O médico colombiano Héctor Abad Gómez era um daqueles homens que Bertold Brecht definiria como imprescindíveis. Lutou a vida inteira pelo bem, pela saúde pública, por melhor as condições de vida das populações mais pobres de seu país. Uma parte de sua vida é contada neste belo El Olvido Que Seremos (2020), do espanhol Fernando Trueba – que, a cada novo filme, demonstra ser, ele também, um imprescindível.
Se o eventual leitor não estiver se lembrando da estrofe inteira de Brecht, é assim:
Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis
Héctor Abad Gómez nasceu em 1921, em uma cidade do interior colombiano chamada Jericó. Foi o fundador da Escuela Nacional de Salud Pública na Universidade de Antioquia, que hoje leva seu nome – Facultad Nacional de Salud Pública Héctor Abad Gómez. Nos anos 1960 e 1970, foi professor de medicina preventiva na Faculdade de Medicina daquela universidade – e até sua morte, em 1987, foi catedrático de saúde pública ali. Foi secretário de Educação municipal e secretário departamental de Saúde. (Antióquia é o departamento, correspondente aos nossos Estados, em que fica Medellin, onde o médico viveu praticamente toda a sua vida.)
Teve carreira política, foi deputado da Assembléia de Antióquia e representante na Câmara do Partido Liberal Colombiano. Além das carreiras universitária e política, dedicou-se também ao jornalismo. Fundou um jornal universitário, U-235, uma revista, El Cocuyo, foi colunista nos jornais El Espectador, El Tiempo e El Mundo.
“Seus pronunciamentos sobre as condições de vida das comunidades marginalizadas e em condições de miséria, em Medellín e na Colômbia como um todo, e muitas de suas idéias avançadas, conquistaram inimizades com colegas, companheiros de faculdade e membros da diretoria. Isso fez com que tivesse que buscar trabalho em outros países, em geral associados à Organização Mundial de Saúde (OMS). Trabalhou em Manila, Filipinas, onde ajudou a fundar a escola de saúde pública, e em Jacarta, na Indonésia. Também foi professor convidado na UCLA, em Los Angeles. Realizou, na Colômbia, importantes projetos de saúde que melhoraram o nível de vida. Inspirou a criação do ano rural obrigatório para os médicos recém-formados, inventou a figura das promotoras rurais de saúde e participou das primeiras campanhas massivas de vacinação contra a poliomielite.”
Muitíssimo pouco disso aí, que está na Wikipedia, aparece no filme de Fernando Trueba. El Olvido Que Seremos não entra em muitos detalhes sobre sua carreira universitária, sobre seu currículo. Dá uma idéia geral de que ele realizou um trabalho importante de luta pela saúde pública, em especial das populações mais pobres – e que teve grande reconhecimento por isso
Não é tanto no homem público conhecido em Medellin como “o apóstolo dos direitos humanos” que El Olvido Que Seremos está interessado. O roteiro, assinado por David Trueba, o irmão mais novo de Fernando, se concentra é no homem Héctor Abad Gómez, na pessoa, no pai de família.
Até porque se baseia no relato autobiográfico do sexto filho do médico, o caçula e único filho homem, Héctor Joaquín Abad Faciolince.
Mais até mesmo do que uma ode a um homem público indispensável, El Olvido Que Seremos é uma homenagem a um pai amoroso que tentava de todas as formas transmitir a seus muitos filhos os valores corretos, os valores fundamentais.
O ator perfeito para interpretar esse homem bom
O filme mostra a vida do médico Héctor e sua família em três momentos diferentes: 1983 e 1987, quando o caçula Héctor já é um rapaz, estuda Literatura em Turim, na Itália, e viaja às vezes para visitar a família em Medellín, e em 1971, quando Héctor Joaquin é um garoto aí de uns 10, 11 anos.
A maior parte dos 136 minutos do filme se passa naquela época em que Quiquin, como todos da família o chamavam, era bem garoto. A rigor, El Olvido Que Seremos é um relato sobre aquele início de adolescência do garoto – como deve ser o livro no qual David Trueba baseou seu roteiro. Um filme sobre o rito de passagem da infância para a adolescência e a idade adulta.
Uma das sacadas do realizador Fernando Trueba foi mostrar aquela época lá atrás, no início dos anos 70, em cores – enquanto os acontecimentos nos anos 80 são vistos em preto-e-branco. Em parte, é um tanto o inverso do mais normal, mais comum – que seria mostrar o passado, o mais distante, em P&B, e os dias mais atuais em cores. No entanto, faz todo sentido, no caso específico aqui: as lembranças que o hoje escritor Héctor Joaquin Abad Faciolince tem da infância são bem mais felizes, coloridas, que os cinzentos, amargos anos 80, com a Colômbia engolfada pela violência do tráfico de drogas e dos grupos políticos radicais e armados.
O garoto Quiquin é interpretado por Nicolás Reyes Cano. O jovem Héctor estudante universitário, por Juan Pablo Urrego.
O Héctor pai, o dr. Héctor Abad Gómez, “el apóstol de los derechos humanos”, é o papel do espanhol Javier Cámara, aquele ator simpático, de sorriso aberto, contagiante – o enfermeiro Benigno Martín do Fale com Ela de Pedro Almodóvar (2002), o Tomás que morava no Canadá do Truman de Cesc Gay (2015), o professor Antonio fanático pelos Beatles do Viver é Fácil com os Olhos Fechados (2013) do mesmo David Trueba autor do roteiro deste filme aqui.
Não poderia haver acerto maior na escolha do ator para fazer aquele incansável defensor dos direitos humanos numa Colômbia dilacerada, mas pai de família bonachão, bem-humorado. Esse Javier Cámara de fato é a simpatia em pessoa.
Uma família classe média enorme – e feliz
Seis filhos! Cinco mulheres e só um homem, o caçulinha – que, evidentemente, era mimado pelo paizão orgulhoso, segundo diziam todas as meninas.
A mãe daquela imensa filharada, Dona Cecília (Patricia Tamayo), era uma boa senhora, paciente, calma, mas atenta à educação de todos. As indicações são de que era uma mulher de família bem de vida; seu tio era o arcebispo de Medellin (o papel de Kepa Amuchastegui). Para ajudá-la na criação dos mais novos, Sol Beatriz e Quiquin, Dona Cecília contava com a ajuda de uma freira, a irmã Josefa (Luz Myriam Guarin).
Uma esposa sobrinha querida do arcebispo, uma irmã de caridade preceptora dos filhos mais jovens – e o dr. Héctor, naturalmente, era um ateu firme, inabalável. Alguns embates brincalhões do pai da família com os preceitos católicos da mulher e da irmã Josefa são deliciosos.
Eis os nomes das cinco filhas do casal, as irmãs mais velhas de Quiquin, e os das atrizes que as interpretam, em ordem decrescente de idade: Mariluz (Maria Tereza Barreto), Clara Inês (Laura Londoño), Eva Victoria, a Vicky (Elizabeth Minotta), Marta Cecília (Kami Zea) e Sol Beatriz (Luciana Echeverry quando criança nos anos 70, Camila Zarate quando jovem nos anos 80).
Uma família grande, imensa – e feliz. Uma família absolutamente normal de classe média, vivendo sem luxo mas também sem problemas materiais, nada básico faltando. Me lembrei das famílias de muitos filhos dos meus colegas do Colégio de Aplicação de Belo Horizonte, uma década antes da mostrada ali na parte colorida do filme – os Carvalho do Walter e Bernardo, os Ferreira da Regina e da Bete, minha primeira grande paixão.
Uma das moças – acho que Marta, a quarta – tocava violão e tinha boa voz, e cantava as mesmas músicas que todo mundo daquela geração cantava. Nós a ouvimos cantar, por exemplo, “Ruby Tuesday”, na minha opinião uma das mais belas canções da dupla Jagger-Richards, do álbum Between the Buttons, de 1967, e “You’ve got a friend”, o grande clássico do disco Tapestry de Carole King.
Uma família grande, imensa e feliz, bem parecida com as dos meus colegas de Aplicação.
Há momentos em que o retrato da vida em família que Fernando Trueba faz aqui lembra bastante o que o mexicano Alfonso Cuarón nos mostrou no seu belíssimo Roma (2018).
Eram tão parecidas as famílias de classe média de Belo Horizonte, Cidade do México, Medellin…
Um dos países mais violentos do mundo
Uma família normal, comum, de classe média – com um pai que fora de casa era “el apóstol de los derechos humanos” e, dentro de casa, uma figura afável, bem-humorada, carinhosa.
Mas tinha mesmo um grude especial com o caçula. Levava o garoto para algumas de suas visitas, com os alunos da Faculdade de Medicina, às favelas de Medellin, onde faziam trabalho social, distribuíam informações, ouviam queixas, davam conselhos. Levava o garoto para sua sala na universidade, onde Quiquin mexia nos livros, lia trechos dos artigos que o pai escrevia numa Olivetti, conversava com a secretária dele, mulher simpaticíssima, Gilma (Aída Morales).
Houve momentos em que o dr. Héctor foi chamado de “comunista”. Nada mais natural: a extrema direita acha que defender direitos humanos é coisa de “comunista”. Houve outros momentos em que estudantes radicais o chamaram de “fascista” – e aquele homem jamais teve qualquer atitude que pudesse parecer nem de longe com fascismo, mas isso também é natural, porque os radicais de esquerda adoram usar o termo “fascista” para designar quem não comunga da sua cartilha.
O problema é que a Colômbia, mais que todos os seus tristes, pobres vizinhos nesta nossa triste, pobre América Latina, conviveu com extremistas armados de todos os matizes.
Há fontes que mostram que, nos últimos 70 anos, os conflitos armados na Colômbia deixaram mais de 218 mil mortos, 25 mil desaparecidos e 5,7 milhões de pessoas deslocadas de seus lares. Houve quase 2 mil diferentes massacres, e cerca de 490 mil mulheres vítimas de abuso sexual. Na década de 2010, a Colômbia era considerada pela ONU o quinto país mais violento do mundo.
O título foi tirado de um poema de Borges
Quando o dr. Héctor morreu, seu filho Héctor Joaquin encontrou num dos bolsos dele um poema escrito à mão, e, abaixo, as iniciais J.B.L. Eis o poema:
Aqui, Hoy
Ya somos el olvido que seremos.
El polvo elemental que nos ignora
y que fue el rojo Adán y que es ahora
todos los hombres, y que no veremos.
Ya somos en la tumba las dos fechas
del principio y el término. La caja,
la obscena corrupción y la mortaja,
los triunfos de la muerte, y las endechas.
No soy el insensato que se aferra
al mágico sonido de su nombre.
Pienso con esperanza en aquel hombre
que no sabrá que fui sobre la tierra.
Bajo el indiferente azul del cielo,
esta meditación es un consuelo.
Quando, anos mais tarde, concluiu seu livro de memórias dedicado ao pai, Héctor Joaquin Abad Faciolince usou como título a magnífica expressão usada no primeiro verso, El Olvido Que Seremos. Lançado em 2006, a obra ganhou o prêmio Casa de América Latina de Portugal como melhor livro latino-americano, e o Prêmio Wola-Duke de Direitos Humanos, dado por uma universidade em Washington.
Houve uma controvérsia sobre a autoria do poema, que não constava dos volumes Obra Poética e Obras Completas de Jorge Luís Borges. O próprio Héctor lançou-se em uma intensa pesquisa sobre a origem do poema e conseguiu comprovar que ele é mesmo do gênio argentino.
Sorte grande teve Héctor Joaquin por Fernando Trueba ter resolvido filmar seu livro, sua história, a história de seu pai.
O diretor é espanhol, o roteirista é espanhol e o ator principal é espanhol, mas El Olvido Que Seremos é um filme colombiano. A maior parte das filmagens foi feita em Medellín mesmo, e o elenco é composto basicamente por atores colombianos. O filme representou a Colômbia no Prêmio Platino de Cinema Ibero-Americano. a premiação criada em 2014 pela Entidad de Gestión de Derechos Audiovisuales (Egeda), da Espanha, e pela Federação Ibero-Americana de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais (FIPCA) – e foi o grande vencedor na oitava edição. Na festa de entrega dos prêmios, em Madri, no início de outubro de 2021, levou os troféus de melhor filme, melhor direção, melhor ator para Javier Cámara, melhor roteiro e melhor direção de arte para Diego López.
O filme ganhou ainda o Goya, o mais importante prêmio do cinema espanhol, na categoria de melhor filme latino-americano.
Um espanhol que ama a América Latina
O jornal inglês The Guardian deu 4 estrelas em 5 para Memories of My Father. A crítica, escrita com carinho e atenção de quem de fato gosta de filmes, assinada por Peter Bradshaw, começa assim:
“Javier Cámara é o ator espanhol com um rosto de homem comum, gentil, aberto, que tem sido uma forte presença nos filmes de Pedro Almodóvar por cerca de 20 anos, particularmente no misterioso e belo Talk to Her, de 2002; Cámara interpretou de forma inesquecível Benigno, o enfermeiro que atendia uma mulher em coma, acreditando que deveria sempre falar com ela. Agora ele dá uma maravilhosa riqueza e calor a este filme muito tocante, dirigido por Fernando Trueba; ele se baseia na história real de Héctor Abad Gómez, o ativista colombiano pela saúde pública e proeminente crítico do governo que em 1987 foi (…).
“Cámara interpreta Gómez, o professor, marido e pai de uma família vivaz e talentosa de várias moças e um de alguma forma mimado filho: Héctor, interpretado por Nicolás Reyes Cano enquanto um menino de cara redonda e depois por Juan Pablo Urrego como um estudante sério de literatura.”
No parágrafo anterior, cortei fora uma informação que me parece desnecessária, além de ser um spoiler.
Peter Bradshaw termina sua crítica assim: “Este é um drama familiar maravilhosamente simpático, profundamente sensível e ternamente engraçado, com uma novelística atenção para detalhes e episódios – um pouco como Roma de Alfonso Cuarón, sobre crescer na Cidade do México na mesma época. Cámara vive intensamente a figura de Gómez: inconscientemente inspiradora e adorável.”
Crítica feita com atenção e carinho é um trem bom.
Fernando Trueba nasceu poucos anos depois de mim, em 1955, em Madri. Como François Truffaut e seus colegas da nouvelle vague, como Peter Bogdanovich, começou pela crítica antes de chegar à realização: foi crítico do El Pais entre 1975 e 1979 e fundou uma revista de cinema, chamada Casablanca. “Em sua estréia na direção de longa-metragem, com Opera Prima, impulsionou o estabelecimento de um novo gênero do cinema espanhol, conhecido como ‘la comédia madrileña’”, diz Rubens Ewald Filho em seu Dicionário de Cineastas.
Em 1992, Trueba ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro com seu Sedução/Belle Époque, uma comédia dramática com Jorge Sanz e Penélope Cruz ambientado no interior da Espanha pré-Guerra Civil, em 1932. Ao receber a estatueta dourada na cerimônia do Oscar, ele disse: “Eu gostaria de acreditar em Deus, mas acredito mesmo em Billy Wilder”.
Antes deste El Olvido Que Seremos aqui, Fernando Trueba havia conquistado para sempre minha fervorosa admiração com um filme feito e passado no Chile e outro passado em Cuba. É fascinante ver como um premiado, reconhecido, respeitado cineasta europeu conseguiu fazer filmes tão apaixonados pelo Chile e por Cuba. A Dançarina e o Ladrão (2009) e Chico & Rita (2010) são maravilhosos.
Com este filme cheio de amor pelos homens de bem e pela Colômbia, ele confirma ser um realizador imprescindível.
E vem mais por aí: neste mês de novembro de 2021 em que vimos El Olvido Que Seremos, estava em pré-produção uma nova animação, assim como Chico & Rita, com o título ainda provisório de Eles Mataram o Pianista. Há anos intrigava Fernando Trueba a história do pianista brasileiro Tenório Jr., que estava em Buenos Aires para acompanhar Vinicius de Moraes e Toquinho em uma série de shows, em 1978, e foi assassinado por paramilitares de extrema direita.
Chile, Cuba, Colômbia, Brasil, Argentina. É fascinante a atenção desse cineasta para esta parte tão distante e tão infeliz do mundo.
Anotação em novembro de 2021
A Ausência Que Seremos/El Olvido Que Seremos
De Fernando Trueba, Colômbia, 2020
Com Javier Cámara (Héctor Abad Gómez)
e Nicolás Reyes Cano (Quiquin, Héctor, o caçula, quando criança), Juan Pablo Urrego (Héctor jovem), Patricia Tamayo (Cecilia Faciolince, a mulher de Héctor e mãe da filharada), Maria Tereza Barreto (Mariluz, a primogênita), Laura Londoño (Clara Inês, a segunda filha), Elizabeth Minotta (Eva Victoria, Vicky, a terceira filha), Kami Zea (Marta Cecilia, a quarta filha), Luciana Echeverry (Sol Beatriz, a quinta filha quando criança), Camila Zarate (Sol Beatriz jovem)
e Whit Stillman (dr. Richard Saunders, o amigo americano), Laura Rodriguez (Barbara), Luz Myriam Guarin (irmã Josefa, a preceptora dos mais jovens), Aída Morales (Gilma, a secretária de Hector na faculdade), Gustavo Angarita (Aguirre), Kepa Amuchastegui (o arcebispo, tio de Cecilia), Gianina Arana (Andrea, a fisioterapeuta), Adriana Ospina (Silvia), Alberto Rodriguez (Betancurt), John Camilo Pinzón (Gabriel, o grande amigo de Héctor filho), Juan Manuel Aristizabal (Gabriel quando criança)
Roteiro David Trueba
Baseado no livro autobiográfico homônimo de Héctor Abad Faciolince
Fotografia Sergio Iván Castaño
Música Zbigniew Preisner
Montagem Marta Velasco
Direção de arte Diego López
Figurinos Ana María Urrea
Produção Dago Garcia Producciones, Caracol Televisión, Lupin Film
Cor e P&B, 136 min (2h16)
Disponível na Netflix em novembro de 2021
***
Parece um filme muito bom, apesar de eu conhecer quase nenhum ator!
Um tom de comedia seria que me encanta.
ótima resenha.
Apesar do maior foco na figura de pai e chefe de uma família adorável, o filme sobre a vida de Héctor Abad Gomez traz elementos relevantes sobre o papel social do médico, bastante desvalorizado hoje na formação e na identidade médica fortalecida pelo marketing das redes sociais. Antes de ser político, era alguém que acreditava que oferecer atenção em saúde, só é realmente efetivo, quando profissional e paciente se aproximam, se reconhecem e compartilham visões de mundo. Um médico de família adiante de seu tempo. Um visionário que praticava a filosofia que hoje chamamos Slow Medicine: medicina sóbria, justa e respeitosa.