Desafio à Corrupção, no original The Hustler, de Robert Rossen, lançado em 1961, é um grande filme. Mas é mais que um filme: é uma lenda.
Sucesso de crítica e público, nove indicações ao Oscar, duas vitórias, 14 prêmios no total, The Hustler ajudou a consolidar Paul Newman como grande astro, e virou cult para muita gente que não conhece nenhum outro tipo de cult movie. Primeiro filme sobre o mundo do bilhar, da sinuca, é objeto de admiração, veneração, de gerações de aficionados pelo jogo – e são muitos milhares. Um jogador que já era famoso na época, tido como um dos melhores dos Estados Unidos, mudou oficialmente seu nome para o de um dos personagens da história, Minnesota Fats.
O grande Martin Scorsese, apaixonado pelos belos filmes (refilmaria Círculo do Medo/Cape Fear, daquela mesma época), filmou a continuação de Desafio à Corrupção, A Cor do Dinheiro, exato um quarto de século depois, em 1986, com Paul Newman vivendo seu mesmo personagem original, 25 anos mais velho.
Uma lenda.
Para mim, pessoalmente, Desafio à Corrupção sempre foi uma lenda. Foi um daqueles filmes de que ouvi falar muito, demais, quando era garoto, adolescente, mas não pude ver por causa da censura por faixa etária. Sabia toda a história, contada pelos irmãos mais velhos, via as fotos nas revistas, nos jornais – mas não podia ver o filme. Por uma dessas pequenas armadilhas do destino, nunca tive a oportunidade de ver The Hustler – nem em reestréias, nem na TV, nem no vídeo. Só vim vê-lo agora, outro quarto de século depois de ter visto e revisto A Cor do Dinheiro.
Confesso que vi The Hustler como um beatlemaníaco fanático vê um show de Paul McCartney, um sinatrista de carteirinha amarelecida vê um show de The Voice.
Um bar dos baratos, com uma mesa de sinuca no fundo
CinemaScope, hoje widescreen. Não importa o nome: tela grande, bem retangular. Fotografia em magnífico preto-e-branco – tomadas feitas nas ruas, não em rua reproduzida dentro de estúdio. Um carro pára diante de um bar com a placa “Pool” – sinuca. É uma cidade pequena, e o bar é dos baratos. Os dois ocupantes do carro entram no lugar – um é mais jovem, aí na faixa dos 30 anos; o outro é bem mais velho, aí pelos 50 e tantos.
Conversam com o homem do bar. Ele pergunta se estão de passagem, eles dizem que estão indo para Pittsburgh, para uma convenção de vendedores que começa na manhã seguinte. O mais velho conta que o mais novo é um campeão de vendas, ganha boa comissão. O dono do bar diz que está quente demais para viajar – poderiam retomar a estrada mais tarde, chegariam a Pittsburgh em duas ou três horas. O mais novo se anima: que tal um joguinho de sinuca, Charlie?
E, para o homem do bar, diz que é para ir servindo sempre – JTS Brown, especifica. JTS Brown, bourbon, uísque americano, de milho, no copinho de cowboy.
Os desocupados no bar assistem ao jogo entre os dois viajantes.
O mais jovem bebe uma atrás da outra, começa a se movimentar molengamente, bebadamente. E perde no jogo. Aposta, e perde. “Ainda bem que ele tem dinheiro”, havia dito Charlie, o mais velho, ao homem do bar, quando o mais novo o chamou para jogar uma partidinha.
Aí, ele acerta uma tacada especialmente difícil. A bola branca estava quase encostada em uma outra, perigosamente à beira de uma caçapa. Mas ele consegue, com uma tacada certeira, evitar que a branca caia na caçapa, e joga a outra na caçapa do outro lado.
Charlie comenta que é sorte de bêbado. O outro fica irritado, diz que repete aquela mesma tacada. Chama a aposta. Charlie tenta demovê-lo, ele insiste. Reposicionam as bolas no lugar em que estavam. O mais jovem vai lá, observa a posição das bolas, cambaleia até o outro lado da mesa – e dá uma tacada horrorosa, que faz uma das bolas voar para fora da mesa.
Charlie diz que é hora de parar. O outro insiste: juro que consegue acertar de novo. Charlie diz que não quer mais saber de ganhar dinheiro dele.
O homem do bar diz que topa apostar. Gingando feito bêbado, o mais jovem conta as notas amassadas que possui. Diz que aposta tudo o que tem, US$ 105,00 – as comissões de uma semana de vendas. O homem do bar vai até o caixa, retira US$ 105, joga na mesa, junto com os outros US$ 105 do outro. O mais jovem diz para o homem do bar colocar as bolas na posição em que estavam das outras vezes – mas nem vai lá observar se está direito.
A câmara focaliza o rosto dele na hora de dar a tacada. Não vemos o que acontece na mesa. A tomada seguinte mostra os dois homens entrando novamente no carro, o personagem de Paul Newman, o mais jovem, jogando a carteira no colo de Charlie (Myron McCormick). Ele está sorrindo, e não parece bêbado de forma alguma. O rosto de Charlie está sério.
E aí começam os créditos iniciais.
Como se arma e se dá o golpe, a trapaça, a vigarice
Esse extraordinário prólogo de Desafio à Corrupção – que tentei descrever porque não consigo deixar de tentar descrever sequências brilhantes, memoráveis, embora sabendo que é uma tentativa pálida, muitíssimo aquém do que a câmara mostra – dura pouquinho menos que seis minutos. Cinco minutos e uns 50 segundos do mais brilhante cinema.
E não importa que o espectador já saiba que, é claro, é óbvio, aqueles dois sujeitos, Eddie Felson (o personagem de Paul Newman) e Charlie, não são vendedores de coisa alguma, não estão indo para convenção de vendedores coisa alguma. O prólogo funciona à perfeição: mostra, tintim por tintim, como se arma e se dá o golpe, a trapaça, a vigarice.
Um salão respeitável, de cidade grande, um sacrossanto espaço onde se joga bilhar
Terminado o prólogo, começam os créditos iniciais – e são fantásticos, os créditos iniciais.
Tomadas normais, em movimento – e aí se paralisam, congelam, dão freeze, viram fotos, no momento em que aparece algum dos nomes dos atores, da equipe.
A coisa em si já é esperta, bem sacada. Mas é mais que isso – e não reparei, confesso que não consegui reparar, prestando mais atenção aos nomes que às imagens. Só percebi este detalhe depois de ouvir falar sobre ele num dos muitos especiais do DVD:
As imagens que aparecem ao longo dos créditos iniciais são de tomadas que veremos mais adiante, durante o filme.
Robert Rossen, em 1961, botou nos créditos iniciais de The Hustler tomadas de flash forward – cenas do futuro. De uma certa maneira, Robert Rossen antecipou idéias que Sergio Leone usaria duas décadas depois, em Era Uma Vez na América.
A primeira tomada após os créditos iniciais, aquilo que seria o primeiro parágrafo do livro após o prólogo, é um jogo contra a luz. A câmara está no interior, mostrando uma janela protegida por uma persiana, que naquele exato momento está sendo aberta, para revelar, vista por detrás, é claro, a palavra Billiards escrita no vidro, chamariz para quem está do outro lado, na rua.
Seguem-se planos gerais daquele interior – um salão de bilhar, algo muito diferente daquele espaço nos fundos do bar da cidade pequena. Aqui é um salão de bilhar respeitável, de cidade grande, onde gente grande vem jogar. Aqui não há bar, não se vendem bebidas. É um sacrossanto espaço onde se joga bilhar.
Eddie Felson e Charlie entram no sacrossanto espaço.
Vieram dos lugares simples, das cidades pequenas. Estão agora chegando à catedral do jogo.
Há uma inequívoca remissão ao western, o mais americano de todos os gêneros cinematográficos. Os pistoleiros pequeninos estão chegando a Tombstone, a Kansas City.
Os pistoleiros pequeninos chegaram para enfrentar gente grande.
Eddie Felson-Paul Newman diz a frase – mais que dizer, ele deixa escapar a frase: “Church of the Good Hustler”.
A Igreja do Bom Trapaceiro.
Hustler, diz o Longman, significa swindler. Do verbo swindle – to cheat someone, esp so as to get money illegally. O português é rico para dizer esse tipo de coisa. Trapaceiro, vigarista, golpista, embusteiro, velhaco.
Vinte e quatro horas consecutivas de jogo de bilhar
Eddie Felson, o hustler do título original, o trapaceiro, e seu sócio Charlie vieram desde Oakland, na área da baía de San Francisco, até o outro extremo do país, Nova York, NY, para finalmente enfrentar o sujeito que era tido como o melhor jogador do país, Minnesota Fats. Chegam muito cedo ao Ames, o salão em que, todas as noites, pontualmente às 20 horas, Minnesota Fats adentra à procura de loucos que queiram jogar – e, portanto, necessariamente, perder.
A fama de Eddie Felson havia atravessado o continente antes dele. Alguém o reconhece. E, generosamente, sugere a Charlie: caia fora. É bobagem enfrentar Minnesota Fats – ele não perde uma partida há 15 anos.
A generosa sugestão é recusada.
Às 20 horas em ponto, adentra o salão Minnesota Fats. Vem no corpanzil de Jackie Gleason (na foto acima), então um superastro da TV americana – um ator brilhante. Terno impecável, colete, flor na lapela, como se estivesse indo a um casamento. Afinal, aquele lugar é o Templo do Bilhar.
Eddie Felson, o que esconde o jogo para ganhar dinheiro dos incautos, vai enfrentar Minnesota Fats, o que não perde há 15 anos, durante mais de 24 horas consecutivas.
Um cineasta à vontade com o filme noir, com a atmosfera enfumaçada das salas de jogo
Robert Rossen, o diretor e co-autor do roteiro, era uma artista sério. Fazia filmes sérios, que falavam coisas importantes. Doze antes de The Hustler, em 1949, havia feito All the King’s Men, um título, tirado do romance que daria origem ao filme, já em si provocativo, um toque shakespeariano. (Não é por acaso que o filme sobre Watergate, All the President’s Men, seria uma variação deste aqui.) Indicado a cinco Oscars, e premiado com três, inclusive o de melhor filme, All the King’s Men, no Brasil A Grande Ilusão, era um filme político sério, profundo, sobre como é reta e curta a estrada que liga o sonho de mudar a sociedade, o mundo, e a dura verdade de que, muitas vezes, quando pessoas humildes sobem ao poder, tornam-se tão corruptas quanto aquelas que diziam combater.
A vida real, infelizmente, está cheia de exemplos disso, como bem sabemos.
Jean Tulard define assim Robert Rossen: “Sente-se mais à vontade com o filme noir, do qual ele foi, como roteirista, um dos fundadores. Sabe reconstituir admiravelmente a atmosfera tensa e enfumaçada das salas onde se enfrentam os boxeadores (Corpo e Alma) ou os jogadores de bilhar (Desafio à Corrupção), o mundo ilícito que frequentam, as artimanhas e as combinações dos adversários e de seus empresários. Sua visão do mundo da política (A Grande Ilusão), assim como a do universo da loucura (Lilith), sem estar isento de defeitos, não deixa, ainda que por caminhos diamentralmente opostos, de conquistar o espectador”.
Para Eddie Felson, “ter coisas” significa ser um vencedor
The Hustler é um filme sobre princípios. Sobre valores morais. A postura das pessoas diante da vida, da sociedade.
Lá pela metade do filme, há uma seqüencia excepcional, marcante (duro é saber qual sequência não é excepcional, marcante, neste filme), em que Eddie Felson faz um piquenique com Sarah – o papel da maravilhosa, talentosíssima Piper Laurie. Haviam se conhecido no café de uma estação rodoviária. Sarah é uma jovem mulher culta, estudada, lida, mas solitária, perdida na vida. Manca – e a palavra crippled, aleijada, será bastante usada no filme. E bebe muito. O encontro de Eddie com Sarah parece o abraço de dois náufragos, em que um acaba puxando o outro para o fundo.
A seqüência do piquenique destoa um tanto do resto do filme. É uma das poucas externas, ao ar livre, durante o dia – a imensa maior parte de The Hustler se passa em interiores, e interiores enfumaçados. Mais da metade do filme se passa dentro dos salões de bilhar – e todas as sequências passadas no salão em que Eddie enfrente Minnesota Fats, o Ames, foram feitas em um salão de bilhar real de Nova York.
Naquele momento do piquenique, o ânimo do casal está bom. Estão sóbrios, saudáveis – e Eddie está falante, e confessional. Antes, Sarah já havia se queixado de que eles apenas trepavam, mas não conversavam. Pois ali estão conversando. Eddie havia tido uma conversa com Bert Gordon (interpretado por George C. Scott, na época já consagrado no teatro, mas ainda iniciante no cinema), e estava impressionado com ele. E Bert Gordon de fato é um tipo impressionante: joga pôquer, mas não encosta em um taco de sinuca. Ganhou muito dinheiro, ficou rico e poderoso apostando em jogadores de sinuca, comprando suas almas.
Eddie conta para Sarah que Bert Gordon havia dito que ele, Eddie, é um perdedor: – “Ele diz que as pessoas que perdem sempre arranjam uma desculpa para perder”.
Sarah: – “O que ele faz?”
Eddie: – “É um jogador.”
Sarah: – “Ele é um vencedor?”
Eddie: – “Ele possui coisas.”
Sarah: – “E é isso que transforma uma pessoa em vencedora?”
Eddie: – “O que mais faria?”
Pessoas pervertidas, degeneradas, aleijadas
Vencedores, perdedores. Triste sociedade, esta, em que as pessoas são definidas pela quantidade de bens materiais que conseguem juntar – não importam os meios.
Pessoas perverted, twisted, crippled, dirá Sarah. Pervertidas, degeneradas, aleijadas.
“A maioria dos filmes clássicos é sobre vencedores. Este é sobre perdedores”, definiu Drew Casper, um historiador do cinema, professor da Escola de Cinema e Televisão da University of Southern California.
Esse professor, em entrevistas nos diversos especiais que acompanham o filme em DVD (um lançamento caprichadíssimo da Fox, com dois discos, um só de especiais), define, corretissimamente, que Sarah é a consciência moral do filme. Ele não usa a comparação, mas Sarah é como o Grilo Falante do Pinóquio. “Ela tenta mostrar que o sucesso material não é o verdadeiro sucesso”, diz Drew Casper. “É um sucesso falso. E se entregar a ele é auto-destrutivo.” E cita uma frase que Sarah diz, quase ao final da narrativa: “Você perderá sua alma”.
Em entrevista recente para um dos especiais sobre o filme, Paul Newman define assim Eddie Felson, o personagem que interpretou primeiro neste filme de 1961, e depois em 1986, em A Cor do Dinheiro:
“No começo, o núcleo do caráter dele é a trapaça. Depois passa a ser algo que tem a ver integridade, honestidade para com ele mesmo”.
Foi a segunda das nove indicações ao Oscar para Paul Newman
Paul Newman teve sua segunda indicação ao Oscar pela interpretação de Eddie Felson em The Hustler. Dois anos antes, havia sido indicado por Gata em Teto de Zinco Quente. Voltaria a ser indicado por O Indomado/Hud (1963), Rebeldia Indomável (1967), Ausência de Malícia (1981), O Veredicto (1982). Seis indicações. A sétima foi por A Cor do Dinheiro (1986), e daquela vez ele ganhou.
Voltaria a ser indicado depois por O Indomável – Assim É Minha Vida (1994) e Estrada Para Perdição (2002). Nove indicações, um prêmio – fora dois prêmios honorários da Academia pelo conjunto da obra e por sua contribuição a causas humanitárias, e ainda uma indicação de melhor filme para Rachel, Rachel (1968), um de seus poucos trabalhos como diretor.
Desafio à Corrupção teve indicações também para os Oscar de melhor filme, melhor direção, melhor atriz para Piper Laurie, melhor ator coadjuvante tanto para Jackie Gleason quanto para George C. Scott, melhor roteiro adaptado, direção de arte e fotografia. Venceu estes dois últimos.
Willie Mosconi, então campeão mundial, foi consultor do filme – e autor de muitas das tacadas
O roteiro, assinado por Robert Rossen e Sidney Carroll, se baseia no romance homônimo, de Walter Tevis, que havia sido lançado pouco antes, em 1959. Os entendidos em bilhar identificaram logo que a figura do Minnesota Fats se baseava numa pessoa real, o tal Rudolph Walter Wanderoni Jr, sujeito gordo como o personagem, bastante conhecido como um ás do jogo. Mas o autor do livro garantiu que os seus personagens eram todos fictícios, que não retratavam ninguém vivo, real. Esse Rudolph aproveitou a deixa e o grande sucesso do filme, e trocou oficialmente seu nome por Minnesota Fats. Ganhou muito dinheiro, apareceu em muito programa de televisão como Minnesota Fats.
Jackie Gleason, o ator que interpreta Minnesota Fats – maravilhosamente –, era, dizem os entrevistados nos especiais sobre o filme, um excelente jogador de sinuca. Já Paul Newman diz que nunca havia pegado num taco antes. Assim que foi convidado para o papel, no entanto, fez o dever de casa, como bom aluno do Actors Studio que era. Frequentou salões de bilhar, observou o modo de agir dos jogadores. E teve muitas lições com Willie Mosconi, na época campeão mundial de bilhar, um gênio no jogo, que foi contratado pela produção como consultor. Não apenas como consultor: ele faz o papel de Willie, um sujeito que fica no salão Ames recolhendo o dinheiro das apostas.
Foi também Willie Mosconi que deu a maior parte das tacadas para fazer as bolas rolarem nas mesas. Em diversas seqüências, vemos Paul Newman, e também Jackie Gleason, se prepararem para dar a tacada, e até mesmo dando as tacadas. Mas as bolas em movimento que o filme mostra são resultado das tacadas do mestre Willie Mosconi. O trabalho de montagem que permitiu essa mágica é de Dede Allen, na época uma iniciante; nos anos 2000, quando foi entrevistada para os especiais sobre o filme, era uma simpática senhora, que conta em detalhes histórias sobre a filmagem.
Uma lenda, uma maravilhosa lenda, este Desafio à Corrupção/The Hustler. Um filme extraordinário, magnífico. Absurdo que eu tenha demorado mais de meio século para vê-lo pela primeira vez. Mas é o tal negócio: antes tarde do que nunca.
Anotação em dezembro de 2011
Desafio à Corrupção/The Hustler
De Robert Rossen, EUA, 1961
Com Paul Newman (Eddie Felson), Jackie Gleason (Minnesota Fats), Piper Laurie (Sarah Packard), George C. Scott (Bert Gordon), Myron McCormick (Charlie), Murray Hamilton (Findlay), Michael Constantine (Big John), Willie Mosconi (recolhedor de apostas)
Roteiro Sidney Carroll e Robert Rossen
Baseado no romance homônimo de Walter Tevis
Fotografia Eugene Schuftan
Música Kenyon Hopkins
Montagem Dede Allen
Produção 20th Century Fox. DVD Fox
P&B, 135 min.
****
Assisti ontem esse filme. É realmente fantástico. Muito bom também o seu texto. Acho apenas que cabia uma menção a ponta feita por Jake la Motta, o ex-boxeador cuja cinebiografia, Touro indomável, tornaria Scorcese uma lenda.
Verdade, Ricardo. Foi uma falha não ter mencionado que o Jake LaMotta faz uma ponta, como o cara de um bar. Mas agora, graças a você, está aí o registro.
Muito obrigado!
Sérgio
Eu assisti este filme pela primeira vez na década de 80, quando na televisão, especialmente na Rede Globo, passavam os grandes clássicos do cinema e amante da sétima arte como sou, fiquei vidrado neste filme, ele se tornou uma referência do que é se fazer um grande filme, de se contar uma grande história. Assisti tb a continuação sob a direção de Martin Scorsese, devo dizer que é um bom filme, jamais superior ao primeiro, uma homenagem de Scorsese. Sérgio Vaz, achei seu texto sensacional, vc captou a genialidade do filme e conseguiu transmitir em palavras o quanto este filme é grande. Abração!
Sérgio Vaz, gosto muito dos textos que vc escreve sobre os filmes clássicos,. Quero saber se vc escreveu sobre um filme com Alan Ladd, “Voando para o além”? O Gordon Douglas realizou um filme muito bom, baseado em uma história real, tocante, com interpretações marcantes dos atores e uma trilha maravilhosa do Max Steiner. Abração, aguardo resposta!
Olá, Moroni.
Muito obrigado por enviar o comentário – e, claro, muito obrigado pelas palavras gentis!
Não vi o “Voando para o Além”. Para falar a verdade, nem me lembro de ter ouvido falar nele antes de você o citar. Vou ver se consigo encontrá-lo.
Um abraço, e boa semana!
Sérgio
Olá, Sérgio Vaz! Meu caro, vc escreveu sobre um filme de 1955 chamado ” A paixão de uma vida” com Tyrone Power? Esse filme é bem interessante porque ele conta a história de um homem comum chamado Martin ‘Marty’ Maher. Ainda jovem ele imigrou da Irlanda para os Estados Unidos. Chegando lá foi atrás de um emprego e acabou arranjando trabalho como garçom na academia militar de West Point. Depois com a eclosão da guerra seu senso patriótico o fez se alistar como soldado. Depois continuou trabalhando em West Point, se tornando uma figura querida pelos alunos que por lá passaram. O filme mostra praticamente toda a sua vida, desde a juventude até a velhice, quando ele decidiu por conta própria ir falar pessoalmente com o presidente dos Estados Unidos (ex-aluno da academia) para continuar trabalhando, sem se aposentar, que para ele iria significar sua morte.
Tudo o que se vê na tela foi baseado em fatos reais, na vida do próprio Marty. É um filme bem carinhoso com seu protagonista, o retratando como um homem duro, porém de bom coração. Afetuoso com os alunos acabou se tornando um símbolo de West Point pois gerações de futuros militares o conheceram bem quando estudaram lá. O filme foi dirigido pelo mestre John Ford e pode ser considerado uma de suas obras cinematográficas mais leves e despretensiosas. O diretor criou um carinho especial por seu personagem principal, levando o galã Tyrone Power para interpretá-lo tanto na juventude como na velhice onde o ator surge com maquiagem pesada, o retratando como um velho. Nas duas situações ele está muito bem, mostrando que Power tinha sim talento dramático e não era apenas um rostinho bonito em Hollywood como muitos o trataram por anos a fio, durante sua carreira.