O realizador Christian Vincent criou em A Corte/L’Hermine (2015) uma trama fascinante, original, sui generis mesmo. É um drama de tribunal, que acompanha, do começo ao fim, o julgamento de um homem acusado de assassinar a própria filha, um bebê de 7 meses. Só que tão importante quanto o julgamento em si – ou mais – é o que está acontecendo na mente e no coração do juiz.
Como o juiz que preside o julgamento e é o centro da história vem na pele e no talento imenso de Fabrice Luchini, e no júri há uma mulher de meia idade de beleza esplêndida, luminosa – interpretada pela dinamarquesa Sidse Babett Knudsen –, e o realizador é maduro, experiente, firme, temos aí um belo filme.
Christian Vincent – nascido em 1955, 10 filmes dirigidos num período de 26 anos a partir de 1990 – costuma ser o autor dos roteiros de suas obras, às vezes ao lado de um co-autor. E seus roteiros são originais, tramas criadas pelos próprios escritores diretamente para os filmes, e não adaptações de livros ou peças.
Assina sozinho o roteiro original deste A Corte. A trama, como já foi dito, é fascinante, original – e a forma com que ela é apresentada é uma maravilha. O roteiro foi escrito de forma a ir revelando bem claramente, e bem depressa, os fatos fundamentais. Os personagens são bem desenhados e, de maneira natural, os diálogos, as situações, vão delineando já nos primeiros minutos as características de suas personalidades.
Também de maneira que parece muito natural, nada forçada, o roteiro vai apresentando para o espectador não familiarizado como funciona um tribunal do júri da França. E com isso o filme ganha ainda mais uma qualidade, a de nos mostrar, sem pretender ser didático, mas ao mesmo tempo sendo, os trâmites da Justiça Penal francesa. Que são muito, mas muito diferentes dos da tradição anglo-americana, conhecidos nossos por causa de tantos e tantos filmes de tribunal.
Um juiz rígido, nada simpático, de quem as pessoas ao redor não gostam
O juiz Michel Racine – o personagem de Fabrice Luchini – é rígido. Não é nem procura ser simpático.
Um juiz “à deux chiffres” – um juiz de dois dígitos.
Assim ele é definido, bem no início do filme, por um artista (Daniel Isoppo), um profissional que desenha os personagens dos julgamentos que mais atraem a atenção das pessoas (no tribunal não é permitido tirar fotos), para publicação nos jornais. O artista vai assistir a todo o julgamento, em companhia de uma jovem que não conhece nada de tribunal de júri. Enquanto faz seus desenhos – excelentes, que retratam com perfeição os personagens do drama –, vai dando algumas dicas para a foca. E, de quebra, claro, para o espectador.
Michel Racine exige ser chamado não de monsieur le juge, senhor juiz, mas de monsieur le Président, porque ele é o presidente do tribunal. Na França, o júri é presidido por um juiz que tem dois auxiliares, assistentes, e cada um se senta de um lado do presidente. No filme, são um homem e uma mulher, interpretados por Bruno Tuchszer e Magaly Godenaire.
Os jurados sentam-se na mesma bancada que o presidente, os juízes auxiliares e o promotor público. Formam, de fato, materialmente, visivelmente, um tribunal. Tem sentido, portanto, o tratamento de presidente.
E então Michel Racine tem a fama de ser “le Président à deux chiffres”. Réu com ele em geral pega mais de 10 anos.
Não que seja um mau juiz. É sério, cuidadoso, atento, estuda a fundo todo o processo antes de sentar-se na tribuna para presidir o julgamento. Faz todas as perguntas pertinentes, não demonstra de forma alguma pressa – muito ao contrário. Ouve com muita atenção todas as respostas. Abre espaço para perguntas dos assistentes, do promotor, dos jurados – na França, diferentemente do que acontece na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Brasil, os jurados podem fazer perguntas às testemunhas.
É um juiz bem preparado e que exerce seu dever com absoluta dignidade, com absoluto respeito à lei.
Mas é mão pesada. É rígido. É duro nas condenações.
E não é uma pessoa simpática.
Não que seja grosseiro com os interlocutores. Não é isso. É polido, educado – mas no limite mínimo da polidez, da educação. Não procura tratar bem as pessoas, não procura ser agradável. É seco, formal – e deixa claro sempre que é a autoridade maior dentro do tribunal, e portanto tem que ser respeitado.
A maior parte das pessoas do tribunal não gosta dele. Os funcionários, o juiz assistente, o advogado de defesa (Michaël Abiteboul) têm antipatia por ele. É respeitado, até um pouco temido – mas pouquíssimos têm afeto por ele.
Separou-se há pouco da mulher – ela o expulsou de casa, segundo dizem no tribunal –, e vive agora num hotel. Não teve filhos. Aparentemente, não tem um amigo no mundo.
Para piorar ainda mais, na antevéspera do julgamento que irá durar três dias foi dominado por uma gripe forte.
Nos primeiros momentos do julgamento, o artista dirá para sua amiga jovem e inexperiente: “O juiz está de mau humor. Não gostaria de ser o acusado”.
O réu nega peremptoriamente que matou a filha. A mãe não sabe dizer como ela morreu
O acusado se chama Martial Beclin (Victor Pontecorvo). Tem 27 anos, não tem profissão definida – fez trabalhos braçais, mas, na época em que foi preso, estava desempregado.
Um dos milhões e milhões de pessoas pobres, humildes, sem acesso a educação, a chances na vida. O pai era operário da construção civil; quando Martial tinha 3 anos, o pai sofreu uma queda, morreu. Ele tentou fazer alguns cursos, como um para colocação de tapetes, mas não conseguiu concluir nenhum.
Tem toda a aparência, o jeito, o modo de falar de pessoa bronca – não apenas de não educada, mas de pouca inteligência, mesmo.
Quando morreu a filhinha, Melissa, de 7 meses, foi à polícia comunicar a morte. Foi interrogado durante muitas horas seguidas, e, ao final, confessou ter matado a filha com chutes.
Algum tempo depois da morte do bebê e da prisão, no entanto, Martial escreveu – certamente com a ajuda do advogado – uma carta ao presidente do tribunal do júri, negando a autoria do crime e afirmando que havia tomado a decisão de, durante o julgamento, responder apenas que era inocente, e mais nada.
O juiz Michel Racine lê a carta para todos os presentes no tribunal. Pede a Martial que confirme se continua com a mesma idéia, e o réu confirma que sim. A cada pergunta do juiz, responde: – “Eu não matei Melissa”. Depois de várias respostas idênticas, muda para “Eu não chutei Melissa”.
No momento em que Melissa morreu, só estavam no apartamento de habitação popular de periferia muito pobre Martial e sua mulher, Jessica (Candy Ming). Jessica está no tribunal, assistida por uma advogada. Tem o ar, a expressão de quem não está aí – uma expressão de nada, de absoluto vazio no rosto. De quem está sob o efeito de tranquilizantes – e ela responde ao juiz que tem tomado muitos remédios, tranquilizantes, soníferos.
Às insistentes perguntas do juiz Michel Racine sobre como foi que a pequena Melissa morreu, a mãe, rosto de nada, de vazio, responde que não sabe.
O pai diz que não foi ele. A mãe diz que não sabe como foi.
Os dois bebiam muito. Haviam bebido muito no dia da morte de Melissa.
Não há testemunha capaz de esclarecer nada – os vizinhos falam de brigas, de gritos, de muito choro do bebê, mas apenas isso.
Nem pai nem mãe sequer apresentam uma versão concreta de como foi a morte.
Os peritos usam as expressões técnicas para dizer que a morte se deu por batidas na cabeça. Pode ter sido de uma porta de armário – em algum ponto é dito que, para não ouvir o choro do bebê, Martial o colocou dentro de um armário.
O juiz diz para os jurados que provavelmente ninguém saberá o que de fato ocorreu
Todos os fatos que dá para saber acerca da morte do bebê e das condições de vida do casal são colocados no tribunal, com os testemunhos de peritos, assistentes sociais, policiais, vizinhos.
É, sim, um perfeito filme de tribunal, e o espectador pode chegar à conclusão que quiser. Que Martial deve ser mesmo o assassino – tendo premeditado ou não. Que não, que foi a mãe, e Martial chegou a confessar para poupar a mulher, que na época da morte de Melissa já estava grávida de novo, de cinco meses. Que foram os dois juntos, em ação premeditada. Que foram os dois juntos, sem premeditação – bêbados, podem ter deixado o bebê cair, podem sem querer ter batido com a porta de um armário na cabeça dele.
Como o próprio juiz Michel Racine dirá, quando está para terminar o segundo dia do julgamento e ele aparece na sala em que os jurados estão reunidos: muito provavelmente ninguém saberá exatamente o que aconteceu naquela noite, no apartamento quase miserável, daquele pobre, pobre, pobre casal.
Ué – mas o juiz Michel Racine dirá isso para os jurados? Mas ele não era mão pesada, le Président 2 chiffres, o que sempre condena os réus a mais de dez anos?
Pois é. Aí é que reside o ingrediente especial que torna este A Corte/L’Hermine um filme de tribunal bem diferente de tantos e tantos outros – e, meu Deus do céu e também da terra, como há belos filmes de tribunal!
Um momento para lembrar de grandes filmes de tribunal
Um parênteses para lembrar alguns dos maiores filmes de tribunal que já foram feitos.
Anatomia de um Crime. Testemunha de Acusação. Julgamento em Nuremberg. O Veredicto. Acima de Qualquer Suspeita. 12 Homens e uma Sentença.
Estes foram os primeiros que me vieram à cabeça, assim de cara, sem parar mais do que um minuto para pensar.
Com a exceção de Julgamento em Nuremberg – o tribunal internacional, político, para julgar os criminosos de guerra nazistas assim que terminou a Segunda Guerra em 1945 –, todos eles são filmes que mostram tribunais ingleses ou americanos, e, pelo que vemos neles, os americanos copiaram bastante dos seus colonizadores a sistemática do júri popular.
Há de fato muitas diferenças em relação ao que Christian Vincent mostra neste A Corte.
Consulto a mim mesmo: dou uma olhada na tag Tribunal do 50 Anos de Filmes. Nuuuu…. Quanto filme bom. E há vários franceses também, é claro.
Martin Roumagnac – Mulher Perversa / Martin Roumagnac (1946), de Georges Lacombe,
Uma Jovem Tão Bela Como Eu / Une Belle Fille Comme Moi (1972) de François Truffaut,
A Viúva de Saint-Pierre/La Veuve de Saint-Pierre (2000), de Patrice Leconte,
Uma Garota Dividida em Dois / La Fille Coupée en Deux (2007), de Claude Chabrol,
A Garota de Mônaco / La Fille de Monaco (2008), de Anne Fontaine – também com Fabrice Luchini;
O Homem que Elas Amavam Demais / L’Homme qu’on aimait Trop (2014), de André Téchiné.
Nenhum deles, no entanto, mostra tão claramente o funcionamento do tribunal do júri quanto este A Corte/L’Hermine.
A rigor, a rigor, o que vem a seguir é spoiler. Atenção: spoiler
Falar da bela mulher que surge no júri e mexe com a cabeça e o coração do até então rígido, severo, seco, nada simpático juiz Michel Racine, le Président à Deux Chiffres, o mãozona pesada… A rigor, a rigor, explicar quem ela é me parece spoiler.
Todo mundo fala quem ela é. A pequeníssima sinopse apresentada pelo Now – o filme está disponível lá – fala da bela mulher, e, na minha opinião, avança muito mais do que uma sinopse deveria. A sinopse do site AlloCiné, o site mais enciclopédico (de que eu tenha notícia) sobre o cinema francês, revela demais. A sinopse curtinha – duas frases apenas – do IMDb revela mais do que deveria.
Essa coisa de spoiler tem me incomodado cada vez mais. Talvez esteja ficando muito neurótico com isso. A cada dia que passa mais entendo que é melhor tomar cuidado do que tirar o prazer de um eventual leitor se surpreender com a trama do filme.
Se o diretor e o roteirista escolheram mostrar determinado fato muito importante de sua trama apenas quando o filme está com 15 minutos, não tem muito sentido um comentário sobre o filme antecipar o fato para quem ainda não viu o filme, não é mesmo?
O criador da história, roteirista e diretor Christian Vincent constrói seu filme de uma tal maneira que, se o espectador tiver tido a sorte de não ter lido absolutamente nada sobre o filme, poderá perfeitamente sequer perceber que Ditte Lorensen-Coteret (a personagem interpretada por Sidse Babett Knudsen) terá grande importância na trama.
Uma beleza de mulher e de atriz, essa Sidse Babett Knudsen
Ela aparece em cena pela primeira vez quando o filme está aí com uns 15 minutos. Será só quando a narrativa está com meia hora que se revelará que há algo especial com ela. E só quando o filme está bem na metade dos seus 98 minutos as coisas a respeito dela se esclarecem de vez.
Da personagem Ditte Lorensen-Coteret, portanto, não vou dizer mais quase nada além do que acabei de dizer.
Da atriz que a interpreta, Sidse Babett Knudsen, dá para dizer, sem ser spoiler, que é impressionante o resultado que ela conseguiu obter, sob a direção de Christian Vincent e através das lentes do diretor de fotografia Laurent Dailland. Ela vai ficando mais e mais bela à medida em que o filme vai passando.
Sim, é uma bela mulher, quando aparece pela primeira vez, lá pelos 15 minutos, na fase de seleção do júri. Uma bela mulher, sem dúvida, mas nada assim tão especial. A câmara não se fixa muito nela, é bem verdade.
Lá pelos 30 minutos, quando os jurados estão almoçando, no primeiro dia do julgamento, o espectador é apresentado para aquele grupo numeroso – seis jurados, mais dois suplentes, mais a prima de uma delas. São muitos rostos, muita informação junta. Um dos jurados é árabe, e também uma das juradas, a que tem a prima sempre a tira-colo, e de repente os três começam a discutir, a bater boca em árabe.
Pela primeira vez a câmara pousa um pouco mais de tempo em Ditte-Sidse Babett Knudsen, quando ela se apresenta para o grupo – explica que nasceu em Copenhagen, mas está na França há 20 anos, está com 45, é médica anestesista em Lille, divorciada, dois filhos, um menino, uma menina.
O espectador está um tanto zonzo com tanta cara, tanto nome, a discussão paralela dos árabes em árabe, enquanto os jurados estão sentados num restaurante para o almoço e cada um vai se apresentando aos outros (e também, claro, à platéia). Se, no entanto, o espectador prestar atenção, essa Ditte é uma mulher muito, muito bela.
Quando sorri, saem faíscas da tela.
Vai ficando cada vez mais e mais bela, até a tomada final.
Sidse Babett Knudsen tinha 2 anos a mais que seu personagem, quando o filme foi lançado, em 2015: nascida – assim como Ditte – em Copenhagen em 1968, estava portanto com 47. Estudou teatro em Paris durante três anos, entre 1987 e 1990. De volta a seu país, fez muita TV. Em 2006, teve a oportunidade espetacular de trabalhar sob a direção da conterrânea Susanne Bier em Depois do Casamento/Efter brylluppet.
Mais recentemente, esteve na série Borgen (2010-2013). Em 2016, participou de Westworld e trabalhou duas vezes ao lado de Tom Hanks, em Negócio das Arábias e Inferno.
Por sua atuação como a médica Ditte neste A Corte, ganhou o César de melhor atriz coadjuvante. Foi a quinta atriz não francesa a ganhar o prêmio, depois – meu Deus, que lista de mulheres! – da italiana Virna Lisi em A Raínha Margot (1994), a belga Cécile De France em Bonecas Russas (2005), a espanhola Carmen Maura em As Mulheres do Sexto Andar (2010) e a americana Kristen Stewart em Acima das Nuvens (2014).
Foi a primeira trilha sonora assinada por Claire Deamur, uma jovem cantora
Um registro sobre a música.
Ali quando o filme está bem na metade, após o final do primeiro dia do julgamento de Martial Beclin, vemos Ditte, que havia estado durante todo o dia em Saint-Omer, onde acontece o júri, dirigindo seu carro até Lille, a cidade em que vive.
Música combina com estrada.
Enquanto Ditte dirige, o espectador ouve uma canção folk, bela, forte. A letra é em inglês, e a cantora canta com um bom inglês, mas se o espectador-ouvinte for muito atento, perceberá que é uma francesa que canta.
Sim, é. Quem canta é Claire Denamur, jovem francesa nascida em 1984, que passou dos 5 aos 15 anos nos Estados Unidos – onde, além de aprender a língua, seguramente aprendeu a paixão pelas canções folk. A canção que toca no meio do filme, e também nos créditos finais, se chama “Dreamers” – e, quando toca, o espectador sente um frio na espinha.
Verdade que, se for conferir direitinho a letra, há um certo desapontamento. Mas a melodia é linda, a voz é envolvente, e a canção faz a gente gostar ainda mais do filme que está vendo.
Fiquei um tanto pasmo ao saber que Christian Lucien encomendou toda a trilha sonora a essa jovem Claire Denamur, que não tinha experiência nesse tipo de coisa. E a verdade é que ela não decepciona, de forma alguma.
O diretor e o ator tiveram a ajuda de um presidente de júri
Fabrice Luchini, nascido em 1951, quatro anos antes de Christian Vincent, começou a carreira de ator em 1969, e já tinha fama e respeito quando interpretou o papel principal do primeiro longa-metragem do realizador, La Discrète (1990). Nunca mais haviam trabalhado juntos – até este L’Hermine, um quarto de século depois.
Consta que Fabrice Luchini é apaixonado pelo mundo do Judiciário.
Consta também que Christian Vincent não conhecia muito desse universo. Como preparação para escrever a história, o realizador assistiu a dois julgamentos em tribunal do júri inteirinhos, do início ao fim. (Em francês, tribunal do júri se diz cour d’assises; jamais tinha ouvido a expressão, é claro.) Em um deles, teve a autorização do presidente para acompanhar também as discussões dos jurados.
O mesmo presidente foi procurado mais tarde por Fabrice Luchini, à procura de informações para compor seu personagem.
O site AlloCiné afirma que Christian Vincent se inspirou, para criar a personagem de Ditte, na Christine de A Regra do Jogo, a obra-prima de Jean Renoir – e de fato há semelhanças.
Mas no excelente site há também viajandões, tipo que o juiz Michel Racine representa a noite, enquanto Ditte representa a luz.
Em outra página na internet, Semiosine Le Blog, encontrei uma boa explicação sobre o título original do filme, L’Hermine. Hermine é arminho, um animal do qual eu não sabia absolutamente nada. Diz o texto do Semiosine Le Blog sobre L’Hermine:
“O arminho é esse pequeno animal cuja brancura imaculada deu a ele rapidamente a dura tarefa de simbolizar tanto a pureza quanto a inocência, notadamente no domínio da Justiça. E a Justiça é precisamente o tema do novo filme de Christian Vincent – o arminho do título remetendo à pele branca que orna a roupa desse figura de autoridade judiciária que é o presidente do tribunal do júri.”
Vivendo e aprendendo.
Anotação em novembro de 2016
A Corte/L’Hermine
De Christian Vincent, França, 2015.
Com Fabrice Luchini (o juiz Michel Racine), Sidse Babett Knudsen (Ditte Lorensen-Coteret)
e Eva Lallier (Ann Lorensen-Coteret, a filha de Ditte), Corinne Masiero (Marie-Jeanne Metzer, jurada), Sophie-Marie Larrouy (Coralie Marciano, jurada), Fouzia Guezoum (Nacera Boubziz, jurada), Simon Ferrante (Simon Orvieto, jurada), Abdellah Moundy (Yacine Balaoui), Serge Flamenbaum (Serge Debruyne, jurado), Emmanuel Rausenberger (Rémi Kubiak, jurado), Gabriel Lebret (Franck Leuwen), Salma Lahmer (a prima), Victor Pontecorvo (Martial Beclin, o réu), Candy Ming (Jessica Marton, a mulher do réu), Michaël Abiteboul (o advogado de defesa), Jennifer Decker (a advogada de defesa), Hélène Van Geenberghe (a advogada assistente), Magaly Godenaire (a juíza assistente), Bruno Tuchszer (o juiz assistente), Julien Emirian (o promotor), Daniel Isoppo (o caricaturista), Raphaël Ferret (Jean-Michel Massimet, o tenente de polícia)
Argumento e roteiro Christian Vincent
Fotografia Laurent Dailland
Música Claire Denamur
Canção “Dreamers” por Claire Denamur
Montagem Yves Deschamps
Casting Tatiana Vialle
Produção Albertine Productions, Gaumont, Cinéfrance 1888, France 2 Cinéma, Enfin Seul(s) Production, Canal+, Ciné+.
Cor, 98 min
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Uma original forma de mostrar na tela um romance, distanciado-se do tradicional roteiro, onde de beijos e sexo são quase que obrigatórios. Já imaginaram um romance desenrolar-se num tribunal, onde réus testemunhas, e demais personagens sempre presentes se tornam secundárias?