Bastardos Inglórios / Inglorious Basterds


Nota: ★★★½

Anotação em 2010: Há que se tirar o chapéu: Bastardos Inglórios é um filme espetacular. Uma beleza de trama, uma maravilha de narrativa, talento de sobra em todos os detalhes da realização. E, além disso, ainda é um filme apaixonado por cinema, pelos filmes.

Confesso, sem qualquer vergonha, que tenho grande antipatia por Quentin Tarantino. Nem sei bem explicar por quê, mas sempre tive. Superestimam demais o cara, na minha opinião. Não acho Pulp Fiction essa coisa toda que dizem; Jackie Brown é um bom filme, mas não tive interesse algum em ver Kill Bill, apesar da beleza de Uma Thurman.

Mas Bastardos Inglórios – não dá para não reconhecer – é um grande filme. 

Seria possível apontar problemas, questões. Com algum rigor, ou sisudez, daria para reclamar que Tarantino usou um dos mais dramáticos episódios de toda a História – o nazismo, a Segunda Guerra Mundial – para fazer graça, para usar como pano de fundo para uma aventura, um filme de muita ação e extrema violência.

E, de fato, extrema violência é o que não falta. O diretor parece ter um apetite sádico por violência – e dá-lha nego escalpelando os outros com gigantescos facões, nego destruindo a cabeça dos outros com porradas de taco de beisebol, nego apertando a bala enfiada na perna de uma mulher para fazê-la confessar, faca cortando a carótida de neguinho pro sangue espirrar.

Tem tudo isso – mas fazer o quê? É um filmaço, um grande espetáculo.

         A partir de uma idéia antiga, uma trama fascinante

A esta altura, não há quem não conheça a trama do filme, badaladíssimo como tudo o que Tarantino faz: durante a Segunda Guerra, um tenente americano, Aldo Raine (Brad Pitt), cria uma unidade de soldados judeus especializada em matar – de preferência com requintes de crueldade – o maior número possível de nazistas. Ele mesmo descendente de índios, o tenente Raine exige que cada um dos membros de sua unidade prometa matar e escalpelar, como faziam os índios americanos, pelo menos mil nazistas.

Aqui é bom notar que, nisso, Tarantino não foi original. Em 1967, Robert Aldrich fez Os Doze Condenados/The Dirty Dozen, em que 12 delinqüentes condenados à morte são recrutados por um oficial americano para uma missão perigosíssima durante a Segunda Guerra; se obtiverem sucesso, e sobreviverem, ganharão a liberdade.

Dez anos depois de Os Doze Condenados, em 1977, um diretor italiano, Enzo G. Castelari, saiu-se com um filme chamado Quel Maledetto Treno Blindato, que depois ganhou outros títulos, como Counterfeit Comandos, Bastardi senza Gloria e The Inglorious Basterds. Nele, cinco soldados que enfrentam a corte marcial na França durante a Segunda Guerra conseguem fugir da prisão, e, enquanto tentam chegar à fronteira suíça, praticam diversos atos de selvageria – ou heróicos, dependendo do ponto de vista do observador. Uma das frases de marketing do filme, usado nos cartazes, era: “Seja o que for que os Doze Condenados façam, eles fazem mais sujo!”

Tão absolutamente tarado por uma violência explícita quanto por filmes, Tarantino buscou aí a inspiração para a história que criou. Mas o fato é que, a partir daí, ele construiu uma trama original – e inteligente, envolvente, fascinante, e a desenvolveu de forma não menos que brilhante.

Referências a filmes povoam os 153 minutos de duração

As brincadeiras, as gozações, as referências a filmes – que povoam todos os 153 minutos de duração – começam já nos créditos iniciais. O logotipo da Universal Pictures que abre o filme é o antigo, o dos anos 1960, da época de Os Doze Condenados. E a música que se ouve durante os créditos iniciais é “The Green Leaves of Summer”, composição do grande Dimitri Tiomkin para o filme O Álamo, que John Wayne dirigiu em 1960 (foi a estréia do Duke na direção). No meio dos créditos iniciais, a tipologia muda, se altera.

Ao longo de todo o filme, ouviremos temas de trilhas sonoras dos mais diferentes filmes, vários deles compostos por Ennio Morricone. Só para dar alguns exemplos, Bastardos Inglórios usa temas de A Batalha da Argélia, uma dos mais emblemáticas obras do cinema político dos anos 60 a 70, e O Dólar Furado, o protótipo do western-spaghetti. Ouviremos também David Bowie cantando “Putting Out the Fire”, uma canção escrita por Bowie e Giorgio Moroder para a trilha sonora do filme Cat People, de 1982, refilmagem de uma obra do mesmo nome feita pelo cineasta Jacques Tourneur nos Estados Unidos em 1942, durante a Segunda Guerra.

As citações a filme não param nunca; há uma praticamente a cada seqüência.

Como na nouvelle vague, um filme dividido em capítulos

A forma com que Tarantino dispõe as peças de sua trama é brilhante. Vai espalhando as peças, para só muito mais tarde juntá-las.

Como os diretores da nouvelle vague gostavam de fazer, Tarantino divide sua história em capítulos. O capítulo 1 se passa numa fazenda da França ocupada pelos nazistas, em 1941. É uma seqüência só, propositadamente longa, bem longa. Primeiro vemos o fazendeiro trabalhando, perto da casa da fazenda, onde vive com as três filhas. Lá bem ao longe, numa estradinha, há veículos que sabemos de imediato trazem alemães. O fazendeiro manda as filhas entrarem para casa, os alemães chegam. O grupo é comandando por um oficial da SS, Hans Landa (interpretado pelo austríaco Christoph Waltz, que vem ganhando todos os prêmios possíveis e imagináveis de melhor ator coadjuvante por seu trabalho excepcional). As apresentações são gentis, educadas; o oficial nazista elogia a beleza das filhas do fazendeiro; o dono da casa oferece vinho, ele prefere um copo de leite. Depois sugere que a conversa seja apenas entre os dois homens, e as moças saem da casa. A conversa é longa, bem longa, quase interminável (foto acima). Hans Landa pergunta se o fazendeiro sabe quem ele é, e o fazendeiro sabe: o apelido dele é O Caçador de Judeus.

Tarantino leva nessa conversa entre dois homens numa casa de fazenda no interior da França uns bons dez minutos, antes que o espectador veja a primeira seqüência de violência do filme. Os fanáticos pela violência tradicional de Tarantino provavelmente terão os sintomas de síndrome de abstinência nesse início de filme.

Mas eles poderão saciar seu vício logo em seguida. No capítulo 2 teremos muita violência – é o capítulo em que nos são apresentados os Gloriosos Bastardos.

Brad Pitt está ótimo como Aldo, o Apache, o chefe dos soldados heróicos – bando de assassinos brutais. Está exageradão, forçando um sotaque sulista (o personagem, saberemos quase no final, nasceu no Tennessee), forçando tudo, até a inabilidade natural dos americanos para falar qualquer palavra de outra língua. Como o estilo de Tarantino é o de farsa, a interpretação exagerada de Brad Pitt, assim como a de Christoph Waltz, faz todo o sentido, integra-se, serve como uma luva.

         Num filme de trocendos homens, duas mulheres importantes

Este filme de trocentos homens no elenco tem duas personagens femininas importantes – ambas, como quase tudo, ligadas de alguma forma ao cinema. Uma delas é Bridget Von Hammersmark, uma importantíssima atriz do cinema alemão (fictícia, é claro), que só vai aparecer depois da metade da ação. Ela é interpretada pela belíssima Diane Kruger (foto abaixo), alemã de nascimento, atriz global. Bridget Von Hammersmark fala alemão, inglês, italiano, francês – assim como o coronel Hans Landa fala alemão, inglês, italiano, francês. E o americaníssimo Tarantino usará a personagem dela para gozar seus compatriotas e sua notória incapacidade de deixar de ser, como o Lula, tadinho, monoglota. Bem, no caso específico do Lula, sequer a língua pátria ele consegue falar – mas voltemos ao filme. Lá pelas tantas, Bridget Von Hammersmark, na pele da alemã poliglota Diane Kruger, dirá o seguinte, dirigindo-se a Aldo, o Apache:

– “Sei que é uma pergunta tola, mas vocês americanos conseguem falar alguma língua além do inglês?”

A outra personagem feminina importante chama-se Emannuelle Mimieux, na verdade Shosanna Dreyfus. Emannuelle, claro, remete aos filmes pornôs com Sylvia Kristel nos anos 70; e Mimieux, embora menos evidente, é mais uma citação cinematográfica de Tarantino – ele se refere a Ivette Mimieux, gracinha de atriz que teve uma certa importância nos anos 60; fez um personagem marcante em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, drama pesado de guerra dirigido pelo suave Vincente Minnelli.

         Mas pera lá: quem é protagonista, quem é coadjuvante?

 E aqui me permito uma pequena digressão. Neste filme em que há uma dezena de personagens importantes, fica difícil saber quem é protagonista e quem é coadjuvante. Na minha opinião, os protagonistas do filme são o tenente Aldo, o Apache, o coronel da SS Hans Landa e  Mimieux/Shosanna. Então, por que raios o ator Christoph Waltz está sendo indicado sempre (e ganhando sempre) como coadjuvante? Mistério neste mundo de mistérios.

 Se Diane Kruger já era uma estrela em 2009, com participação em filmes importantes feitos em vários países, na Europa e nos Estados Unidos, a jovem atriz que interpreta Emannuelle Mimieux/Shosanna estava em início de carreira. Chama-se Mélanie Laurent (foto abaixo); nasceu em 1983 – meu Deus do céu e também da terra, oito anos depois da minha filha Fernanda! Começou a trabalhar em 1999, portanto com 13 anos de idade. Em 2005, fez De Tanto Bater Meu Coração Parou, filme que agradou a muita gente, o pessoalzinho de nariz empinado. Alguns meses antes de ver Bastardos Inglórios, vi Não se Preocupe, Estou Bem!, belo drama sobre relações familiares, em que Mélanie Laurent é a protagonista. Ela me impressionou demais. Tão absolutamente jovem, e tão grande atriz, tão talentosa – além de linda.

 Alguém da equipe de Tarantino teve o talento de enxergar o talento de Mélanie Laurent, e chamá-la para o papel fundamental de Emannuelle Mimieux/Shosanna. E Mélanie Laurent teve a sorte absolutamente grande de, tão cedo, aos parquíssimos 26 anos de idade, ser escalada para um papel importante numa superprodução desse porte. Tem tudo para virar uma grande estrela, essa moça. A interpretação dela na longa seqüência do restaurante, cercada de alemães, inclusive o coronel da SS que executou toda a sua família, é de babar.   

         No centro da trama, a partir da metade do filme, uma sala de cinema

Emmanuelle Mimieux/Shosanna é dona de uma sala de cinema de Paris, que passará a ser o centro da trama da metade do filme até o final. Com uma sala de cinema à sua disposição, o fanático por filmes Tarantino usa e abusa de citações. Vemos cartazes de filmes dos anos 40, como Le Corbeaux, de Henri-Georges Clouzot, de 1943. Vemos referências a Leni Riefenstahl (1902-2003), a autora do famosérrimo O Triunfo da Vontade/Triumph des Willens, tida como a cineasta favorita de Hitler, a maior expressão do cinema da Alemanha nazista. Vemos várias referências a G.W. Pabst (1885-1967), um dos mais importantes cineastas da história, um dos grandes nomes do expressionismo alemão dos anos 1920, autor do também famosérrimo A Caixa de Pandora, de 1929, com a atriz fetiche Louise Brooks no papel de Lulu.

Na verdade, mais do que a Segunda Guerra, mais até mesmo do que a violência, o que mais importa no filme de Tarantino é o cinema,  os filmes, o mundo do cinema.

Numa seqüência em que um oficial inglês é chamado – na presença do primeiro-ministro Winston Churchill, aliás interpretado pelo veteraníssimo Rod Taylor, que fez vários filmes sobre a Segunda Guerra – para uma missão na França, o oficial superior pergunta se ele está compreendendo o que deverá fazer, e ele responde: “Yes, Sir: Paris When it Sizzles”. Citação da música de Cole Porter, é claro. Mas citação também de Paris – When it Sizzles, no Brasil Quando Paris Alucina, a divertida comédia de Richard Quine com William Holden e Audrey Hepburn.

Na seqüencia quase final, surge na tela alguém fazendo o papel de Emil Jennings. Emil Jennings, o grande ator alemão, que fez o papel principal de O Anjo Azul, o filme que mostrou ao mundo Marlene Dietrich – figura, pessoa em tudo extraordinária, estrela maior, fetiche, que, como a personagem Bridget Von Hammersmark deste filme aqui, foi chamada de traidora por seus compatriotas, por não ter apoiado a insanidade nazista e, ao contrário, ter dedicado todos os seus esforços para combatê-la.

Um filme espetacular, um grande filme.

Na verdade, para alguém que gosta de filmes, dá vontade de ver de novo, para notar outras citações de filmes e de gente do cinema que não notou da primeira vez.

Tiro meu humilde chapeuzinho para Quentin Tarantino. Ele é louco, obcecado por violência, e, se não fosse diretor de cinema, seria muito provavelmente um serial killer, como Dexter. Maravilha que quis ser diretor de cinema. Pelo menos, só mata – com requintes de crueldade – na ficção.

Bastardos Inglórios/Inglorious Basterds

De Quentin Tarantino, EUA-Alemanha, 2009

Com Brad Pitt (tenente Aldo Raine), Mélanie Laurent (Shosanna Dreyfus/Emannuelle Mimieux), Christoph Waltz (coronel Hans Landa), Eli Roth (sargento  Donnie Donowitz), Michael Fassbender (tenente Archie Hicox), Diane Kruger (Bridget Von Hammersmark), Daniel Brühl (Frederick Zoller)

Argumento e roteiro Quentin Tarantino

Fotografia Robert Richardson

Música Ennio Morricone 

Produção Universal Pictures, The Weinstein Company

Cor, 153 min

***1/2

Título em Portugal: Sacanas Sem Lei

28 Comentários para “Bastardos Inglórios / Inglorious Basterds”

  1. Eu tenho restrições a filmes do Tarantino pela volência insana mas adorei Inglorious Bastards.
    Não achei o Brad Pitt exagerado. Muito pelo contrário. Ele está muito real. O sotaque sulino está ótimo e quando ele começa a falar em italiano eu rolei de rir. É o proprio americano falando, ou melhor, tentando falar lingua estrangeira.
    Quanto a nomeação de Christoph Waltz, a explicação que deram por aqui é que ele teria maiores chances de ganhar na categoria de coadjuvante e ele ganhou o Oscar!
    ps. faça a correção no titulo do filme em ingles Inglorious Bastards
    Beijos,
    De

  2. Pois é, Dê; quem seria eu pra discutir sobre inglês com você, que tem mais tempo de EUA que de Brasil… A palavra é “bastards”, mas o título do filme é “Inglorious Basterds”. Pode conferir no iMDB – http://www.imdb.com/title/tt0361748/ – ou no AllMovie.

  3. Não tem que pedir desculpa, Dê! Imagine! Nenhum problema, uai. Eu teria feito o mesmo!
    Na verdade, na verdade, eu até deveria ter feito uma pesquisinha pra ver por que o Tarantino optou por essa grafia errada, basterds em vez de bastards.
    Tá lá no iMDB a explicação, ou melhor, a falta de explicação:
    “Quando perguntado sobre o título com erro de ortografia, o diretor Quentin Tarantino deu a seguinte resposta: ‘Aí é que está. Nunca vou explicar isso. Você faz um floreio artístico como este, e explicar tiraria toda a graça e invalidaria o golpe todo’.”
    Este é Quentin Tarantino.
    Sérgio

  4. Sergio,

    quem que decide em qual categoria um ator concorre em um festival?? Os produtores, os responsáveis pelos prêmios, os diretores ?? Lembro que já houve, pelo menos uma vez, 2 atrizes concorrendo ao mesmo prêmio pelo mesmo filme em Momento de Decisão (Shirley MacLaine e Anne Bancroft).
    Falo isso pois acho que o papel do nazista tem até mais peso qoe o do Brad Pitt.
    obg
    Marcelo

  5. Vejo aqui no excelente livro “Tudo Sobre o Oscar”, de Fernando Albagli (Zit Editora, 2003):
    No caso do Oscar, para que sejam escolhidos os cinco indicados, cada eleitor vota em cinco nomes, por ordem de preferência. Nesse fase, ator e atriz votam em ator e atriz, principal e coadjuvante; diretor vota em diretor, roteirista em roteirista, e assim por diante.
    Depois que membros de cada categoria votam nos indicados, aí, para escolher quem vai levar o Oscar, todos os membros da Academia votam em todas as categorias.
    No caso específico dos atores, “cada leitor decide se vota no intérprete como protagnista ou coadjuvante. Se o intérprete receber votos nas duas categorias, prevalecerá a que receber primeiro o número de votos que fizer dele um indicado. Se isso acontecer simultaneamewnte, prevalecerá a que obtiver maior percentagem do total de votos”.
    Já a Derci Cezar (veja comentário dela acima) diz que ouviu nos EUA a explicação de que Christoph Waltz teria maiores chances de ganhar na categoria de coadjuvante. E deve ser isso mesmo – uma explicação não elimina a outra.
    Sérgio

  6. Leio tudo mas tenho um certo pudor em escrever mas como esse vi 4 vezes ( levando gentes covardes, rsr) quero perguntar: por que a nota 3,5?!oh, doeu!
    O Quentin? até o escalpelamento dele é adorável!Pulp Fiction foi o primeiro filme que vi sobre…. pessoas comuns. Saí siderada, e nunca mais fui a mesma. SérgioVaz, Vosmecê viu ”Amor à queima roupa”? obnubila os juvenilíssimos!
    Sabe o que adoro em você? sua total desenvoltura com a nossa língua, adoro, eu também escrevo sem preocupações, the end, fecha-se a cortina porém….VOCÊ NÃO SABE O QUE É O PRAZER DE TE LER!

  7. Entendi, tardiamente, que a nota 3,5 refere-se a estrelas, não às notas da minha infância no Curso Primário, rsrsrs….
    `
    Ótimo, excelente, sorry!

  8. Sérgio, supere suas restrições e veja Kill Bill 1 e 2. Não gosto de filmes de artes marciais e assemelhados, mas Kill Bill provoca um prazer quase insano. Além da magnífica trilha sonora – como sempre em Tarantino, com abundância de citações – o filme é bom demais pra lavar a alma. Se um dia você desejou se vingar de alguém (um desses desejos inconfessáveis), fazer picadinho de um safado que o perturbou, e não teve coragem, deite e role, realize-se vicariamente: Uma Thurman faz por você.

  9. Não tenho antipatia pelo Taranta, mas tb não sou fã. Não amo nem odeio. Pulp Fiction foi tão incensado e eu só gostei da trilha sonora. Tb não vi Kill Bill, não tive interesse. A tara dele por violência me dá nos nervos. Acho desnecessário.
    Mas Bastardos Inglórios é mesmo um filmão.
    Só discordo de vc em relação a Mélanie Laurent. Achei que a atuação dela foi apenas ok, e olha lá. Na minha modesta opinião ela não segurou bem o papel, faltou experiência, maturidade. Diferentemente da Diane Kruger que mandou muito bem (embora na cena no veterinário esteja um pouco over). A gente fica apreensivo na cena do restaurante(e será que o Landa não a reconheceu naquela hora em que diz ter esquecido o que ia perguntar?), mas o que me fez prender a respiração foi o encontro dos “oficiais” com a Bridget no porão, quando o sargento bêbado começa a importuná-los (quando que um bêbado não é inoportuno?) e mais ainda depois que o major da SS se junta a eles na mesa (ô bando de homem bonito!). Estão todos muito bem e a sequência toda é arrebatadora. É a minha preferida junto com a sequência inicial(onde um cachimbo às vezes é apenas um cachimbo).

    É muito interessante ver toda a pretensa educação e gentileza do coronel Hans Landa, a verdadeira encarnação do capeta. Umberto Eco disse alguma coisa sobre o excesso de gentileza. Não vou lembrar a frase correta, mas algo como ‘o senhor das trevas é um cavalheiro’. O homem é um cão, mas é todo culto, educado, metódico, inteligentíssimo. Só não pensa duas vezes antes de mandar fuzilar uma criança.

    A cena em que a Bridget aparece com os “italianos” é um respiro em meio a tanta tensão, violência e ação. E é de matar de rir. O coronel pedindo pra que repetissem seus nomes, o personagem do Brad Pitt falando arrivederci, e depois incorporando um Don Corleone fake.

    Além de uma homenagem ao cinema ( que tb é citado nos diálogos ao longo do filme), acho que o Tarantino homenageia as línguas. Ele deve gostar de línguas. É francês que fala inglês (!), alemães que falam francês e inglês, inglês que fala alemão e por aí vai. E o mais legal é que cada ator faz seu papel falando a língua materna. Não teve aquilo de colocar todo mundo falando inglês, e quando os personagens falassem outra língua, eles falariam o inglês com sotaque (alemão, francês ou italiano).

    O único porém são as pitadas pop. Acho que não combinam com um filme de época.
    Afora isso, é um filme que dá vontade de rever várias vezes. É todo cheio de detalhes, e dá pra falar deles por horas. Sem falar nas participações em áudio de Samuel L. Jackson e Hervey Keitel.
    No mais, Christoph Waltz mereceu todos os prêmios.

  10. Só mais duas coisinhas que esqueci de comentar, mas que achei importantes.
    Uma é na cena do restaurante quando o coronel Landa manda servir um copo de leite para a Emmanuelle. O Taranta adora fazer esse tipo de suspense (assim como fez no início, quando o fazendeiro pergunta se pode fumar o cachimbo e a gente pensa que ele vai tomar alguma atitude; e depois é o coronel quem faz o mesmo). Como não explicitou, acho que ele deixou para o público decidir se o coronel sabe que a Emmanuelle é a Shosanna ou não. E quando ele fala: Posso te chamar de Emmanuelle? Parece que ele quer dizer: – Shosanna, posso te chamar de Emmanuelle? hohoho.

    A segunda é na cena na taberna: um dos três “oficiais” na mesa da Bridget é o Hugo Stiglitz, soldado alemão que matou oficiais da Gestapo e foi recrutado pelos Bastardos. Daí que ele não gosta que peguem nele pq foi chicoteado (e se lembra disso na hora). E o que o major nazi mais faz depois que se junta ao grupo é encostar nele, dar tapas. Isso o faz ficar de mau humor, louco pra atirar logo no cara. É bem interessante (e engraçado) observar a reação dele nessa passagem.

    Queria falar tb sobre a ligação que o Taranta faz com King Kong, tráfico negreiro, chicotadas e correntes, mas fica pra quando vc rever o filme, hehe.

    Acho que vou seguir a sugestão que o Valter te deu, e assistir a Kill Bill. Nunca quis me vingar de ninguém, mas já quis “fazer picadinho” (pra dizer o mínimo) de alguns engraçadinhos/dementes que falam coisas nada agradáveis nas ruas (acho que toda mulher que se preza já quis). Quem sabe Uma Thurman faz esse trabalho sujo por mim?

  11. Assisti a todos os filmes de Tarantino, exceto cães de aluguel (que tenho mais ainda nao tive tempo), mas por ter peito de matar Ritler em seu filme já tem o meu respeito, pois na verdade ele nao só o matou, como o insultou e tantas outras coisas….lavou a alma do mundo contra aquele que era a “encarnação do coisa Ruim”…..e vamos aceitar que apesar da loucura e tara por violencia o cara tem seu talento!!! Sempre verei seus filmes, mas nem sempre vou concordar com as pancadarias de seus filmes…exceto se for contra Ritler….pau nele!!!!

  12. Não vi e nem vou ver.
    Desse tal Tarantino vi os 2 primeiros e chegou.
    Ele adora tanto a violência que é demais para o meu gosto.
    Produziu um filme que eu infelizmente vi e que se chama “Hostel” realizado por um troglodita que dá pelo nome de Eli Roth.
    É do género porno-gore e absolutamente repugnante.
    E não teve vergonha nenhuma de aparecer o seu nome logo no ínício dos créditos iniciais.
    O Q. T. está na minha “lista-negra”!

  13. Caro Henrique,
    Não me considero pretensioso – nem um pouco.
    Tenho opiniões a respeito dos filmes que vejo – e opiniões sobre um monte de outras coisas também, é claro. Como todo mundo. Não sou dono da verdade. Não acho a minha opinião melhor que a ninguém. Faço estas anotações sobre os filmes, dou as minhas opiniões. Não espero que ninguém ache que elas estão certas ou erradas. São opiniões, só isso. Se alguém gostar, beleza. Se alguém não gostar, é só não ler mais.
    Tudo na boa.
    Um abraço.
    Sérgio

  14. Afinal vi este filme ontem e não achei nada extraordinário, não me aborreci e pronto, não penso mais nele.
    Mas continuo a “gostar” do Tarantino tanto como dantes.

  15. Filme péssimo. Confuso, no meu entender. Violência exagerada, mesmo pra mim, que adoro filmes de ação. Um Hitler cujo figurino usado foi RIDÍCULO. O Füeher NUNCA USOU aquela capinha ridícula. E Brad Pitt fazendo aquelas caras e bocas pra lá de ridículas então! Parece haver copiado esses trejeitos de um personagem de novela brasileira… É só olhar a foto dele segurando a faca… Puah!
    A única coisa que gostei no filme foi a linda Faca Bowie! Gostaria de comprar uma igualzinha…

  16. De todos os filme do Tarantino, Bastardos Inglórios é o melhor, apesar da trilha sonora não ser tão boa como em Jackie Brown e até Kill Bill devido a restrição por ser um filme com a obrigação de ser de época. Alias, em matéria de trilha sonora, Tarantino é tão bom que conseguiu incluir até um soul, ritmo que é obrigatório em seus filmes, ainda bem.
    Vendo na internet alguns dados sobre o filme alguém teve a “pachorra” de classificá-lo como drama e… comédia. Temos que saber que tanto agora quanto em 1944, no Brasil, EUA, França e Alemanha, nazis e judeus, todos temos o direito de rir, fazer uma piadinha num momento de tensão e perigo, assim como acreditar que seria possível durante a 2ª. Guerra Mundial a criação de um esquadrão formado por soldados judeus/americanos e certamente não pegariam leve contra seus piores inimigos.
    Com relação aos personagens, achei boas as escolhas, como, por exemplo, uma atriz alemã que era agente dupla, um coronel da exército nazista poliglota, algo totalmente normal devido o nível cultural do povo alemão e por fim um Tenente americano no sul que achei bem interpretado por Brad Pitt, devido até sua origem sulista, acho que ele é de Oklahoma. Enfim, achei um filme maravilhoso e é sem dúvida o filme que mais vezes eu assim tanto nos cinemas na época de estréia quanto em DVD e etc.

  17. Rapaz, tu é bom hein! Tarantino é uma besta quadrada que não passou dos 10 anos de idade mentalmente, mas acabei de ver o troço e também tiro meu humilde chapéuzinho.

    Mais bobo que o queixada só Speilberg. Esse não tem solução. É um fuinha. Tá na cara inclusive.
    A diferença a favor é que se perdesse tudo provavelmente não mataria ninguém. Já o Tarantino…

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