Entre 1980 e 1984, Brian De Palma realizou três grandes filmes, talvez os melhores de sua carreira: Vestida para Matar/Dressed to Kill (1980), Um Tiro no Escuro/Blow Out (1981) e Dublê de Corpo/Body Double (1984).
De maneira fascinante, fantástica, são três filmes bastante parecidos com outros que vieram antes. Alguém de extremo mau humor poderia dizer que são cópias, plágios. Não são, de forma alguma. São elogios, homenagens a obras-primas e seus criadores, realizados com absoluto talento, maravilhosa criatividade – e um estilo único, singular, personalíssimo.
Vestida para Matar cita abertamente Psicose (1960) e Um Corpo Que Cai (1958), de Alfred Hitchcock, o mestre adorado por De Palma. Dublê de Corpo tem muito, mas muito de outro filme do mestre Hitch, Janela Indiscreta (1954).
Este Um Tiro no Escuro tem movimentos de câmara maravilhosos, elegantérrimos, acachapantes – a câmara de Brian De Palma tem imensa admiração pela do mestre Hitch, e mostra tanta personalidade quanto a de Claude Lelouch, em especial quando mais jovem. Mas faz lembrar muito, demais da conta, o ponto básico, inicial, de Blow Up, que outro mestre, Michelangelo Antonioni, lançou em 1966.
De Palma não pretende esconder isso. Muito ao contrário: o próprio título original realça a semelhança: Blow Out.
Em Blow Up (ampliação, em especial ampliação fotográfica), um fotógrafo faz cliques em um belo parquet londrino; em seu laboratório, na hora de revelar e ampliar as fotos, percebe que há um corpo de um homem no chão, junto de arbustos.
Em suma: sem querer, sem saber, o fotógrafo pode ter testemunhado um crime.
Em Blow Out (estouro, estampido), um engenheiro de som, ao gravar ruídos numa noite, com um gravador de rolo professional, sensibilíssimo, acaba gravando o barulho que é distintamente, claramente, de um tiro
Em suma: sem querer, sem saber, o técnico de som pode ter testemunhado um crime.
Mesmo filmando na Inglaterra, e em cores, mestre Antonioni parte daquele ponto inicial para (se é que me lembro bem) filosofar sobre a importância ou desimportância das coisas dentro ou fora de determinado contexto e, ao fim e ao cabo, sobre a falta de significado da existência.
De Palma parte daquele ponto inicial para fazer um thriller, um filme de suspense que prende a atenção do espectador da primeira à última cena.
O assassino chega perto da moça no chuveiro, e ela dá um grito – fraquinho, falso
Vestida para Matar começa como um fato que não é real, mas o espectador demora um pouco para perceber isso, para entender que é um sonho, uma fantasia da personagem interpretada pela belíssima Angie Dickinson: ela está tomando banho, se acariciando louca, mansa, suavemente sob a água quente do chuveiro, e aí então, como em Psicose, aparece um assassino armado de uma faca.
Dublê de Corpo começa com um fato que não é real, mas o espectador demora um pouco para perceber isso, para entender que é um filme dentro do filme: um vampiro está dentro do caixão. O vampiro tem que sair do caixão, mostrar as presas – mas ele fica paralisado, imóvel, em pânico: o ator que interpreta o vampiro tem claustrofobia.
Da mesma maneira, Blow Out começa com um fato que não é real, mas o espectador demora um pouco para perceber isso, para entender que é um filme dentro do filme: estamos em uma moradia de garotas estudantes, uma grande república, um alojamento de universitárias, e há um assassino à espreita, de tocaia, olhando do lado de fora o que acontece lá dentro dos diversos quartos.
Há um voyeur observando os quartos – e há um assassino que observa o voyeur e o mata, a golpes de faca.
Num dos quartos que vemos através da câmara que faz as vezes dos olhos do assassino, há um casal trepando. Noutro, exatamente como na cena inicial de Vestida para Matar, uma garota se masturba. Exatamente como em Vestida para Matar, e em Psicose que deu origem a ele, o assassino chega a um boxe onde uma mulher toma banho de chuveiro. A câmara continua se movimentando como se fosse os olhos do assassino – a moça no chuveiro o vê e dá um grito, mas um grito fraquinho, bem pouco apavorado, bem pouco crível. Um grito falso.
Aí então é que corta, e percebemos que tudo aquilo que acabamos de ver é de um filme que está sendo feito por um jovem diretor-roteirista-produtor, Sam (Peter Boyden), que neste momento está ao lado de seu fiel companheiro, o engenheiro de som Jack Terry.
Jack, o protagonista da história, é interpretado por um jovem, bem jovem John Travolta, então com 27 anos, bem mais próximo do ator de Os Embalos de Sábado à Noite (1977) e Grease (1978) do que o Pulp Fiction (1994) em diante.
Como quem não quer nada, De Palma demonstra o que é a edição de som de um filme
Essa sequência – a segunda do filme, a primeira da história em si – é uma absoluta delícia. Como quem não quer nada, como quem não está nem aí, assim, casualmente, Brian De Palma aproveita para mostrar ao respeitável público as bases do que é o que a vetusta Academia chama de “Sound Editing”, ou montagem de som, ou simplesmente som, essa coisa que o cinema, ou moving pictures, figuras em movimento, ou simplesmente movies, agregou a partir de 1927.
Com toda a razão do mundo, Sam acha um horror o grito da moça. Pede para o auxiliar voltar o filme, e tirar fora todos os outros sons, deixando apenas o grito da moça. Aí vemos a mesa de som, o grande console da mesa de som, e o auxiliar baixa para zero a pista ou canal em que está o som da respiração do assassino, o canal em que está o som do chuveiro, o canal em que está o som da cortina sendo aberta, e deixa no máximo apenas o canal em que está gravada a voz da moça.
O grito dela de fato é um horror – é mais falso que uma nota de três guaranis paraguaios furada.
E edição de som, mesa de som é só isso, gentinha boa: cada tipo de ruído é gravado em um canal/pista. Misturam-se na mesa de edição de som os vários ruídos todos – os engenheiros de som, os diretores de som, avaliam o volume de cada um deles, na hora de mixá-los, misturá-los. É assim no cinema – mesmo o cinema fuleiro mostrado em Blow Out –, é assim nos estúdios de música. No princípio, nos tempos de Bessie Smith, de Al Jolson, de The Jazz Singer, tido como o primeiro filme falado da história, de 1927, todos os sons eram gravados num único canal, numa única pista. Quando o jovem filho de italianos Francis Albert fez suas primeiras gravações como crooner da orquestra de Tommy Dorsey, em 1940, a situação não havia mudado muito: o stereo – dois canais separados – só chegaria aos discos nos anos 1950. No cinema, demoraria ainda mais. Quando Joan Baez, Bob Dylan, os Beatles, e poucos anos depois Nara, Chico, Caetano, Gil, Paulinho gravaram seus primeiros discos, o máximo que havia eram 4 canais separados. Me lembro muito bem que um dos primeiros estúdios brasileiros a ter 16 canais foi o Eldorado, do Grupo Estado, no predião da Major Quedinho esquina com Martins Fontes, no centro de São Paulo, o mesmo prédio onde eu trabalhava quando Caetano, de volta do exílio londrino, gravou parte do álbum Transa, de 1972.
Estranhíssimo pensar nisso hoje: em 1972, enquanto eu era copydesk do Jornal da Tarde, no quinto andar – ou seria o sexto? ah, o Alemão! – do prédio da Major Quedinho, Caetano deu umas passadinhas no sétimo andar, no Estúdio Eldorado, para graver partes de Transa. Mas aí viajei pra muito longe.
Voltando: fingindo que não está nem aí, De Palma demonstra, rapidinho, as bases da edição de som, bem no início do filme que é todo sobre o fato de um engenheiro de som gravar, sem querer, sem saber, sem perceber, os ruídos do momento em que um crime estava sendo cometido.
O diálogo é uma delícia.
Sam, o diretor, reclama: – “O grito é horrível, Jack. Que gata você teve que estrangular para conseguir aquilo?’
Jack-John Travolta garotão de tudo, feio que nem a fome: – “A que você contratou. É o grito dela.”
Sam: – “Você não a dublou?”
E, quando Jack diz que não, Sam reclama: – “Eu não a contratei para gritar, eu a contratei por causa dos peitos dela.”
E Jack: – “E então? Com os peitos dela, quem vai prestart atenção ao grito?”
No momento seguinte, Sam pergunta a Jack há quanto tempo eles trabalham juntos.
Jack: – “Bem, vamos ver. Conheci você no Banho de Sangue, certo? E então fizemos Bloodbath 2. E então fizemos Um Dia na Praia Sangrenta. E fizemos Bordel de Sangue. E chegamos aos dias de hoje, Frenesi no Dormitório. (…) Caramba, cinco filmes em dois anos.”
É impressionante como De Palma consegue ser fiel a si mesmo nesta trilogia
Desde muito cedo, desde que era adolescente, umas quatro ou cinco encadernações atrás, sou apaixonado por autores que repetem seus temas, que voltam sempre aos seus temas. Acho isso bonito. Creio que, adolescente, admirava isso como sendo prova de coerência. Me apaixonei por Jacques Demy quando tinha 14, 15 anos, porque ele botava no seu novo filme uma referência a seu filme anterior, passava um personagem de um filme anterior para o novo, e mais uma vez para o seguinte. Me apaixonei por Claude Lelouch quando estava aí com uns 16 anos porque ele era fiel à sua mesma história, ao seu mesmo estilo, filme após filme. Aplaudi de pé como na ópera quando Domingos Oliveira trouxe de volta um personagem que era secundário em Todas as Mulheres do Mundo no seu filme seguinte, Edu Coração de Ouro. Babei com cada novo de François Truffaut com seu alter-ego, Antoine Doinel.
É impressionante como Brian De Palma consegue ser tão fiel a si mesmo, a apresentar, em histórias diferentes, um mesmo estilo, um mesmo ponto de vista, o mesmo tributo a grandes filmes, nesta sua trilogia de homenagens aos mestres.
Faz aberturas de narrativa que são paralelas, parecidas, quase irmãs siamesas.
Faz homenagens a tramas criando tramas parecidas, mas que não são cópias, não são plágios, de forma alguma – são, claramente, citações, tributos.
Tanto aqui quanto em Dublê de Corpo, visita o mundo dos filmes de terror classe B e dos filmes pornôs classe Z, como disse alguém, não guardei quem. E é fantástica, é bem humorada sua visão dos filmes de terror e de pornô baratos – que aqui chamaríamos de udigrudi.
Vestida para Matar tem um grande ator, Michael Caine, e uma atriz memorável, Angie Dickinson, mas quem acaba aparecendo mais é Nancy Allen. Nancy Allen interpreta a terceira personagem mais importante da trama. Era, na época, a sra. Brian De Palma – foram casados entre 1979 e 1984.
Nancy Allen aqui, neste Blow Out, interpreta Sally, uma vendedora de cosméticos que, para ganhar o suficiente para pagar as contas, se presta a ser fotografada ao lado de homens, como se fosse a amante deles, para que um amigo, Manny Karp (Dennis Franz), fotografe, a fim de conseguir uma boa grana do camarada para que a foto não seja mostrada à esposa.
Esse Dennis Franz faz, em Vestida para Matar, o papel de um policial de Nova York que interroga a personagem interpretada por Nancy Allen. O mesmo Dennis Franz, em Dublê de Corpo, faz o papel do diretor do filme dentro do filme, o diretor do filme Z de terror com o ator que é o personagem central da história.
Lá pelas tantas vai aparecer neste Um Tiro na Noite um sujeito desvairado, doido de pedra – mas competentíssimo no que faz -, chamado Burke. Ele é interpretado por John Lithgow, que voltaria a trabalhar com De Palma em Síndrome de Caim (1992).
A trilha sonora dos três filmes é do mesmo compositor – o italiano Pino Donaggio, que vinha de uma carreira de extraordinário sucesso como cantor e compositor pop, autor de grandes, extraordinários sucessos tipo “Come sinfonia” e “Io che non vivo (senza te)”. No esquisito, estranho, inimaginável encontro entre o músico italiano e o cineasta descendente de italianos nasceu uma parceria impressionante. As trilhas que Pino Donaggio criou para os filmes de De Palma são absolutamente maravilhosas.
Atores que estão sempre presentes, o mesmo compositor assinando os trilhas dos vários filmes, aberturas semelhantes: unidade, o mesmo estilo. Filmes pessoais – mesmo numa indústria em que dezenas e dezenas de pessoas estão envolvidas na produção de uma obra.
Primeiro houve um tiro, então o pneu do carro estourou, então houve o acidente
Sally, a personagem interpretada por Nancy Allen, surge na história bem no início, na sequência crucial, fundamental, em que Jack, o engenheiro de som, está caminhando numa espécie de parque com seu gigantesco gravador de rolo, segurando na mão um possante microfone.
Jack está gravando todo tipo de ruído que possa ser necessário mais tarde para acrescentar em alguma cena dos próximos filmes em que trabalhar. Grava passos de pessoas na calçada. O pio de uma coruja.
De repente, numa estrada que dá numa ponte, vem um carro em alta velocidade. Há um estampido, logo em seguida um estouro, o carro se desgoverna, cai no rio. Jack deixa seu equipamento de lado, mergulha; no carro com os vidros todos fechados, há uma mulher viva. Jack se mostra um grande atleta, uma figura cheia de força: volta à tona, respira, mergulha de novo, arrebenta o vidro de uma porta, puxa a moça para o alto, salva a vida dela.
É Sally, a esteticista que faz biscate posando de amante para que o amigo fotógrafo fature algum com chantagem. E Nancy Allen é perfeita para interpretar essa mulher simples, quase simplória, com jeito inocente e ao mesmo tempo muito sensual.
Quem dirigia o carro – Jack e o espectador vão saber logo em seguida – era o governador do Estado, que estava muito bem cotado para ser candidato à presidência da República em breve. O governador morreu no acidente. Jack e Sally ainda estão no hospital quando um assessor do governador procura o rapaz para exigir que ele não conte para ninguém que havia uma mulher no carro: aquilo acabaria com a reputação dele, mancharia sua história, provocaria imensa tristeza em sua mulher, toda a sua família.
Jack fica chocado com tudo aquilo. E pior ainda: ele tem o ouvido treinadíssimo, sabe distinguir os sons como pouquíssima gente sabe. E tem certeza – e a fita do seu gravador comprova isso – de que houve primeiro um tiro, e em seguida o ruído de um pneu estourando.
Havia uma mulher no carro do governador, e ninguém poderia saber disso. Mas, fosse o que fosse a história de haver Sally dentro do carro, alguém tinha atirado no pneu para provocar o acidente. Jack tem certeza – mas a polícia não está nada inclinada a admitir uma teoria conspiratória da história. Para a polícia, foi um acidente, e pronto.
Nesse ponto, o filme está aí com uns 15 minutos, apenas. Haverá muita ação, muito suspense daí para a frente.
O caso do carro do político lembra muito o acidente envolvendo Ted Kennedy
Um registro necessário: esse enredo politico de prestígio dirige carro, sofre acidente, revela-se que estava sozinho com uma mulher que não era a sua não é uma invenção de Brian De Palma, o autor do argumento e do roteiro deste Blow Out. É uma citação óbvia de um caso real, que ficou conhecido pelo nome danado de difícil de lembrar como se grafa e pronuncia, Chappaquiddick.
Foi um escândalo de dimensões ciclópicas que abalou a cena política americana. Aconteceu em 18 de julho de 1969. O senador Ted Kennedy, tido como candidato potencial do Partido Democrata à presidência da República, após os assassinatos de seus irmãos John e Bob, estava dirigindo um carro que se acidentou e caiu na água num canal junto da ilha de Chappaquiddick, no litoral do Estado natal dos Kennedy, Massachusetts. O senador conseguiu se libertar, sair do carro e escapar a nado. Não comunicou de imediato à polícia, a ninguém, que no carro havia uma jovem mulher, Mary Jo Kopechne. Só avisou a polícia nove horas depois que o carro caiu na água: apresentou-se às autoridades declarando-se culpado por deixar o local de um acidente. Foi condenado a uma pena de dois meses, mais tarde suspensa – e, nos anos que se seguiram, recusou-se com firmeza a admitir a possibibilidade de disputar as primárias com vistas à eleição presidencial.
Uma mistura de fatos da história americana com a série Além da Imaginação
Leonard Maltin deu ao filme 2.5 estrelas em 4: “Intrigante variação de Blow Up de Antonioni (com um título similar, nada menos que isso!) passada na Filadélfia, sobre um técnico de efeitos sonorous que grava um acidente de carro que se revela ser um assassinato com motivações políticas. Absorvente na maior parte, mas enfraquecido pelo trabalho de câmara exibicionista e por furos na lógica.”
Opinião é assim, cada um tem a sua. Para mim, é uma bela história fortalecida por um trabalho de câmara exibicionista, sim, porque De Palma pode, porque seu trabalho de é esmerado, maravilhoso.
Roger Ebert deu a cotação máxima de 4 estrelas. Começa dizendo que há momentos em que Blow Out parece a história americana recente misturada com o clima de Twilight Zone – a série Além da Imaginação. “E se as gravações do rádio da polícia de Dallas tivessem se cruzado com Chappaquiddick e se ligado a Watergate? E se Jack Ruby fosse um detetive particular especializado em casos de divórcio? E se Abraham Zapruder – o homem que levou para casa os filmes da morte do presidente John F. Kennedy – fosse um técnico de efeitozs sonoros?”
Para em seguida dizer: “Essas são algumas das inspirações a partir das quais Brian De Palma constrói Blow Out, um filme em que ele prossegue na sua prática de cruzar referências a outros filmes, outros diretores, e eventos reais, e que mesmo assim é seu melhor e mais original trabalho.”
E seguem-se a essa abertura deliciosas, maravilhosas 70 linhas de belo texto sobre esse filme fascinante. Roger Ebert era mesmo uma absoluta maravilha.
Para mim, é assim: perdi a conta de quantas vezes vi Vestida para Matar; Dublê de Corpo, este vi pelo menos três vezes, e quero ver mais. Este Blow Out, que, não sei por que motivo, perdi na época do lançamento e só vim a ver agora, quero ver de novo o mais rápido possível.
Grande Brian De Palma.
Anotação em janeiro de 2015
Um Tiro na Noite/Blow Out
De Brian de Palma, EUA, 1981
Com John Travolta (Jack), Nancy Allen (Sally),
e John Lithgow (Burke), Dennis Franz (Manny Karp), Peter Boyden (Sam),
Curt May (Frank), Ernest McClure (Jim), Dave Roberts (o âncora)
Argumento e roteiro Brian De Palma
Fotografia Vilmos Zsigmond
Música Pino Donaggio
Montagem Paul Hirsch
Produção George Litto, Cinema 77, Geria Productions, Filmways Pictures. DVD MGM.
Cor, 107 min
***1/2
Eu espero que um dia o John Lithgow ganhe um Oscar e que não seja honorário.
Eu vi-o no cinema e gostei muito, é um dos filmes de De Palma que eu mais aprecio. Ele teceu um enredo muito bem elaborado com todas as implicações que Roger Ebert refere. Quanto ao Blow Up detesto. Absolutamente.
De Palma é um cara que sabe fazer uma bela homenagem, além dos já citados por você, tem também Scarface e Os Intocáveis, sem querer desmerecer o talento de ninguém, mas as ”supostas homenagens” de Psicose (1998), de Gus Van Sant e Poltergeist: O Fenômeno (2015), de Gil Kenan, são dispensáveis. Por outro lado, outras refilmagens são bem legais como ”O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982), de John Carpenter e A Mosca (1986), de David Cronenberg. Mas essa é só minha opinião, afinal ninguém nasce sendo um Leonard Maltin, Pauline Kael, Jean Tulard, André Bazin, Roger Ebert, François Truffaut, Rubens Ewald Filho, ou Sérgio Vaz.
Pô, Billy, nem como brincadeira se pode fazer uma coisa destas – imagina, me botar ao lado dos bambas aí… Sou apenas um amador, um sujeito que gosta dos filmes, como você!
Muito obrigado pelo comentário, amigo – e também pela brincadeira!
Um abraço.
Sérgio
Meu caro Vaz, antes de tudo, obrigado pelo retorno. Também fez meu dia.
Dito isso, vamos aos fatos.
Não sei se vi “Blow Out” no SBT(!) ou em VHS. Várias coisas tornaram esse filme algo quase sagrado pra mim.
Assim como você, no início da adolescência eu já era cinéfilo e tinha meu caderninho de resenhas. Caprichava na letra de fôrma para fazer ficha técnica, sinopse e crítica. Lembro de ter dado um 9 pra este aqui. Achei melhor que “Body Double”, que já adorava.
Descobri a importância da edição de som, impressionei-me com a atuação de Travolta, torci para o casal romântico dar certo – o que me fez execrar o assassino. Aliás, a cena da morte da mocinha, em câmera lenta, me marcou por toda a vida. De Palma transmite com maestria a agonia de Travolta ao tentar salvar, em vão, sua amada. E que música era aquela? Comprei até um cd do Donaggio. Depois garimpei a cena no YouTube.
Que final tragicamente belo. Ele enfim acha o grito.
Mudando de assunto, não seja modesto. Você é sim um crítico exemplar. Escreve melhor que Ewald ou Araújo. E Ebert, veja só, compartilha sempre das minhas opiniões. Nunca falha.
Abraço