Ao rever Amistad agora, em 2013, na véspera da cerimônia em que a Academia acabaria dando a Lincoln apenas dois dos 12 prêmios a que foi indicado, e 16 anos depois que ele foi feito, me ocorreu que o filme de 1997 era assim uma espécie de prenúncio do de 2012.
Me pareceu que Lincoln – que ainda não vi – a rigor é assim a terceira parte de uma trilogia de filmes do judeu Steven Spielberg sobre a condição dos negros nos Estados Unidos da América, esse país fascinante e paradoxal que se orgulha de ser a terra da liberdade, da justiça, da democracia, do sonho, do direito inalienável à procura da felicidade, e ao mesmo tempo foi e continua sendo um dos países mais racistas, mais intolerantes, e mais injustos, em termos de distribuição de renda, deste pobre planeta.
O primeiro filme disso que eu ousaria chamar de uma trilogia é, naturalmente, A Cor Púrpura, de 1985. A Cor Púrpura foi o primeiro drama sério feito por Spielberg, àquela altura o maior fazedor de blockbusters, de sucessos de arrasar quarteirão, que Hollywood já havia conhecido, desde sempre, desde nunca. E bota drama, e bota sério nisso. Ao longo de 154 minutos, duas horas e 34 minutos, Spielberg expôs uma história de abuso sexual, de abuso físico – homens espancando mulheres –, e de racismo nojento. Um personagem diz que a pior coisa que pode acontecer a alguém é ser preto, pobre, feio e mulher.
Lincoln, evidentemente, trata do período em que foi abolida a escravidão.
Amistad é o filme do meio. Fica entre a exposição pura e simples da condição sub-humana de uma mulher que é preta, pobre e feia, e a narrativa dos fatos históricos que determinaram o fim da escravidão.
Lincoln, ainda não sei; não posso dizer nada. Amistad – assim como A Cor Púrpura – é um filme maior, uma obra-prima. Dos melhores que já foram feitos até hoje.
Revê-lo só reafirma isso.
Spielberg não tem pressa, a narrativa tem pausas
Spielberg fez sucesso demais, ao longo de toda a sua fenomenal carreira. Sucesso demais costuma deixar muita gente puta da vida. No Brasil, então, isso é quase fatal. Os brasileiros parecem odiar quem faça sucesso – Domingos Oliveira dizia isso por experiência própria, depois de ter feito Todas as Mulheres do Mundo. Dos 1.203 críticos de cinema dos grandes jornais e revistas brasileiros, uns 1.204 detestam Spielberg, assim como detestam Claude Lelouch. Aguardam cada novo filme de Spielberg para despejar bílis contra ele. Eu, quieto aqui no meu cantinho, remo contra essa maré.
Amistad é um filme brilhante em tudo, em cada pequeno detalhe.
Como A Cor Púrpura (e também Lincoln), é longo: são 155 minutos. Spielberg não tem pressa; a narrativa tem pausas (há demorados fade outs, momentos em que a tela fica toda negra, marcando a divisão entre um capítulo e outro da história), tem crescendos e momentos mais suaves, como numa sinfonia.
É um épico peculiar: ao contrário de praticamente todos os épicos, de Ben-Hur a Ran, a maior parte de suas sequências acontece em ambientes fechados, em interiores – tribunais, presídios, residências, palácios.
Quando acontecem as sequências em exteriores, ao ar livre, a beleza das imagens é estonteante.
Para lembrar do tema, da trama, uso a sinopse do ótimo Guia de Vídeo e DVD da Nova Cultural:
“Em 1839, a revolta de escravos transportados por um navio espanhol termina no continente norte-americano e os amotinados são presos e submetidos a um polêmico julgamento que atrai lideranças abolicionistas. Episódio verídico que possibilitou a Spielberg fazer um filme vigoroso, sem nenhum momento de pieguice.”
O nome do navio é uma das maiores ironias da História
Amistad abre com a revolta dos escravos. A seqüência é belíssima, mas de uma violência extrema, feroz. A primeira tomada é um super big close-up do pedaço de um rosto, o de Cinque (Djimon Hounsou, na foto acima e no meio na foto abaixo), que está arrancando os pregos que prendem suas correntes à madeira do navio. Quando ela finalmente consegue se soltar, e passa a soltar os companheiros, é um tsunami. Rapidamente, os escravos trucidam quase todos os brancos da tripulação; sobram apenas dois.
Há uma discussão em idioma africano entre Cinque e um outro revoltoso. Um deles quer matar aqueles únicos sobreviventes; o outro argumenta que eles poderão ajudar a levar o navio de volta à África. Este último vence a parada.
Por seis semanas, o La Amistad (este é o nome do navio, uma das maiores ironias da História) navega aparentemente sem direção certa.
Acaba apreendido pela Marinha americana e levado para New Haven, em Connecticut, próximo a Nova York.
Forma-se um gigantesco imbróglio jurídico, econômico e diplomático – que depois se transformará em um problema institucional, mexendo com a independência entre os poderes Executivo e Judiciário dos Estados Unidos.
A questão é bastante complexa, mas o roteiro escrito por David Franzoni consegue apresentá-la de maneira bem compreensível.
De um lado, a Espanha – cuja rainha era uma adolescente, Isabel II, interpretada por Anna Paquin, que quatro anos antes ganhara o Oscar de coadjuvante por O Piano – requeria ao governo dos Estados Unidos a devolução do La Amistad e de toda a sua carga.
De outro lado, dois cubanos se diziam os legítimos donos da carga – ou seja, os mais de 40 escravos –, e pediam na Justiça que ela lhes fosse restituída.
O promotor local, Holabird (Pete Postlethwait, no centro da foto abaixo), pede a condenação de todos pelos assassinatos da tripulação do Amistad.
Dois abolicionistas, homens ricos, Joadson (Morgan Freeman) e Tappan (Stellan Skarsgård), tentam no mesmo tribunal conseguir a liberdade dos membros do grupo. Têm a ajuda de um esperto e esforçado jovem advogado, Baldwin (Matthew McConaughey), especializado em litígios comerciais.
Uma das questões cruciais é determinar de onde vieram aqueles 40 e tantos homens e mulheres, qual é sua origem. Se eles tivessem vindo de Cuba, seriam escravos, e portanto mercadoria – e caberia à Justiça determinar se seriam devolvidos a Cuba ou à Espanha. Mas se eles tivessem vindo da África, teriam sido capturados enquanto homens livres.
Um filme de belíssimas imagens e belíssimas palavras
Mas, além de todo esse imbróglio, há as questões políticas. Era 1839, e a escravidão ainda era vigente nos Estados agrícolas do Sul, cuja economia dependia do trabalho escravo. Mas o movimento abolicionista já era forte.
O então presidente americano, Martin Von Buren (Nigel Hawthorne), estava em campanha pela reeleição – e político em busca de votos tenta não desagradar a ninguém. Uma eventual decisão do tribunal a favor dos negros não apenas desagradaria à Espanha, país então importante e aliado do governo americano, mas, principalmente, insuflaria o ódio dos Estados sulistas – que já ameaçavam uma guerra civil contra a União. O próprio secretário de Estado John Forsyth (David Paymer) leva ao tribunal o pedido do governo de que o Amistad e sua carga sejam devolvidos à Coroa espanhola.
Todas essas questões são colocadas – e bem colocadas – na primeira meia hora do filme.
Amistad é um filme de belíssimas imagens e belíssimas palavras. Há diversos diálogos maravilhosos, impressionantes. Uma frase me impressionou demais nesta revisão agora. É numa seqüência de um jantar na Casa Branca; ao lado do então presidente Martin Von Buren está o embaixador da Espanha, Calderon (Tomas Milian), e a figura diz o seguinte:
– “O que é mais desconcertante para Sua Majestade (a garotinha interpretada por Anna Paquin) é a arrogante independência dos tribunais americanos. Afinal, se não pode governar os tribunais, não se pode governar.”
Todos os déspotas, todas as pessoas que admiram as tiranias adorariam ter criado essa frase. José Dirceu que o diga.
Bem no meio do filme, a epopéia da África até a América
Quando a ação vai pela metade das 2 horas e 35 minutos de duração de Amistad, há uma esplendorosa sequência – um dos momentos de crescendo da sinfonia de Spielberg – em que o espectador finalmente vê toda a história daquele grupo de homens, desde o momento em que são aprisionados na sua terra, a Serra Leoa, por mercadores de escravos, até a revolta no Amistad, com passagem por uma fortaleza-prisão ainda na África e por um mercado de escravos em Cuba.
A epopéia é apresentada por Cinque, o líder do grupo, depois que o abolicionista Joadson e o advogado Baldwin conseguem encontrar alguém que fale a língua dos presos. Covey (interpretado pelo então bem jovem Chiwetel Ejiofor) havia sido ele mesmo preso na sua África natal para ser vendido como escravo, e depois salvo pela Marinha britânica (a Grã-Bretanha havia abolido a escravidão em suas colônias e lutava nos mares contra os mercadores de escravos).
Com Covey como intérprete, finalmente o abolicionista e o advogado conseguem conversar com Cinque, e obter dele a narrativa de sua história. As sequências que mostram sua epopéia começam com Cinque falando na prisão, e terminam com ele repetindo a história no tribunal. É um belo achado do roteiro.
Num elenco estelar, Anthony Hopkins rouba a cena
O momento mais importante, o crescendo culminante, no entanto, só virá quando a narrativa já se aproxima do fim. É quando o caso é levado à Suprema Corte dos Estados Unidos – formado por 11 juízes, dos quais sete eram donos de escravos –, e, em defesa dos presos, atua John Quincy Adams (o papel de Anthony Hopkins).
John Quincy Adams é, sem dúvida, na minha opinião, o personagem mais fascinante deste filme de muitos personagens fascinantes.
John Adams (1735-1826) havia sido o primeiro vice-presidente americano, quando George Washington era presidente. Em seguida, foi eleito presidente – o segundo presidente da história do país, governando entre 1797 e 1801. John Quincy Adams (1767-1848) era filho de John Adams; eleito ele próprio presidente dos Estados Unidos, o sexto, governou entre 1825 e 1829.
Em 1839, a época em que se passam os acontecimentos, John Quincy Adams, envelhecido, com aparência debilitada, quase senil, era apenas deputado estadual em Massachusetts.
Mas ainda inspirava respeito, é claro. Tinha sido presidente, seu pai tinha sido presidente. Era um fantástico orador.
Durante anos os abolicionistas o cortejaram, para que ele apoiasse a causa. Durante anos recusou – até que o caso dos amotinados do navio La Amistad chegou à Suprema Corte.
A fala dele diante dos 11 magistrados na Suprema Corte é espetacular, emocionante, inesquecível.
Num elenco estelar, Anthony Hopkins rouba a cena, rouba o filme. Estava com 60 anos, e interpreta um homem bem mais velho e debilitado. Apenas seis anos antes, havia feito o forte, vigoroso canibal Hannibal, em O Silêncio dos Inocentes (e levado para sua casa na Inglaterra o Oscar de melhor ator).
Anthony Hopkins brilha em Amistad.
Amistad, como A Cor Púrpura, não levou nenhum Oscar
Foi indicado ao Oscar de coadjuvante por seu desempenho como John Quincy Adams – sua quarta indicação, depois de O Silêncio dos Inocentes (1991), Vestígios do Dia (1993) e Nixon (1996). Como nestes dois últimos filmes, não levou o prêmio.
Amistad só teve quatro indicações ao Oscar. Além de Anthony Hopkins, houve indicações aos prêmios de melhor fotografia para Janusz Kaminski, melhor trilha sonora para John Williams e melhor figurino para Ruth E. Carter. Exatamente como havia acontecido com A Cor Púrpura, que teve 11 indicações, Amistad não levou estatueta alguma.
No total, Amistad ganhou sete prêmios e teve outras 29 indicações.
É preciso registrar: nem o popular Leonard Maltin nem o erudito Jean Tulard fazem grandes elogios ao filme, em seus guias. Ao contrário, apresentam senões, dizem que é longo demais, irregular, sem nuances. Amistad também não está no 1001 Filmes para Ver Antes de Morrer.
Debbie Allen levou 13 anos para conseguir que o filme fosse feito
Amistad foi feito graças à persistência de uma mulher. Debbie Allen, uma descendente de escravos, atriz com quase 50 títulos na filmografia, produtora de 15 filmes, descobriu a história do navio Amistad ao ler os dois volumes do livro Black Mutiny – motim negro –, escrito por William Owen e publicado em 1953. “Achei que era uma história tão importante que quis que o mundo a conhecesse”, disse ela numa entrevista à hoje extinta revista Premiere. Ela mesma comprou os direitos de adaptação do livro, e levou o projeto de estúdio em estúdio, sempre ouvindo a palavra não.
Foram 13 anos entre a decisão dela de transformar a história em filme e a produção de Amistad.
Num making off que acompanha o filme no DVD, Debbie Allen diz que, ao ver A Lista de Schindler, de 1993, teve a certeza de que era aquele sujeito que tinha que dirigir o filme. Só o cara que soube retratar com tamanha força a tragédia dos judeus nos campos de concentração – foi o entendimento dela – poderia retratar a epopéia desse grupo de negros que acabaria sendo um dos antecedentes tanto da Guerra Civil Americana (1861-1865) quanto da abolição da escravatura, decretada por Abraham Lincoln em 1863.
Temos todos que agradecer a Debbie Allen por ter persistido – e ter levado seu projeto a Steven Spielberg, que acabava de criar seu próprio estúdio, o DreamWorks, junto com Jeffrey Katzenberg e David Geffen. (Amistad foi o primeiro filme de Spielberg produzido pela DreamWorks; associado ao estúdio estava a HBO, a rede de TV das boas causas.)
Mas a verdade é que a produtora Debbie Allen não precisava ter esperado por A Lista de Schindler para ter a certeza de que Spielberg era o cara para filmar essa epopéia de pessoas de pele negra. Ele já havia provado isso anos antes, quando fez A Cor Púrpura.
Anotação em fevereiro de 2013
Amistad
De Steven Spielberg, EUA, 1997
Com Djimon Hounsou (Cinque), Matthew McConaughey (Roger Baldwin), Morgan Freeman (Theodore Joadson), Anthony Hopkins (John Quincy Adams), Nigel Hawthorne (Martin Von Buren), David Paymer (secretário de Estado John Forsyth), Pete Postlethwaite (promotor Holabird), Stellan Skarsgård (Tappan), Anna Paquin (Rainha Isabel II da Espanha), Chiwetel Ejiofor (Ensiign Covey, o intérprete), Peter Firth (Capitão Fitzgerald), Xander Berkeley (Hammond), Jeremy Northam (juiz Coglin), Arliss Howard (John C. Calhoun), Tomas Milian (Calderón, o embaixador da Espanha)
Roteiro David Franzoni (não está nos créditos, mas o roteiro teria sido revisto por Steve Zaillian)
Baseado no livro Black Mutiny, de William Owen
Fotografia Janusz Kaminski
Montagem Michael Kahn
Produção Debbie Allen, DreamWorks e HBO. DVD DreamWorks.
Cor, 155 min
****
Gosto muito deste filme e, por razões que desconheço, não foi muito apreciado quando saiu nos cinemas.
Ainda agora parece que continua a não ter uma grande cotação nos Estados Unidos.
Acho que é um dos melhores trabalhos de Spielberg.
Vim só dizer que adoro esta “trilogia” e que apesar de Argo não ser um filme ruim não chega – nem de longe – a fazer sombra ao soberbo Lincoln.
Também não entendo por que críticos “especializados” (???) e certa parcela do público cinéfilo detestam este filme. E de modo geral as criticas a ele sempre me parecem sem noção – como uma que diz que o filme nem sequer “arranha” o tema escravidão em todo o seu horror… Absurdo. Pois até hoje sinto arrepios quando me remeto à cena daquele bebê negro, em agonia, sendo passado de mão em mão nos porões do navio… Poucos retratos cinematográficos da escravidão foram mais horripilantes e contundentes pra mim.
Nem sei como comentar essa nota. Parabéns! É, no mínimo, completa para quem procura por informações a respeito do filme. Quer dizer, quase completa: fiquei curioso em saber quais os prêmios que o filme ganhou. É uma pena que a Academia não queira se curvar diante da grandeza de Steven Spielberg.
Caro Roberto, agradeço por seu comentário. Acabei não mencionando quais foram os sete prêmios que “Amistad” ganhou porque não são muito importantes. Você pode conferir todos os prêmios e indicações aqui: http://www.imdb.com/title/tt0118607/awards?ref_=tt_awd.
Sérgio
Uma obra prima , perdi as contas de quantas vezes já assisti….
Muito bom
Excelente texto, parabéns!
Quando fui pesquisar os prêmios que esse filme ganhou, não me choquei tanto, ao ver que foram somente quatro Oscar, tendo visto que não é segredo pra ninguém que a academia do Oscar é racista no alto ponto de escala. Esse filme é belíssimo e merecia ter levado no mínimo o prêmio de melhor filme do ano, melhor diretor, melhor roteiro e melhor ator pro Djmon, que pra mim, foi linda a sua interpretação. As cenas dos escravos no navio, são de uma dor e uma angústia sem fim, a tristeza de saber que muitas pessoas passaram por isso e até coisas bem piores ainda, nós fazem ver o olhar que o Steven teve sobre toda essa história e só reforça o quanto ele merecia e muito, ter ganho o Oscar de melhor diretor, assim como no excelente A cor púrpura. A # Boicote ao Oscar é pouco pra essa academia!
O que posso escrever sobre o filme “Amistad” ? Lembro de uma frase marcante ouvida ao longo de minha vida: Nem Jesus conseguiu agradar a todos.
Porque devo seguir orientação de criticos especializados ? Que quase sempre ganham um trocadinho para falar bem de um filme péssimo, porque molham suas mãos com um “pixuleco”.
Vi Amistad, A cor púrpura, A lista de Schindler e tenho orgulho disto.
Vi muitos outros do Spielberg, pena que a academia (com letra pequena mesmo) e parcial e vendida.
Já perdi a conta de quantas vezes vi Amistad. Preservo meu aparelho de DVD com esse objetivo (prefiro assim do que assisti-lo nos canais de streaming).
Excelente análise. Concordo em TUDO! E para demonstrar isso, uso uma parte do diálogo (adaptado) entre Cinque e Adams:
– Que palavras usou para convencê-los?
– As suas, Cinque, as suas!
Arrepiante! Emocionante! Perfeito!
Já estou em lágrimas – novamente e sempre que vejo ou falo sobre Amistad.
Também já vi A Cor Púrpura, A Lista de Schindler e reverencio o talento de Spielberg; mas Amistad “mora no meu coração”!
Fico intrigada com os critérios da Academia, especialmente diante do resultado de melhor filme de 2022… “No ritmo do coração”?!?!?!
Não é ruim, mas está (muito) longe de ser um “melhor filme do ano”. Detalhe: sou surda.