Marido por Acaso / The Accidental Husband


Nota: ½☆☆☆

Anotação em 2009: Essa comedinha romântica tem Uma Thurman, aquela beleza estupenda, e ainda Colin Firth, Sam Shepard, Isabella Rossellini. Resolvi experimentar. É um horror: é imbecil, idiota demais.

A rigor, a anotação sobre Marido por Acaso deveria estar num dos “Filmes que não suportei ver até o fim” que de vez em quando ponho aqui no site. Com uns 25 minutos de filme, cheguei a desligar o DVD, mas acabei voltando a ele e vendo até o fim.

Para não dizer que é totalmente imprestável, há algumas belas tomadas aéreas de Nova York, e, sobretudo, há a maravilha que é Uma Thurman. Há uma tomada dela na chuva que é lindíssima, um quadro, um Renoir.

O problema é a história.

A história é imbecil, babaca; é tudo artificial, falso, como um sanduíche do McDonald’s. Não se parece com a vida de ninguém – é fake. É o tipo da história que – dá para perceber isso ao longo do filme – não nasceu de uma boa idéia, uma boa sacada, uma inspiração, mas da necessidade industrial de fazer um filme. Reúnem-se alguns roteiristas – no caso, foram três – e encomenda-se uma história para uma comedinha romântica. Aí vão se juntando umas coisinhas mal ajambradas, colando uma situação na outra. Um produto industrial, coisa de fábrica de plástico.

Poderia até ser mais uma gozação sobre essa coisa de programas de rádio de auto-ajuda – mas a história é tão babaca, tão forçada, que não há gozação alguma.

Tudo falso, forçado, bobo

Uma Thurman faz uma psicóloga, ou psiquiatra, que tem um programa de rádio – de grande audiência – com aconselhamentos sobre amor, chamado Real Love. Está para lançar um livro com o supra-sumo do que tem a dizer. E o que ela tem a dizer, basicamente, é: não espere por um príncipe encantado, isso não existe; seja bem racional, na hora de escolher o futuro marido ou a futura mulher; pense, pondere.

E ela está para se casar – exatamente com o chefão da editora que está lançando o seu livro (interpretado por Colin Firth).

Uma ouvinte liga para o programa, fala que está noiva, que está para se casar, mas tem ainda algumas dúvidas; a doutora a aconselha a não se casar. O noivo rejeitado pela ouvinte do programa é Patrick Sullivan, um bombeiro simpaticão, boa gente (Jeffrey Dean Morgan, de quem nunca tinha ouvido falar). Ele pensa em alguma forma de se vingar da doutora do rádio que estragou seu noivado. Um vizinho e amigo dele é um competente hacker; entra no sistema do governo do Estado de Nova York e põe lá que a doutora é casada com Patrick Sullivan.

Quando o feliz casal editor e doutora vai à repartição pública devida, para tirar a licença de casamento, recebe a notícia: a doutora já é casada, com Patrick Sullivan, endereço tal, em Queens. A doutora vai até Queens para esclarecer a situação, e aí…

Estamos com uns dez, 15 minutos de filme. E aí, é óbvio, qualquer um já sabe o que vai acontecer, certo?

Certo. Mas a questão não é a previsilibilidade – não se exige imprevisibilidade de uma comédia romântica. A questão é que é tudo absolutamente falso, forçado, artificial – e as situações que se seguem são absolutamente patéticas, estúpidas, imbecis.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

É de uma babaquice atroz toda a história de a moçoila casadoira, acompanhada do falso marido, se encontrar na prova de bolo com uma senhora (o papel de Isabella Rossellini) que por acaso é a mulher do alemão que vai decidir a sorte da editora cujo diretor é o noivo da moçoila.

Tadinha da Uma Thurman, do bom Colin Firth, de Isabella Rossellini, de Sam Shepard. Tadinho do espectador.

O diretor desta asneira é Griffin Dunne, de quem muita gente deve se lembrar como o protagonista de After Hours, o delicioso filme de Martin Scorsese em que um quieto funcionário de escritório se envolve nas mais loucas aventuras ao longo de uma noite em Nova York. É um ator bonzinho. Meteu-se a diretor a partir de meados dos anos 90, não fez nada marcante. Aqui, bem que se esforça, e até consegue fazer boas tomadas. Mas o problema é de fato a história – o melhor diretor do mundo não conseguiria fazer um bom filme a partir desse amontado de besteiras.

Outros filmes com Uma Thurman já neste site:

Os Produtores/The Producers, 2006;

Terapia do Amor/Prime, 2005;

Os Vingadores/The Avengers, 1998;

Brincando de Seduzir/Beautiful Girls, 1996;

Um Encontro para Sempre/A Month by the Lake, 1995;

Pulp Fiction, 1994.

Marido por Acaso/The Accidental Husband

De Griffin Dunne, EUA-Inglaterra, 2008

Com Uma Thurman, Jeffrey Dean Morgan, Colin Firth, Sam Shepard, Isabella Rossellini, Justina Machado

Argumento e roteiro Mimi Hare, Clare Naylor e Bonnie Sikowitz

Música Andrea Guerra

Produção Yari Film Group

Cor, 90 min

1/2

3 Comentários para “Marido por Acaso / The Accidental Husband”

  1. Pior fui eu que tive que pagar pra ver essa bomba no cinema (não tinham outras opções razoáveis), numa rápida passagem de uma prima por aqui.
    Eu nem lembrava que tinha visto, só fui lembrando à medida em que fui lendo o texto. É realmente toda essa babaquice que vc falou e mais um pouco. A história é mesmo fabricada, fake e até já apaguei da memória(gostei da comparação com o sanduíche do Mc Donald’s, rsrs). Só valeu a pena pelo Jeffrey Dean Morgan. Não sei se vc assistiu, mas ele fez uma participação na outra comédia romântica “P.S. Eu te amo” com o tb bastante suspirável Gerald Butler; mas ficou mesmo conhecido pelas séries de grande sucesso “Supernatural” e “Grey’s Anatomy” (nesta última ele fez uma participação tão boa que foi convidado a voltar).

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