Espelhos d’Alma/The Dark Mirror, drama policial-psicológico de 1946, foi indicado ao Oscar de melhor história original. Não levou o prêmio, que ficou com Longe dos Olhos/Perfect Strangers, de Alexander Korda, mas dane-se o Oscar: a história do filme é uma absoluta maravilha, uma sacada brilhante.
O autor da pérola se chama Vladimir Pozner, de quem eu nunca tinha ouvido falar – imagino que assim como muita gente. Vladimir Pozner nasceu e morreu em Paris, em 1905 e 1992. Os pais haviam fugido da perseguição aos judeus na Rússia czarista, os pogroms. Com a ascensão do nazismo, exilou-se nos Estados Unidos. Escreveu mais de 20 romances, mas, apesar disso, ficou muitíssimo menos conhecido que o escritor que redigiu o roteiro de The Dark Mirror a partir da sua história original, e que o realizador que dirigiu o filme.
O roteiro é de Nunnally Johnson, reconhecido como um dos melhores roteiristas de Hollywood em todos os tempos. E a direção é de Robert Siodmak, outro europeu que se radicou nos Estados Unidos, realizador de 62 filmes, entre eles Ciladas/Pièges (1939), Dama Fantasma/Phantom Lady (1944), Férias de Natal / Christmas Holiday (1944) Os Assassinos/The Killers (1946), Silêncio nas Trevas/Spiral Staircase (1946), Uma Vida Marcada/Cry of the City (1948).
Em 6 minutos, uma imensa quantidade de informações
A grande estrela do filme, Olivia de Havilland, surge na tela quando estamos chegando aos 6 minutos – e é fascinante, espetacular, como o roteirista Nunnally Johnson conseguiu, em menos de 6 minutos, apresentar tantas informações ao espectador.
Logo depois dos créditos iniciais (rápidos, como era o costume na época), a câmara de Robert Siodmak e do diretor de fotografia Milton Krasner mostra o interior de um apartamento. É de noite, a iluminação não é forte, o ambiente é escuro. Vemos um relógio marcando 10h50, depois um abajur revirado no chão – sinal óbvio de luta. E logo vemos o corpo de um homem no chão, um punhal enfiado no peito.
Ficamos conhecendo o tenente da Polícia Stevenson (o papel de Thomas Mitchell, o ator que trabalhou com John Ford e em vários filmes de Frank Capra), e acompanhamos os pontos mais importantes do interrogatório de três testemunhas. George Benson (Lester Allen), vizinho do dr. Frank Peralta, a vítima, o viu na noite do crime acompanhado de uma mulher muito bonita e atraente, por volta das 22 horas. A sra. Didriksen (Lela Bliss), que mora no apartamento logo abaixo do dr. Peralta, conta que, às 22h35, ouviu o barulho de um baque no seu teto. Ela abriu a porta de seu apartamento e viu que descia as escadas uma mulher bonita e atraente.
E Frances Beade (Marta Mitrovich), a secretária do dr. Peralta, dá um testemunho arrasador. Conta que, na noite do crime, ele sairia com Teresa Collins, uma moça por quem havia se apaixonado, e a pediria em casamento. E explica para o tenente Stevenson que Teresa Collins trabalhava na banca de revistas que funcionava no térreo do prédio do centro médico – o edifício em que ficava o consultório do dr. Peralta.
Stevenson vai até lá com as duas outras testemunhas, Mrs. Didriksen e George Benson, pedindo que eles observem Teresa Collins e digam se ela é a mulher que eles haviam visto na noite do crime no prédio onde morava o dr. Peralta. As duas testemunhas confirmam: é ela mesmo.
E então, com seis minutos de filme, vemos pela primeira Olivia de Havilland, na pele de Terry Collins.
Stevenson se apresenta a ela, mostra o distintivo da polícia. Naquele exato momento, chega um cliente, pedindo um drops de limão. É um cliente conhecido, o psicólogo Scott Elliott (Lew Ayres), que também tem consultório ali no centro médico.
Assim que o dr. Elliott se distancia levando seu drops de limão, Stevenson pergunta onde Terry havia estado na noite anterior, entre 8 e 11 da noite. Com naturalidade, a moça pergunta por que está sendo interrogada – e logo diz que às 9 da noite ela havia ido passear no Jefferson Park, e voltado para casa entre 10h30 e 10h45.
– “Passeou quase três horas sozinha no parque?” – pergunta o policial.
Sorridente, tranquila, ela responde: – “Não exatamente. Fiquei cerca de duas horas ouvindo o concerto da banda, e, quando terminou, fui até o lago e me sentei para ouvir as canções perto da água. Aí ficou frio, e voltei para casa.”
– “E durante todo esse tempo não encontrou ninguém conhecido?”
– “Eu não disse isso”, diz Terry. “O açougueiro e a mulher dele estavam sentados atrás de mim durante o concerto. O sr. Peterson. O açougue dele fica na rua tal, número tal. (…) E também o guarda do parque, perto do lago. Conversamos um bom tempo. (…) E também um rapaz chamado Nat Altrup, que me acompanhou até minha casa.”
As testemunhas dão duas versões diferentes
Que maravilha!
Ainda não chegamos a 9 minutos de filme, e temos três testemunhas de que aquela bela moça, de jeito simpático, simples, sorridente, esteve com o dr. Frank Peralta na noite do crime. Exatamente ao redor do horário em que ele foi morto.
E temos pelo menos quatro testemunhas de que aquela mesma moça estava no Jefferson Park, naquele mesmo horário.
O que já está muito bom vai ficar ainda melhor quando chegamos aos 13 minutos do filme. É a grande sacada da história criada por Vladimir Pozner e belamente roteirizada por Nunnally Johnson.
Os realizadores não fizeram questão alguma de esconder o grande lance que acontece quando o filme está com 13 dos seus bem curtos 85 minutos. Os cartazes originais de The Dark Mirror trazem a informação.
Sou, no entanto, muito cuidadoso com informações que podem ser spoilers. Apesar de aparecer até mesmo nos cartazes do filme, apesar de todas as sinopses destacarem o fato, acho que a revelação da grande sacada da história deve ser uma surpresa para o espectador, como foi para mim.
Atenção: quem não viu o filme deve parar aqui
Então fica o alerta: se o eventual leitor não viu o filme, e tem interesse em ver (deveria ver, e está disponível no YouTube, inteiro e legendado), deveria parar de ler este texto agora.
Uma maravilha de trama
O tenente Stevenson vai à casa de Terry, para fazer mais perguntas a ela. Começa dizendo que o álibi confere: sim, as testemunhas que ela apontou confirmaram que a viram no Jefferson Park. Depois comenta que as testemunhas podem ter apoiado o álibi por estarem apaixonadas por ela; afinal, ela é uma mulher por quem muitos homens se apaixonam. E então pergunta se ela é canhota.
– “Nasci canhota”, diz Terry. “Mas aprendi a fazer a maior parte das coisas com a mão direita. Não gostava de ser canhota.”
– “O legista revelou que a punhalada foi dada com a mão direita.”
E o policial insiste: – “Nós vamos quebrá-lo, viu? Esse álibi. Pode levar algum tempo, mas acabaremos por destruí-lo.”
Terry pede, educadamente, que o tenente saia de sua casa. E aí, nesse momento, acontece: uma voz feminina de dentro de um quarto chama por Terry. O tenente Stevenson vai até lá – e vê diante dele uma mulher absolutamente idêntica a Terry Collins: sua irmã gêmea, Ruth.
Gêmeas! Gêmeas idênticas! Interpretadas, obviamente, pela mesma atriz, essa ótima Olivia de Havilland.
O tenente Stevenson vai conversar com o promotor público Girard (Charles Evans) sobre o caso. O promotor vai inclusive chamar as duas irmãs para uma conversa. Policial e promotor estão absolutamente seguros de que uma das duas gêmeas assassinou o dr. Peralta, enquanto a outra esteve no Jefferson Park e foi vista por várias pessoas, para garantir um álibi perfeito. Estão absolutamente certos de que uma das duas é a assassina – mas não têm como saber qual das duas, e portanto não podem levar o caso à Justiça.
Maravilha de trama!
Hollywood nos anos 40 tinha paixão pela psicologia
A polícia não tem mais o que fazer, a Justiça não pode ser acionada para julgar duas mulheres porque uma delas é suspeita de um crime. Beco sem saída. Dead end.
Entra a psicologia. Entra o psicólogo que tem consultório no prédio do centro médico, onde fica a banca de revistas de Terry Collins. O tenente Stevenson, que não desiste nunca, procura o dr. Scott Elliott. Fica sabendo que – por uma dessas coincidências de que a vida e as histórias de ficção estão cheias – o dr. Scott Elliott é um especialista na questão de gêmeos. Já pesquisou diversos pares de gêmeos, estudou-os, escreveu livros sobre eles.
O psicólogo resolve procurar as irmãs Collins, e propor a elas que façam três sessões semanais com ele, uma de cada vez. Ele as remuneraria pelo tempo que tomará delas. As duas estão precisando de dinheiro, e aceitam.
Boa parte de The Dark Mirror será nas entrevistas do dr. Scott Elliott com as gêmeas Terry e Ruth Collins.
Toda essa imersão na psicologia que o filme faz é muito interessante – até porque é mais um exemplo de como o cinema americano foi fascinado pela psicologia, pela psicanálise, ali pelos anos 40.
Quando Fala o Coração/Spellbound, de Alfred Hitchcock, lançado em 1945, um ano antes deste The Dark Mirror, é um profundo mergulho na psicanálise: Ingrid Bergman interpreta uma psiquiatra que resolve proteger um homem que sofre de amnésia (o papel de Gregory Peck) e é suspeito de ser um assassino.
Hitchcock era muito ligado à coisa da psicologia, psicanálise. Toda a trama de Marnie – Confissões de uma Ladra (1964) é Freud puro.
Da época deste The Dark Mirror, há também Passado Tenebroso/The Dark Past, 1948 (assassino toma a família de um psicólogo da polícia como refém e revela para ele um pesadelo recorrente), Na Solidão da Noite/Dead of Night, 1945 (sonho recorrente de arquiteto começa a virar realidade), A Ladra/Whirlpool, 1949 (uma cleptomaníaca é hipnotizada na tentativa de de se tratar, e acaba na cena de um crime sem se lembrar do que aconteceu a ela nas últimas horas), Alucinação/Blind Alley, 1939 (feito refém de um gângster, psiquiatra começa a analisar seu carcereiro). A Vida Secreta de Nora/Half Angel, 1951 (enfermeira sonâmbula paquera de noite um sujeito que ela detesta durante o dia), Mental Poise, 1938 (um paciente visita um psicanalista com quem é muito parecido, e rapidamente se torna difícil dizer quem é um e quem é o outro).
Num jogo de espalho, vemos três Olivias de Havilland
Claro, nas últimas décadas têm sido absolutamente comum filmes em que um ator ou uma atriz faz mais de um papel – e os dois personagens aparecem na mesma tomada. Faz muito tempo que se criam truques para conseguir isso. Hoje em dia, com as imagens geradas por computador, é a coisa mais fácil do mundo.
Mas confesso que me encantei com a tranquilidade com que Robert Siodmak mostra duas Olivias de Havilland na mesma tomada, neste filme de 1946 – que tem portanto 73 anos. Não algumas poucas vezes, mas várias, diversas, muitíssimas vezes. Ora as duas usando exatamente o mesmo vestido – como algumas mães costumam fazer com suas gêmeas –, ora cada uma vestindo um tipo de roupa.
Tudo mostrado com a maior simplicidade. Tudo feito como se aquilo fosse a coisa mais fácil de se fazer, mais comum, mais normal, 73 anos atrás!
O filme trata de forma tão blasé o domínio técnico de se sobreporem duas imagens na tela que a página de Trivia sobre ele no IMDb não tem um único item sobre esse tema – quando o normal é que haja diversos itens sobre particularidades, tecnicalidades desse tipo nos outros filmes.
E se, tecnicamente, a coisa de vermos duas Olivias de Havilland é muito bem feita, artisticamente é uma maravilha. Ela demonstra a grande atriz que é fazendo dois papéis diferentes, duas irmãs gêmas idênticas fisicamente mas, é claro, muitíssimo diferentes no comportamento, no caráter, na forma de ver o mundo.
Como bem diz o dr. Scott Elliott, “Nem mesmo a natureza pode duplicar o caráter. Nem mesmo em gêmeos”.
Vamos vendo, aos poucos, pela interpretação cheia de nuances de Olivia de Havilland, que Terry é uma mulher intensa, inteligente, esperta, extrovertida. E que Ruth é uma mulher extremamente sensível, curiosa, um pouco tímida, reservada.
O roteiro de Nunnally Johnson e a direção de Robert Siodmak são seguros, firmes, sem firulas, frescuras, fogos de artifício – mas, diante das belas interpretações de Olivia de Havilland como as duas irmãs tão diferentes, diante daquela maravilhosa oportunidade, eles se permitiram, já bem ao final do filme, um show à parte. Uma pequena explosão de fogos de artifício: num diálogo entre as duas irmãs, a câmara as focaliza perto do espelho do quarto. O espelho, como no título. E então o espectador vê não duas, mas três rostos de Olivia de Havilland. Em algumas tomadas, dois rostos da atriz como Terry; em outras, dois rostos da atriz como Ruth.
É coisa para cinéfilo apertar o rewind e ver de novo uma, duas, três vezes.
E há aí uma fantástica referência à vida real. Quando o filme vai se aproximando do fim, fica claro que existe entre as duas irmãs – especialmente da parte de Terry – uma imensa, intensa rivalidade. Na vida real, como se sabe, havia uma imensa, intensa rivalidade entre as irmãs Olivia de Havilland e Joan Fontaine.
Um detalhinho: naquele mesmo ano de 1946, Olivia de Havilland fez também Só Resta uma Lágrima/To Each His Own, de Mitchell Leisen – e por ele ganhou o primeiro de seus dois Oscars. Ela teve no total cinco indicações ao prêmio da Academia, e venceria também em 1950 por Tarde Demais/A Herdeira, de William Wyler. Bateu, assim, a irmã: Joan Fontaine teve três indicações ao Oscar e levou um, por Suspeita (1941), de Alfred Hitchcock.
Lew Ayres, um ator cuja vida daria um belo filme
O veterano e simpático Thomas Mitchell faz um tenente de polícia bem diferente de tantos outros. É um sujeito abnegado, dedicado ao trabalho, sim, como muitos que já vimos, mas é também um tanto à vontade, muito mais solto que tantos outros colegas. Não é um sujeito tenso; às vezes é até brincalhão, irônico. É uma bela interpretação também. Siodmak era sem dúvida grande diretor de atores.
Está bem também Lew Ayres, um ator de quem jamais tinha ouvido falar, que faz o bom psicólogo Scott Elliott. Lew Ayres (1908-1996) tem mais de 150 títulos em sua filmografia como ator – e ele foi também diretor, produtor, roteirista, diretor de fotografia e montador.
Vejo agora que esse Lew Ayres teve uma vida que parece um filme, que mereceria servir como base para uma bela cinebiografia. Não consigo conter a vontade de falar um pouco dele.
Em 1929, com apenas 21 anos de idade, ele foi o ator principal de O Beijo, estrelado por Greta Garbo. No ano seguinte, fez o papel de Paul Baumer em Sem Novidade no Front/All Quiet on the Western Front, de Lewis Milestone, baseado no livro de Erich Maria Remarque, o grande clássico antibelicista. O jovem ator foi profundamente tocado pela mensagem pacifista do filme e, em 1942, quando já era bastante conhecido por ter interpretado o dr. Kildare em vários filmes, e foi convocado pelo exército – em plena Segunda Guerra Mundial – recusou-se a servir, alegando questão de consciência.
Houve uma reação em cadeia contra Lew Ayres. Foi considerado covarde, antipatriota, e cadeias de cinemas anunciaram que não exibiriam mais qualquer filme em que ele aparecesse.
A ironia fantástica, trágica, é que ele pediu para servir como paramédico e assistente de capelão no Medical Corps, foi admitido e serviu em duras batalhas contra os japoneses no Pacífico Sul, na Nova Guiné e nas Filipinas. Exatamente como Desmond Doss, que também usou o argumento de objetor de consciência para não pegar em armas e salvou dezenas de vidas nas batalhas contra os japoneses na Segunda Guerra Mundial – cuja vida foi retratada no belo filme de Mel Gibson de 2016, Até o Último Homem/Hacksaw Ridge.
Quando a turba reage como num estouro da boiada, não há espaço para a razão, o raciocínio – e as platéias americanas continuaram boicotando os poucos filmes que Lew Ayres teve a oportunidade de fazer após o final da Segunda Guerra. Este Espelhos d’Alma foi o primeiro filme dele depois da guerra. Dois anos depois, em 1948, ele ganharia uma indicação ao Oscar de melhor ator por Belinda – mas, mesmo assim, sua carreira não voltou a deslanchar como antes. Permaneceu ativo, no entanto, fez muitas séries para a então nascente televisão, e teve outros papéis no cinema; trabalhou até 1994 – morreria em 1996, aos 88 anos.
A história contada “de maneira austera”
Leonard Maltin deu 3 estrelas em 4 ao filme – e, bem ao contrário de mim, não tem frescura alguma em tentar esconder do leitor a grande sacada da história que só é revelada quando o filme está com 13 minutos. Diz ele, curto e grosso, revelando tudo: “De Havilland interpreta duas irmãs – uma boa, a outra perturbada – que se acham implicadas em assassinato. Uma das incursões de Hollywood do pós Segunda Guerra Mundial no drama psicológico; hoje em dia já não tem frescor, mas ainda é interessante. Refilmado para a TV em 1984 com Jane Seymour.”
Numa única frase, a primeira, Maltin conta tudo o que o filme esconde quase até os 40 minutos do segundo tempo. Mas gostei muito do fato de ele chamar a atenção para a coisa das incursões de Hollywood no drama psicológico, na psicologia. Isso de fato é uma das características marcantes deste filme muito bom, muito interessante.
O Guide de Films de Jean Tulard dá 3 estrelas ao filme, algo que não é muito comum. La Double Énigme, o duplo enigma – eis o título que os distribuidores franceses encontraram para o filme.
“Siodmak conta esta história de demência criminosa de uma maneira austera, quase demonstrativa, evitando se apoiar nos efeitos. Isso aumenta curiosamente a força do filme, que joga com a ambiguidade latente que existe entre as duas irmãs. Essa representação do bem e do mal sob uma forma idêntica cria assim um desconforto que contribui para que o filme seja bem sucedido.”
A avaliação do Guide de Jean Tulard me deixa feliz. Tentei dizer coisa parecida com isso que o Guide fala sobre os efeitos, lá atrás: “Tudo mostrado com a maior simplicidade. Tudo feito como se aquilo fosse a coisa mais fácil de se fazer, mais comum, mais normal, 73 anos atrás!” Claro que o guia do mestre francês vai muito além – mas me conforta que tive sensação parecida com a dos autores do Guide des Films.
Le Double Énigme! Onde diabos os exibidores franceses foram tirar isso?
Ah, sim, detalhinhos sobre o título. No IMDb, o mais enciclopédico site sobre filmes, o título em português aparece no singular, Espelho d’Alma – diferentemente de no Dicionário de Cineastas de Rubens Ewald Filho e de na edição brasileira do Dicionário de Cinema – Os Diretores de Jean Tulard. Ambos trazem o título Espelhos d’Alma, no plural. O grande site errou. Todo mundo erra, uai – por que o IMDb não poderia errar?
Anotação em julho de 2019
Espelhos d’Alma/The Dark Mirror
De Robert Siodmak, EUA, 1946.
Com Olivia de Havilland (Terry Collins / Ruth Collins), Lew Ayres (Dr. Scott Elliott), Thomas Mitchell (tenente Stevenson), Richard Long (Rusty), Charles Evans (promotor público Girard), Garry Owen (Franklin), Lela Bliss (Mrs. Didriksen, a vizinha da vítima), Lester Allen (George Benson, o vizinho da vítima), Martha Mitrovich (Frances Beade, a secretária da vítima)
Roteiro Nunnally Johnson
Baseado em história de Vladimir Pozner
Fotografia Milton Krasner
Música Dimitri Tiomkin
Montagem Ernest J. Nims
Produção International Pictures, Nunnally Johnson Productions.
P&B, 85 min (1h25)
1º/7/2019.
***1/2
Título em Portugal: O Espelho da Alma. Na França: La Double Énigme.
Um dos Melhores Papéis de Olivia de Havilland, após a sua Batalha contra a Warner. Pela qual saiu Vencedora, e ganhou seu Primeiro Óscar por Só Resta Uma Lágrima. Ela faleceu Tranquilamente aos 104 anos. Depois do Kirk Douglas, se eu não estiver Enganado, ela foi a Última Atriz da Hollywood Clássica que ainda Vivia. Belo thriller, você Esqueceu de Mencionar que Thomas Mitchell foi o Pai de Vivien Leigh-Scarlet O’Hara em: “E o Vento Levou”. Mas isso é um Mero Detalhe para nós Cinéfilos. Um abraço.