O Rei da Noite

(Disponível na Globoplay em 3/2023.)_

A primeira história que Hector Babenco filmou foi criada por ele mesmo – e que história, Dios mio del ciel y tambien de la Tierra! Que vida a desse protagonista Tertuliano Jatobá da Silva, que O Rei da Noite (1975) nos conta desde a infância até a velhice! Amor bruto, amor cachorro, damas da noite, perfídia, loucura, feiúra horrorosa, horror feio, traição, vingança, tapa na cara, infelicidade absoluta, absoluta, absoluta.

Há mais drama, tragédia, choro e ranger de dentes em O Rei da Noite do que em todos os tangos que Carlos Gardel gravou na vida. A vida dos personagens de Lupicínio Rodrigues é uma paz só, comparada à de Tertuliano, o Tézinho.

Vemos uns 70 anos da vida de Tézinho, e nela não há um único momento de amor em paz.

É mais ou menos assim:

São Paulo, anos 1920 e muitos, ou talvez 1930 e poucos (não há referência explícita a data em hora alguma do filme). Tézinho é o caçula de três filhos de uma família de classe média alta, que mora num grande casarão – acima dela há duas irmãs. O pai está fora a maior parte do tempo – quando aparece (o papel de Emilio Fontana), numa das primeiras sequências do filme, conta para as crianças que esteve na Europa, no meio da guerra. Não voltará a ser visto, nem pelos filhos, nem pelo espectador: é louco varrido, havia fugido do sanatório naquele dia.

Não há preocupação em mostrar de onde vem o dinheiro da mãe, Dona Imaculada (o papel de Yara Amaral, jovem e bela, 11 anos antes de fazer Celeste, a mãe da Lourdinha de Anos Dourados), mas o fato é que a família não tem, absolutamente, problema de falta de grana. Aliás, veremos que sobra grana para Tézinho gastar na boemia, mas isso vem só daí a pouco.

Quando Tézinho encosta em uma mulher, é a perdição

Bem no início da narrativa, há um corte de tempo – e já vemos o então jovem Tézinho interpretado por Paulo José. O rapaz é um filhinho de mamãe muito bem vestido, feito um dândi, e era tido entre as mamães como um bom partido para suas filhas casadoiras.

Tézinho apaixona-se à primeira vista por Aninha, mocinha loira e linda feito anjo renascentista (o papel de Dorothée Marie Bouvyer). Aninha também o ama – mas, feito nos romances açucarados do século XIX, e mesmo do século XX, ela padece de uma doença que a impede de se entregar ao amor do rapazote. Não, não é pneumonia ou tuberculose, como no clássico Floradas na Serra, de Dinah Silveira de Queiroz, de 1939, filmado por Luciano Salce em 1954. É sopro no coração – Le Souffle au Coeur, a doença da personagem Clara de Léa Massari, que deu o título ao filme de Louis Malle de 1971, quatro anos antes deste O Rei da Noite. (Não tem nada a ver, mas não consigo deixar de registrar que Sopro no Coração teve sua exibição no Brasil proibida pela censura da ditadura militar, com a desculpa de que ofendia a família brasileira ao insinuar uma relação quase incestuosa entre mãe e filho.)

A doce, diáfana Aninha é mandada pela família para tratar do sopro no coração no interior, e, ao mesmo tempo em que escrevia para ela cartas apaixonadas, Tézinho frequentava a putaria. Em uma boate, ouve a estrela da casa, Pupe, cantar um tango, e pronto, apaixona-se perdidamente, loucamente, fatalmente por ela.

A estrela da boate, a rainha da noite, canta inteirinho o tango “Nostalgia” – e este é um dos melhores momentos do filme, na minha opinião. Afinal, quem interpreta Pupe é Marília Pêra, esse esplendor de atriz.

Bem, mas o amor por uma moça diáfana, angelical, que está distante, e a paixão tempestuosa pela rainha da noite Pupe parecem pouco para Tézinho – e também para o estreante criador da história Hector Babenco. E então Tézinho, empurrado pela mãe, se apresenta na casa de uma amiga dela, Dona Sinhá (Márcia Real), uma ”senhora de boa família”. Dona Sinhá tem três filhas e um objetivo na vida: casar todas elas com rapazes de família igualmente boa.

As três filhas são todas Maria de alguma coisa – e são todas feias e sem graça, tadinhas. A mais velha é Maria do Socorro (Isadora de Farias). Maria das Graças (Vick Militello) é a do meio, e Maria das Dores (Cristina Pereira) é a caçula. Tezinho vai atacar as três. A primeira a ser atacada – na sala, enquanto toca violino, e Dona Sinhá se recolhe à cozinha para deixar os jovens um pouquinho à vontade – é a caçula Maria das Dores.

Assim que o filme acabou, Mary saiu-se com uma boa definição: quando Tézinho encosta em uma mulher, é a perdição, o inferno.

É bem verdade. Tezinho é assim uma espécie de Rei Midas ao contrário: tudo em que ele encosta vira merda. Maria das Dores, tadinha, pira, fica louca varrida, que nem o pai do herói.

Eu não estava exagerando quando falei que há mais drama, tragédia, choro e ranger de dentes em O Rei da Noite do que em todos os tangos que Carlos Gardel gravou na vida.

E chega de narrar pontos da história, da trama criada por Babenco – e roteirizada por Orlando Senna. É preciso registrar que isso aí que narrei acontece nos primeiros 20 dos 97 minutos do filme, e não chegam portanto a ser spoiler.

Babenco naquela época “não sabia nada de cinema”

Hector Babenco era um jovem de 29 anos quando O Rei da Noite chegou aos cinemas, em 1975, Nascido em Mar del Plata em 1946, de uma família de judeus ucranianos, radicou-se no Brasil em 1969 – e se naturalizou brasileiro em 1977. Toda a sua carreira foi feita no Brasil e nos Estados Unidos – e seria uma carreira gloriosa. Mas ali em meados dos anos 1970 “não sabia nada de cinema”, como ele mesmo contaria em entrevista à Folha de S. Paulo em 2003. Tanto que, quando acabaram as filmagens – ele relatou na mesma entrevista –, Marília Pêra disse: – “Você está muito aquém do que eu esperava de um diretor; é muito jovem e ainda não sabe dirigir ator”

Em 1975, Marília tinha já dez anos de carreira. Havia estrelado na TV produções como Rosinha do Sobrado, A Moreninha (as duas de 1965), Padre Tião (1965-1966), Super Plá (1969-1970), O Cafona (1971), Bandeira 2 (1971-1972), Uma Rosa Com Amor (1972-1973), Supermanoela (1974).

E Paulo José era um experiente, tarimbado, respeitado ator de filmes importantes como O Padre e a Moça e Todas as Mulheres do Mundo (1966), O Homem Nu. Bebel, Garota Propaganda e A Vida Provisória (1968), Véu de Noiva e Macunaíma (1969), Cassy Jones, o Magnífico Sedutor (1972).

É impossível resistir à tentação de reproduzir a íntegra dessa entrevista de Babenco à Folha de S. Paulo. Foi publicada no caderno Ilustríssima de um domingo, 3 de agosto de 2003, como parte de um amplo levantamento com dez dos maiores realizadores brasileiros, com o tema “Meu primeiro filme”, assinado por José Geraldo Couto. Nela, o realizador fala sobre como nasceu a idéia do filme, o que ele pretendia dizer. É fascinante, é obrigatório.

Eis aí:

P: O que você fazia antes de realizar O Rei da Noite?

R: Na época eu morava em São Paulo e tentava viver de fazer documentários tipo Jean Manzon. Eu não sabia nada de cinema. Fui fazer, por exemplo, um documentário sobre a cidade de São Paulo, encomendado pela Prefeitura. Era pouco antes do Natal, a Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, estava toda iluminada e decorada. O diretor de fotografia Peter Overbeck me perguntou que lente eu queria que ele pusesse na câmera. Eu respondi: “Por quê? Você tem mais de uma?”. Por aí você vê como eu não sabia nada. Quando resolvi fazer o longa -que viabilizei com a ajuda de minha ex-mulher, Raquel Arnaud, do amigo Paulo Francini e da José Pinto Produções, eu não tinha experiência nenhuma, nunca tinha lido um livro de cinema, não tinha sido assistente, não sabia como se filmava.

P: Como surgiu a idéia do filme?

R: A idéia do filme surgiu lendo um pouco Oswald de Andrade, vendo um pouco a evolução da cidade de São Paulo. Fui vendedor na cidade durante dois anos, conhecia muito bem, de andar a pé, o Centro velho de São Paulo e me interessei por aquelas figuras decadentes, que eram os homens-sanduíche, os pequenos estafetas de escritório, os que viviam de pequenas tarefas no calçadão do Centro. Homens idosos, de 70 anos. Interessou-me fazer um paradigma de que cidade era aquela, que havia chegado à modernidade naquela época, início dos anos 70, por meio de um homem que tivesse tido um berço esplêndido, que tivesse passado por uma educação de alta burguesia, depois tivesse caído na boêmia e depois visse o sonho de ser o rei da noite sucumbir com o casamento. Na época eu lia muito o Dalton Trevisan. A segunda parte do filme é muito influenciada pela coisa azeda, cruel, das relações conjugais do Dalton Trevisan. Decidi fazer um filme que fosse um aprendizado para mim, meu primário e meu ginásio, e ao mesmo tempo queria chegar ao público. Por isso escolhi uma linguagem totalmente melodramática, que trazia das radionovelas e do cinema melodramático argentino. Escrevi o roteiro com Orlando Senna, hoje (à época, 2003) secretário do Audiovisual.

P: Como foi sua relação de cineasta estreante com o elenco, que já era tarimbado?

R: Eu tinha conhecido o Paulo José e o convidei. Ele gostou do papel. Sou grato a ele até hoje por ter confiado num iniciante. Ele me deu credibilidade para ir até a Marília Pêra. Ela adorou a idéia de cantar um tango. Aí fui por várias noites ver um espetáculo circense em que a Vic Militello trabalhava. Eu sentava na primeira fila. No dia em que fui convidá-la para fazer o filme, ela se decepcionou muito: achava que eu ia vê-la por estar apaixonado. A Marília Pêra, quando acabaram as filmagens, disse para mim: “Você está muito aquém do que eu esperava de um diretor. Você é muito jovem e ainda não sabe dirigir ator”. Ela me passou um sabão muito elegante. Eu não tinha como responder. Só disse: “Na próxima vez, quem sabe a gente faz um trabalho melhor”. Ela respondeu: “É tudo o que eu espero”. E aí a gente fez Pixote. O Paulo José, por sua vez, foi uma figura capital. O filme todo era dublado, e foi ele que dirigiu os atores na dublagem.

P: O diretor de fotografia Lauro Escorel, que depois seria seu parceiro frequente, também deve ter ajudado bastante.

R: Tão importante quanto o Lauro, ou até mais, foi a descoberta do Jorge Durán, rapaz chileno que tinha sido continuísta de O Casamento, do [Arnaldo] Jabor, e que no Chile tinha sido assistente de direção do Costa-Gavras em Estado de Sítio. A função dele no filme era fazer tudo o que eu não sabia fazer. Com ele fiz também Lúcio Flávio (de 1977, o segundo filme do realizador). Foi ele realmente quem me ensinou a filmar.

P: Como O Rei da Noite foi recebido?

R: De público foi um sucesso razoável, foi lançado com 10 ou 12 cópias, e acabou se pagando. O pessoal do cinema novo ficou extremamente hostil. Eu me lembro que, quando mostrei o filme no MAM [Museu de Arte Moderna] do Rio, numa jornada de cinema, teve gente que quis me dar porrada. Acharam que era um filme comercial, indigno.

P: Como você vê hoje o filme?

R: Foi o filme que me deu a certeza de que eu era capaz de fazer cinema. O grande saldo, para mim, foi esse. Você não sabe da sua masculinidade até transar pela primeira vez. O Rei da Noite representou para mim a certeza de que eu era capaz. Ele não me envergonha em nada. As pessoas viram, gostaram, ele gerou polêmica. Acho que com ele entrei no cinema brasileiro com o pé direito.

Lauro Escorel, Orlando Senna, Jorge Durán…

Lauro Escorel na direção de fotografia, Orlando Senna no roteiro, Jorge Durán na assistência de direção, Pedro Farkas como assistente de câmara. Uau! Só grandes nomes, meu!

Mas há um nome que talvez não seja tão conhecido quanto esses aí mas é tão brilhante quanto cada um deles – e é fundamental para o filme. O autor da trilha sonora, Paulo Herculano.

Paulo Herculano foi um dos quatro músicos que, em 1966, fundaram o Conjunto Musikantiga de São Paulo – um grupo especializado em música da Renascença, pré-barroco, pré-Johann Sebastian Bach. Seu primeiro álbum (que seria relançado como CD em 1997 pela Discos Marcus Pereira) tinha 12 faixas, absolutas pérolas, algumas de compositores marcantes como John Downland (1563-1626) e William Byrd (1543-1623), várias de autoria desconhecida, anônimas, dos séculos XIII, XIV… Abria com uma “mais recente”, do século XVIII, “Greensleaves to ground”.

Paulo Herculano tocava o cravo no Musikantiga, um cravo alemão fabricado em 1955; Dalton de Luca, a viola da gamba, também alemã, de 1964; os irmãos Milton e Ricardo Kanji tocavam as flautas doces.

(O garoto Sérgio Vaz era fã de carteirinha do conjunto Musikantiga de São Paulo. Quando estava beirando os 30 anos, numa rápida experiência na Rádio Eldorado, a convite de João Lara Mesquita, conheceu pessoalmente Paulo Herculano, então programador de música erudita da rádio, uma pessoa educadíssima, acessível, doce como as flautas do Mukikantiga.)

Para a trilha sonora de O Rei da Noite, Paulo Herculano juntou temas que ele próprio compôs especialmente para o filme com diversas músicas incidentais, de clássicos da MPB dos anos 30 a Astor Piazzolla. Claro, óbvio: tinha que ter Piazzola este filme dirigido por um brasileiro nascido na Argentina, com influência “do cinema melodramático argentino” e com o gosto de tango.

Um registro sobre a autoria das histórias dos filmes do grande diretor.

Hector Babenco foi um realizador de poucas obras – poucas, mas densas, marcantes, importantes. A filmografia dele como diretor tem 14 títulos. Isso incluindo o documentário O Fabuloso Fittipaldi (1973), co-dirigido por Roberto Farias, dois episódios da série de TV Carandiru, Outras Histórias (2005) e um segmento do filme Words with Gods (2014).

Dos 11 longa-metragens de ficção, os feature films, metade se baseia em obras de outros autores: O Beijo da Mulher Aranha, de Manuel Puig, Ironweed, de William Kennedy, Brincando nos Campos do Senhor, de Peter Matthiessen, e O Passado, de Alan Pauls. E metade é de autoria do próprio Babenco, sozinho, caso de O Rei da Noite, ou com outro e/ou outros escritores: Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia, Pixote, Coração Iluminado e Meu Amigo Hindu.

É fascinante rever o filme hoje

Eis o que diz Salvyano Cavalcanti de Paiva em seu História Ilustrada dos Filmes Brasileiros 1929-1988 sobre O Rei da Noite:

“Foi com O Rei da Noite que Hector Babenco, argentino radicado no Brasil, primeiro chamou a atenção da crítica. O argumento original de sua autoria traçava a trajetória de um boêmio bem apessoado que namorava très irmãs, casava-se com uma delas e se ligava a uma rainha do bas fond, terminando (aqui corto fora o spoiler). Paulo José e Marilia Pêra, desenvoltos e convincentes, tinham por coadjuvantes Vicki Militello, Isadora de Faria, Cristina Pereira, Iara Amaral, Márcia Real, Ivete Bonfá, Dorothée-Marie Bouvier e Emílio Fontana. Roteiro de Orlando Senna, fotografia de Lauro Escorel, montagem de Sílvio Reinoldi, cenários de Laonte Klawa, música de Paulo Herculano e a direção criativa de Hector Babenco. Êxito completo. (H.B. Filmes, SP).”

Vic, Vick, Vicki. O prenome da atriz varia a cada fonte. Na apresentação do filme ela aparece como Vick Militello. Nascida Vicência Militello Martelli (1943-2017), filha de atores de circo, fez cinema e televisão. Ficou bastante famosa como a Joana d’Arc da novela global

Estúpido Cupido (1976), e fez também Vereda Tropical (1984), Kubanacan (2002) e Floribella (2006). No cinema, esteve, entre outros, em Beijo 2348/72 (1990), Bellini e a Esfinge (2001) e O Homem do Ano (2003).

A minha opinião? Tá bom, vamos lá.

Não achei O Rei da Noite um bom filme, ao revê-lo agora, quase 50 anos após seu lançamento. (Eu havia visto em 1977, mas não me lembrava de nada, ou quase nada.) Dá para perceber que Babenco não sabia ainda dirigir atores – como Marília Pêra muito bem falou para ele na época. Mas sobretudo a história me incomodou, pelo excesso do excesso do excesso de peso no melodrama.

apesar disso, no entanto, é fascinante ver o filme – por causa da sensacional, extraordinária dupla de atores centrais, pela trilha sonora, pela fotografia. Pela direção de arte, cenografia – a difícil procura de locais de São Paulo que tivessem se mantido iguais desde os anos 1930, 1940. E por ser o primeiro filme, o primeiro exercício de aprendizagem de um dos maiores realizadores do cinema brasileiro.

Anotação em 3/2023

O Rei da Noite

De Hector Babenco, Brasil, 1975

Com Paulo José (Tertuliano Jatobá da Silva, o Tézinho),

Marília Pêra (Pupi)

e Vick Militello (Maria das Graças Gonçalves Almeida), Cristina Pereira (Maria das Dores Gonçalves Almeida), Isadora de Farias (Maria do Socorro Gonçalves Almeida), Yara Amaral (Dona Imaculada, a mãe de Tézinho), Márcia Real (Dona Sinhá, a mãe das três Marias), Ivete Bonfá (Agripina, a irmã de Tézinho), Dorothée Marie Bouvyer (Aninha), Áurea Campos (Chica Boa), Clemente Viscaíno (Chico, o barman da boate), Deivy Rose (prostituta), Stella Freitas (prostituta), Maria Eugênia de Domênico (prostituta), Emilio Fontana (o pai de Tézinho), Maria do Roccio, Kleber Afonso, Gledys Marisa, Francisco Curcio, Carlo André Oneken, Nadia Luciano Texeira

Roteiro Orlando Senna

Baseado em história de Hector Babenco

Fotografia Lauro Escorel

Música Paulo Herculano

Montagem Silvio Renoldi

Direção de arte e figurinos Leonte Klawa

Produção Hector Babenco, Ignácio Gerber, José Pinto , HB Filomes, José Pinto Produções.

Cor, 97 min (1h37)

**1/2

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *