Borgen, série produzida pela televisão pública dinamarquesa, com três temporadas, entre 2010 e 2013, que chegou ao Brasil para valer em 2020, na Netflix, foi um grande sucesso de público e crítica – e isso é uma maravilha. Não é toda hora que tem aprovação tão ampla uma produção séria, destinada ao público adulto, maduro, sobre um tema importantíssimo, fundamental, mas em geral tido como pedregoso, duro, desinteressante – a política.
Num mundo tomado por coisas tão absolutamente distantes da realidade como Game of Thrones, Transformers, Vingadores, Capitã Marvel, Mulher Maravilha, Homem de Ferro, que absoluta beleza ver uma obra que fala com seriedade e profundidade sobre partidos políticos, propostas políticas, alianças políticas, projetos para o país, propostas para melhorar a vida das pessoas.
Ainda mais quando, no mundo inteiro, vive-se um período de “recessão democrática”, termo usado pelo cientista político Larry Diamond, da Universidade de Oxford e autor do livro Ill Winds, com a ascensão e predominância de líderes populistas e/ou autoritários na Rússia, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Hungria, Brasil.
Borgen, bem ao contrário dessa tenebrosa onda, reafirma – com competência, inteligência, maestria – a veracidade e a importância da velha e sempre boa frase do primeiro-ministro britânico Winston Churchill, um dos maiores estadistas do mundo moderno: “A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais”.
A frase de Churchill é citada na abertura do terceiro episódio da primeira temporada da série. É a epígrafe do episódio.
Sim, é muito elegante: cada episódio tem uma epígrafe, uma frase importante, famosa, marcante, que de alguma forma resume, interpreta, ilustra o que o espectador vai ver ali naquele trecho da série.
São dez episódios em cada uma das três temporadas, cada um com cerca de 55 minutos.
A trama, os personagens, tudo é fictício. Não é a recriação de fatos reais – bem ao contrário de, por exemplo, Todos os Homens do Presidente (1976), Michael Collins, o Preço da Liberdade (1996), O Eleito (2016), The Post: A Guerra Secreta (2017), Wasp Network: Rede de Espiões (2019), para citar outras boas obras sobre política.
É tudo criação da imaginação admirável de Adam Price, dramaturgo, roteirista e produtor dinamarquês nascido em 1967, que já recebeu diversos prêmios internacionais por seus trabalhos para o teatro e a televisão.
É ficção, não é a recriação de eventos com personagens reais – mas também não é Game of Thrones, Senhor dos Anéis. Não fala de mundos paralelos; muito ao contrário, reflete a realidade da política da Dinamarca. Os nomes dos partidos políticos apresentados na série não são os mesmos dos existentes na Dinamarca – mas cada um deles se baseia numa sigla real.
É tudo absolutamente plausível, bem próximo da realidade factual.
É tudo tão verossímil que, em 3 de outubro de 2011, uma mulher assumiu pela primeira vez o cargo de primeira-ministra do Reino da Dinamarca. Helle Thorning-Schmidt, do Partido Social-Democrata, seria a chefe de governo até 28 de junho de 2015.
A protagonista da série, Birgitte Nyborg, é a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra da Dinamarca. Ela toma posse no segundo episódio, cuja ação se passa em 2010 e foi ao ar no ar 3 de outubro de 2010. Exatamente um ano antes de a ficção se tornar realidade.
Birgitte Nyborg é interpretada por Sidse Babett Knudsen, uma atriz maravilhosa, linda, de imenso talento.
Segundo o IMDb, a primeira-ministra Helle Thorning-Schmidt certa vez declarou: “Decidi não observar Sidse Babett Knudsen muito de perto para ter a certeza de não ser muito influenciada por ela. Às vezes parece que a vida está imitando a arte.”
Em uma única edificação, os Três Poderes
É preciso registrar logo o que aprendi sobre o nome da série; “borgen”, com minúscula, substantivo comum, significa castelo. Borgen, com maiúscula, substantivo próprio, é como é conhecido o Christianborg, a gigantesca, antiga, impressionante, imponente edificação onde funcionam o Parlamento da Dinamarca e também o gabinete do primeiro-ministro e a Suprema Corte.
O que em Brasília é a Praça dos Três Poderes – tudo reunido num único majestoso prédio, em forma de um gigantesco U. Segundo a Wikipedia, é a única construção do mundo que abriga ao mesmo tempo os três poderes de uma nação. Foi inaugurado em 1928.
Boa parte da ação das duas primeiras temporadas se passa dentro do Borgen.
Outra grande parte se passa nas redações de uma emissora de TV, que tem um nome fictício, TV1, e se inspira na emissora pública DR1, que é a BBC deles, e de um jornal também fictício, Ekspres – um tablóide forte, poderoso, mas sensacionalista, por sua vez inspirado no jornal Ekstra Bladet.
Como mostram os filmes e séries sobre política, e como mostra também a realidade, política e jornalismo andam juntos. Um não existe sem o outro.
É fundamental registrar também que Borgen mostra que se faz boa política (e bom jornalismo) na Dinamarca.
Birgitte Nyborg, a protagonista, é uma política da melhor qualidade. É absolutamente honesta – não apenas no sentido de não ser corrupta, mas em todos os sentidos, da maneira mais ampla possível. Fala o que sente, trabalha pelo que deseja, pelo que acha certo, pelo bem do país e da população – ao contrário de tantos políticos que falam o que os eleitores querem ouvir, e trabalham em primeiro lugar pensando em seu grupo, sua classe, seus amigos, sua família.
Honesta, coerente, altruísta. Respeita com rigor os acordos, os entendimentos, as combinações, e exige que eles sejam respeitados.
É rigorosamente fiel aos seus ideais, aos ideais de seu partido – mas sabe negociar, às vezes ceder um pouco para fazer as coisas avançarem.
Sabe delegar para seus comandados – mas é firme ao exigir deles o melhor que possa ser feito. Cobra com rigor quando há falhas, exige que se conserte o que foi errado.
O partido de Birgitte se chama Moderado e é, portanto, como o próprio nome indica, de centro – de centro tendendo para a esquerda. O fictício Partido Moderado da série se inspira no Partido Social-Liberal da Dinamarca.
Não há bandidos, ladrões, entre os políticos
Birgitte Nyborg é uma extraordinária política e uma pessoa extraordinária. Mas é claro que nem todos os políticos retratados na série são como ela. Há os ardilosos, ambiciosos, que fazem de tudo para chegar às posições de comando, como Troels Höxenhaven, do Partido Trabalhista (Lars Brygmann).
Há os corretos, boas pessoas, mas que não estão preparados para as tarefas de quem são incumbidos no governo, como Bjørn Marrot (Flemming Sørensen).
A bela mulher que Birgitte escolhe para o Ministério da Indústria, Henriette Klitgaard (Stine Stengade) é extremamente competente, mas descobre-se que ela cometeu um pecado bobo, mas ao mesmo tempo grave – mentiras no currículo.
Não são super-homens, mulheres-maravilha: têm defeitos, cometem erros.
Mas não há, a rigor, entre os políticos da série, os ministros, os membros do Borgen, os líderes partidários, alguém que seja criminoso, bandido, corrupto, ladrão. São pessoas que trabalham basicamente em função de seus ideais, com espírito público, vontade de servir ao país.
O melhor de todos, o mais sábio, politicamente mais experiente, mais capaz de jogo de cintura, é certamente o veterano membro do Partido Moderado que é o grande amigo e mentor de Birgitte, Bent Sejrø (Lars Knutzon, na foto abaixo).
O oposto dele, o líder político mais mau caráter, sem princípios, é Michael Laugesen (Peter Mygind), que, quando a ação começa, é o líder do Partido Trabalhista e o mais cotado para ser o primeiro-ministro após as eleições gerais.
Mas é fascinante: nem mesmo esse Michael Laugesen é um corrupto, um sujeito que quer ficar rico com a política, com os cargos públicos.
O primeiro episódio é uma lição, uma aula, um show
Esses parágrafos acima, falando de qualidades e defeitos dos políticos personagens da série, podem passar uma noção de Borgen é uma chatice, um pé no saco, só fala de política.
Não é verdade. É uma série a que se assiste com prazer. Ao final de cada episódio, o espectador está ansioso para ver o seguinte, e depois o outro, e depois o outro.
Fala demais de política, sim – o tema da série é política. Mas não fala de política de forma chata, desinteressante, aborrecida. Muito ao contrário.
Nunca tinha ouvido falar nesse roteirista e dramaturgo Adam Price, mas o cara é muito, mas muito bom de serviço. Ele conseguiu de fato criar uma trama atraente, fascinante. Conseguiu um raro, difícil equilíbrio entre o lado profissional e o pessoal dos personagens. O espectador acompanha Brigitte Nybork no trabalho e na sua vida pessoal, com pesos praticamente iguais – assim como acontece com os dois outros personagens mais importantes da série depois dela, a jovem e bela jornalista Katrine Fønsmark (Birgitte Hjort Sørensen, na foto abaixo) e o assessor de imprensa Kasper Juul (Pilou Asbæk).
O primeiro episódio da série é um absoluto brilho na arte de contar uma história, de criar personagens interessantes e laços que os liguem entre si, formando uma teia que atrai constantemente a atenção do espectador.
A ação começa no momento em que Birgitte Nyborg, a líder do Partido Moderado, está sendo maquiada, na TV1, para em seguida ser entrevistada ao vivo em um dos principais programas jornalísticos da noite. Vamos rever várias vezes, ao longo da série, a maquiadora Tanja (Patricia Schumann) preparando pessoas importantes para serem entrevistadas na TV1, mas este é apenas um detalhe.
Veremos que faltam poucos dias para as eleições gerais dinamarquesas, que vão definir quem ocupará o cargo de primeiro-ministro nos anos seguintes. No parlamentarismo (e a Dinamarca é uma monarquia parlamentarista, assim como Grã-Bretanha, Suécia, Holanda, Bélgica e Espanha), como se sabe, torna-se primeiro-ministro o líder do partido que obtiver maior número de cadeiras no Parlamento e conseguir formar uma maioria.
Enquanto é maquiada, Birgitte vê, num aparelho de TV ali no camarim, o programa que está rolando na emissora. A editora de Política da TV1, Hanne Holm (Benedikte Hansen), veterana na cobertura dos acontecimentos no Borgen, está fazendo uma análise sobre as chances dos dois principais oponentes – o atual primeiro-ministro, Lars Hesselboe (Søren Spanning), do Partido Liberal, de centro-direita, e o já citado Michael Laugesen, o líder do Partido Trabalhista, de centro-esquerda.
A repórter que está fazendo as perguntas para Hanne Holm, a jovem Katrine Fønsmark, faz a questão básica: quem deverá vencer? E a veterana Hanne Holm crava: – “Acho que o líder da oposição, Michael Laugesen. Ele teve a iniciativa na campanha eleitoral. Ele é o oponente. Hesselboe quer manter o status quo. Mas sinto que os dinamarqueses querem algo novo. Uma mudança. Mesmo que não saibam qual.”
No estúdio, atrás da veterana Hanne e da jovem Katrine, vemos grandes fotos dos dois contendores, Laugesen e Hesselboe.
Um sujeito jovem, de uns 30 anos, anda por um corredor falando ao telefone, depois entra no camarim – é o assessor de imprensa de Birgitte, Kasper Juul.
Informações demais nos primeiros minutos
Neste momento, o primeiro episódio de Borgen não chegou sequer a 2 minutos – e, numa fantástica capacidade de síntese, os realizadores já nos deram algumas das informações básicas da situação política e nós já vimos na tela a protagonista da história, Birgitte Nyborg, e os dois personagens mais importantes depois dela, a jornalista Katrine e o assessor de imprensa Kasper.
Antes de Birgitte terminar de ser maquiada para a entrevista ao vivo, há um corte um tanto surpreendente, e vemos uma senhora caminhando de forma um tanto insegura, atravessando uma rua e entrando no que parece ser uma galeria comercial. Novo corte, e vemos o primeiro-ministro Lars Hesselboe ao lado de seu assessor, Ole Dahl (Claus Riis Østergaard), no escritório de uma dupla de conselheiros políticos, em Londres.
O primeiro-ministro repara que Ole está tomando medicamentos relacionados a problemas cardíacos.
Novo corte, e vemos o trabalhista Michael Laugesen saindo de um prédio – o Borgen – e sendo entrevistado por um jovem repórter também da TV1. Veremos depois que é Simon Bech (Anders Juul).
Várias ações paralelas. Muita informação nestes minutos iniciais.
Uma tremenda saia-justa na TV ao vivo
Logo em seguida, enquanto Birgitte está sendo entrevistada ao vivo por Katrine, os jornalistas da TV1 farão uma algo que, se não chega propriamente a ser anti-ético, se não se configura como mau jornalismo (e não se configura mesmo), é no mínimo, no mínimo, uma absurda falta de educação para com a líder do Partido Moderado. Falta de educação, de respeito.
Os moderados haviam feito um acordo com o Partido Trabalhista e estavam apoiando Michael Laugesen. Segundo o acordo, os trabalhistas e os moderados, juntos, defenderiam uma política menos rígida contra a imigração.
No meio da entrevista de Birgitte, o editor-chefe da TV1, Torben Friis (Søren Malling), percebe que naquele mesmo momento Laugesen está dando entrevista diante do prédio do Parlamento, falando sobre imigração, e defendendo termos rígidos contra quem pede asilo. Torben então instrui Katrine para perguntar a Birgitte o que o Partido Moderado acha da mudança de posição de Laugesen.
Birgitte é pega de surpresa, inteiramente de surpresa, no meio da entrevista ao vivo.
Pelo ponto na orelha, Torben orienta a repórter a apertar a entrevistada. E Katrine pergunta: – “Gostaria de saber sua opinião sobre a entrevista que acabamos de fazer com Michael Laugesen no Christianborg.”
Na parede atrás da jornalista e da líder dos moderados, projeta-se a imagem do trabalhista sendo questionado sobre a imigração;
– “Muitos dinamarqueses estão preocupados com o número de requerentes de asilo que vieram para cá após a guerra do Iraque, por exemplo. Afirmo que a grande maioria desses requerentes será repatriada, detida em centros de asilo e impedida de deixar o país.”
Ali bem perto, no estúdio, Kasper, o assessor, percebe o problema, o perigo, faz gestos para que Birgitte fuja do assunto.
A imensa maioria dos políticos – mesmo os bons, os grandes – teriam procurado uma maneira de não responder na hora. Afinal, Birgitte tinha sido pega de surpresa. Poderia argumentar que precisaria conversar pessoalmente com Laugesen, verificar se ele estava mesmo alterando um dos pontos do acordo feito entre seus dois partidos. Precisaria conversar com os demais líderes do seu próprio partido.
Birgitte Nyborg não é como a maioria dos políticos – a série nos demonstra quando estamos ali com apenas 5, 6 minutos do primeiro episódio.
Quando Katrine, seguindo as ordens do editor-chefe, a pressiona para que diga se o Partido Moderado continuará apoiando os trabalhistas, Kasper, o assessor, acena para ela, fala: – “Sim! Sim”. E Birgitte responde: – “Não. Se essa for a política do Partido dele, não apoiaremos mais Michel Laugesen.” (Na foto abaixo, Peter Mygind, que interpreta Laugesen.)
Uma grande reviravolta no quadro político, a poucos dias das eleições!
São só os primeiros minutos. Vai ter muito mais.
Uma abertura brilhante, genial
Ao mesmo tempo, em Londres, no meio da reunião com os consultores políticos ingleses, o primeiro-ministro Lars Hesselboe recebe uma ligação no celular. É sua mulher, Lisbeth (Ida Dwinger) – aquela que havíamos visto rapidamente atravessando uma rua com passos um tanto trôpegos e entrando numa galeria. Ela havia comprado diversas roupas numa loja exclusivérrima, e não conseguia passar seu cartão de crédito.
Lars deixa o assessor e amigo Ole na reunião e vai socorrer a mulher. E é só lá que percebe que está sem sua carteira. Tem apenas, em um bolso do paletó, o cartão de crédito oficial, de primeiro-ministro da Dinamarca. Por temor de a situação ali na loja piorar – sua mulher está mal, ou bêbada ou sob efeito de psicotrópicos, pode dar um vexame ainda maior -, Lars paga com o cartão de crédito do governo.
Quando se reúne com Ole novamente, explica o que aconteceu. Ole pega o cartão, o recibo da loja de roupas conhecida mundialmente, guarda dentro do bolso. Em Copenhagen – ele promete –, cuidará do problema, dará um jeito de pagar com o dinheiro pessoal de Lars aquela conta.
Ole é casado, tem dois filhos – mas está apaixonado pela sua jovem amante, a jornalista da TV1 Katrine Fønsmark. Está mesmo decidido a falar com a esposa, contar tudo, divorciar-se, casar com Katrine.
Assim, quando chega de volta a Copenhagen, não vai para casa, vai ver Katrine no apartamento em que eles normalmente se encontram. Conversam, tomam vinho, trepam. Parecia que ele havia caído no sono – mas Katrine percebe que ele está morto.
Não havia sido à toa a menção, mais cedo, à medicação que ele tomava.
Absolutamente em pânico, sem saber o que fazer, Katrine pede ajuda a seu ex, um amigo em que ela confia – Kasper Juul, o assessor de imprensa da líder do Partido Moderado.
Kasper chega ao apartamento, dá uma rápida verificada na situação, manda Katrine sair o mais rapidamente e ir para casa. Em seguida, cuida de retirar todos os rastros de que tinha havido uma mulher ali. Na hora em que encosta na pasta de Ole, um envelope aparece – o envelope em que estão o cartão de crédito oficial do primeiro-ministro e o recibo das compras, no valor de cerca de 70 mil coroas dinamarquesas.
Kasper põe o envelope num bolso. Em seguida liga o rádio em volume alto, telefona para a emergência, e foge dali.
Uau, meu!
Ufa!
Isso é que criar um início de trama para uma série política com brilho, com genialidade!
Uns poucos exemplos dos problemas da ministra
Quando Kasper sai do apartamento em que a jornalista da TV1 e o assessor do primeiro-ministro se encontravam, e onde estava agora o corpo sem vida dele, estamos com apenas 25 minutos do primeiro episódio de Borgen.
E claro que não é spoiler enumerar uns poucos dos grandes problemas que Birgitte Nyborg virá a enfrentar como primeira-ministra do Reino da Dinamarca.
* Governo de coalisão é sempre difícil.
O governo de Birgitte é formado por uma coalisão do Partido Moderado com o Trabalhista (agora sem o mau caráter Michael Laugesen, posto para fora), o Verde e o mais esquerdista Sindicato Solidariedade. Acomodar os diferentes ideais políticos e também, ou sobretudo, os diferentes egos das principais figuras de quatro partidos é uma arte dificílima. Há sucessivos problemas internos no governo, ao longo de todos os episódios. Birgitte vai lutando para contorná-los, com a sua própria sabedoria política e a ajuda do amigo e mentor Bent Sejrø e do competente assessor de imprensa Kasper Juul.
* Lutar pela igualdade de gêneros é sempre difícil.
No episódio 5, o governo está para implementar uma legislação para garantir maior espaço para as mulheres nas empresas, inclusive nas áreas de comando. Quem lidera as negociações é a bela ministra da Indústria, Henriette Klitgaard, o que provoca uma ciumeira brava da ministra da Igualdade, a trabalhista Pernille Madsen (Petrine Agger). Mas o conflito interno é o menor dos problemas para a primeira-ministra Birgitte. Ela recebe a visita do maior industrial da Dinamarca, Joachim Chrone (Ulf Pilgaard), dono de empresas que respondem por nada menos de 11º do PIB do reino. Com a segurança dos muito poderosos, Chrone – que se sentia inteiramente à vontade para dar pitacos nas ações do governo do liberal Lars Hesselboe – coloca na mesa de Brigitte o seguinte: ou ela suaviza a legislação, e retira a exigência de que o conselho de administração das empresas tenha determinado número de mulheres, ou ele retira todas as suas indústrias do país.
* Sair de uma guerra é sempre mais difícil do que entrar.
No primeiro episódio da segunda temporada – que foi ao ar originalmente em setembro de 2011 –, a primeira-ministra visita os soldados dinamarqueses que integram as tropas ocidentais lideradas pelos Estados Unidos no combate aos talibans no Afeganistão.
A Dinamarca havia entrado na força internacional contra os talibans ainda no governo liberal de Lars Hesselboe. O Partido Moderado sempre havia defendido que o país retirasse seus soldados do Afeganistão o mais rapidamente possível. O Taliban, naturalmente, sabe disso – e aproveita a visita da primeira-ministra moderada para promover ataques às forças internacionais. Seis soldados dinamarqueses são mortos em combate – inclusive um que havia acabado de tirar fotos, sorridente, ao lado da chefe de governo em visita às tropas.
Cria-se um dificílimo impasse político para o governo. Deveria ele continuar defendendo a retirada? Acelerar a retirada? Sem tentar retaliar o inimigo que acabava de tirar a vida de seis jovens dinamarqueses?
Mas retaliar, escalar a guerra seria contra o que o Partido Moderado sempre defendeu.
Esse episódio é um brilho.
Bem… Como tantos outros.
Um manual de sabedoria política – ou o oposto
A frase usada como epígrafe desse primeiro episódio da segunda temporada é – como as de vários outros – de autoria de Maquiavel, muito provavelmente retirada de sua obra O Príncipe, um dos mais famosos tratados políticos da História: “A guerra é justa quando é necessária”.
Quero registrar as frases escolhidas pelos realizadores para as epigrafes dos episódios. É um bom resumo de sabedoria política. O que se deve fazer – ou o que não se deve fazer.
Episódio 1: “Um príncipe não deveria ter outro objetivo ou idéia que não a guerra, sua organização e sua disciplina.” (Maquiavel)
2: “O príncipe deve estar sempre ciente de que é mais seguro ser temido do que amado.” (Maquiavel)
3: “A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais.” (Winston Churchill)
4: “Se calar um fantasma, ele só vai crescer.” (Provérbio da Groenlândia)
5: “A História diz que todos os profetas armados conquistaram, enquanto os desarmados foram destruídos.” (Maquiavel)
6: “A política é uma guerra sem derramamento de sangue. A guerra é uma política com derramamento de sangue.” (Mao Tsé-tung)
7: “A confiança é boa, mas o controle é melhor.” (Lênin)
8: “A História é um pesadelo do qual estou tentando acordar.!” (James Joyce)
9: “Você não saberá o que atingirá você até ser tarde demais.” (Fabricante de armas americano)
10: “Um príncipe sempre tem razão legítima para não manter suas palavras.” (Maquiavel)
Borgen numera os episódios da segunda temporada como continuação da primeira: o primeiro episódio tem o número de 11.
11: “A guerra é justa quando é necessária.” (Maquiavel)
12: “Deixe os amigos próximos. Os inimigos, mais ainda.” (Sun Tzu)
13: “A nossa vitória foi grande.” (Thomas Nielsen, ex-presidente da Confederação Sindical)
14: “Se um homem deve ser ferido, o ferimento precisa ser tão grande que a vingança não precisa ser temida.” (Maquiavel)
15: “Muito do que se vê como idealismo é amor pelo poder disfarçado.” (Bertrand Russell)
16: “Amai vossos inimigos. Bendizei os que vos maldizem.” (Mateus)
17: “O dinamarquês duvida por que a História da SDinamarca é a do fim de uma tribo forte. (Johannes V. Jensen)
18: “Assuma o fardo do homem branco / as selvagens guerras pela paz. / Preencha a Boca da Fome / e faça a doença passar.” (Rudyard Kipling)
19: “O sucesso não é final; o fracasso não é final. O que conta é a vontade de seguir adiante. (Winston Churchill)
20: “Ser ou não ser: eis a questão.” (Shakespeare)
O casamento vai indo para o brejo
Como já foi dito e até redito, Birgitte Nyborg é uma excelente política. Uma estadista – como muito poucos que se firmaram neste século, neste milênio.
(Há algum outro estadista deste século além de Barack Obama e Angela Merkel?)
Mas ninguém é perfeito – e, se erra pouquíssimo na política, e quando erra sabe como consertar, na vida pessoal Birgitte tem tropeços.
Tinha um excelente casamento com Philip Christensen (Mikael Birkkjær, na foto acima), um economista brilhante, que havia tido bela carreira na iniciativa privada e, quando a ação da série começa, está trabalhando como professor universitário. Philip é um sujeito bom caráter, e sempre teve todo respeito pela carreira política da mulher. Mas, depois que ela vira primeira-ministra, com aquela carga de trabalho que ocupa até 18 das 24 horas do dia, as coisas começam a não ir muito bem.
Os dois tentam ao máximo segurar a barra com os filhos, Laura, adolescente aí de uns 14 anos, e Magnus, garoto de uns 8 ou 9. (Os papéis de Freja Riemann e Emil Poulsen.) Laura até que aguenta bem, mas Magnus demonstra inquietação diante daquilo tudo – chega a voltar a fazer xixi nas calças, mais de uma vez.
A tensão vai aumentando pelo fato de que o casal não tem empregada, e cabe aos dois todo o trabalho doméstico. Philip recusa a sugestão de Birgitte de contratar uma au pair, uma acompanhante para os meninos – e Birgitte erra ao não insistir no assunto.
O casamento vai indo pro brejo.
Diante disso, Birgitte terá atitudes absurdas, inacreditáveis.
No meio da narrativa realista, uma sacada bergmaniana
Um personagem bastante complexo é Kasper Juul, o assessor de imprensa. (Na foto acima, Pilou Asbæk, que interpreta Kasper.)
Já foi dito mais acima que é um profissional competente. Quanto a isso não há dúvida alguma. É extremamente competente. Às vezes toma decisões, assume atitudes polêmicas, beirando a imoralidade – como quando, lá bem no início, no primeiro episódio, resolve usar a compra de roupas em loja exclusiva de Londres paga com dinheiro do Estado como arma contra o então primeiro-ministro Lars Hesselboe.
É um profissional competente, mas um ser humano complexo, em eterno conflito consigo mesmo, com seu passado, que esconde de todos os outros a sete chaves. Essa incapacidade de se abrir, de falar de si mesmo, de suas emoções, seus problemas, foi o principal motivo para que a bela Katrine terminasse o namoro com Kasper – embora ele continuasse apaixonado por ela, e ela também por ele.
No episódio 8, aquele em que o espectador fica finalmente sabendo a base dos problemas de Kasper com seu passado, os realizadores da série utilizaram uma sacada bergmaniana.
Em Morangos Silvestres (1957), Ingmar Bergman criou uma situação que só existe no cinema, que não é possível em nenhuma outra arte: colocou juntos e misturados, na mesma cena, no mesmo quadro que o espectador vê, uma pessoa e o seu passado. O velho Isak Borg, em sua viagem de carro de Estocolmo a Lund, onde será homenageado com um título honorário, faz uma parada para mostrar para sua nora, que dirige o carro, a casa onde passava as férias de verão. Ali, ele revê cenas de sua infância. Na verdade, ele entra em cenas de sua infância, e fica ali, velho, com seu corpo de 78 anos, vendo sua família, e ele mesmo, uns 70 anos antes.
São sequências antológicas, de uma beleza acachapante, absurda – mas, mais ainda, são uma criação do grande cineasta sueco. Ninguém (que eu saiba, pelo menos) havia feito isso antes.
Claro que fizeram depois. Woody Allen, fã apaixonado por Bergman, usou esse artifício algumas vezes.
E Borgen o usa – com competência – nas sequências em que Kasper Juul, diante da morte do pai, é obrigado a se confrontar com seu passado. Vemos o assessor de imprensa, de terno e gravata, na sala da casa da família, observando a si próprio com uns 7 anos de idade, ao lado do pai.
São belos momentos da série – e, ao mesmo tempo, são dos raríssimos momentos em que os realizadores usam algum tipo de artifício. Juntamente com duas raras tomadas em que vemos Katrine em câmara lenta, essas sequências bergmanianas são de fato as únicas em que Borgen foge da mais estrita narrativa escorreita, limpa, clássica. Acadêmica, como diriam os críticos de cinema que detestam as narrativas escorreitas, limpas, clássicas.
E é fascinante ver um conjunto de episódios apresentados de forma tão harmônica, embora tenham sido dirigidos por nada menos que seis diferentes profissionais. Mais uma prova do talento do criador da série, Adam Price.
Sobre os atores principais – e uma atriz de sorte
Este texto já está grande demais até mesmo para os meus padrões, mas é necessário fazer um registro sobre os três atores principais.
Sidse Babett Knudsen nasceu em Copenhagen em 1968 e estava portanto com 42 quando a série foi lançada, em 2010. Estudou teatro em Paris durante três anos, entre 1987 e 1990. De volta a seu país, fez muita TV. Em 2006, teve a oportunidade espetacular de trabalhar sob a direção da conterrânea Susanne Bier em Depois do Casamento/Efter brylluppet.
Depois do sucesso em Borgen, participou em 2016 da série americana Westworld e trabalhou duas vezes ao lado de Tom Hanks, em Negócio das Arábias e Inferno. Por sua fantástica atuação como a médica Ditte em A Corte/L’Hermine, de Christian Vincent, de 2015, ganhou o César de melhor atriz coadjuvante. Foi a quinta atriz não francesa a ganhar o prêmio.
Em setembro de 2020, quando vi a série, tinha 57 títulos na filmografia, 13 prêmios e outras 13 nomeações.
Pilou Asbæk, que faz Kasper Juul, também é de Copenhagen, de 1982; tinha 39 títulos na filmografia, 5 prêmios e 15 indicações.
Como Pilou Asbæk, Birgitte Hjort Sørensen, que interpreta a jornalista Katrine, é de 1982, do interior da Dinamarca. Os dois estavam, portanto, com 28 anos quando estreou a primeira temporada da série. Birgitte tinha 29 títulos na filmografia, oito indicações a prêmios.
Há uma coincidência interessante aí: os dois jovens atores, Pilou e Birgitte, trabalharam em Game of Thrones.
E não dá para não registrar: a atriz que interpreta Cecilie Toft, a pediatra que namora Philip Christensen, o ex-marido da primeira-ministra Birgitte, e aparece em cinco episódios da segunda temporada, é Mille Dinesen. A louraça que, a partir de 2012 e até 2020, interpreta a personagem-título da série Rita, já na sua quinta temporada.
Uma política melhor e um mundo melhor são possíveis
Borgen demorou a chegar ao Brasil.
A primeira temporada estreou na TV dinamarquesa no segundo semestre de 2010, e teve uma audiência de 1.5 milhão de espectadores, segundo números do TNS Gallup citados pelo IMDb.
Na Grã-Bretanha, a série começou a ser exibida em janeiro de 2012, pela BBC Four, com mais de 1 milhão de espectadores nos primeiros episódios.
Nos Estados Unidos, estreou em 2011. O New York Times, segundo noticia o IMDb, descreveu a série como “uma versão nórdica, mais desoladora, de West Wing”, a série exibida entre 1999 e 2006 em que Charlie Sheen interpreta Josiah Bartlet, um fictício presidente americano.
Em Portugal, segundo a Wikipedia, as três temporadas da série foram exibidas pela primeira vez na RTP2, entre 5 de janeiro e 13 de fevereiro de 2015, com a transmissão diária de um episódio, em horário nobre. “Apesar dos elogios na imprensa portuguesa, a série teve apenas uma média diária de 70 a 75 mil espectadores.”
A série chegou a ser exibida em canal da TV paga no Brasil, em meados da década de 2010, mas foi pouco vista e comentada. Em abril de 2020 a Netflix colocou a série à disposição do público brasileiro e, de lá para cá, Borgen vem sendo descoberta pela audiência mais descolada, segundo dá para ver por posts do Facebook. Foi meu amigo Melchíades Cunha Júnior que me indicou a série – e faço questão de agradecer aqui a ele pelo favor. Eu estava terminando de escrever esta anotação quando soube que a revista Veja que acaba de sair indicou a série. Ótimo. Que mais e mais pessoas fiquem sabendo da existência de Borgen, e possam vê-la.
Antes de começar esta anotação – que levei alguns dias para concluir –, pensei muito em fazer comparações com o Brasil, com a situação política do Brasil. Acabou não rolando – e agora o texto, grande demais, precisa com urgência de um ponto final.
Mas acho que daria para resumir.
Seria bom que muitos brasileiros vissem Borgen – em especial os que andam desencantados com o rumo das coisas, com o fato assustador de que 40% que apóiam o sujeito monstruoso, criminoso, que despacha no Palácio do Planalto.
Comparar o que se vê na série com o que se passa no Brasil por um lado aumenta a nossa tristeza, nossa decepção. Mas também mostra que uma política melhor, e portanto um mundo melhor, são possíveis.
Anotação em setembro de 2020
Borgen – A Primeira e a Segunda Temporadas
De Adam Price, criador, Dinamarca, 2010 e 2011
Diretores: Mikkel Nørgaard, Annette K. Olesen, Rumle Hammerich, Søren Kragh-Jacobsen, Louise Friedberg, Jesper W. Nielsen
Com Sidse Babett Knudsen (Birgitte Nyborg),
e Birgitte Hjort Sørensen (Katrine Fønsmark, a jovem jornalista da TV1), Pilou Asbæk (Kasper Juul, o assessor de imprensa),
Mikael Birkkjær (Philip Christensen, o marido de Birgitte), Søren Malling (Torben Friis, o editor-chefe da TV1), Thomas Levin (Ulrik Mørch, o outro âncora da TV1), Benedikte Hansen (Hanne Holm, a jornalista veterana), Emil Poulsen (Magnus Christensen, o filho de Birgitte), Freja Riemann (Laura Christensen, a filha de Birgitte), Anders Juul (Simon Bech. jornalista da TV1), Lisbeth Wulff (Pia Munk, jornalista da TV1), Kasper Lange (Dan), Lars Knutzon (Bent Sejrø, o amigo e conselheiro de Birgitte, ministro das Finanças), Søren Spanning (Lars Hesselboe, o líder do Partido Liberal, primeiro-ministro), Bjarne Henriksen (Hans Christian Thorsen, do Partido Trabalhista, ministro de Relações Exteriores), Peter Mygind (Michael Laugesen, o líder do Partido Trabalhista), Ole Thestrup (Svend Åge Saltum), Morten Kirkskov (Niels Erik Lund, o secretário permanente da chefia de governo), Iben Dorner (Sanne, a secretária dos primeiro-ministros), Lars Brygmann (Troels Höxenhaven, do Partido Trabalhista), Flemming Sørensen (Bjørn Marrot, do Partido Trabalhista), Petrine Agger (Pernille Madsen, do Partido Trabalhista, ministra da Igualdade), Jannie Faurschou (Yvonne Kjær, da Nova Direita), Dar Salim (Amir Dwian, do Partido Verde), Signe Egholm Olsen (Anne Sophie Lindenkrone, do SIndicato Solidariedade), Patricia Schumann (Tanja, a maquiadora da TV1), Mille Dinesen (Cecilie Toft, a namorada de Philip), Rikke Lylloff (Lotte Ågaard, a namorada de Kasper), Stine Stengade (Henriette Klitgaard, a bela ministra), Claus Riis Østergaard (Ole Dahl, o assessor do primeiro-ministro Lars Hesselboe), Adam Brix (Kim, o motorista da primeira-ministra), Ida Dwinger (Lisbeth Hesselboe, a mulher de Lars), Ulf Pilgaard (Joachim Chrone, o maior industrial da Dinamarca)
Roteiro Adam Price, criador, Jeppe Gjervig Gram, Tobias Lindholm
Fotografia Magnus Nordenhof Jønck, Eric Kress, Lasse Frank Johannessen
Música Halfdan E
Montagem My Thordal, Lars Therkelsen, Henrik Vincent Thiesen, Martin Schade, Nicolaj Monberg, Janne Bjerg Sørensen, Morten Egholm, Gerd Tjur, Peter Brandt, Andri Steinn Guðjónsson
Casting Anja Philip, Christian Grønvall
Produção DR Fiktion.
Cor, cerca de 550 minutos (9h10)
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Brilhante é pouco; colossal, também. Vou inventar algo que possa mostrar a dimensão de seu texto sobre Borgen. Nemhum crítico, nenhum autor de ensaios sobre qualquer uma das sete artes atingiu a altura a que você chegou. Eis o que invento: se seu trabalho chegar à Dinamarca, você entrará na sua história literária como insuperável autor da mais completa narrativa-ensaio sobre una obra televisiva nascida e inteiramente elaborada no país. Obrigado, raoaz!
Ótimo resumo! Obrigada
Aplaudindo-o de pé.
Eu ficaria ainda por aqui lendo por mais umas duas horas suas anotações. Estou no episódio 4. Maratonando. Curiosa, dei um “pause”… e vim parar aqui.
Obrigada pela deliciosa leitura que você me proporcionou.
Nossa, Denize… Isso é que presente… Ganhei o dia, a semana, o mês…
Muitíssimo obrigado por sua gentileza!
Um abraço!
Sérgio
Querido Sérgio, muito obrigada pelo seu texto. Aprendi muita coisa com suas análises. Eu concordo plenamente que todo mundo deveria assistir a Borgen aqui no Brasil.
Você escreve bem e prende o leitor, assim como o Adam! heheheh
Ei, tem mais séries sobre política como Borgen?
Muito obrigada!
Olá, Cyntia!
Pô, muitíssimo obrigado por tanta gentileza… Que bom que você gostou. Tomara que você tenha interesse em voltar ao site para ler mais…
Olhe, se você gosta de filmes e séries sobre política, sugiro que você procure (se é que ainda não viu…)
– Os 7 de Chicago (filme)
– Pátria (série)
– O Favorito (filme)
E, naturalmente, a série “House of Cards”.
Uma dica: você já conhece o site Just Watch? Lá você pesquisa onde encontrar o filme e ou série que procura – se tem na Netflix, na Amazom, na Globoplay…
Um abraço!
Sérgio
O que me chamou mais atenção na série: Os dinamarqueses acham que vivem em um país rico; no entanto suas vidas são simples e modestas. A alimentação e as vestimentas muitas vezes repetidas como a de Birgitte, quando muda apenas um casaco em cima do vestido. Adorei e percebi que nós brasileiros somos um povo que desperdiça recursos, somos vaidosos em excesso e todos acham que podem enriquecer facilmente. Aplaudo a série, assisti àvidamente e aprendi muito. Realmente todos deveriam assistir a série e claro; tentar adequar mais a seriedade dos dinamarqueses e dos Europeus em geral!
Acabei de ver todos os episódios de Borgen e adorei a forma que retratam a política na Dinamarca. Já havia visto um documentário de como funcionam as coisas por lá, e me parece que é o país onde todos nós gostaríamos de viver, com políticos honestos trabalhando a serviço do povo e por um país melhor. Onde os cidadãos de altos cargos, pegam metrô, ônibus e não ficam gastando dinheiro público com gastos pessoais. Se o Brasil tem jeito eu não sei, mas antes de tudo teria que mudar a cabeça dos eleitores. A corrupção anda solta no país e todos querem se dar bem. Para se melhorar um país, é necessário a ajuda de todos!!
(Há algum outro estadista deste século além de Barack Obama e Angela Merkel?) . Poderia incluir Michelle Bachelet? Por ser de um país sul-americano, talvez não tenha a visibilidade dos citados por você. Pensei nela, lendo seu texto. Ainda o estou lendo, deliciando sua narrativa. Aliás, uma dúvida, você é o poeta autor de “Felicidade?”? Até breve e obrigada!
Muito obrigado pelo comentário tão gentil e simpático, Luciana.
Devo dizer que, como você, tenho grande admiração pela Michelle Bachelet. Foi uma ótima presidente, e está sendo uma ótima alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.
Mas, embora isso vá decepcionar você, não sou o poeta. O poeta é meu homônimo. Eu só escrevo prosa… e não sou prosa!
Um abraço.
Sérgio