The Commitments – Loucos pela Fama / The Commitments

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4.0 out of 5.0 stars

Se fosse possível fazer uma lista dos dez filmes que mais me dão prazer de rever, The Commitments estaria nela.

Numa lista dos dez filmes mais alegres, mais pra cima, na história do cinema, The Commitments teria que entrar.

Mas listas são uma bobagem – uma bobagem que todos amamos, é bem verdade, mas uma grande bobagem, já que reducionistas, simplificadores, necessariamente falhas, cheias de lacunas, e sempre polêmicas.

O que eu quis dizer com as duas primeiras frases acima é só que The Commitments é um dos filmes de que mais gosto na vida.

É um musical tão brilhante quanto Hair de Milos Forman, All That Jazz e Cabaret de Bob Fosse, Cantando na Chuva de Stanley Donen e Gene Kelly, West Side Story de Robert Wise e Jerome Robbins.

Depois de ver ou rever The Commiments, a gente tem a impressão de que a humanidade, enfim, no fundo, é uma invenção que pode, sim, apesar de todos os indícios ao contrário, dar certo.

Até mesmo para quem vive neste canto escuro do planeta, que parece teimar em buscar como futuro idéias do século XIX que no século XX se provaram improváveis, The Commitments funciona como um sopro de esperança.

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Fala-se de música o tempo todo, com irresistível humor

Mas talvez seja preciso gostar de música pop dos anos 60 e 70 para desfrutar plenamente a maravilha que é o filme que o inglês Alan Parker fez na Irlanda e lançou em 1991.

Quem não conhece ainda que um pouco de Wilson Pickett, Ottis Reding, Procol Harum, U2, Sinnead O’Connor, Beatles, Elvis, Joan Baez, Joni Mitchell, e mais uma imensidão de nomes da música pop citados no filme seguramente não terá o mesmo prazer que eu tenho em ver e/ou rever The Commitments.

Bem, mas quem não conhece um pouco desses músicos, o que estava fazendo na face do planeta nos últimos 50 anos?

Alguns exemplos do delicioso bom humor de The Commitments:

* Steven (Michael Aherne), o pianista, está no órgão da igreja, treinando, praticando, ensaiando. A melodia bachiana se transforma em algo próximo de “A Whiter Shade of Pale”, da dupla Reid-Brooker. Jimmy (Robert Arkins), o protagonista da história, se aproxima dele. Concordam em que a inspiração para a melodia foi Johann Sebastian Bach. Falam sobre a letra da canção – nenhum deles conseguira jamais compreender o que ela quer dizer.

O padre Molloy (Mark O’Regan) surge então, e diz: – “Eu também não”.

* Mais tarde, o mesmo pianista chega-se ao confessionário. Diz seus pecados. Tem tocado com uma banda, e há aquelas mulheres, e não há como evitar pensamentos pecaminosos com aquelas mulheres. Em vez de pensar em hinos religiosos, o pianista conta na sua confissão que pensa em “When a man loves a woman”, de Marvin Gaye.

– “Percy Sledge”, corrige o padre.

O pianista que se confessa se assusta: – “Como?”

E o padre diz: – “A música é de Percy Sledge. Eu tenho o disco.”

zzcommitments000* Um dos diversos grupos de aspirantes a músicos está ensaiando na casa de Jimmy, e tocando uma canção que diz era Elvis era cajun – a música típica de Louisianna e Mississipi, no Sul Profundo, com influência da colonização francesa. O pai de Jimmy, Rabbitte Senior (o ótimo Colm Meaney, na foto com o ator que faz seu filho), um fanático roxo por Elvis desde sempre, berra: “Isso é uma porra de uma blasfêmia! Elvis não era cajun!”

* Jimmy e o pai falam sobre Elvis. O fosso entre as gerações está ali, ao vivo e em corres. Jimmy: – “Elvis não é soul”. O pai: – “Elvis é Deus”. Jimmy: – “Não imagino Deus com um barrigão cantando ‘My Way’ no Caesar’s Palace’.’

* Rabbitte Sr., o pai, olha para aquele grupo de gente que parece saído do Exército de Brancaleone, e fala com Jimmy: – “Essa aí é a banda? Aposto que o U2 está se cagando de medo”.

Alguém se deu ao trabalho de contar: fala-se “fuck” 145 vezes

Sim, porque, além de bom humor, boa música, belíssimas tomadas, uma montagem genial, o que não falta em The Commitments é palavrão. Os personagens, afinal, são gente pobre, working class (embora emprego, propriamente, esteja em falta, e pouquíssimos ali estão empregados) da zona norte de Dublin, e ali fala-se tanto palavrão quanto nos filmes de Martin Scorsese e Quentin Tarantino sobre bandidos.

Alguém se deu ao trabalho de contar, e o IMDb registra que, nos 118 minutos de duração do filme (que passam como fosse meia hora, no máximo), a palavra “fuck” é pronunciada 145 vezes.

Mas a verdade é que, em boa parte das vezes, ela vem na expressão “fuck off”, naquele delicioso sotaque irlandês. Não é propriamente “foda-se”, “vá se foder” – é apenas um jeito working class irlandês de exclamar “cai fora!”, “não enche”. Mais inocente, impossível.

Parece que quase todos os irlandeses têm algum talento musical

zzcommitments0The Commitments é a história da formação de uma banda.

Jimmy, o personagem central deste filme que apresenta mais de uma dúzia de personagens, é um apaixonado por música pop; em especial, é fã do soul de gente como James Brown, Ottis Reding, Wilson Pickett. Um belo dia resolve usar seus conhecimentos musicais – que ele acha que são extraordinários – para formar uma banda.

Na abertura do filme, enquanto vemos ruas de um bairro pobre de Dublin apinhadas de gente, numa espécie de mercado de pulgas a céu aberto, Jimmy está, em sua imaginação, sendo entrevistado pela TV. O entrevistador, Terry Wogan, quer saber como tudo começou, e Jimmy conta para ele: “Sabe, Terry, eu sempre estive no negócio de música, mas mais na parte de vendas” – e vemos que Jimmy caminha pelas ruas vendendo discos piratas.

Jimmy vai a uma festa de casamento; um cantor chegado a um brega, tipo Engelbert Humperdinck, canta canções próximas da breguice. Jimmy faz cara de nojo – mas ele está interessado no guitarrista e no baixista que acompanham o chato, respectivamente Outspan Foster (Glen Hansard) e Derek Scully (Ken McCluskey).

O casamento é de uma moça – grávida – que é irmã de Imelda (Angeline Ball), a mulher mais bonita do pedaço. Jimmy havia sido colega dela no ginásio. Imelda agora namora um rapaz que, ao contrário da imensa maioria dos demais personagens, tem um emprego. É difícil um candidato a músico, ou a manager de uma banda, desempregado, concorrer com alguém que tem um emprego.

Na festa de casamento e na saída dele, Jimmy conversa com os garotos Oustpan e Derek. Eles também acham um saco tocar com aquele cantor breguento, e gostariam de formar uma banda.

zzcommitments2Jimmy pega um dinheirinho do seguro-desemprego (embora muito pobre, a Irlanda de 1991 ainda podia pagar seguro desemprego para as centenas de milhares de desempregados) e publica um anúncio no jornal, dizendo que está putting up a band.

A Irlanda tinha, em 2001, uns 7 milhões de habitantes. Bem menos que o município de São Paulo, só para fazer uma comparação. Dos, digamos, 6 milhões de habitantes que teria em 1991, provavelmente uns 4 milhões tinham algum talento musical. Desses, uns trocentos e tantos acorrem à casa do rapaz que is putting on a band.

As sequências em que todos os tipos de candidatos a músicos vão à casa de Jimmy – que aparecem aí bem no início da narrativa – são absolutamente sensacionais.

Há as cantoras folk – e Jimmy bate a porta na cara delas. Há os punks – e Jimmy bate a porta na cara deles.

Há quem diga que sua influência é Barry Manilow, até mesmo Wings – e Jimmy bate a porta na cara.

Há os que fazem a música folk irlandesa – Jimmy não quer saber deles, mas suas irmãs, e até sua mãe, dançam enquanto os candidatos tocam os violinos e as flautas.

Um velhinho chega numa motocicleta, e diz que Deus o enviou ali

Surge um velhinho numa motocicleta. A princípio, Jimmy não quer saber – o cara tem a idade de seu pai. Mas a figura – chama-se Joey Fagan (Johnny Murphy) – se mostra persuasiva, e diz que já tocou trompete na América com os grandes do soul.

Diz a Jimmy que Deus o enviou.

Depois que ele vai embora, dá-se um delicioso diálogo entre Jimmy e seu pai adorador de Elvis:

O pai: – “O que o Evel Knievel queria?”

O filho: – “Deus o enviou”.

O pai: – “O quê?”

O filho: – “Deus o enviou.”

O pai: – “Numa bosta de uma Suzuki?”

A figura de Joey Fagan, as histórias que ele conta de já haver tocado com todos os caras do soul americano, deixam Jimmy impressionado. Dá-se aqui uma comunhão de bens. O garoto Jimmy tinha profunda fé em si mesmo, em sua capacidade de put up a band. A chegada de Joey Fagan, com sua abnegação venerável, veneranda, quase religiosa, pela música, deixa Jimmy certo de que estava no bom caminho.

Jimmy convida uma amiga que é amiga de Imelda, a gostosona

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Jimmy consegue a adesão de um pianista, o já citado Steven, de um saxofonista, Dean Fay (Félim Gormley), e de um vocalista, um rapaz de pulmões tão poderosos quanto os de Joe Cocker (embora o nome deste último não seja mencionado no filme). Esse vocalista chama-se Deco (Andrew Strong), e tinha sido avistado pelo genial empresário Jimmy naquela festa de casamento, na qual ele, Deco, havia cantado com uma voz bem soul antes de se esborrachar no chão de tão bêbado.

Faltava achar as backing vocals.

Jimmy procura então sua conhecida Bernie (Bronagh Gallagher, à esquerda na foto acima), que vende sanduíches num trailer. Sutil como um elefante numa loja de cristais, Jimmy conta que está putting on a band, que gostaria que ela participasse, e – ei, Bernie, você não poderia convidar também sua amiga Imelda? Imelda, a linda, a gostosona.

Bernie compreende perfeitamente bem que está sendo convidada apenas pelo fato de que é amiga de Imelda. Mas aceita, e diz que então gostaria de levar também uma outra amiga, Natalie (Maria Doyle, que mais tarde, em outros filmes, apareceria como Maria Doyle Kennedy – à direita na foto acima).

As Ilhas Britânicas e a África são as maiores fontes de música

Na hora de alugar os instrumentos para os ensaios, Jimmy diz que pagará assim que receber a renda do primeiro show. Ao que o sujeito responde que, em Dublin, a maior parte das bandas só faz um show.

E aqui eu tergiverso um pouquinho.

Ouço música, curto música há muitas décadas.

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A música é inseparável da cultura de cada povo, cada país, cada civilização. É a arte mais comum a todos os povos, países, civilizações. É a forma mais universal de comunicação.

Se um dia nos encontrarmos com outra forma de vida inteligente, o contato muito provavelmente será através da música – como Steven Spielberg mostrou em Contatos Imediatos do Terceiro Grau.

Acho que há duas grandes nascentes de música no mundo. Uma delas é a África como um todo, aquele gigantesco continente de um número praticamente inumerável de povos. A outra são as Ilhas Britânicas, aquele ridículo pedaço de terra que, se somar tudo, se juntar tudo, é semelhante ao tamanho da ilha de Madagascar.

Já cansei de dizer que o melhor cinema do mundo, desde os anos 1990, se faz nas Ilhas Britânicas.

Mas não é apenas o melhor cinema do mundo que sai de lá, nas duas últimas décadas. A melhor música popular do mundo sai de lá – e isso faz um grande monte de séculos.

The Commitments é mais uma prova dos dois fenômenos.

“Pense no bocal do sax como a teta de uma mulher”

Jimmy explica para a sua recém formada banda que eles tocarão soul porque soul é a música dos trabalhadores, dos oprimidos. Mostra para eles um vídeo de James Brown, e alguém comenta que vai ser difícil conseguir aquela… aquela atitude negra. E aí Jimmy ensina:

– “Vocês não entendem? Os irlandeses são os negros da Europa. E os dublinenses são os negros da Irlanda. E os dublinenses da Zona Norte são os negros de Dublin. Então digam, digam alto: Eu sou negro e tenho orgulho disso!”

E então Dean, o saxofonista, branco que nem uma folha de papel, diz:

– “Eu sou negro e tenho orgulho disso!”

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Praticamente todos os diálogos do filme são inteligentes e engraçadíssimos. Dá vontade de transcrever vários, mas escolho apenas mais um. É quando o trompetista Joey Fagan, o velhinho, está dando lições para o jovem saxofonista Dean.

Joey: – “Você está fazendo como eu disse? Está pensando no bocal do sax como a teta de uma mulher?”

Dean: – “Estou. Mas fico um pouco embaraçado, ela ainda está na escola.”

Joey: – “Talvez você deva olhar mais para o alto. O meu trompete sempre foi Gina Lollobrigida.”

Dean (depois de pensar um pouco): – “Que tal Kim Basinger?”

Joey (com as mãos à frente do peito, mostrando o tamanho): – “Ela é…?”

Dean: – “Oh, yeah!”

Joey: – “Certo. Escolha um dos seios e tente de novo.”

Um admirável trabalho de escolha de atores novatos 

Alan Parker é um daqueles autores de poucas – e excelentes – obras. Não é do tipo Woody Allen, de um filme a cada ano – bem ao contrário. Em 38 anos de carreira, fez apenas 17 filmes. Passou por diversos gêneros: drama sobre racismo contra negros (Mississipi em Chamas, 1988), drama sobre racismo contra japoneses na época da Segunda Guerra (Bem-Vindos ao Paraíso, 1990), drama sobre rapaz americano preso por tráfico de drogas na Turquia (O Expresso da Meia-Noite, 1978), suspense-terror bravo (Coração Satânico, 1987), panfletaço contra a pena de morte (A Vida de David Gale, 2003), policial sobre gângsteres em forma de comédia com elenco infantil (Bugsy Malone, 1976).

Mas parece ter especial predileção pelos musicais: Fama, 1980, Pink Floyd The Wall, 1982, Evita, 1996.

Em entrevistas, disse que The Commitments foi, dos filmes que fez, a experiência pessoal mais agradável que teve. E explicou que escolheu esse projeto porque ele combina dois elementos que o deixam mais confortável: dirigir cenas musicais e trabalhar com gente jovem.

A imensa maioria dos atores do filme cantava ou tocava algum instrumento, de forma amadora, não profissional – e tinha pouquíssima ou nenhuma experiência dramática.

MCDCOMM FE006Os encarregados da escolha do elenco, John Hubbard e Ros Hubbard, e o próprio Alan Parker entrevistaram centenas de pessoas em Dublin. Não deve ter sido um trabalho fácil – mas o resultado é esplendoroso.

Nos créditos finais, mostra-se que apenas dois dos atores principais já tinham contratos com gravadoras na época do lançamento do filme. Maria Doyle – uma das atrizes de mais belos olhos que já apareceram numa tela de cinema – era membro de um grupo, The Black Velvet, e tinha contrato com a Elektra. De todos os atores, era a única que já tinha uma carreira sólida como cantora.

Glen Hansard, que faz o guitarrista Outspan, tinha contrato com a Island Records, mas estava em início de carreira. Teria depois uma carreira sólida na música. Como ator, faria apenas mais um filme: em 2006, ele interpretou o músico de rua de Apenas uma Vez/Once, aquela pequena, maravilhosa pérola.

Eis algumas historinhas sobre os atores, reunidas pelo IMDb:

* A escolha de Andrew Strong para o papel do pentelho vocalista Deco foi absolutamente por acaso. O pai dele queria um papel no filme, e foi para o teste levando o filho. Embora apenas com 16 anos, Andrew Strong era grande, imenso, corpulento, e tinha voz poderosa; foi escolhido.

* Colm Meaney, que interpreta o pai de Jimmy, é um dos poucos do elenco que já tinha carreira sólida como ator. Havia começado na TV, em 1978; já trabalhara antes com Alan Parker, em Bem-Vindos ao Paraíso, e voltaria a ser dirigido por ele em O Fantástico Mundo do Dr. Kellogg/The Road to Wellville, 1994. Em 1996, Colm Meaney foi o ator principal de A Van, dirigido por Stephen Frears e baseado em livro do mesmo autor do romance que deu origem a The Commitmentes, Roddy Doyle.

* Johnny Murphy, que faz o velhinho safado do trompete, e Bronagh Gallagher, que faz Bernie, uma das três backing vocals da banda, eram os únicos do grupo que não tinham qualquer experiência musical quando o elenco foi escolhido.

* Em 1991, exatamente o ano de lançamento de The Commitments, criou-se uma nova banda em Dublin, uma das centenas que se criam na Irlanda a cada ano; só que essa aí, especificamente, teria extraordinário sucesso, já a partir de seu primeiro disco, gravado em 1996. Pois bem. Todos os quatro membros da banda, os irmãos Corrs, um homem e três mulheres (todas belas), tiveram pequenas participações no filme. Andrea Corr interpreta Sharon, a irmãzinha de Jimmy. Jim Corr faz parte de um grupo que aparece rapidamente, a Avant-Garde-A-Club Band. Caroline Corr aparece na audiência quando os Commitments estão cantando “I Never Loved a Man”. E Sharon Corr toca violino numa banda de country & western que aparece numa rapidíssima sequência do filme. Mais tarde, Alan Parker chamaria Andrea Corr para fazer o papel de uma amante de Perón em Evita.

* Todas as três moças escolhidas para fazer as backing vocals – que não tinham experiência alguma no cinema à época –se firmaram na carreira. A bela Angeline Ball tem 39 filmes no currículo e ganhou dois prêmios. Bronogh Gallagher tem 57 títulos, um prêmio e sete indicações. E Maria Doyle, agora Maria Doyle Kennedy, estrelou 35 filmes, teve três prêmios e outras cinco indicações. Paralelamente à carreira no cinema, se manteve na música, e tem alguns discos solo.

Um monte de brincadeirinhas com outros filmes de Parker

O filme tem um monte de piadas internas, brincadeiras que muitas vezes os espectadores nem percebem. Há vários elementos que ligam The Commitments a outros filmes de Alan Parker. Por exemplo:

* Lá pelas tantas, um personagem canta, gozativamente, a canção que dá o título ao filme Fama.

zzcommitments8* Num trem, no começo da narrativa, Jimmy está vendendo seus discos e fitas piratas, e alguém pergunta se ele tem Mississipi em Chamas; outra pessoa pergunta se ele tem algum disco da banda Hothouse Flowers, um grupo ao qual Maria Doyle havia pertencido.

* Jimmy mostra para Joey um matéria de jornal que menciona o músico Bob Geldof, o organizador dos espetaculares Live Aid, megaconcertos para arrecadar dinheiro para as vítimas da fome na África; Bob Geldof trabalhou em Pink Floyd The Wall.

* Um pôster do filme Asas da Liberdade pode ser visto, bem rapidamente, numa loja de vídeo.

* Quando o grupo está discutindo um possível nome para a banda, alguém sugere The Liffey Lads. Esse era o nome de um programa da TV britânica escrito pelos autores do roteiro de The Commitments, Dick Clement and Ian La Frenais.

Assim que o filme termina, dá vontade de ver de novo

Mas uma das historinhas mais fantásticas a respeito deste filme cheio de histórias é a de Peter Rowen.

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Peter Rowen faz um pequeníssimo papel no início do filme. Ele bate na porta da casa de Jimmy, que está tomando banho na banheira, naquele momento, e dando uma de suas entrevistas imaginárias ao repórter de TV. Uma das irmãs dele diz que tem um candidato, Jimmy diz que está no banho. Mas resolve olhar pela janela do banheiro.

Lá na rua está Peter Rowen, no papel de um candidato a uma vaga na banda. Devia ter uns 14 anos de idade, e segurava um skate. Diz que veio por causa do anúncio no jornal, é cantor. E então Jimmy diz para ele cantar. “Como assim? Aqui? Agora?”, ele diz, espantado.

E vai embora, tímido demais para cantar no meio da rua.

Peter Rowen é o garotinho que aparece na capa dos álbuns Boy, de 1980, e War, de 1983, do U2!

Assim que a gente termina de ver The Commitments, dá vontade de ver de novo.

Anotação em agosto de 2013

The Commitments – Loucos pela Fama/The Commitments

De Alan Parker, Irlanda-Inglaterra-EUA, 1991

Com Robert Arkins (Jimmy Rabbitte), Michael Aherne (Steven Clifford), Angeline Ball (Imelda Quirke), Maria Doyle (Natalie Murphy), Dave Finnegan (Mickah Wallace), Bronagh Gallagher (Bernie McGloughlin), Félim Gormley (Dean Fay), Glen Hansard (Outspan Foster), Dick Massey (Billy Mooney), Johnny Murphy (Joey ‘The Lips’ Fagan), Ken McCluskey (Derek Scully), Andrew Strong (Deco Cuffe), Colm Meaney (Mr. Rabbitte), Anne Kent (Mrs. Rabbitte), Andrea Corr (Sharon Rabbitte), Mark O’Regan (Padre Molloy)

Roteiro Dick Clement & Ian La Frenais e Roddy Doyle

Baseado em livro de Roddy Doyle

Fotografia Gale Tattersall

Montagem Gaerry Hambling

Casting John Hubbard e Ros Hubbard

Produção Beacon Communications, Dirty Hands Productions, First Film Company.

Cor, 118 min

R, ****

14 Comentários para “The Commitments – Loucos pela Fama / The Commitments”

  1. Magnífico filme, elenco e trilha sonora. The Commitments é tudo de bom. Fiquei com vontade de revê-lo. Agora, só aqui entre nós, seu texto é uma maravilha. Parabéns pela disposição na escrita.

  2. É conhecido por sua quantidade de filmes até hoje e ficou mais conhecido a partir do momento que começou a participar de “De Volta para o futuro”, ao fazer um doutor. Alguns filmes em que participou foram: “Goin ‘South”, “Três guerreiros”, “The lady in red”, “Mr. mon”, “Star Trek III: à procura de Spock”, “Pista”, “Track 29″, Who framed Roger Rabbit”, “De volta para o futuro II e III”, Suburban commando”, “A família Addams”, “Dennis the menace”, “Vinte Bucks”, “Camp Nowhere”, “In search of Dr. Seuss”, “Rent-a-kid”, “jogos mortais”, “Cadillac Ranch”, “Anastasia”, “O louro real”, “Meu marciano favorito”, “Alice no país das maravilhas”, “Homem na lua”, “Inteligência”, “Kids World”, “Hey Arnold: The movie”, “Tremors”, “Admissoes”, “Bad girls do valley high”, “Numb3rs”, “Law & Order: Criminal Intent”, “Meteoro”, “Foodfigh”, “Chuck”, “Fringe”.

  3. Sérgio, quando o filme passou aqui no bananão, um pessoal (acho que de SP) montou uma banda chamada (acho) Cia. Paulista (ou Brasileira) de Soul. Ou de Blues. Ou coisa que o valha. Enfim, a inspiração foi o filme. Total. Não sei se chegaram a gravar. Acho que não. Mas eu, que sou músico frustrado, fiquei impressionado com a rapidez do pessoal, mas não estranhei em nada a decisão deles. A gente sai do filme descaralhantemente a fim de montar uma banda. O mais rápido possível. E de soul. Depois passa a vontade. Mas o filme tem esse poder.

  4. História simplória, bem conhecida de todo início de uma banda sem muitos recursos, mas a trilha sonora, se não for a melhor do cinema fica entre as três mais, sem dúvida.

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