Nevasca de Natal / Julestorm

Nota: ★★★☆

(Disponível na Netflix em 12/2023.)

Nevasca de Natal, minissérie norueguesa de 2022, é deliciosa como o mais belo espírito natalino. Mostra mais de duas dúzia de personagens – pessoas que acontece de estarem no aeroporto de Oslo na antevéspera do Natal quando uma nevasca impede todos os pousos e decolagens –, e como eles se relacionam. É um retrato alegre, esperançoso, em que as pessoas revelam o melhor de si mesmas – e que acaba mostrando como pode ser belo o ser humano.

Ou então…

Nevasca de Natal é uma produção norueguesa, mas parece coisa do cinema americano, aquela coisa horrorosa, falsa, nojenta, dos filmes de Hollywood, argh, em que tudo dá certo no fim, em que – como é mesmo que aquele filme francês define? Os pobres ficam ricos, os ricos têm uma vida dura, os sem-documento encontram os documentos, as guerras terminam, os mortos voltam a viver e as putas se casam com milionários. Um horror. Um nojo.

E não é que cada uma dessas descrições da minissérie tem suas razões?

Depende do espectador.

Há quem deteste Natal, espírito natalino, bom humor, otimismo, esperança, conto de fadas, comédia. (Eu mesmo escrevi no outro site, o de textos, várias razias contra o Natal.) Há quem adore – e há dezenas e dezenas e dezenas de filmes sobre Natal. Toda noite passa um filme natalino em algum canal.

Toda obra, a rigor, a rigor, depende da opinião de quem a vê, ouve, lê. Séculos atrás aprendi que um teórico escreveu isso: há a obra, e há o que cada um pensa dela. Uma obra não existe sem um leitor, um espectador. O que nos levaria então a concordar em que não existe grande obra – depende de como o consumidor da obra a vê. Se uma pessoa julga a mais idiota de todas as canções do sertanejo-sofrência uma obra-prima, então tá.

Mas isso é aqui um papo-furado do cão, que foge do fato de que Nevasca de Natal é…

… uma gostosa série que festeja o que pode haver de melhor no ser humano.

… um besteirol escapista à la Hollywood.

Hê hê…

Histórias à la Short Cuts de Altman – mosaicos

Filmes em que não há um ou dois protagonistas, mas sim diversos, diversos personagens, ligados por algum evento, alguma ocasião específica. Eu costumava dizer “filmes à la Short Cuts” – no belíssimo filme de Robert Altman de 1993, as vidas de mais de uma dúzia de personagens se entrelaçam aqui e ali; o principal ponto em comum é que são todos eles habitantes de Los Angeles, aquela metrópole maluca onde cabe de tudo, até mesmo Hollywood.

Uma ótima definição para esse tipo de filme é mosaico – “qualquer trabalho intelectual ou manual composto de várias partes distintas ou separadas”, segundo o Aurélio. “Miscelânea, mistura”, segundo meu Dicionário Unesp de Português Contemporâneo.

Os críticos de cinema, que, como muitos juízes e advogados, adoram uma linguagem empolada, costumam usar “estrutura multiplot”. Poderiam usar “multitrama”, mas é claro que preferem uma pitadinha de Inglês…

Há diversos bons exemplos de filmes mosaico, perdão, de estrutura multiplot. Território Restrito/Crossing Over, de 2009; Anjo de Vidro/Noel, de 2004; Banquete de Amor/Feast of Love, de 2007; Coisas Que Você Pode Dizer Só de Olhar Para Ela/Things You Can Tell Just by Looking at Her, de 2000; Questão de Vida/Nine Lives, de 2005; o brasileiro O Signo da Cidade, de 2007, Crash, de 2004.

Mestre Alain Resnais sempre gostou desse formato – A Vida é um Romance/La Vie est un Roman, de 1983, já era assim, e ele voltaria a usá-la em On Connaît la Chanson, de 1997, e Medos Privados em Lugares Públicos/Coeurs, de 2006. Retratos da Vida/Les Uns et les Autres, o belíssimo filme de Lelouch de 1981, junta mosaicos ao longo de quase um século.

Em Nevasca de Natal, os roteiristas Saabye Christensen, Jan Trygve Røyneland, Per-Olav Sørensen (este último também o diretor de todos os seis episódios, cada um com cerca de 30 minutos cada) usaram um local, o aeroporto de Oslo, e uma circunstância, o fato de um grande número de pessoas estar preso ali, quase como se estivessem no Anjo Exterminador de Luís Buñuel, como base para nos apresentar aquele mosaico de seres humanos de diferentes classes sociais, diferentes origens, diferentes países.

No site Decider.com, feito para ajudar as pessoas a decidirem o que ver no streaming, um sujeito chamado John Serba começa a falar assim sobre A Storm for Christmas (esse é o título da série no Reino Unido e nos EUA): “Dezenove personagens. Somos introduzidos a 19 personagens nos primeiros 35 minutos desta série. Podem ser mais – o IMDB lista 20 que estarão em todos os episódios, e eles não contaram o cachorro (mas eu contei). Vou me esforçar para descrevê-los para você.”

Antes de encontrar esse texto na internet, eu havia, é claro, pensado em fazer exatamente isso: tentar descrever os personagens. Não todos, mas ao menos os principais. É a forma mais óbvia de falar sobre este Julestorm.

Me dei ao trabalho de rever os créditos iniciais do primeiro episódio, para ver em que ordem aparecem os nomes dos atores – comparando com a relação de atores/personagens apresentado no IMDb. Não consegui compreender por que os realizadores adotaram aquela ordem. Não é em ordem alfabética, nem de entrada em cena e nem de importância na trama! Na ficha técnica, ali abaixo deste texto, os nomes estão na ordem em que aparecem nos créditos iniciais. Vou falar dos personagens aqui seguindo mais ou menos a ordem de importância deles na trama, o tempo em que aparecem na tela. Mais ou menos, é claro, sem qualquer contagem rigorosa.

O importante é registrar que, nos créditos iniciais, aparecem 33 nomes de atores. Muito mais do que John Serba contou.

A idade de Cristo, como se diz no bingo, na víspora! Trinta e três personagens – fora o cachorro!

É muito mais que nos mosaicos de Robert Altman, de Alain Resnais, de Garry Marshall, outro useiro e vezeiro no formato!

Um músico angustiado, um bartender com doença grave…

* Arthur Berg (o papel de Dennis Storhøi, na foto acima) parece, a princípio, um chato de galocha, um sujeito metido a besta, rei na barriga. É um homem de bela estampa, uns 60 e tantos anos, que, embora com uma passagem de classe executiva, quer porque quer usar a fila da primeira classe, a sala VIP – e, diante das negativas dos funcionários do aeroporto, aproveita os momentos em que eles estão distraídos e tenta transpor os cordões de separação.

É também um fumante compulsivo, e várias vezes tenta acender um cigarro em lugar em que é proibido – bem, hoje em dia é proibido em tudo quanto é lugar…

Com o tempo, vamos vendo que, mais do que chato, metido a besta, Arthur Berg é um homem tenso, angustiado, atormentado. É um pianista, e seu concerto mais recente havia sido durissimamente criticado nos jornais. Está viajando para Tromsø, bem ao Norte, uma das cidades mais próximas do Pólo Norte que há, para uma apresentação para a qual haviam sido vendidas apenas 32 entradas.

Um pouco por acaso, e muito por causa de um belo gesto dele por um garotinho, as coisas vão mudar bastante para Arthur Berg.

* Marius (Jon Øigarden, na foto abaixo), o senhor que cuida, com uma mocinha, de um dos bares do aeroporto, conquista com facilidade a simpatia dos espectadores – e logo de cara os deixa um tanto triste por ele. Já na primeira sequência em que aparece, Marius deixa o bar por conta de sua jovem companheira e vai para um banheiro à procura de privacidade para tentar falar com sua médica. A secretária menciona a necessidade de novos testes – e fica bastante claro que ele tem uma doença muito grave, provavelmente câncer.

Mas não é por estar doente que Marius cativa o espectador. É pela sua simpatia, e pela valentia com que enfrenta o problema da doença. Assim que se coloca atrás do balcão, luta para fazer cara boa para todos os fregueses, e consegue.

Lá pelas tantas, diante de uma pergunta de uma moça que toma chá no bar, ele contará que teve uma família, no passado – mas a mulher não quis mais continuar enfrentando a barra da vida, e os pais dela tiraram dele a filhinha do casal, com o argumento de que ele não teria boas condições para criá-la.
Por mais de uma vez Marius pede à pastora que trabalha no aeroporto um tempinho para conversar – mas ela está sempre atendendo outras pessoas, e pedindo um tempo para ele…

Também haverá uma mudança grande na vida desse simpático Marius.

* A pastora Ronja (Maibritt Saerens, na foto abaixo) é uma boa figura – e é interessante que exista no aeroporto de Oslo uma religiosa para atender às necessidades das pessoas, fiéis ou não. Ali é o seu local de trabalho; vemos que ela conhece as pessoas todas, os funcionários das empresas aéreas, os que fazem a segurança, os das lojas. Quando a administração identifica que há um homem, um senhor idoso, que parece inteiramente perdido, e não fala nada, a pastora Ronja é acionada para cuidar dele, tentar se comunicar com ele. Depois que ela faz tentativas em diversas línguas, ele pronuncia uma palavra apenas: “Abba”. Me ocorreu de imediato – e não ocorreu à pastora Ronja – que ele poderia estar se referindo ao famosérrimo conjunto sueco. Tipo assim: eu sei que estou na terra do Abba. É verdade que o Abba é sueco, e não norueguês, mas sacumé, neguinho que vem de longe confunde. Tinha aquela coisa de políticos dos EUA acharem que a capital do Brasil é Buenos Aires… Mas o fato é que o senhorzinho que a pastroea Ronja começa a tratar como Abba (o papel de Gard Øyen) dá muito trabalho. A ponto de ela não poder atender aos pedidos do bartender Marius para conversar.

Lá pelas tantas, a pastora precisa se afastar um pouco de “Abba”, e, quando retorna ao lugar… “Abba” tinha desaparecido. Toca a procurar pelo imenso aeroporto um velhinho que não fala nada…

* Outra pessoa que some, e dá um trabalho danado ao pessoal da administração, que volta e meia faz apelos pelos alto-falantes, é a garotinha Kaja (o papel de Talia Lorentzen, uma absoluta gracinha, na foto abaixo).

Kaja e seus pais, Trine e Sindre (Line Verndal e Oscar Jean) são os primeiros personagens que vemos, bem na abertura do primeiro episódio da série. Os três descem de um maravilhoso trem na estação que fica junto do aeroporto, mas que – estranhamente – não é totalmente coberta, e então neva copiosamente sobre os passageiros. Pai e mãe já descem do trem discutindo, ela dizendo que eles deveriam ter vindo de carro, ele dizendo que não teria sentido deixar o carro no estacionamento por duas semanas. Daí a pouco ela vai perguntar se eles estavam carregando tudo, ele diz que sim. Mais adiante veremos que haviam esquecido uma das malas na plataforma do trem.

Em suma: Trine e Sindre são daquele tipo de casal que discute sobre absolutamente tudo, briga sobre absolutamente tudo, um pega no pé do outro o tempo todo por absolutamente tudo.

Lá pelas tantas, todo mundo no aeroporto parado, à espera de que a nevasca amaine e sejam permitidas as decolagens, Kaja, garota aí de uns 11, 12 anos, talvez, pede o cartão de crédito do pai para comprar uma coisinha numa loja – e simplesmente não volta. Cansada das brigas eternas dos pais, resolve passar um tempo longe deles.

O rapaz que se fantasia de Papai Noel em um determinado lugar do aeroporto encontra a garota, conversa com ela um tempo – e diz que ela é a pessoa mais inteligente que há ali naquele lugar cheio de centenas de pessoas.

* O sujeito que se fantasia de Papai Noel se chama Alex (o papel de Ibrahim Faal, na foto abaixo) – e é uma boa brincadeira dos realizadores escolherem um ator negro para interpretar o sujeito que trabalha como Papai Noel no aeroporto da capital do país do verdadeiro Papai Noel…

Alex aparece já nas primeiras tomadas do primeiro episódio da série; está atrasado, subindo depressa a escada rolante perto da família da garota Kaja, e depois atravessando quase correndo os imensos salões do aeroporto, até chegar ao lugar em que pais com crianças pequenas já aguardavam a presença do Papai Noel.

Ele é claramente um sujeito nada satisfeito com consumismo, compras, compras, compras, capitalismo, espírito natalino – e fica chocado porque todas as crianças que sentem em seu colo dizem que querem ganhar presentes caros, de iPhone pra cima.

Um Papai Noel negro na terra dos louros de olhos claros, um anticonsumista na festa maior do consumo da cristandade e de todos os não cristãos!

Nevasca de Natal pode ser uma série cheia de otimismo à la a imagem que os críticos do capitalismo atribuem a Hollywood – mas a verdade é que é uma série que denuncia o consumismo, a injustiça social, o egoísmo dos que têm muito neste mundo em que a imensa maioria tem pouco demais ou quase nada.

A personagem que mais personifica aquilo contra o que a série se coloca é Bobbie, a sueca milionária cheia de soberba interpretada pela belíssima Alexandra Rapaport – mas ainda não quero falar de Bobbie.

Duas suecas, uma dinamarquesa, uma espanhola…

Entre as mulheres que os autores e roteiristas Lars Saabye Christensen, Jan Trygve Røyneland, Per-Olav Sørensen criaram para a série estão algumas estrangeiras – o que é absolutamente natural em um aeroporto internacional. Há duas suecas, a insuportável Bobbie e a simpática, ingênua, romântica Diana, uma dinamarquesa, a muito dadivosa Stine, e uma espanhola, a simpática e triste Maria

* Maria (o papel da bela Ariadna Cabrol) viaja com o filho, um garoto aí de uns 12 anos; fazia em Oslo uma escala rumo a Nova York, onde estava agendada uma operação delicada nos olhos do filho, que corria o risco de ficar cego caso a intervenção não fosse feita logo. Maria fica absolutamente em pânico com o fato de o aeroporto estar fechado devido à nevasca, porque corria o risco de perder a operação marcada.

Há aí, talvez, um ou mais furos na trama – ou então houve algo que não percebi direito. Para começo de conversa, parece estranha uma viagem Madri-Nova York que tenha escala em Oslo – esquisitíssimo triângulo. E por que simplesmente a operação não poderia ser remarcada? E por que o dinheiro de Maria simplesmente acaba?

Pena que haja essas dúvidas, porque Ariadna Cabrol está muitíssimo bem no papel – e tudo envolvendo o filho da personagem é uma beleza de trama.

Quase perdendo a visão, o garoto é um assombro na audição, um gênio privilegiado – e o encontro dele com o velho e desencantado pianista Arthur Berg é uma das grandes sacações dos autores da história. Talvez a maior de todas.

* Diana (o papel de Hanna Ardéhn, na foto acima) tem lindos e imensos olhos claros e pretendia passar o Natal em Paris, a cidade mais romântica do mundo, porque talvez, quem sabe, né?, encontrasse lá um rapaz lindo, simpático e também romântico…

Acontece de ela ter uma sorte. Chega ao balcão da companhia aérea em busca de informações justamente na hora em que sua conterrânea Bobbie está sendo absolutamente grosseira com a atendente. A funcionária reage com coragem e brilho à milionária e, ao receber em seguida a mocinha toda simpática, diz a ela que vai fazer algo que não é para ser feito, mas… Dá a ela um cartão de acesso à sala VIP.

Exultante, Diana vai para a sala VIP, pega um cálice de vinho e… pergunta a um piloto sentado sozinho a uma mesa se pode ocupar o lugar diante dele.

O piloto, aparentemente filho de imigrantes indianos, chamado Olav (o papel Ravdeep Singh Bajwa), trata a moça com a mais absoluta frieza. Mas, diacho, isto aqui é uma série natalina, e então daí a algum tempo ele já não será mais tão gélido…

* A dinamarquesa Stine (Sus Wilkins) bate na porta do banheiro em que o bartender Marius se refugiou para falar ao telefone, bem no comecinho do primeiro episódio. Era um banheiro para pessoas com necessidades especiais, dificuldade de locomoção. Há um diálogo interessante. Quando Marius abre a porta para sair, Stine olha para ele de alto a baixo e diz algo do tipo: “- Você não me parece incapacitado”. Marius olha para ela e repete o mesmo veredito. Logo em seguida a nada incapacitada Stine puxa para dentro do banheiro seu amante Steven (o papel de Mattis Herman Nyquist, um ator de papel tão pequeno que sequer aparece entre os 33 nomes de atores dos créditos iniciais).

Pois bem. Essa dadivosa Stine que dá no banheiro para o amante tem um namorado na Dinamarca que volta e meia liga para ela, exigindo que ela volte o mais rapidamente possível. Com o aeroporto irremediavelmente fechado, Stine tentará ir de carro para algum lugar de onde possa pegar um barco rumo à Dinamarca. Vai acontecer que ela conhecerá uma senhora dinamarquesa, Magnhild, que a ajudará em um momento em que ela parecia absolutamente perdida, abandonada no meio do nada numa madrugada de nevasca.

Essa senhora Mannhild é interpretada por Ghita Nørby, uma fantástica, premiadíssima atriz e diretora dinamarquesa que, entre muitas outras coisas, trabalhou em As Melhores Intenções (1992), o filme escrito por Ingmar Bergman, uma história autobiográfica, que o gênio entregou para Bille August dirigir.

* Bem, e aí é preciso falar de Bobbie, o papel, repito, dessa lindíssima Alexandra Rapaport, que esteve em A Caça (2012), do grande dinamarquês Thomas Vinterberg.

Bobbie chega diante da atendente da companhia aérea e diz que precisa estar em Londres daí a poucas horas. E expõe para a moça uma série de cartões de crédito, todos eles de ouro, de platina, o top do top do top.

É um diálogo sensacional.

A atendente diz pra ela algo assim: – “Sei… Agora vem cá: algum desses cartões consegue mudar o clima? Acabar com a nevasca?”

A bela e imbecil milionária sai dali bufando, e acaba convencendo um motorista de táxi, Frank (Kyrre Hellum), a levá-la até não sei onde, para que de lá ela pegasse um barco que a deixaria não sei onde, de forma a chegar a Londres dali a não muitas horas.

O personagem dessa Bobbie milionária, idiota, é, na minha opinião, a pior coisa da série.

Ali pelo quinto dos seis episódios da série, essa mulher metida a besta, soberba, rei na barriga, que trata todas as pessoas como se fossem inferiores a ela… de repente, do nada, passa por uma transformação total e absoluta, fica boazinha de tudo, um doce, e ajuda a servir comida para um grupo de sem-teto!

É uma coisa totalmente implausível, impossível, insana. Um gigantesco tropeço dos realizadores.

A série tem aprovação razoável do público

Inversamente, acho que os realizadores acertaram em cheio ao criarem David (o papel de Jan Gunnar Røise, na foto acima), o sujeito que parece a alegria de viver em pessoa e, no meio do aeroporto fechado por uma danada de uma nevasca, anda de bermuda com uma camisa mais colorida do que as dos americanos quando viajam para o Havaí.

Sempre sorridente, cara de felicidade absoluta, David conta para quem passa por ele que está indo para Málaga, onde as praias são maravilhosas e o Sol brilha forte.

Bem no começo da série, a pastora Ronja se vê atraída por aquela figura exótica, aproxima-se dele e o ajuda a segurar a grande quantidade de coisas que ele tem nas mãos – inclusive um gigantesco sanduíche que tem de absolutamente tudo.

David depois conversa alegremente com Marius, o bartender, com Sara (Thea Sofie Loch Næss, na foto abaixo), moça bonita que fica circulando perto do bar – e com mais qualquer um que passar por perto.

Com David o espectador terá não apenas uma, mas duas surpresas quando a série vai chegando ao fim.

Haverá também uma revelação sobre a bonita Sara.

Ainda não falei de Ida (Ida Elise Broch), a popstar, cantora de sucesso tão gigantesco quanto seu mau humor, e está acompanhada de uma assistente, Ingvild (Evelyn Rasmussen Osazuwa) e um guarda-costas, Asle (Kalle Hennie).

Nem do jovem Henrik (Valter Skarsgård), funcionário do aeroporto da área de carga, que se afeiçoa por um cachorro que chega em um dos últimos aviões a pousarem antes do fechamento da pista por causa da nevasca, e cujo dono ninguém consegue encontrar.

Mas o texto já ficou grande demais, e até eu fiquei cansado dele – imagine o eventual leitor.

E então encerro com informações bem objetivas. No IMDb, Nevasca de Natal tem a nota muito boa de 7,1 em 10 – média dos votos de 4,2 mil leitores do site. No Rotten Tomatoes, tem a aprovação média do público de 67%.

Anotação em 12/2023

Nevasca de Natal/Julestorm

De Per-Olav Sørensen, Noruega, 2022

Com Ida Elise Broch (Ida, a cantora famosa), Alexandra Rapaport (Bobbie, a milionária), Dennis Storhøi (Arthur Berg, o pianista), Maibritt Saerens (Ronja, a pastora), Jon Øigarden (Marius, o bartender), Jan Gunnar Røise (David, o das férias em Málaga), Thea Sofie Loch Næss (Sara, a moça da lista de presentes para o pai), Evelyn Rasmussen Osazuwa (Ingvild, a assistente de Ida), Ariadna Cabrol (Maria, a espanhola mãe do garotinho), Valter Skarsgård (Henrik, o jovem funcionário da carga), Hanna Ardéhn (Diana, a garota romântica), Ravdeep Singh Bajwa (Olav, o piloto), Sus Wilkins (Stine, a amante), Ghita Nørby (Magnhild), Ibrahim Faal (Alex, o Papai Noel), Kyrre Hellum (Frank, o motorista de táxi que leva Bobbie), Line Verndal (Trine, a mãe de Kaia), Oscar Jean (Sindre, o pai de Kaia), Talia Lorentzen (Kaja, a garota dos pais que brigam), Carmen Gloria Pérez (Thea, a moça da segurança), Tiril Eeg-Henriksen (Isabel), Catharina Vu (Kine, a assistente de serviços), Serhat Yildirim (Adan), Kalle Hennie (Asle, o guarda-costas de Ida), Edward Schultheiss (Angus), Camilla Klaudiussen (Iris), Gard Øyen (“Abba”, o velhinho sem palavras), Iker Pedraza Proskauer (Lukas), Mattis Herman Nyquist (Steven, o amante de Stine)

Argumento e roteiro Lars Saabye Christensen, Jan Trygve Røyneland, Per-Olav Sørensen

Fotografia Hallgrim Haug

Música Peter Baden

Montagem Erik Thorvald Aster, Anders Bergland, Veslemøy Blokhus Langvik, Lars Apneseth

Desenho de produção Mie Gjersen Hansen

Figurinos Oddfrid Ropstad

Produção Janne Hjeltnes, Ingrid Skagestad, The Global Ensemble Drama.

Cor, cerca de 200 min (3h20)

***

Título no Reino Unido e nos EUA: “A Storm for Christmas”

Um comentário para “Nevasca de Natal / Julestorm”

  1. Ahn, poder de síntese não existe para quem gosta tanto de escrever assim ahahahahah. De um modo geral, não me animo a ver nada sobre Natal. Quase tudo uma pieguice só. Mas, como confio na sua escrita, estou assistindo essa série Nevasca . É absolutamente genial. Dando boas risadas e identificando várias pessoas. Diálogo inteligente, ágil. Muito bom os choques de mal-entendidos, as correrias. Cara, grande série essa. E só estou no 3° episódio. Te agradeço novamente.

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