Quando um Homem Ama uma Mulher / When a Man Loves a Woman

Nota: ★★★☆

Anotação em 2010 (postada em janeiro de 2011): Imagino que muita gente tenha escrito que Quando um Homem Ama uma Mulher é um filme piegas, careta, sentimental, sentimentalóide. Na minha opinião, é um filme corajoso. E bom.

Demorei para vê-lo. Perdi na época do lançamento – ele é de 1994 –, não me interessei em pegar na locadora. Outro dia Mary o viu na prateleira, e pegou. Confesso que tinha um pouco de preguiça de vê-lo: sabia que é um filme sobre alcoolismo.

Fazer um filme sobre alcoolismo é um ato de coragem.

Não me lembro de muitos – mas os que existem são bons filmes. Há o mais clássico de todos, o extraordinário Farrapo Humano/The Lost Weekend, de Billy Wilder, com Ray Milland, feito em 1945. É um filme tão marcante que virou expressão comum, assim como gilete, por exemplo, virou substantivo comum, sinônimo de lâmina de barbear. John Lennon descrevia seu período de entrega total às drogas e à bebida, depois de uma separação de Yoko Ono, em 1975, de “my lost weekend”. Seu fim de semana perdido terminaria quando ele e Yoko voltaram a viver juntos, não me lembro se em 1978 ou 1979, e ele teve um período de paz, que retratou em suas últimas músicas, nos discos Double Fantasy e Milk and Honey.

Em 1962 houve outro filme marcante sobre alcoolismo, Vício Maldito/Days of Wine and Roses, de Blake Edwards, com Jack Lemmon e Lee Remick: nele, o casal mergulha junto na cachaça.

Duas coisas interessantes sobre os dois filmes: nos dois casos, os distribuidores brasileiros inventaram títulos dramáticos, que parecem nome de tango, de bolero, e que não têm nada a ver com os títulos originais. E os dois – dramas pesados, duros, fortes – foram feitos por diretores que fizeram muitas comédias.

Mais recentemente, houve 28 Dias, de 2000, de Betty Thomas, com Sandra Bullock, e O Casamento de Rachel/Rachel Getting Married, de 2008, de Jonatham Demme, com Anne Hathaway – neste, propositadamente, não se diz em que a protagonista era viciada, se em álcool, em droga química ou os dois.

Há também Despedida em Las Vegas, de 1995, de Mike Figgis, com Nicolas Cage e Elisabeth Shue, um mar de desespero, desesperança, barra pesada fatal.

         Não dá para fazer um filme alegre sobre alcoolismo

Evidentemente, não dá para fazer filmes alegres sobre o alcoolismo – nem para defendê-lo. A rigor, só pode haver dois tipos de histórias sobre alcoolismo: os que mostram que muitas vezes simplesmente não há saída possível, e os que, ao contrário, demonstram o oposto.

Despedida em Las Vegas é o único de que lembro que é definitivamente pessimista.

Há vários registros de que Billy Wilder quis que seu The Lost Weekend fosse assim. E, de fato, todo o filme se encaminha para dizer isso. Mas os produtores, as exigências do mercado, os códigos morais da época, tudo conspirou para que Wilder abrandasse a visão pessimista original, aos 46 minutos do segundo tempo.

Este Quando um Homem Ama uma Mulher é do tipo que aponta que, sim, pode haver uma saída. É duro, é o inferno, é o horror dos horrores, mas pode haver uma saída.

Se você admite isso, se você faz um filme sobre isso, não há como escapar: muita gente vai dizer que você foi piegas, careta, sentimental, sentimentalóide.

Ainda mais se o diretor não tiver o prestígio de um Billy Wilder, um Jonatham Demme, um Mike Figgis. Este filme é dirigido por Luis Mandoki, um diretor que está longe de ter o status dos mencionados anteriormente.

         Demora para se perceber que, epa, temos um problema

Nos primeiros 15 minutos de Quando um Homem…, tudo parece um mar de rosas. Michael e Alice são lindos (eles aparecem na tela sob a pele e os rostos belos de Andy Garcia e Meg Ryan), são absolutamente apaixonados, bem humorados, alegres, vivem de forma bastante confortável, materialmente falando: ele é piloto experiente de linha comercial, ela é educadora, vivem numa casa boa e confortável que, sorte em cima de sorte, fica em San Francisco, uma das cidades mais fascinantemente belas do mundo. Têm duas filhinhas gracinhas, Jess, de uns sete, oito anos, do primeiro casamento de Alice, e Casey, de quatro.

Poderia, teoricamente, haver um problema pelo fato de Jess não ser filha de Michael. Isso às vezes é um problema – eu sei, porque vivi isso com Inês, filha do primeiro casamento de Regina. Mas Michael é um sujeito muito melhor do que eu era, quando tinha 27 anos, e trata Jess com o mesmo amor que devota a Casey.

E então Michael e Alice e Jess e Casey parecem, nos primeiros minutos do filme, uma família feliz, privilegiada em tudo e por tudo.

Só que Alice bebe – muito.

Os roteiristas Ronald Bass e Al Franken e o diretor Mandoki, apesar de não ter um grande nome, conduzem esse início de história com maestria. O espectador não percebe de cara que existe um problema sério – assim como o próprio Michael não percebe, assim como a imensa maioria das pessoas que convivem com alcoólatras e dependentes de drogas demora a perceber. A vida é boa e confortável e eles são lindos e se amam e são alegres. A droga dá alegria.

Surgem os sinais de que, epa, temos um problema – mas a vida continua.

A percepção clara de que, epa, temos um problema gigantesco, imenso, ciclópico, colossal, só vem quando o filme está ali por um terço de sua duração.

         Não é costume respeitá-los, mas Andy Garcia e Meg Ryan estão ótimos

Andy Garcia está brilhante neste filme. Não se costuma falar muito bem de Andy Garcia, acho, mas aqui ele está brilhante. É um papel difícil, e ele se sai maravilhosamente bem. Acho que ele está ainda melhor que Meg Ryan – mas Meg Ryan também está muito, muito bem.

Algumas semanas atrás vi um filme de Meg Ryan de 2009, uma comédia de humor negro estúpida, idiota, Armadilhas do Amor/Serious Moonlight, e, na anotação sobre ele, lamentei que essa moça tivesse chegado a um fundo do poço tão triste.

Ver agora este Quando um Homem… realça a tristeza que é ver Meg Ryan fazer recentemente filmes tão ruins quanto esse Armadilhas do Amor e Mais do que Você Imagina/My Mom’s New Boyfriend, do ano anterior, 2008.

Tão bonita, Meg Ryan – e não desprovida de talento, de forma alguma.

Generalizar é sempre perigoso, e a gente tende a identificar Meg Ryan com comedinhas românticas, a achar que ela só fez isso. De fato ela se tornou a namoradinha da América com diversas comedinhas românticas, em especial depois do excelente Harry e Sally – Feitos um para o Outro, de Rob Reiner, de 1989. Mas fez também dramas duros, pesados, como este aqui, thrillers, como Morto ao Chegar, Mais Forte que o Ódio, Prova de Vida, Em Carne Viva, filme de guerra, Coragem sob Fogo, drama histórico, O Outro Lado da Nobreza.

É uma atriz versátil. E boa.

Está muito, muito bem como a alcoólatra Alice.

E está esplendorosamente linda, aos 33 anos e absolutamente nenhuma plástica.

         Luis Mandoki, diretor menor – e o escriba faz uma confissão danada

Luis Mandoki. Mexicano que estudou nos Estados Unidos e na Inglaterra e desde os anos 80 está radicado em Hollywood, ele não chega a ter um currículo admirável, mas fez um ou outro filme bom, e trabalhou com excelentes atores. Em 1987, fez Gaby – Uma História Verdadeira, com Liv Ullmann e Norma Aleandro, que foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante. Em 1990, fez Loucos de Paixão/White Palace, com muitas cenas de sexo entre Susan Sarandon e James Spader. Em 1993 fez uma desnecessária refilmagem de Nascida Ontem, que no Brasil teve o título de O Renascer de uma Mulher. Em 1999 fez uma história de amor um tanto melosa, reunindo Kevin Costner, Robin Wright Penn e Paul Newman, em Uma Carta de Amor/Message in a Bottle. Em 2001 fez Olhar de Anjo/Angel Eyes, mistura de policial e romance com Jennifer Lopez e Jim Caviezel, que não é, de forma alguma, um grande filme, mas do qual eu gosto bastante.

Quer saber? Aproveito para confessar aqui, rapidinho e en passant, um pecado que definitivamente me impediria de – caso eu tivesse 25 anos e fosse louco de pedra para querer uma coisa dessas – me candidatar a ser um dos 431 críticos de cinema da Folha de S. Paulo: muitas vezes filmes de diretores menores, como Luis Mandoki, Lasse Hallström, me dão muito mais prazer do que obras de grandes mestres como Buñuel e Antonioni. E isso para não falar que, depois de velho, acho Godard e Gláuber uns chatos de galocha – e para nem tocar nos neo-chatos, tipo Hal Hartley, Christophe Honoré… (Essa lista não teria fim.)

         O título, obviamente, vem da canção que Percy Sledge gravou

Naturalmente, o título do filme é a repetição do título da canção que Percy Sledge transformou em imenso sucesso em 1966 – foi número 1 na parada, segundo a Billboard. Vejo nos alfarrábios que Bette Midler, a atriz e cantora, fez uma regravação que levou a música novamente às paradas americanas em 1980.

“When a Man Loves a Woman” com Percy Sledge toca inteirinha na primeira tomada do filme – um belo plano geral que começa com a Golden Gate bem ao fundo. A câmara vai girando lentamente para a esquerda, até focalizar o bondinho da linha Hyde & Powell que chega ao fim da linha, em Hyde, enquanto outro bondinho sobe a colina íngrime – e o espectador poderia se lembrar de outro clássico, “I Left My Heart in San Francisco”. Euzinho passei duas vezes por San Francisco, um dos mais belos lugares do mundo, e numa delas meu coração acelerou demais da conta quando de repente, de maneira totalmente inesperada, reencontrei Regina, e me senti Humphrey Bogart me lembrando do pobre Ricky dizendo a frase definitiva – com tantas espeluncas no mundo, ela tinha que aparecer justamente na minha? Mas isso não tem nada a ver com nada, e então vamos em frente.

Várias outras canções aparecem no filme – inclusive “My Foolish Heart”, tocada na noite em que Michael e Alice comemoram o aniversário de casamento.

A trilha sonora original é assinada pelo polonês Zbigniew Preisner, um compositor absolutamente extraordinário, companheiro de Krzysztof Kieslowski em vários de seus filmes, inclusive os da Trilogia das Cores. A melodia de Preisner que toca nos créditos iniciais é suave e belíssima – mas, estranhamente, não percebi a trilha original no resto do filme.

Em pequenos papéis, Ellen Burstyn e Philip Seymor Hoffman

Detalhezinho: a direção de elenco do filme fez umas coisas engraçadas, interessantes. Pegou uma grande atriz já então veterana, Ellen Burstyn, e deu a ela um papelzinho que é quase de extra, a mãe de Alice, que aparece em cena apenas uns dois minutos. E, no outro extremo, pegou para um pequeno papel um grande ator então iniciante, Philip Seymor Hoffman.

“Mais um tratado do que um entretenimento”

Vou atrás de outras opiniões. Vamos ver se acertei quando escrevi o lead, o primeiro parágrafo.

Leonard Maltin dá apenas 2 estrelas em 4: “Esposa e mãe de duas crianças é obrigada a enfrentar o fato de que ela é uma alcoólatra… mas seu marido rapidamente aprende que tem que enfrentar tanto quanto ela. Ryan dá uma excelente interpretação nessa exploração surpreendemente franca do trauma que uma doença como essa pode causar a uma família. O filme, de qualquer forma, acaba funcionando mais como um tratado do que como entretenimento.”

Bah. Não vou atrás de mais opiniões. Fica sem comprovação minha frase inicial, “imagino que muita gente tenha escrito que Quando um Homem Ama uma Mulher é um filme piegas, careta, sentimental, sentimentalóide”.

A questão é a seguinte: se for para tratar de maneira séria a questão do vício, você vai cair no A.A., ou no N.A.

E, de novo, falo porque sei. Bebo bastante, e tenho muita gente bem próxima a mim que é viciada, seja em cachaça, seja nas outras coisas.

Se você falar contra o vício, e ainda mais se falar de A.A. ou N.A., vai ter um monte de gente dizendo que você é piegas, careta, sentimental, sentimentalóide.

Nos créditos finais do filme (sou atento aos créditos finais), aparece o seguinte:

“O nome Alcoólicos Anônimos e os materiais do A.A. aparecem neste filme com a permissão do Alcoólicos Anônimos. A permissão para o uso do nome e desses materiais não significa que o A.A. tenha revisado ou aprovado o conteúdo deste filme, ou que o A.A. concorde com as opiniões expressadas nele.”

Está correto fazer esse tipo de declaração de independência, acho eu.

Euzinho sempre tirei o chapéu para os artistas que vão contra a corrente, contra a maré, como Neil Young, que, em 1972, no auge do aplauso à droga, compôs “The needle and the damage done” – “eu vi a agulha e o mal que ela faz”, diz o gigante canadense da voz taquara-rachada mais fascinante do mundo. Ou Paul McCartney, que, para um disco chamado The Anti-Heroin Project, compôs “Simple as that”, uma canção que dizia: “Você prefere viver ou morrer? É simples assim.”.

Este filme tem a mesma coragem de Neil Young e Paul McCartney. Não é pouca coisa, de jeito nenhum.

Quando um Homem Ama uma Mulher/When a Man Loves a Woman

De Luis Mandoki, EUA, 1994

Com Andy Garcia (Michael Green), Meg Ryan (Alice Green), Tina Majorino (Jess Green), Mae Whitman (Casey Green), Ellen Burstyn (Emily), Lauren Tom (Amy), Philip Seymour Hoffman (Gary)

Roteiro Ronald Bass e Al Franken

Fotografia Lajos Koltai

Música Zbigniew Preisner

Montagem Garth Craven

Produção Touchstone Pictures. DVD Buena Vista.

Cor, 125 min

***

15 Comentários para “Quando um Homem Ama uma Mulher / When a Man Loves a Woman”

  1. UM dia discordarei fervorosamente de algum post. Quando vi, rapidamente, no Reader, a frase “um filme piegas, careta, sentimental, sentimentalóide” pensei que seria hoje. não foi. O que mais gosto neste filme é a forma como Andy Garcia olha para a Meg Ryan. Acho encantadoramente parecido com o olhar de Nino Belvedere a Norma em O Filho da Noiva. Não há nada mais tocante, não há.

  2. Luciana, caríssima, que beleza de observação, essa sobre o olhar de Andy Garcia para Meg Ryan… Precisa ter a sensibilidade que você tem para notar isso, e fazer a bela comparação com O Filho da Noiva.
    Quer dizer então que você achou que eu ia chamar o filme de piegas, careta, etc?
    Bem, vamos aguardar o dia em que você discordará fervorosamente de mim…
    Grande abraço.
    Sérgio

  3. Acho que o título é piegas, apenas o título, mas tem tudo a ver com a história , pois Michael passa o filme inteiro amando a chata da mulher. Sorry, mas a mim, ela sempre pareceu chatíssima (qual alcoólatra não é chato? Conheço vários, e falo de cadeira). E mesmo assim, como disse a Luciana, ele a olha com aqueles olhos cheios de ternura e amor, e tem uma paciência de Jó com ela e com as filhas. Acho que ele não olhava daquele jeito só para a Meg Ryan, mas tb para as meninas; a ternura no olhar era uma coisa dele. Tamanha ou maior doçura só fui ver muitos anos depois, nos olhos do personagem de Patrick Dempsey, na série Grey’s Anatomy.

    Um dos pontos interessantes foi mostrar, ainda que de forma meio superficial, como o alcoolismo prejudica a vida dos que convivem com o alcoólatra. O marido sofria, as crianças sofriam (a mais velha passou por uma situação que provavelmente a marcaria pelo resto da vida) e sobrava até para a babá.

    Concordo que o Andy Garcia está muito bem (e que é subestimado pela crítica), melhor que a *Meg Ryan, e tb está lindo. Estava com quase 40 anos, mas aparentava bem menos.
    Vi esse filme várias vezes e gosto bastante, a ponto de lembrar de algumas cenas até hoje, muitos anos depois. As menininhas são ótimas, principalmente a mais velha (que continuou fazendo cinema).

    Assisti a alguns poucos filmes desse diretor, e os considero fracos ou piegas. Dos que vi, esse é o meu preferido.

    * no auge da beleza ou não, sempre achei horroroso o jeito da Meg Ryan andar. Parece uma pata.

  4. Realmente o jeito da Meg Ryan andar é horrível. Talvez seja consequência dos sapatos horrorosos que ela usa.
    Maldades à parte, o filme é piegas, meloso e lindo. A forma como aquele homem ama aquela mulher é de comover até o mais empedernido coração.

  5. Oi, Sérgio, pois não achei nada piegas, nem sentimental e pq o careta?Esse qualificativo, na minha humilde opinião, sobrou. Achei um filme lindo, verdadeiro, humano e concordo com a Luciana e a Jussara que o Michael realmente parece adorar a Alice e as filhas, mesmo uma não sendo realmente sua, isso transparece não só no olhar que ele lança a elas mas em toda a meiguice e paciência que demostra durante todo o filme. Até na hora de se despedir delas, quando ele aceita uma tranferência para não perder o emprego, a maneira de explicar seu afastamento para as filhas é feita com um carinho e uma dedicação que causam até espanto!
    E é verdade, meu caro, quem convive com quem tem pessoas com qq tipo de dependência às vezes demora a se “tocar” de q alguma coisa está errada. Mas não creio q seja pq é difícil de perceber, vc disse q só com um terço do filme é q Michael e Alice se apercebem da gravidade da situação. Me permita discordar, mas quando eles viajam ela se desequilibra no barco por estar alta e quase se afoga, olha só, a maior bandeira, os dois vêm q a coisa está ficando séria, tanto q ela promete parar de beber, o q não cumpre, é claro.Como ia dizendo, como qq problema q afeta o relacionamento de um casal, me parece q os dois envolvidos preferem não enxergar e só quando as coisas assumem dimensões catastróficas é q eles têm um insight de que estão às voltas com uma dificuldade para a qual vão ter q pedir ajuda, no caso dela, uma internação seguida dos AA. Foi assim q Alice só se deu conta de seu problema quando submeteu a filha à situação traumatizante a que a Jussara se referiu.
    Mas achei realmente q o filme mostra não só a agonia do alcoólatra mas também a de todos q o cercam com os seus goles a mais, com os constrangimentos que passam, com os sustos etc. E, no fundo, quem mais sofreu foi o marido, que queria tanto poder ajudar e apoiar Alice, mas que ela afastava, como declarou na reunião de seis meses de AA, por achar que se ele a visse como era de verdade não a amaria mais.
    E que linda declaração de amor a dele no final do filme, após ela se declarar uma alcoólatra que há seis mese não ingere álcool e conta toda a sua trajetória de alcoólatra. Ela se arrepende de sua irresponsabilidade com sua filhas, do poço sem fundo a que chegou e do amor que perdeu e que dela se afastou. E ele diz que apesar de ela dizer que é alcoólatra, tem 600 tipos de sorrisos, que eles podem iluminar a sua vida e que fica triste em saber tudo por que ela passou e que ele não pôde ajudá-la por não ouvi-la de verdade. Muito interessante esse final, pois parece q ela tinha medo q ele só gostasse da Alice engraçada e sempre rindo às custas da bebida, não da Alice que estava por trás dessa máscara, que tinha suas tristezas, inseguranças e medos como todos nós, mas também tinha tantas coisas positivas, a ponto de despertar uma dedicação tão grande em um homem que estava, como disseram as moças, embabacado por ela hehehe. Também gostei da mensagem final do filme que mostra que, mesmo sendo uma barra, um horror, como você diz existe saída para o alcoolismo o que eu, como psicóloga, endosso. Sei que muitos psicólogos falam que o alcoolismo tem prognóstico desfavorável, concordando então com filmes como os que vc abordou no início do post como Despedida em Las Vegas (para ver uma vez só, deprê demais), mas tenho experiência pessoal de pessoas que venceram esse vício, assim como outros.
    Guenia Bunchaft
    http://www.sospesquisaerorschach.com.br

  6. Mas, Guenia, caríssima, eu não chamei o filme de piegas, sentimental e careta. Por favor, veja a minha frase: “Imagino que muita gente tenha escrito que Quando um Homem Ama uma Mulher é um filme piegas, careta, sentimental, sentimentalóide. Na minha opinião, é um filme corajoso. E bom.”
    No mais, concordo basicamente com tudo o que você diz no seu comentário – um ótimo comentário, como todos os que você escreve.
    Acredito, como você, que o alcoolismo, assim como as demais dependências, tem cura – ou, no mínimo, pode ter cura. Conheço pessoas que se salvaram do vício, e passaram a ter uma vida muito melhor. Admiro muito essas pessoas, tenho por elas o maior respeito – assim como admiro e respeito os filmes que abordam com seriedade o vício, como este aqui.
    Um abraço.
    Sérgio

  7. O filme relataria uma família perfeita, com um relacionamento perfeito, se não fosse o fato da mãe ser dependente química do álcool. Apesar de todas as complicações trazidas pelo vício da esposa, o marido mantém sempre a calma, tenta ajudar psicologicamente a mulher. Cuida muito bem das crianças enquanto a mulher não está em condições disso. Percebe-se que existe uma ligação sentimental enorme entre eles. Enfatizando o olhar do pai para as filhas e para a mulher; é realmente comovente.
    O enredo nos mostra a dor de ter um dependente químico em casa. Mostra que a alcoólatra começou a ingerir o álcool por problemas familiares, que é uns dos mais comuns motivos que levam as pessoas a ingerir álcool, ou, por genética pelo fato de o seu pai também ser alcoólatra.
    É representado com um final feliz; mas não nos revela se o marido volta pra casa ou se a família se muda com ele. Não nos diz se ela passa a ingerir álcool novamente e se continuam existindo brigas dentro de casa.
    É um filme que julgo ser bom.

  8. olá, Sérgio!
    queria muito comentar esse filme, pois acho lindo de doer (e até piegas, mas, e daí?! corajoso e bom tb, sem dúvida)mas tem comentários muito interessantes acima do meu… então vou ‘copiar’ frases soltas e tentar arrematar. Aí vai: disse a Luciana sobre “a forma como Andy Garcia olha para a Meg Ryan”, que espetáculo continuar amando uma mulher daquela com todo o sofrimento que ela sentia e causava… da Jussara “o alcoolismo prejudica a vida dos que convivem com o alcoólatra” e como!, finalizo com a Guenia: o filme mostra não só a agonia do alcoólatra mas também a de todos q o cercam com os seus goles a mais, com os constrangimentos que passam, com os sustos etc. Esse tipo de filme traz a ficção pra muito próximo da realidade em alguns casos e a gente se comove… é isso!
    quanto à trilha sonora, a música tema é o que há tb de bela, mas tem outra, Everybody hurts, de uma banda [falecida?], que tb é tema de uma propaganda dos Médicos sem fronteiras, belíssima!!! Acho que toca quando Michael passeia com as meninas antes de se mudar.
    abraço

  9. Ainda bem que você mandou seu comentário, Patrícia, apesar de outras pessoas já terem comentado sobre o filme antes.
    Você tem razão: o IMDb confirma que “Everybody Hurts”, do R.E.M., toca no filme. Você acredita que eu não me lembro disso? E eu gosto demais da banda – e dessa música especificamente.

  10. De uma forma geral é a mulher que por amar a sua familia e seu homem, enfrenta e vence as adversidades da vida. Aqui, é ele que com muito mas muito amor por sua mulher e suas filhas, faz isso.
    Muitos outros homens a deixaria no meio do caminho. Ele a amava e decidiu continuar amando-a mais ainda e isso foi o ponto vital.
    Esse tipo de amor, essa abnegação, esse carinho, essa entrega, existe sim. E, é por este motivo que alguns estariam errados ao dizer que isso era uma utopia que o Michael era um cara utópico. Quando se ama, quando se ama de verdade, isso existe, acontece.
    Na saúde e na doença . . . lembram ??
    Concordo firmemente com a Jussara quando ela diz que ” a ternura no olhar era uma coisa dele “. Concordo da mesma forma com a Guenia quando ela diz que quem mais sofreu ali foi ele.
    Devo dizer que nunca gostei muito da Meg mas aqui ela está ótima, muito bem mesmo. Qualquer coisa que se diga desse excelente ator, Andy Garcia, é pouco. Parabéns também para as meninas.

    “ Minha mulher é alcoólatra. É a melhor pessoa que conheço, ela tem 600 tipos de sorrisos diferentes, todos iluminam a vida, fazem você rir, muito, sem mais nem menos, podem até fazer você chorar também, só com sorrisos. Precisam vê-la com as crianças, precisam ver como olham para a mãe… quando ela não está olhando “.
    Amor de verdade .
    Um abraço, Sergio !!

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