Resgate de Sangue / We Were Strangers

2.5 out of 5.0 stars

Em 1949, exatos dez anos antes de guerrilheiros liderados por Fidel Castro, Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos derrubarem a ditadura sanguinária de Fulgêncio Batista, John Huston fez um filme sobre uma revolução popular que, em 1933, acabava derrubando uma ditadura sanguinária em Cuba.

O duro é pensar que agora em 2021 faz 61 anos que Cuba vive sob a ditadura sanguinária implantada pelos revolucionários que derrubaram a outra ditadura.

O filme se chama We Were Strangers, no Brasil Resgate de Sangue – e, apesar de ser do grande John Huston, não é propriamente bom. Sendo um John Huston, no entanto, merece respeito – e há várias coisas fascinantes no filme e nas histórias ao redor dele e de sua produção.

Um plano para matar o ditador e seus cupinchas

Para a sinopse, me aproprio em parte do texto do Guide des Films de Jean Tulard sobre Les Insurgés, como o filme se chamou na França – com, é claro, acréscimos meus:

Na Cuba dos anos 1930, o americano Fenner (o papel do galã John Garfield, de, entre tantos outros, O Destino Bate à Porta) se une ao doutor Guillermo (Gilbert Roland) e a um grupo clandestino para lutar contra a ditadura. Ele tem a ajuda da bela China Valdes, cujo irmão, Manolo (Tito Renaldo), foi assassinado pelo policial Armando Ariete (o papel do mexicano Pedro Armendáriz, 128 títulos no filmografia).

China Valdes é interpretada por Jennifer Jones – e Jennifer Jones é provavelmente o elemento mais fascinante do filme. Estava com 30 anos, no auge da beleza e da fama, seis anos após o Oscar por A Canção de Bernadette (1943) e apenas três após Duelo ao Sol (1946), o western superprodução que o produtor David O. Selznick fez na tentativa de transformar a mulher que ele amava furiosamente em uma gigantesca estrela.

De volta à sinopse:

O grupo de rebeldes planeja executar um plano bolado por Fenner: explodir uma poderosa bomba no principal cemitério de Havana, no momento em que o presidente-ditador, seus ministros e puxa-sacos mais próximos estivessem todos ali reunidos para o enterro de uma figura proeminente. A morte de uma figura proeminente, é claro, seria providenciada por uma outra equipe do grupo rebelde.

Fenner tem essa idéia ao saber que a casa da família de China Valdes fica bem em frente ao cemitério. Ele providencia para que a família da moça passe uma temporada fora de Havana, enquanto um grupo de cinco homens, mais a própria China, ocupam a casa e furam um túnel entre a casa e o jazigo do figurão a ser executado.

Uma tensão crescente, literalmente enlouquecedora

O verbete do Guide sobre Les Insurgés é assinado pelo próprio Jean Tulard. Ao fim da longa sinopse que usei como base e adaptei, o grande critico revela o final da trama – o que, claro, deixo de lado. O parágrafo de avaliação da obra que ele faz em seguida é um absoluto brilho. Em uma frase de duas linhas, ele define com perfeição o filme:

“Sempre a temática do fracasso (presente nas obras) de Huston, em um filme bem feito, embora um pouco falante e ingênuo.”

Un peu bavard et naïf.

Perfeito! É exatamente isso!

Foi uma das coisas que mais me chamaram atenção, e eu pretendia mesmo falar sobre isso: o filme é palavroso demais. Essa é uma de suas principais características. Fala-se demais, o tempo todo, em diálogos muitas vezes elaborados, caprichados – coisa que era uma tradição dos bons roteiristas americanos nos anos 30 a 50. O excesso de palavras tem seu lado ruim – muitas vezes soa artificial tanta discussão de conceitos no meio da ação.

Mas também há momentos extraordinários – como a discussão entre os rebeldes sobre a ação que pretendem executar, o atentado que preparam e vai, necessariamente, matar inocentes. É uma maravilha de discussão. Vou transcrever esses diálogos mais adiante.

Há, sem dúvida, muita coisa boa no filme – ou, diabo, não seria uma obra de John Huston. Todas as sequências do trabalho de escavação do túnel são um belíssimo trabalho de encenação, de direção. O grupo de cinco homens e uma bela mulher trancados em uma casa, preparando um grande atentado contra um governo forte, que tem policiais espalhados em cada canto – tudo é construído de maneira a realçar a tensão, o medo, as dificuldades, a dureza, o nervosismo crescente.

A tensão vai ficando enlouquecedora, literalmente enlouquecedora.

Mas é John Huston, o mais aventureiro de todos os cineastas, e então a tensão é cortada (ou seria, na verdade, ampliada?) de tempos em tempos pelas atitudes de Guillermo, que faz piadas, e de vez em quando pega um violão e canta!

No meio de uma tensão enlouquecedora, literalmente enlouquecedora, um dos cinco rebeldes que perfuram um túnel para explodir uma bomba poderosíssima e matar um monte de gente, inclusive, provavelmente, inocentes mulheres e crianças, saca um violão e canta!

O desfecho do golpe planejado é obra de grande artista. Não dá, é claro, para relatar, porque seria um terrível spoiler, mas creio que não atrapalha dizer que é algo inesperado, chocante. É, mais uma vez, John Huston puro.

“Bem feito, embora um pouco falante e ingênuo”

Huston é o autor do roteiro do filme, a quatro mãos com seu grande amigo Peter Viertel. A base para o roteiro foi um episódio do romance Rough Sketch, de Robert Sylvester. Como preparação para escrever o roteiro, e para escolher locais para as tomadas externas que seriam filmadas pela segunda unidade, os dois passaram duas semanas em Cuba. Peter Viertel era muito amigo de Ernest Hemingway, que morava perto de Havana, e ele e Huston visitaram a casa do escritor, passearam com ele no seu iate Pilar. Quando li essa informação, fiquei imaginando a quantidade de uísque que consumiram naquelas duas semanas. Meu Deus do céu e também da Terra!

É provável que Huston e Viertel tenham tentado, naquelas duas semanas, pegar um tanto da cor local para usar no roteiro que iriam escrever. Mas aí é que está. Não se pega um pouco de cor local em apenas duas semanas, por mais talentosos que sejam os escritores.

We Were Strangers padece de um defeito seriíssimo e extremamente comum nos filmes feitos por diretores americanos tentando retratar a realidade dos países abaixo do Rio Grande, os países de nosotros, los cucarachos: eles simplesmente não conseguem fazer relatos convincentes. Fica falso, fica esquemático, fica superficial. Às vezes fica bobo.

Senti isso, enquanto via o filme, e pretendia falar disso aqui, é claro – mas aí dei de cara com o texto de Jean Tulard, em que ele faz o resumo perfeito: We Were Strangers é um pouco falante e inocente.

Naïf, como aquelas pinturinhas de cenas da vida no interior.

À falta de traquejo com os costumes locais, o jeito, o sabor latino, acrescenta-se uma certa ligeireza no trato da coisa da luta subterrânea contra uma ditadura.

Para dar apenas um exemplo: toda a sequência da perseguição policial ao trio que distribui panfletos contra a ditadura é um tanto boba, um tanto pouco verossímil, um tanto naïf. Botar o tal Armando Ariete, uma figura de proa da polícia política da ditadura, para perseguir três estudantes que jogam panfletos na rua é algo sem sentido. Assim como dar a entender que Manolo, o irmão de China, era uma figura importante no movimento revolucionário, e botá-lo distribuindo panfletos na rua, isso é inconsistente, sem sentido.

“Um filme bem feito, embora um pouco falante e ingênuo.”

“Resistir aos tiranos é obediência a Deus”

É necessário registrar o texto dos letreiros que surgem antes do início da narrativa, logo após os créditos iniciais – uma espécie de prefácio, de apresentação dos fatos históricos, para contextualizar a situação para o espectador. É muito interessante ver como Huston e Peter Viertel escolheram um linguajar um tanto exagerado, como se fosse um discurso de político da região mais periférica em relação ao poder. É um linguajar de político do interior, sim, mas ao mesmo tempo é carregado de paixão pela liberdade e ódio à ditadura e aos ditadores.

É bom lembrar que Huston havia participado do esforço de guerra poucos anos antes, tendo feito documentários junto das Forças Armadas aliadas na luta contra o nazismo.

“Alguma coisa começou a dar errado com o destino das nações em 1925. Tirania e brutalidade estavam assolando o mundo – novamente. Entre as primeiras baixas estava a linda ilha de Cuba. Um grupo de políticos corruptos liderados pelo presidente Machado retirou todas as liberdades de suas praias tropicais. Eles estrangularam a imprensa, amordaçaram a voz do país, arrancaram sua alma, paralisaram sua honra e reduziram seu povo à miséria e ao desespero. Com força bruta e armas, pisotearam os direitos humanos e saquearam suas indústrias e plantações. Esta é a história do Terror Branco sob o qual a ilha de Cuba ficou encolhida por sete anos, até que seu coração amante da liberdade encontrou seus heróis – em 1933.”

Logo depois dessa introdução, há um letreiro com uma frase (que eu não conhecia) de Thomas Jefferson, um dos “pais fundadores” dos Estados Unidos da América:

“Resistance to tyrants is obedience to God.”

A frase aparecerá – quase idêntica palavra por palavra – pichada num muro de La Habana, bem perto do final da narrativa, quando a revolta popular está nas ruas para derrubar a ditadura:

“Combatir a los tiranos és obedecir a Diós.”

Vejo na página de Trivia do IMDb sobre o filme dois itens interessantes. Um deles diz que We Were Strangers foi considerado um exemplo de “film gris” pelo inventor do termo, o crítico Thom Andersen. “Film gris”, filme cinza, eram os filmes noir que incorporavam um tom “esquerdista”, filo-socialista, filo-comunista.

O outro item diz que o filme fracassou nas bilheterias – apesar de ter dois astros famosos no elenco, Jennifer Jones e John Garfield – e ficou pouco tempo em exibição. “Ele sofreu com as muitas críticas apontando para sua política pró-marxista”, diz o IMDb.

Apesar de parecer ridícula, a informação procede. No capitulo de sua maravilhosa autobiografia – Um Livro Aberto, copyright 1980, lançado no Brasil em 1987 pela L&PM – em que fala do macarthismo, a pavorosa época da caça às bruxas entre os artistas e gente do show business americano no iniciozinho dos anos 50, John Huston escreveu:

“Logo depois do lançamento de We Were Strangers (Resgate de Sangue), em maio de 1949, fui imediatamente acusado pelo Hollywood Reporter de difundir propaganda vermelha. O jornal não se fez de rogado para descrevê-lo como ‘um vergonhoso manual de dialética marxista… e o prato mais indigesto de teoria comunista já servido até hoje às platéias fora da União Soviética…’ Na semana seguinte, o Daily Worker condenava o filme como ‘propaganda capitalista’. Só dando uma gargalhada de desprezo diante de tanta tolice.”

Tem toda razão mestre John Huston. Chamar de propaganda comunista (ou de propaganda capitalista, tanto faz) um filme que ataca as ditaduras e os ditadores, e defende a revolta contra elas e eles com base numa frase de um dos homens que escreveram a Constituição dos United States of America é de fato coisa de tolos. Ou de loucos.

O filme tem fantástica discussão sobre o fim e os meios

Falei pouco acima do defeito de muitos e muitos filmes americanos de não conseguir fazer um bom retrato da realidade dos países abaixo do Rio Grande – e isso é bem verdade. Eu precisaria fazer uma pesquisa para dar alguns exemplos, mas vamos lá. Sangue da Terra/Blowing Wild, 1953, passado na Venezuela. No Tempo das Borboletas/In the Time of the Butteflies, 2001, passado na República Dominicana. A Guerra de um Homem Só/One Man’s War, 1991, passado no Paraguai.

Mas creio que o melhor exemplo seja Domínio de Bárbaros/The Fugitive, de 1947. O filme é dirigido por John Ford, o mestre dos mestres, estrelado por Henry Fonda e se baseia em livro de Graham Greene – três nomes excelsos, augustos. E é uma absoluta porcaria.

Nem todos os filmes americanos passados na América Latina e Caribe, no entanto, cometem esse pecado mortal de não conseguir retratar bem a realidade. E. nos momentos em que tratam fatos históricos latino-americanos de forma genérica, nos pontos que valem para todo o planeta, para toda a humanidade, podem acertar da maneira mais bela e plena possível.

Faz muitos e muitos anos que não revejo Viva Zapata!, o filmaço de 1952 do grande Elia Kazan, em que Marlon Brando interpreta Emiliano Zapata, um dos líderes da luta contra a ditadura do então presidente mexicano Porfirio Diaz, no início do século XX. Mas não dá para esquecer como é maravilhoso o estudo que Kazan faz sobre o grande vácuo que acontece depois que um movimento revolucionário chega ao poder.

Tá bom: foi duro, foi um horror, morreram dezenas dos seus amigos, dos seus companheiros, mas finalmente você conseguiu, você derrubou o tirano. Legal, mas… E agora? O que fazer? Como fazer? Com quem fazer? Você não sabe absolutamente nada disso. E aí?

Esse mesmo grande vácuo é mostrado também no belo Queimada!, um estudo sobre a passagem do regime colonialista, escravagista, para o mercantilismo. Diferentemente de Viva Zapata!, feito com base em personagens e situações reais, Queimada!, do italiano Gillo Pontecorvo, é uma abstração, uma metáfora, uma parábola histórica e política – embora tenha com o filme de Kazan as coincidências do ponto de exclamação e de Marlon Brando como protagonista.

Viva Zapata! e Queimada! são filmes muito mais sérios, mais profundos, mais trabalhados do que este Resgate de Sangue. Mas, assim como esses dois outros abordam muito bem as questões importantíssimas sobre o vácuo do pós-vitória dos revolucionários, este filme do mestre Huston discute de forma fantasticamente lúcida a fundamental questão sobre os fins e os meios. A distância entre uns e outros.

Se você usa os mesmos meios que o seu inimigo, o opressor, o tirano, você não está se colocando no mesmo plano que ele? Não está sendo exatamente como ele?

“Nós vamos também nos transformar em assassinos?”

Elia Kazan e Gillo Pontecorvo eram diretores que faziam filmes políticos, davam imensa importância à política. Huston, não. Huston fazia qualquer tipo de filme, o que pintasse à sua frente. Nunca teve qualquer tipo de ligação com política. Mas a conversa entre os rebeldes que lutam contra a ditadura do presidente-ditador cubano Machado merece constar de qualquer boa antologia sobre cinema político.

A sequência acontece quando We Were Strangers está com uns 23 dos 106 minutos de duração do filme. Estão reunidos em torno de uma mesa redonda, numa pequena cabana bem longe de Havana, sete pessoas – o chefe do movimento revolucionário, China, Fenner e os quatro outros homens que irão em seguida participar do plano de ataque ao ditador. São eles o já citado Guilhermo, papel de Gilbert Roland, Miguel, papel de Wally Cassell, Ramón, papel de David Bond, e Toto, papel de Jose Perez.

Ao rever o filme agora para anotar as falas, reparei que o ator que faz o chefe dos revolucionários, Ramon Novarro, tem uma barbichinha e usa óculos redondos – uma figura bastante parecida com Liev Davidovich Bronstein, o Trotski, que havia sido assassinado com um golpe de picareta no crânio por um enviado de Josef Stálin na Cidade do México em 1940, apenas nove anos antes do lançamento do filme. Seria intencional a semelhança? Ou é apenas uma coincidência?

O chefe cujo nome não é mencionado hora alguma, parecido propositadamente ou não com Trótski, faz uma introdução. Diz que a Organização vai executar uma ação arriscada – e nenhum dos presentes ali tem obrigação de participar. Quem não quiser, não participará, sem que isso signifique nenhuma mancha em seu currículo de revolucionário.

E dá a palavra para Tony Fenner, que explica seu plano: no momento do enterro de uma personalidade importante do governo, explodir uma bomba poderosíssima e matar o ditador e todos os seus principais auxiliares, de uma vez só.

– “Alguém aqui é contra isso?”, ele pergunta.

– “É o que todos nós estamos esperando”, responde um dos homens.

Fenner: – “Mas imaginem que isso signifique também a morte de pessoas inocentes.”

Um dos homens, creio que Guillermo: – “Quantas pessoas?”

Fenner: – “Vinte. Trinta. Talvez cem.”

Um outro responde: – “A Polícia Política mata gente inocente todos os dias.”

Um outro, creio que Ramon, pergunta: – “O que fazem essas pessoas junto do presidente, se são inocentes?”

Fenner: – “São as mulheres, os filhos, os empregados.”

O mesmo que havia falado sobre a Polícia Política logo antes, não sei se Miguel ou Toto, diz: – “Tenho visto crianças mortas nas ruas de Havana sempre.”

Um outro, Toto ou Miguel, concorda: – “É um crime que a Polícia Política comete todos os dias.”

Um deles, Toto ou Miguel, intervém: – “Mas não é certo revidar uma maldade com outra. Nunca foi. Nós, que queremos uma Cuba livre, vamos também nos transformar em assassinos?”

Fenner, duro como uma rocha, fala: – “Você está disposto a se sacrificar pelo país, não está? Então não compreendo seus argumentos. Se você está disposto a dar uma vida inocente, por que não está disposto a tirar uma?”

         O diretor não tem nenhum carinho pelo filme 

John Huston não demonstra qualquer carinho por seu filme – o primeiro feito pela produtora que ele e Sam Spiegel haviam criado em 1948, a Horizon, em associação com a Columbia Pictures.

Eis o que ele fala sobre We Were Strangers no capítulo 14 de sua deliciosa autobiografia:

“Nós dois (Sam Spiegel e ele) tínhamos o maior interesse em pôr logo a produtora para funcionar, por isso, afobada e prematuramente, resolvemos que We Were Strangers (Resgate de Sangue) seria nosso primeiro filme. Era uma novela tirada do livro de contos Rough Sketch, de Robert Sylvester, Um colunists de Nova York publicou uma nota sugerindo que eu filmasse a história. Sam e eu vimos a nota, lemos a novela e pensamos. – Por que não?

“A escolha não foi nada prudente e o filme não saiu muito bom.”

E mais adiante:

“Peter Viertel e eu escrevemos o roteiro de Resgate de Sangue. Era a primeira vez que trabalhava com Peter, que eu conhecia desde pequeno. A mãe dele, Salka Viertel, era uma amiga muito querida, cuja casa várias vezes frequentei. Funcionava como uma espécie de salão literário para a comunidade intelectual de Hollywood, e um refúgio acolhedor depois da extravagância diária do mundo do cinema.

“Era a história da tentativa de assassinato de um ditador cubano e de seus auxiliares imediatos pelas forças revolucionárias. Os papéis principais foram bem interpretados por John Garfield, Jennifer Jones e Pedro Armendáriz, mas nem os atores conseguiram salvar o filme. No fundo, Resgate de Sangue não resistia à mínima análise.”

O autor da obra exagerou. De fato não chega a ser um bom filme; nem de longe está entre as grandes obras do absolutamente eclético Huston. Mas também não é uma porcaria.

Leonard Maltin, por exemplo, deu 3 estrelas em 4: “Intenso, intrigante drama político com Garfield e Jones se unindo à resistência cubana em um plano para derrubar o governo. Bem dirigido por Huston; Garfield está ótimo, mas Roland rouba o filme como um dos revolucionários.”

Gilbert Roland, que faz Guillermo, o revolucionário que conta piadas, toca violão e canta de fato está ótimo. Eu não diria que rouba o filme, mas seu personagem é interessante e o ator deita e rola.

Anotação em agosto de 2021

Resgate de Sangue/We Were Strangers

De John Huston, EUA, 1949

Com Jennifer Jones (China Valdes), John Garfield (Tony Fenner)

e Pedro Armendáriz (Armando Ariete, o policial), Gilbert Roland (Guillermo), Wally Cassell (Miguel), David Bond (Ramon), Jose Perez (Toto), Ramon Novarro (o chefe dos rebeldes), Morris Ankrum (o gerente do banco), Tito Renaldo (Manolo, o irmão de China), Paul Monte (Roberto), Leonard Strong (o homem da bomba), Robert Tafur (Rubio), Ted Hecht (Enrico), Santiago Martinez (garçom), Joel Rene (estudante), Argentina Brunetti (Mama), Robert Malcolm (padre), Roberta Haynes (Lolita), Lelia Goldoni (Consuelo), Paul Marion (o motorista do caminhão), Fred Godoy    (Contreras), Peter Virgo (o motorista de Contreras)

Roteiro Peter Viertel e John Huston

Baseado em um episódio do romance “Rough Sketch”, de Robert Sylvester

Fotografia Russell Metty

Direção musical M.W. Stoloff

Música George Antheil

Montagem Al Clark

Direção de arte Cary Odell

Figurinos Jean Louis

Produção Sam Spiegel, Columbia Pictures.

P&B, 106 min (1h46)

Disponível no Cine Antiqua, no YouTube, em agosto de 2021.  

**1/2

Título na França: Les Insurgés. Em Portugal: Os Insurrectos.

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