O Homem Irracional, o Woody Allen safra 2015, tem muito, mas muito a ver com Crimes e Pecados, de 1989, e Match Point, de 2005. E, naturalmente, assim como os dois anteriores, tem tudo a ver com Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski.
Woody Allen já bebeu em Liev Tolstói (A Última Noite de Bóris Grushenko, 1975), em Franz Kafka (Neblina e Sombras, 1991), em William Shakespeare via Ingmar Bergman (Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão, 1982), em Ingmar Berman (quase toda sua obra, mas especialmente A Outra, 1988, e Desconstruindo Harry, 1997), em Federico Fellini (A Era do Rádio, 1987, Memórias, 1980).
É useiro e vezeiro nisso. Inspira-se nas grandes obras que admira e cria seus filmes a partir delas. Inspira-se nos outros, mas faz filmes que são personalíssimos, marca registrada, Woody Allen em estado puro.
Não se inspira nos outros de forma tímida, escondida, sub-reptícia. Não: mostra abertamente a fonte em que bebeu.
Abe Lucas, o protagonista da história (uma excelente interpretação de Joaquin Phoenix), um professor de Filosofia que, na primeira parte da narrativa, está no fundo do poço, descrente de tudo, deprimido, sem gosto por absolutamente nada na vida, nem mesmo por mulher, cita vários autores, como é comum na galeria de tipos criados por Woody Allen. Abe cita autores demais, até porque o vemos várias vezes na sala de aula, e um professor de Filosofia tem a obrigação de citar muitos autores – e então Abe fala de Sartre, Camus, Kierkegaard, Kant, mas lá pelas tantas diz que o escritor que mais admira é Dostoiéviski.
E aí a aluna mais inteligente, interessante, fascinante de Abe Lucas, a outra personagem central da história, Jill Pollard (o papel dessa absoluta gracinha que é Emma Stone), arregala os lindos, expressivos olhos, e diz que ela também adora Dostoiéviski, já leu tudo dele.
Mais tarde, cheia de culpa, mas com uma curiosidade maior que a culpa, Jill invadirá a casa do professor Abe Lucas. E encontrará um exemplar de Crime e Castigo – o livro que inspirou Crimes e Pecados, Match Point e este O Homem Irracional –, em que Abe escreveu o nome de Hannah Arendt e a expressão muito usada por ela, “banalização do mal”.
O maravilhoso comediante acrescenta mais um drama à sua filmografia
O filme começa com Abe Lucas dirigindo seu carro rumo à pequena cidade do Estado de Rhode Island onde passará a dar aula. Acabara de ser contratado para o Departamento de Filosofia da universidade daquela cidade. Sua fama chega antes que ele – fama de mulherengo, mas profissional experiente, competente, que, ultimamente, havia caído numa profunda depressão, depois de perder a mulher para um grande amigo e o maior amigo na explosão de uma mina no Oriente Médio.
A primeira frase que ouvimos é Abe citando, em pensamento, enquanto dirige, o filósofo Immanuel Kant:
– “Kant dizia que a razão humana é perturbada por questões que ela não pode deixar de lado, mas também não consegue responder. OK: de que se trata aqui? Moralidade? Escolha? A aleatoriedade da vida? Estética? Assassinato?”
É exatamente disso que trata O Homem Irracional: crime, castigo, moral, a capacidade do homem de escolher. A aleatoriedade da vida.
É o velho e bom Woody Allen, o grande cineasta, o maravilhoso comediante, acrescentando mais um drama à sua filmografia.
A voz em off do professor Abe Lucas-Joaquin Phoenix, que abre o filme, vai aparecer diversas vezes ao longo da narrativa. Entremeadas às suas narrações, considerações, há as narrações, considerações de Jill Pollard. Uma bela sacada de Woody Allen – uma história narrada não por um, mas pelos dois personagens centrais.
Logo depois daquela primeira frase de Abe, ouvimos a voz de Jill Pollard-Emma Stone, enquanto a vemos, bem de longe, caminhando num lugar cheio de árvores, um belo gramado:
– “Acho que Abe estava louco desde o início. Será que era devido ao stress? À raiva? Era desgosto pelo sofrimento interminável que ele via na vida? Ou simplesmente a insignificância do dia a dia o entediava? Ele era tão interessante. E diferente. Um ótimo orador. Ele sempre era capaz de colocar uma sombra nos assuntos com suas palavras.”
Corta, e vemos Abe, ao volante, abrindo uma dessas canequinhas de aço inoxidável perfeitas para se colocar uísque. O professor Abe Lucas, em depressão profunda, não vendo nada de bom na vida, bebe bastante, demais da conta.
– “Para os existencialistas, nada acontece até chegarmos ao fundo do poço. Quando eu dei aula na Braylin, eu estava, emocionalmente, bem lá no fundo. É claro que minha reputação me precedeu.”
Corta, e vemos um casal de professores caminhando pelo belíssimo campus da universidade. O homem diz que Abe Lucas foi contratado e está para chegar. A professora: – “Verdade? Isso vai botar um tanto de Viagra no Departamento de Filosofia.”
De repente, muda tudo: Abe sai do fundo do poço, fica cheio de vida
Apesar de todo o seu mau humor, seu desencanto, seu jeito sério e triste – ou talvez por causa de tudo isso, mais a sua inteligência, sua oratória –, Abe vai bem rapidamente fascinar duas mulheres na universidade. Uma delas é uma professora – não de Filosofia, não da área de Humanas, mas de Ciências Biológicas –, Rita Richards (interpretada por Parker Posey, uma atriz de que eu não me lembrava). Rita, apesar de casada com outro professor – ou talvez por causa disso mesmo – dará em cima de Abe abertamente.
A outra mulher é Jill Pollard, a garotinha que, como já foi dito, é a aluna mais inteligente, interessante, fascinante do professor recém-chegado.
Jill tem um namorado firme, Roy (Jamie Blackley), um rapaz legal, gente boa, que gosta demais dela. Roy terá ciúme do professor boa pinta que passa a conversar frequentemente com Jill. A princípio, Jill não chega a pensar em Abe como um possível amante – tem admiração intelectual por ele. Mais tarde, vai percebendo que tem, sim, atração física pelo professor.
Abe não está a fim de comer a aluna inteligente – até porque, com a depressão toda e o álcool, não anda comendo ninguém. (Uma hora lá ele diz: – “Eu queria ser um ativista e mudar o mundo e acabei virando um intelectual passivo que não consegue trepar.”) E, quando ela passa a demonstrar que tem interesse nele, Abe tentará, com vigor, evitar o sexo com a bela Jill: nessas horas, fala bem de Roy e diz que ela não deve abandonar o namorado.
Quando o filme está com 30 minutos – um terço da duração total de 95 minutos –, acontece algo que faz mudar completamente, mas completamente, o estado de espírito de Abe.
É como se ele gritasse Shazam e se transformasse num super-herói. É como se ele levasse um baita choque elétrico e passasse a ser exatamente o contrário do que era antes.
Somem a depressão, a desesperança, o fundo do poço. Abe passa a se sentir bem, a achar que a vida é boa, que a vida vale a pena.
– “A tontura e a ansiedade desapareceram e eu estava feliz e desfrutando da alegria de viver”, ele narra para o espectador.
– “A vida é irônica, não é? Um dia a pessoa está num pântano cheio de problemas complicados, insolúveis, e então, num piscar de olhos, as nuvens negras se vão e ela pode desfrutar de uma vida decente novamente. É espantoso.”
A vida vem mesmo em ondas como o mar: quando as coisas estão ruins, tudo piora, mas quando as coisas vão bem, tudo vai bem, é um círculo virtuoso, é a avalanche ao contrário, rumo ao topo da montanha, e então Abe pára de beber uísque durante o dia todo, passa a ter muito apetite – culinária e sexual, para alegria de Rita Richards.
Embora muitas sinopses do filme adiantem o motivo dessa mudança de 180 graus, tem que entrar aqui o aviso de spoiler.
Cuidado, por favor. A partir daqui, spoiler. Quem não viu o filme deve parar por aqui
Quando o filme está com uns 27 minutos, Abe e Jill estão conversando numa lanchonete. Jill presta atenção à conversa que quatro pessoas estão tendo na mesa atrás da deles; sinaliza para Abe, e os dois passam a acompanhar a conversa.
Estão falando de um juiz da cidade, um tal Thomas Spangler (Tom Kemp), que está infernizando a vida de uma senhora ali do grupo. Por amizade com o ex-marido dela, tem dado sentenças contrárias aos interesses dela num processo sobre a guarda das duas crianças do casal.
O grupo fala muito mal do juiz Spangler. Uma das pessoas diz que gostaria que o juiz tivesse um câncer e morresse.
Jill ouve aquilo e fica com imensa simpatia pela mãe que está perdendo a guarda dos filhos por causa de um juiz injusto, que age contra as provas e testemunhos que são apresentados a ele. Fica com pena da mãe, com raiva do juiz. Reage como qualquer ser humano racional reagiria.
Abe ouve aquilo e resolve agir, atuar, interferir, mudar o curso dos acontecimentos. Decide que vai matar o juiz injusto, para que a vida daquela boa mulher não seja destruída.
É a decisão de que vai agir, atuar que faz com que Abe dê um cavalo de pau e gire 180 graus, saia da depressão e se encha de vitalidade.
Naturalmente, ele não conta para Jill que tomou essa decisão. É um segredo dele.
Matar alguém – e sem ter sequer uma motivação pessoal. Brrrr….
Em Crimes e Pecados, o médico Judah Rosenthal (Martin Landau) vê sua sólida posição social ameaçada quando a amante Dolores (Anjelica Houston) diz que vai contar toda a história do longo relacionamento à mulher dele, a rica Miriam (Claire Bloom). Sela-se a tragédia.
Em Match Point, o jovem tenista Chris Wilton (Jonathan Rhys-Meyers) vê seu projeto de fantástica ascensão social via casamento com a rica herdeira Chloe (Emily Mortimer) ameaçado por Nola (Scarlett Johansson), a bela mulher que se tornou sua amante. Sela-se a tragédia.
Neste O Homem Irracional, o professor de Filosofia Abe Lucas toma a decisão de assassinar um homem não por um motivo pessoal. E é exatamente isso – a falta de motivo, a falta de algo que possa ligá-lo ao juiz Spangler – um dos argumentos que ele usa para se convencer de que não será pego. A polícia não terá como ligá-lo ao juiz, ele pensa – de uma forma bem parecida com a que pensou Bruno Anthony, o personagem interpretado por Robert Walker em Pacto Sinistro/Strangers on a Train (1951), de Alfred Hitchcock.
Bruno bota na cabeça que se Gay Haynes (o personagem de Farley Granger) e ele trocassem a vítima, se um matasse a pessoa que o outro queria ver morta, não haveria motivo, não haveria ligação entre assassino e vítima, e então a polícia não teria como provar a culpa deles.
Matar sem motivo pessoal. Sem que isso traga qualquer vantagem para o assassino – e portanto que também não traga qualquer vínculo, pista, prova.
Matar apenas e tão somente porque uma conversa entreouvida num bar indicou que aquele juiz era um homem mau e estava ferrando a vida de uma boa mulher.
Pensar sobre isso dá um frio na espinha.
Em Os Irmãos Karamázovi, Dostoiévski usa várias vezes a frase: Se Deus não existe, então tudo é permitido.
A frase não aparece explicitamente em O Homem Irracional, este filme de Woody Allen que foi fundo em Dostoiévski. Mas ela paira o tempo todo sobre essa decisão de Abe Lucas de matar o juiz que quer tirar os filhos da guarda da boa mãe.
O segundo filme consecutivo de Woody Allen com Emma Stone
Foi o segundo filme consecutivo de Woody Allen com essa garota que parece ter tirado a sorte grande, o prêmio da loteria de Natal, Emma Stone. No Woody Allen safra 2014, Magia ao Luar, Emma Stone já havia feito o principal papel feminino, o da jovem Sophie, que se apresenta como dotada de poderes mediúnicos. Um mágico que não acredita em absolutamente nada que não seja visível aos olhos e provado pela Física, interpretado por Colin Firth, tentará desmascará-la – para, obviamente, encantar-se por ela.
Como alguém poderia não se encantar por uma personagem que vem na pele de Emma Stone?
Emma Stone – me peguei pensando enquanto via O Homem Irracional pela primeira vez – não é uma menina assim propriamente linda. Seguramente há atrizes da geração dela de rosto mais belo. (Ela é de 1988; faz 30 anos em 2018.)
Não, não é lindérrima. Mas é um absoluto encanto.
Woody Allen volta e meia diz em seus filmes que os escritores de livros de auto-ajuda que nos perdõem, mas é preciso sorte na vida. Não basta ter talento, não basta trabalhar duro – é preciso ter sorte. Emma Stone é a prova viva disso. Não é lindérrima, mas é encantadora, tem muito talento, trabalha a sério – e tem uma sorte danada.
Ou não é ter sorte fazer dois filmes consecutivos com Woody Allen, ganhar o principal papel em um filme de elenco estelar como Histórias Cruzadas/The Help e em seguida ser escolhida para La La Land?
Neste ano de 2017, Emma Stone, 29 anos de idade, 40 títulos no currículo, já coleciona 54 prêmios, inclusive o Oscar e o Globo de Ouro por La La Land, fora outras 109 indicações.
O segundo filme de Allen com Emma Stone foi o primeiro dele com Joaquin Phoenix e com essa Parker Posey que interpreta a fogosa Rita Richards. Parker Posey (em duas das fotos abaixo) foi chamada pelo diretor para seu filme seguinte, Café Society, de 2016. Depois que vi O Homem Irracional, fiquei sabendo que Parker Posey é uma atriz elogiadíssima pela crítica e querida por grandes diretores.
O oitavo drama entre os 45 filmes dirigidos por Woody Allen em 46 anos
Alguns registros sobre números:
* O Homem Irracional é o 45º filme dirigido por Woody Allen em 46 anos – não contando com o japonês que ele apenas dublou em 1966, O Que Há, Tigresa?, e contando seu episódio de Contos de Nova York como um filme. São 46 anos entre 1969, o ano de Um Assaltante Bem Trapalhão/Take the Money and Run, e 2015.
* É o oitavo drama, entre esses 45 filmes. Os outros dramas são Interiores (1978), Setembro (1987), A Outra (1988), Crimes e Pecados (1989), Maridos e Esposas (1992), Match Point (2005) e O Sonho de Cassandra (2007).
* É o sexto dos 45 filmes do cineasta em que acontece um assassinato. Os anteriores são Crimes e Pecados (1989), Neblina e Sombras (1991), Um Misterioso Assassinato em Manhattan (1993), Ponto Final: Match Point (2005) e O Sonho de Cassandra (2007).
O mundo fictício de Woody Allen tem sua Hogwarts
O Braylin College, onde se passa boa parte da ação, onde Abe Lucas e Rita Richards dão aulas e Jill e Roy estudam, é uma entidade fictícia, naturalmente. As cenas passadas no Braylin College foram filmadas na Universidade Salve Regina, em Newport, Rhode Island.
Os diálogos de O Homem Irracional falam de uma outra instituição de ensino fictícia, a Adair University. É dito que, antes de ser contratado pelo Braylin College, Abe Lucas dava aulas na Adair University. Foi também a Adair University que primeiro expulsou e mais tarde recebeu com honras Harry Block, o personagem interpretado por Woody Allen em Desconstruindo Harry (1997). E Sondra Pransky, a personagem interpretada por Scarlett Johansson em Scoop: O Grande Furo (2006) estudou Jornalismo na mesma Adair University.
O mundo fictício de Woody Allen tem sua Hogwarts.
Para a crítica do AllMovie, o filme não chega ao nível dos clássicos de Allen
O belo site AllMovie foi rigoroso e deu ao filme apenas 2.5 estrelas em 5. (Os leitores do site deram uma média de 3.5 em 5. Os leitores do IMDb deram nota média de 6,6 em 10.) A crítica no AllMovie, assinada por Tom Ciampoli, termina dizendo que Allen felizmente deu mais atenção à trama do que deu, por exemplo, à personagem Rita Richards, interpretada por Parker Posey (nas fotos acima e abaixo),“uma caricatura de uma nota só de uma mulher rebelde, perturbada, que está sempre querendo mais”.
A trama, diz a crítica, “vai prender o interesse dos espectadores e faz um trabalho adequado ao explorar o único tema filosófico que o filme apresenta: como devemos nos comportar eticamente depois de compreender que não temos o controle sobre o nosso próprio destino. Irrational Man às vezes é irresistível, especialmente quando focaliza a fascinação de Abe por sua missão assassina. No final das contas, o filme não chega ao nível dos clássicos de Allen, embora Phoenix possa fazer com que valha a pena vê-lo para os fãs fervorosos do diretor.”
Esse sujeito nos presenteia com uma obra de um esplendor descomunal
Em um esplendoroso texto publicado no New York Times em 16 de julho de 2015, a crítica Manohla Dargis diz que Irrational Man explora a aleatoriedade da vida.
Ela começa seu texto lembrando o diálogo entre um escritor e um físico que acontece em Setembro, o drama de 1987 de Woody Allen.
Em meu texto sobre Setembro, transcrevi todo o diálogo que a crítica do New York Times cita:
Naquela longa noite, haverá um diálogo fantástico, extraordinário, tenebroso, Woody Allen em estado puro, entre Peter-Sam Waterston, o publicitário com pretensões literárias, e Lloyd-Jack Warden, que é físico.
Peter: – “Em que área da física você trabalha?”
Lloyd: – “Numa área mais aterrorizadora do que a que faz explodir o planeta”.
Ele não usa hora alguma a palavra astrofísica, mas fica bastante claro que é isso.
Peter: – “Há algo mais aterrorizador do que a destruição do mundo?”
Lloyd: – “Há. O conhecimento de que não importa uma ou outra forma, tudo é aleatório. Tudo se origina ao acaso, do nada, e depois desaparece para sempre. Não estou falando do mundo, e sim do universo. Todo o espaço, todo o tempo, uma convulsão temporária.”
E depois completa: o universo é moralmente neutro e inimaginavelmente violento.
Em seguida, a crítica Manohla Dargis contrapõe a insistência com que Mr. Allen repete, na tela e fora dela, que a vida não tem sentido algum, com a sua prodigiosa produção cinematográfica. “Como tende a ser o caso de seu trabalho, esse novo filme – leve e sombrio – parece, soa e se apresenta bastante com alguns de seus títulos anteriores. E isso não é ruim. Uma das características do trabalho de Mr. Allen, e às vezes algumas de suas atrações, é como cada novo filme registra-se como um outro capítulo em um projeto que – em sua escala e escopo, e de uma forma em que parece falar sobre sua vida pessoal – veio a ter semelhança com uma estranha metaficção. Em seu conto ‘O Livro de Areia’, Jorge Luis Borges cria ‘um livro infinito’ sem começo ou fim, o que é outra maneira de descrever o que se pode sentir ao se considerar a totalidade dos filmes de Mr. Allen.”
É isso aí. É exatamente isso aí. Enquanto nos diz que a vida não tem sentido, que tudo é aleatório, que tudo começa por acaso e depois desaparece para sempre, esse filho da mãe desse Allan Stewart Konigsberg nos presenteia com uma obra de uma beleza, de um esplendor descomunal.
Ainda bem que ele existe.
Anotação em julho de 2017
O Homem Irracional/Irrational Man
De Woody Allen, EUA, 2015
Com Joaquin Phoenix (Abe Lucas), Emma Stone (Jill Pollard)
e Parker Posey (Rita Richards), Jamie Blackley (Roy), Ethan Phillips (o pai de Jill), Betsy Aidem (a mãe de Jill), Sophie Von Haselberg (April),
Robert Petkoff (Paul), Tom Kemp (juiz Thomas Spangler), Joe Stapleton (professor), Nancy Carroll (professor), Allie Gallerani (estudante), Brigette Lundy-Paine (estudante), Katelyn Semer (estudante), Leah Anderson (estudante) Paula Plum (reitora), Nancy Giles (asssistente da reitora)
Argumento e roteiro Woody Allen
Fotografia Darius Khondji
Montagem Alisa Lepselter
Casting Patricia Kerrigan DiCerto e Juliet Taylor
Produção Gravier Productions
Cor, 95 min (1h35)
***1/2
Eu decidi pensar alto sobre os seus textos de cinema: são absolutamente ótimos, no conteúdo e na forma, e devem virar um livro que certamente será un bestseller. Pense nisso, rapaz.
PS: Não sei se escrevi corretamente a expressão bestseller. Corrija-me se for o caso.
Pô, Mel, muitíssimo obrigado! É bom ter amigos! Grande abraço!
Sérgio
Amo a maneira que escreve! Simplesmente fico fascinada pelas tuas críticas. Parabéns mesmo 🙂