emmys, um Globo de Ouro – uns cinco minutos, se tanto, na tela como a mãe da garotinha morta.

Benicio Del Toro, 49 prêmios, inclusive um Oscar, um Bafta – três ou quatro minutos na tela, com uma peruca de cabelos bem compridos de índio americano, como um suspeito de estupro e assassinato da garotinha.

Mickey Rourke, 41 prêmios, inclusive um Bafta, um Globo de Ouro, não mais que dois minutos como o pai de uma garotinha desaparecida.

Cada um deles – assim como Sam Shepard, Harry Dean Stanton – em uma interpretação primorosa, fantástica, de se aplaudir de pé como na ópera.

Ah, meu, isso é sensacional!

Um casal polonês adaptou o livro do suíço Dürrenmatt

O roteiro de The Pledge é assinado por Jerzy Kromolowski & Mary Olson-Kromolowski. O casal de roteiristas poloneses radicados nos Estados Unidos tem poucas obras; entre elas está Às Margens de um Crime/In the Electric Mist (2009), que Bertrand Tavernier realizou nos Estados Unidos, com Tommy Lee Jones e John Goodman.

O roteiro se baseia – imagino que de forma bem livre, solta, com muitas liberdades – em uma obra do conceituado escritor suíço Friedrich Dürrenmatt (1921-1990). Dürrenmatt é o autor, entre outras, da peça A Visita da Velha Senhora (1956), filmada em 1964 pelo austríaco Bernhard Wicki como A Visita/The Visit, com Ingrid Bergman e Anthony Quinn. Eu não sabia, mas uma das faces da obra vasta de Dürrenmatt são os “profundos romances policiais”, como classifica a Wikipedia. Um deles é Das Versprechen, de 1958. Vejo que a obra tem uma edição brasileira, pela editora Estação Liberdade, em um volume que reúne dois romances, A Promessa e A Pane.

Tenho gostado muito das sinopses de livros feitas pela Amazon, a gigante mundial do comércio eletrônico. Lá vai a de The Pledge:

“Passada em uma pequena cidade da Suíça, The Pledge gira em torno do assassinato de uma garota e o detetive que promete à mãe da vítima que vai encontrar o assassino. Depois de decidir que o homem errado foi preso pelo crime, o detetive prepara uma armadilha para o real assassino, com a paciência de um sábio pescador. Mas reviravoltas cruéis na trama conspiram para que ele pague pesado por sua promessa. Aqui Friedrich Dürrenmatt se utiliza de seu ouvido brilhante para o diálogo e um devastador senso de timing e de suspense. (…) Um dos romances de Dürrenmatt mais diabolicamente imaginados e construídos, The Pledge foi adaptado para as telas em 2000 em um filme dirigido por Sean Penn e estrelado por Jack Nicholson.”

A rigor, abaixo há spoiler. Melhor pular este trecho

Não foi fácil encontrar quem bancasse o projeto – e no fim faltou dinheiro. Por causa do aperto do orçamento, Sean Penn não conseguiu filmar sequências que estavam no roteiro – inclusive sequências importantes, do final da narrativa. Tanto o IMDb quanto o AlloCiné trazem essas informações.

Vou falar dessas sequências rapidamente e com cuidado, mas serão revelados fatos que, a rigor, bem a rigor, são spoilers. Portanto, quem ainda não viu o filme deveria pular para o próximo intertítulo.

Apesar de ser um projeto de dois grandes, imensos astros de Hollywood, Sean Penn e Jack Nicholson, todos os grandes estúdios rejeitaram o roteiro. Quem finalmente topou realizar o filme foi o produtor Elie Samaha, do estúdio Franchise Pictures, que procurou o apoio a produtora Morgan Creek. As duas produtoras propuseram salários reduzidos para o diretor e o ator, e a proposta foi aceita, em troca da garantia de que Sean Penn teria controle completo da realização.

O filme estava em produção quando aconteceu o incrível fracasso comercial de outro projeto da Morgan Creek e da Franchise Pictures, a ficção-científica A Reconquista/Battlefield Earth (2000), com John Travolta e Forrest Whitaker. A Franchise acabou falindo.

Os prejuízos com o outro filme levaram os produtores a exigir que The Pledge fosse finalizado dentro do cronograma e sem um centavo a mais que o orçamento original – motivo pelo qual algumas sequências do roteiro nem chegaram a ser filmadas. Inclusive algumas do final da narrativa, que identificariam, explicitamente o autor dos três crimes.

Na verdade, a identidade do criminoso não é fundamental, não é determinante. Mas o fato é que Jerry Black-Jack Nicholson suspeita que o criminoso é X, e revela-se que ele estava errado – é Y. Mary, sempre mais esperta, mais arguta do que eu, achou que de fato o assassino não era aquela pessoa de quem Jerry suspeitava; eu tive a sensação contrário, de que era mesmo aquele suspeito.

Mas repito, insisto: a identidade não é o que mais importa.

Os grandes estúdios não toparam financiar o filme

The Pledge foi o terceiro longa-metragem dirigido por Sean Penn, depois de Unidos pelo Sangue/The Indian Runner (1991) e Acerto Final/The Crossing Guard (1995). Depois deste filme aqui viriam mais três: Na Natureza Selvagem/Into the Wild (2007), A Última Fronteira/The Last Face (2016) e Dias Perdidos/Flag Days (2021).

Em 2023 ele co-dirigiu com Aaron Kaufman um documentário, Superpower, sobre a invasão da Ucrânia pelas forças da Rússia de Vladimir Putin. O roteiro do documentário é de Volodymyr Zelensky. Sempre, eternamente um ativista. E defendendo as posições corretas…

The Pledge deu prejuízo aos produtores. Um filme de Hollywood precisa render duas vezes o que custou para ser considerado rentável – e a obra de Sean Penn ficou longe de cobrir o custo. Feito com um orçamento de US$ 35 milhões, teve um faturamento mundial bruto de R$ 29,4.

A crítica recebeu bem o filme. Roger Ebert o colocou na sua relação de “Great Movies”, por exemplo; no site AllMovie ele tem 3,5 estrelas em 5. Segundo o site agregador Rotten Tomatoes, ele tem 78% de críticas favoráveis – nota 78 em 100, segundo o “Tomatometer”, que reuniu 125 resenhas. O “consenso dos críticos”, segundo o site, é este: “Embora o tema seja sinistro e possa deixar os espectadores nauseados, The Pledge apresenta uma atuação excelente, sutil de Jack Nicholson.”

“Subtle performance”? Meu, Jack Nicholson não fez nada sutil na vida. Neste filme, então… Mas tudo bem, é o “consenso dos críticos”…

Eis algumas informações interessantes, tiradas do IMDb, do AlloCiné e da minha memória.

* Sean Penn já havia dirigido Jack Nicholson em seu segundo filme como realizador, logo antes deste aqui, Acerto Final/The Crossing Guard.

* Jean, a secretária de Jerry Black na delegacia de polícia, que aparece em umas três tomadas bem no inicinho do filme, é Eileen Ryan, a mãe de Sean Penn!

* Nos créditos finais, informa-se que o filme é dedicado a Michael Haller e Jack Nitzsche. Eles são, respectivamente, o desenhista de produção e o compositor das trilhas sonoras dos dois primeiros filmes dirigidos por Sean Penn. O primeiro havia morrido em 1998 e o segundo em 2000, o mesmo ano em que The Pledge foi produzido.

* Ah, sim, o ano de produção. O IMDb, entre outras fontes, diz que o filme é de 2001. No próprio filme, nos créditos finais, é dito que o copyright é de 2000. O filme estreou nos Estados Unidos em janeiro de 2001.

* O plano inicial era rodar o filme em Minnesota; como os custos no Canadá eram mais baratos, foi lá que foram feitas as filmagens.

* Os dois minutos em que aparece na tela devolveram Mickey Rourke ao mapa de Hollywood. O ator havia abandonado o cinema anos antes, para se dedicar ao boxe, e vinha tentando voltar, mas os grandes estúdios não o convidavam para nada. Depois da oportunidade oferecida pelo colega – e de dar um show como o pai de uma garotinha desaparecida -, as portas voltaram a se abrir para ele.

* E, finalmente, curiosidades sobre o título – e um registro de detalhe que só interessa a quem gosta das palavras.

No Canadá de língua francesa, o filme foi lançado como La Promesse. Da mesma maneira com que no Brasil e em Portugal foi A Promessa, na Itália foi La Promessa. Mas os títulos de filmes raramente são uma unanimidade mundo afora, e então os mexicanos viram Asesino Oculto, os argentinos viram Código de Honor.

Já na França, o filme foi lançado como… The Pledge!

O substantivo “pledge” tem várias acepções – garantia, penhor, sinal. Mas é também, claro, voto, promessa.

Creio que dá para dizer com segurança que “pledge” é uma promessa oficial, solene, uma promessa feita com alguma pompa e circunstância. A solemn promise. Nos Estados Unidos, em muitas escolas as crianças devem fazer diariamente “the Pledge of Allegiance”, uma promessa, um juramento de ser leal ao país.

Os distribuidores espanhóis foram por aí, e lá o filme teve o título de El Juramento.

Anotação em junho de 2023

A Promessa/The Pledge

De Sean Penn, EUA-Canadá, 2001

Com Jack Nicholson (Jerry Black)

e Robin Wright (Lori), Aaron Eckhart (detetive Stan Krolak), Sam Shepard (Eric Pollack, o chefe da polícia), Benicio Del Toro (Toby Jay Wadenah), Patricia Clarkson (Margaret Hansen, a mãe de Ginny, a garotinha assassinada), Vanessa Redgrave (Annalise Hansen, a avó), Mickey Rourke (Jim Olstand, o pai de uma garotinha desaparecida), Helen Mirren (a psiquiatra), Harry Dean Stanton (Floyd Cage, o dono do posto der gasolina), Michael O’Keefe (Duane Larsen, o pai de Ginny), Tom Noonan (Gary Jackson, o ministro religioso), Lois Smith (Helen Jackson, a mãe de Gary), Pauline Roberts (Chrissy, a filha de Lori), Taryn Knowles (Ginny Larsen, a garotinha assassinada), Nels Lennarson (Hank), Eileen Ryan  (Jean, a secretária de Jerry Black), Lucy Schmidt (Alma Cage)

Roteiro Jerzy Kromolowski & Mary Olson-Kromolowski       

Baseado em livro de Friedrich Dürrenmatt

Fotografia Chris Menges

Música Klaus Badelt, Hans Zimmer 

Montagem Jay Cassidy

Casting Don Phillips

Desenho de produção Bill Groom     

Figurinos Jill M. Ohanneson

Produção Michael Fitzgerald, Sean Penn, Elie Samaha,

Morgan Creek Entertainment, Franchise Pictures, Clyde Is Hungry Films,

Pledge Productions, Epsilon Motion Pictures

Cor, 124 min (2h04)

***1/2

3 Comentários para “A Promessa / The Pledge”

  1. Olá, Sérgio,
    Espero que as festas de final de ano estejam sendo as melhores para ti e sua família. Meus sinceros votos de felicidades nesse novo ano!
    Sobre o filme concordo contigo sobre a densidade da história e principalmente da obsessão do protagonista, mas assim como você não imaginei aquele desfecho em nenhum momento e isso faz com que o filme mereça ser visto. Vou compartilhar minha resenha e espero que goste.
    Abraços, Junior
    Um filme intrigante com uma montagem diferente que requer a atenção de quem assiste, A Promessa é um trabalho desconhecido da extensa filmografia de Jack Nicholson, mas acho que esse fato mostra o talento dele para personagens complexos e cheio de camadas vide o Jack Torrance de O Iluminado, Randle Patrick de Um Estranho no Ninho, Frank Costello de Os Infiltrados, Melvin Udall de Melhor é Impossivel e nesse aqui como Jerry Black. E me fez lembrar de outro detetive que é casado com a profissão e tem questões pessoais a resolver e é interpretado por Tom Selleck em uma saga que leva o nome do protagonista: Jesse Stone.

    Um homem com tantos problemas e mesmo assim busca realizar seu trabalho da melhor maneira que pode em meio a tudo o que presencia dentro da sua função e é exatamente por isso que suas interações com os demais personagens é um dos pontos altos do filme, já que são pessoas comuns passando por situações surreais.
    Com um roteiro bem desenvolvido que vai nos conduzindo a diversas possibilidades, paisagens bucólicas e personagens que conseguem transmitir o que realmente estão enfrentando em suas jornadas, A Promessa é uma diferente e interessante opção para quem busca um suspense que não opta pelo caminho mais fácil e deixa quem o assiste refletindo sobre o que viu.
    Recomendo!

  2. Muito boa sua resenha, Junior. Gostei bastante.
    Desejo um excelente 2024 para você e sua família, cheio de coisas boas, gostosas – e bons filmes!
    Um abraço.
    Sérgio

  3. Muito bom esse filme, maravilhoso. Me deu o tipo de diversão que procuro, quando saio à cata de algum filme ou série para ver. É uma história bem contada, que guarda bastante relação com o funcionamento da natureza em que vivemos e estamos habituados. Nada de maluquices, histórias com excessivo abuso de portais, viagens no tempo, explosões, tiros e tacadas a todo o tempo em prejuízo do enredo. Quando li a vossa magnânima resenha, e me deparei com o final bombástico, contraintuitivo, logo imaginei que a coisa se resolveria de forma não usual, com a negação do mocinho em se livrar do bandido, do malfeitor. The pledge então, seria uma narrativa contra majoritária, que traz uma certa parcela da realidade em que, por vezes, os maus é que subsistem, fazendo bagunça até serem tolhidos pela velhice, pela decrepitude que colhe todo mundo ao fim e ao cabo. É possível isso acontecer, pois o mundo é muito grande, e como se observa na bíblia, sabidamente o autor de nossos dias nos concede a liberdade para aquilo que quisermos fazer. A conta vem depois. A lógica da justiça divina é a mesma da terrena, com juízo posterior aos fatos.
    Imaginei que o inspetor Jerry, comovido com a aparição do corpo na neve, iria se envolver no caso apesar da aposentadoria, faria a jura fatal para a mãe da menina, de que, pela salvação de sua alma, encontraria o criminoso, e que, por força das circunstâncias, da idade, da dificuldade natural de se encontrar um matador serial, talvez, talvez, ele acabasse morrendo de velhice em sua procura. Bem, nesse caso, de exclusiva boa-fé de Jerry, de impossibilidade de encontrar o assassino por causas que superam sua vontade, a alma dele, depois do passamento, deveria ser julgada por Deus com a exclusão da punição a que ele mesmo jurou se submeter. Afinal Jerry se meteu numa aventura na qual ele assumiu, sem saber, um compromisso maior que suas forças.
    Mas a narrativa vai caminhando para outro lado. Perspicaz e bastante dedicado, vemos Black na cena do crime, postado diante do lugar em que foi achado o corpo, examinando os mínimos detalhes na tentativa de captar alguma coisa que passou despercebida. Jerry é um policial íntegro, trabalha para ganhar o pão de cada dia, como qualquer mortal deve fazer, mas faz seu trabalho com vontade, sem encenação. Ele investiga, quer chegar nesse vagabundo e ademais, por um ato de vontade, prometeu para aquela mãe que o faria.
    Logo ele percebe uma área de atuação, plota os lugares onde se passaram os casos anteriores, e assim, divisa uma “área de caça”, um habitat para esse animal que ele está a procurar. Infere que ele mora por ali. Mas onde?
    Movido por esse único grande objetivo que o envolve depois da falta de sentido que a aposentadoria acarreta, já que não vemos falar de filhos, de netos, de mulher ou família, vemos Jack Black pegar suas economias e comprar o velho posto, unicamente para instituir uma “cabeça de ponte” naquele território que guardava o enigma que era sua maior dor de cabeça. Jack age como essas descrições que vemos, pela internet, sobre a atuação da velha e boa CIA (a central de inteligência Americana). Uma vez com o objetivo de interesse traçado, aja com gana, não olhe valores, custos, faça aquilo que precisa ser feito.
    Black então compra o posto e começa a sua campana de longuíssima duração. Passa a utilizar o serviço de abastecimento dos carros para estudar as pessoas que por ali passam, vagueiam, conversam. Se as nossas polícias contassem com uma boa quantidade de servidores assim, os crimes seriam resolvidos, podem contar. Mas voltemos ao nosso cerne.
    Movendo as peças certas, falando com seus amigos, Jerry acaba por verificar o desenho de Ginny na escola. Nota o registro de certas coisas, na criação daquela bela menina: um carro quadradão, um sujeito alto, cabelos curtos, a entrega de porco espinho como presente. Aquilo não parece ser mera elucubração. Está mais para um registro de um fato real, pela percepção da menininha que gosta de biscoitos, de tocar piano, de ir para a escola. Uma das amiguinhas dela inclusive conta para Black, que Ginny estava a se encontrar com um “gigante”. Para uma criança de oito anos, um homem adulto é um gigante, oras. E o índio hediondo, completamente amalucado, que coisa, é exatamente esse brutamontes da descrição. Será que Black está com a mente fixa em uma coisa que de fato não tem mérito? Mas nos lembremos. Quando o garotinho da moto de neve observa o Índio a correr, saindo da mata, ele está assustado. Será mesmo que esse é o comportamento de um sádico, um doente? Se assustar com seus próprios atos e sair correndo, desesperado?
    Black então trava conhecimento com Lori, e pouco mais tarde, com a filha dela. É exatamente o fenótipo do tipo de alvo do maníaco: bonita, loura, cerca de dez anos de idade, olhos azuis. Mesmo tipo das garotinhas que foram mortas.
    Nessa hora é que os caminhos de Jerry se bifurcam gravemente. Na hora ele não sabe, mas quando vemos o filme até o fim, e consideramos esse momento, aquilatamos a importância, até então desconhecida. É a velha incerteza que despenca sobre a nossa vida. Que dá tanta dor de cabeça para alguns e que está, para todos os efeitos, no domínio de coisas que não podemos controlar. Jerry poderia ter levado à cabo o plano de utilizar aquela criança como uma “isca”? Poderia por óbvio, mas isso envolveria riscos e certas tomadas de decisão que não poderiam ser misturadas com um relacionamento com ela ou a mãe da garotinha. É como o caso do psicólogo, do chefe da empresa, do juiz. As emoções tolhem a razão, contaminam as decisões.
    Mas talvez o velho Jerry tenha cometido o mais comezinho erro humano: começar a gostar, amar. Gente, ele é homem, está em terras distantes do seu mundinho em que passara grande parte da vida, não tem parentes, conhecidos por perto. É naturalíssimo que o espírito dele quisesse um agrado, um afago, alguém com quem passar os dias. Lori tem seus charmes. E Jerry vai se apegando a ela e à menina. Está dado o drama, o elemento que vai ser a carga de arrebentação de infinita violência no desfecho.
    Lori e sua filha veem em Jerry o novo ideal de suas vidas. Um marido e um pai, respectivamente. Jerry se entrega a essa nova vida com um sentimento genuíno, notamos isso, mas lá no fundo, a missão a que ele se comprometeu continua. Ele não consegue dividir as coisas, tal qual nós, no calor do momento, ele não se senta e vai refletir sobre as influências recíprocas de suas escolhas.
    Quando a nova família sai para procurar móveis de fórmica (fácil de limpar) e a filha de Lori some, nessa hora eu pensei: pronto! Foi a coisa mais cruel que podia acontecer no mundo. Jerry se preparou, achou que estava conduzindo uma investigação, encurralando aos poucos o matador, mas do nada, como um raio, num momento em que ele pensava estar mobiliando a casa, ao lado da mulher que estava amando, sua enteada foi raptada. Meu Deus, esse maníaco é mesmo o diabo! Quem vai saber o paradeiro dessa criança no meio dessa balbúrdia? Gente subindo e descendo, gritando, conversando, sapateando à esmo. Parece uma guerra. Uma feira, afinal, pode ser o local ideal para descarrilar o destino de alguém.
    O final acachapante era esse então. Jerry, Lori, Margaret, a promessa… toda a sociedade, o mundo inteiro, simplesmente manteados por esse safado. Aquela sensação ao final de outro filme de que gostei muito, The following (1998), do diretor Christopher Nolan. Filmaço.
    Então a menina reaparece. Um susto, um simples golpe de roteiro. Maravilhoso. Com o progresso da narrativa, vemos a aparição do pretenso safado. Aquele homem alto, barba já meio branca, calvo, uma cara esquisita. Mora com a mãe, não tem ninguém, participa ativamente da igreja local é, tipo, um pastor. Se dedica, em seu labor diário, a um serviço de conservação das estradas, dirige caminhões. Tem uma fixação por…, porcos-espinho. Estranho, muito estranho. Acho que esse cara é a porra do “Mago”, muito embora, até o fim do filme, de fato, nós não tenhamos a confirmação cabal que Jerry precisava obter quando monta a arapuca, no fim do filme.

    Jerry não reflete sobre as consequências de seus atos, e segue adiante. Agora, se ele percebesse bem, estava colocando a sua nova família na trilha daquele demônio. Iria utilizar o segredo revelado pela enteada para tentar enredar aquela criatura, o “Mago”, aquele que dava presentes de porco espinho. Quando essa cena na mata começa a se desenrolar, mais uma vez minha mente dá um avanço, tentando divisar aonde aquilo iria terminar. Talvez o esquisitão apareça, com aparência tenebrosa, todo de preto, tente se apossar da garota com violência, para matá-la noutro lugar. No meio da confusão um tiro, uma atitude embaralhada no meio da indecisão, da cacofonia verbal e de atitudes. Morre o Mago e a menininha. Jerry deve passar os restos de seus dias com a culpa.

    Mas não. O Mago do carro preto simplesmente não aparece. Seus colegas de departamento acham que Jerry ficou louco. Um ocaso triste para aquele que antes, foi considerado um grande policial. É estranha a diferença. No começo, Jerry é celebrado, tem festa, tem a saudável puxação de saco. Agora o colega de polícia, aquele que conduz o interrogatório do índio logo no começo, é cáustico, perdeu a fé em Jerry: Black se tornou um bêbado e mentiroso. Que coisa mais desagradável.

    Lori chega voando no carro, depois de avisada pelos policiais. É inadmissível para uma mãe que o homem com que ela antevia uma nova vida, tivesse tido a capacidade de fazer aquilo. Usar a sua menininha como isca para pegar um matador em série. É completamente inadmissível. Uma história hedionda, tenebrosa, infiltrada no meio da sua vida pacata. A sensação de ter sido usada. De terem usado sua filha. A infidelidade e a traição são tão ruins, em certa medida, pela mesma razão. A noção de que servimos de joguete na mão de outrem. Que somos tomados como um boneco. Acredito que para a maioria esmagadora de todas as mulheres, mães, essa ação seria superior ao valor do relacionamento que elas mantivessem com quem fez isso. Assim Jerry perde. Aposta todas as fichas em uma jogada complicada, de altíssimo risco. Acho que ele, quando é encarado por Lori, lá na mata, leva uns tapas, fica com os olhos esgazeados, perdidos daquele jeito, por estar a pensar “Como é que esse filho da puta me enrolou assim? Onde ele está?”.

    Mas o fim é esse mesmo. O homem do carro preto, que talvez fosse o maldito Mago foi morto por um desses incidentes aleatórios. Talvez justiça natural, caída do céu. Cozinhado até o osso, direto pro inferno. Não saberemos. Mas vemos o fim de Jerry. Dessa feita talvez maluco mesmo, na propriedade da palavra. Gesticulando, gemendo, conversando sozinho com uma garrafa de alguma água que passarinho não bebe. O posto todo fechado, decrépito. As portas e janelas fechadas com tapume. Lori e a menina sumiram. O dinheiro de suas economias virou fumaça. Há o recurso de uma técnica importante, rebuscada, que confere um certo valor de que gosto muito numa obra: o de fechamento, de terminação com uma inesperada conexão com a cena que vemos logo no início. A obra inteira é conduzida com um círculo e ao final, voltamos para o início. Há uma ressignificação das coisas.

    Mesmo sem ter podido contar para Margaret que ele encontrou o filho da mãe, acredito que a promessa dele foi cumprida, não há o que desculpar. Jerry influiu na existência naturalística do universo, fez escolhas, modificou coisas. Se aproximou da existência do Mago e influiu nela. Era para se encontrar com a filha de Lori que o homem da banheira preta estava dirigindo. Jerry consentiu com o segredo da menina. Decidiu acalentar aquela possibilidade. Não impediu a menina de falar com aquele homem do caminhão. Não encarou o sujeito logo de cara, com arma em punho. No fim Black não podia dizer que encontrou o assassino, mas de uma forma completamente diversa, vemos que ele acabou por cumprir com sua promessa. “Encontrou o cara”, mas com um sentido novo, não divisado de início. Não o apontou para a justiça comum e falha dos homens, dessarte como havia se comprometido com Margaret. Matou logo de cara, promoveu uma vingança de sangue, no estilo que as famílias das vítimas querem. Na análise de Deus, o único que pode avaliar essas coisas com apreensão total, acho que Jerry está desincumbido da promessa.
    Adorei esse filme. Fiquei com a sensação de encontrar uma pepita de ouro no meio da lama. Quando terminei de ver, me senti satisfeito com o tempo empregue. Isso é uma coisa digna de nota, como um feito cada vez mais escasso na era do entretenimento das redes sociais, do burburinho, do BBB, de tempos preenchidos com vazios.

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