Ciladas / Pièges


Nota: ★★½☆

Anotação em 2000: Raridade muito interessante de se ver, e ainda um bom filme, 60 anos depois. Uma boa história de suspense.

A polícia de Paris investiga desaparecimento de diversas mulheres, e taxi girl de dancing é contratada por investigador para servir de isca para o culpado; acaba se envolvendo com um playboy milionário (Maurice Chevalier, simpático, canastrão e bom chansonier), que eventualmente é preso acusado de ser o assassino. Tem graça, humor; meio que se perde em casos paralelos, às vezes. Mas é bom.

Feito em 1939, o ano em que começou a Segunda Guerra, este foi o último filme da primeira fase européia do diretor Robert Siodmak (1900-1973). A história de Siodmak é interessantíssima; americano de Memphis, estudou na Universidade de Marburg, e começou a carreira longa na Alemanha. Saiu do país com a ascensão do nazismo, radicou-se na França e fez alguns filmes lá; em 1939, ano deste filme, fugiu de novo do nazismo, voltando para os Estados Unidos, onde, entre 1941 e 1952, fez diversos filmes, vários deles noirs. Diz Jean Tulard, no seu Dicionário de Cinema – Os Diretores:

 “Com os alemães em Paris, Siodmak fugiu para os Estados Unidos. Essa terceira fase de sua carreira é a mais célebre. Irá se distinguir no filme noir, do qual já havia pressentido a importância. A Dama Fantasma, baseado em Irish, Silêncio nas Trevas, Assassinos, que toma por tema uma novela de Hemingway, Baixeza, Dúvida, Uma Vida Marcada valem a pena ser vistos por sua iluminação expressionista (o enterro em Assassinos), pelos seus personagens loucos ou sádicos (Franchot Tone em A Dama Fantasma, Laughton em Dùvida), pelo erotismo (Yvonne de Carlo em Baixeza, a piteira de Barbara Stanwyck em Confissão de Telma, pelo suspense (a vítima muda de Silêncio nas Trevas), pela evocação do submundo das cidades (Uma Vida Marcada).”

Depois dessa fase americana, o diretor retornaria à Europa, onde a partir de 1953 filmou na Alemanha e na França do pós-guerra. Figuraça.  

Ciladas/Pièges

De Robert Siodmak, França, 1939.

Com Maurice Chevalier, Marie Dea, Pierre Renoir, Madeleine Geoffroy, André Brunot

Roteiro Jacques Companéez e Ernest Neuville

Diálogos Simon Gantillon

P&B, 106 min.

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