Dexter – A Primeira Temporada


3.5 out of 5.0 stars

Anotação em 2010: Dexter é uma maravilha. Brilhante, extremamente bem feito, com talento saindo pelo ladrão, ou, no caso específico, pelo assassino – sobra talento em tudo, desde a concepção da história até todos os detalhes da realização. Os personagens são interessantíssimos, fascinantes, os atores estão nada menos que perfeitos.

Não sou um expert em séries para a TV, mas, das que já vi, Dexter é uma das duas melhores. Do mesmo nível dela, só as duas excepcionais temporadas de Roma, a superprodução que uniu os talentos e os capitais da HBO e da BBC.

E há uma questão grave: Dexter é uma série extremamente violenta, e, muito pior ainda, é moralmente torta, repulsiva, errada: afinal, o personagem central, Dexter Morgan, é um serial killer. Verdade que um serial killer que teoricamente trabalha a favor do “bem” – ele mata bandidos. É um serial killer justiceiro – e defender a justiça pelas próprias mãos é um dos conceitos mais moralmente errados que há.

Mas tudo é feito com tamanho talento que a gente até se esquece da moral – e curte com grande prazer a série.

É doido, isso, é louco, eu sei. Mas é assim que é.

Foram Fernanda, minha filha, e Carlos, meu genro, que me falaram da série; nunca tinha ouvido falar dela antes. Disseram que era bom demais – mas me advertiram que era muito violenta, e que eu poderia não gostar. Quando terminamos de ver o primeiro episódio desta primeira temporada, comentei com Mary: é, de fato é um assombro de bem feita, mas não sei se vou querer ver isso, é violento demais e é imoral.

Daí a pouquinho estava querendo ver o segundo episódio.

         Uma história básica em cada temporada, com muitas subtramas

A primeira temporada tem 12 episódios de, em média, 54 minutos cada. Produzida em 2006, foi ao ar na TV americana entre 1º de outubro e 17 de dezembro daquele ano. Que eu saiba, já saíram no Brasil em DVD as primeira e segunda temporadas; a TV americana já exibiu, nos últimos meses de 2009, a quarta.

As quatro temporadas já produzidas receberam dois Globos de Ouro, 20 outros prêmios e mais 61 indicações.

Várias séries, como Law & Order – Special Victims Unit, A Gata e o Rato, Columbo, apresentam uma história fechada em cada episódio. São os mesmos personagens básicos, e às vezes um fato contado em um episódio é até citado num outro, mas cada episódio tem vida própria, e não é necessário vê-los na ordem em que foram feitos e apresentados.

Dexter, não. Dexter é como Roma, ou Damages, ou as minisséries da Rede Globo, Anos Dourados, Anos Rebeldes, Dalva e Herivelto: conta-se uma história ao longo de toda a série. No caso de Dexter, há uma história básica em cada temporada, que vai sendo desenvolvida ao longo dos 12 episódios; cada um deles traz outras histórias, subtramas, entremeadas à trama básica.

Dexter Morgan, o protagonista, que é também o narrador da história, é genialmente interpretado por Michael C. Hall, que já havia trabalhado em 63 episódios da série A Sete Palmos/Six Feet Under, entre 2001 e 2005. Não vi nada desse A Sete Palmos – mas a sensação que se tem é de que Michael C. Hall nasceu para interpretar Dexter Morgan.

Dexter é um personagem riquíssimo. Tem uns 30 e tantos anos, trabalha na Polícia de Miami – é um perito em análise de sangue. Sabe tudo sobre sangue, tudo e mais um pouco. Vai com os detetives e demais policiais aos locais onde ocorreram crimes, fotografa tudo e, com base no que vê, consegue determinar com absoluta precisão os movimentos da vítima e de seu atacante. É uma figura fundamental para a investigação e solução dos crimes.

Dexter mora sozinho, num apartamento pequeno, mantido em impecável ordem – é um louco por organização, limpeza.

Numa caixinha escondida acima do aparelho de ar condicionado, guarda, em lâminas de laboratório, uma gota do sangue de cada uma das pessoas que matou. E já matou várias, várias – sem jamais ter sido descoberto.

Dá-se bem – ao menos aparentemente – com os colegas da delegacia em que trabalha. Ninguém nem de longe desconfia que ele tem uma vida dupla; ou melhor, quase ninguém. O sargento James Doakes (Erik King, na foto) não gosta dele, implica com ele, acha que ele é meio doido – como pode ser um expert em sangue?, como pode ter tantas certezas quando examina uma cena do crime?, pergunta-se Doakes. Mas é o único que acha isso; para todo o resto, Dexter é um sujeito normal, tanto quanto é possível ser normal.

         O pai ensina Dexter a não deixar vestígios dos crimes

Dexter não é meio doido – é inteiramente doido, conforme ele mesmo vai narrando para o espectador, e conforme vamos vendo em suas ações. Descobriu bem cedo, ainda criança, seu instinto assassino, sua vontade de matar – começou com animais. O pai, Harry (James Remar), percebeu tudo logo. Harry era policial, um bom policial; adotou Dexter quando ele era garotinho, aos 3 anos; Dexter foi encontrado no local de um crime monstruoso. E então Harry percebeu que o filho adotivo – que ele criava com o mesmo amor e cuidado com que educava sua filha biológica, Debra – viria a ser um assassino.

Pela lógica, o que teria feito Harry, bom policial, bom pai, ao descobrir que seu filho era louco? Um bom tratamento psiquiátrico, muito mais cuidado ainda do que já tinha, certo? Mas aí seria a lógica, e não teríamos a série. Em vez de providenciar bons psiquiatras para o garoto Dexter, Harry passou a ensiná-lo como não deixar pistas de suas ações, como limpar imaculadamente a cena do crime – e, já que o garoto iria mesmo matar, Harry o ensinou a matar só bandidos, só gente que destrói vidas mas acaba escapando da Justiça pelas brechas, pelas falhas do sistema.

Argh – é absolutamente imoral.

Mas é assim, e então vamos em frente.

Há flashbacks ao longo de todos os episódios; vemos Harry ensinando as coisas para o Dexter garotinho, o Dexter adolescente, o Dexter já quase adulto.

         Debra, a irmã, parece não caber no espaço que ocupa no mundo

Nos dias atuais, nos dias em que se passa a ação, Harry já está morto, assim como sua mulher. E Debra (Jennifer Carpenter, na foto), a irmã de Dexter, trabalha na mesma delegacia que o irmão; no primeiro episódio, trabalha na Divisão de Costumes, mas quer mesmo é ir para Homicídios, trabalhar na investigação de crimes de morte.

Debra adora o irmão. Sabe que não são irmãos biológicos – Harry sempre falava a verdade para os filhos –, mas tem amor por ele como as irmãs têm pelos irmãos de sangue. Dexter dá boas dicas para ela, nas investigações, e ela mesma é esperta, inteligente, tem faro, é bastante promissora. É jovem demais, um tanto estouvada, impaciente, apressada, afoita, não tem cuidados com o respeito à hierarquia dentro da delegacia – é meio assim um elefantinho muito gracioso dentro de uma loja de porcelana.

Jennifer Carpenter, a atriz que faz Debra, é absolutamente encantadora. Transmite com perfeição todas essas características da personagem – e o tipo físico ajuda. Jennifer Carpenter é uma mulher alta, grande, que, apesar de muito magra, magérrima, parece não caber no espaço que ocupa no mundo. Seus traços são grandes demais – a boca é muito grande, os dentes são muito grandes, os olhos são muito grandes. É lindamente feia, uma feia tremendamente atraente e bela.

Um detalhinho interessante: Michael C. Hall e Jennifer Carpenter se conheceram durante as filmagens de Dexter, e se casaram. Os irmãos Dexter e Debra Morgan são, na vida real, marido e mulher.

         Rita, uma gracinha que foi muito ferida pela vida

Dexter é assim uma espécie de médico e monstro, Dr. Jekyll e Mr. Hyde. É a esquizofrenia elevada à máxima potência. É um fingidor: passa a vida fingindo para os outros que é normal.

Mas, como é doido de pedra, tem problemas com sexo. Nada a ver como opção sexual mal definida. Se gostasse de sexo, seria hétero. O problema é que ele não gosta; tem repugnância por contatos físicos, assim como tem por qualquer intimidade, proximidade com os outros – se chegar muito perto, podem perceber que ele não é normal. Para fingir que é normal, no entanto, ele namora Rita, uma moça que lhe foi apresentada por sua irmã Debra. Rita é interpretada por Julie Benz (na foto), uma gracinha de atriz, perfeita para o papel, mignon, frágil; ela atua maravilhosamente.

Rita é um doce de pessoa; no passado recente, foi agredida de diversas formas pelo marido violento e drogado, Paul (Mark Pellegrino), que, entre outras coisas, costumava estuprá-la. Rita desenvolveu um pavor por sexo – o que torna as coisas perfeitas para Dexter. Ele trata muitíssimo bem os filhos dela, Astor (Christina Robinson) e Cody (Preston Bailey), ela uma garota de uns nove, dez anos, e ele um menino de uns quatro. Assim como trata Rita muito bem, na verdade. Com o marido Paul agora na cadeia, e com a presença prestativa de Dexter, Rita vai aos poucos se reconstruindo, ultrapassando aquele momento de absoluta fragilidade. Vai até mesmo, no desenrolar da temporada, ganhar mais segurança até em relação ao sexo – o que será um grande problema para Dexter.

Problema é o que não falta: lá pela metade da temporada, Paul, o marido violento e abusivo, será solto.

Mas aí estou avançando o sinal. Aviso que essas duas informações – Rita ganhando mais segurança e se soltando sexualmente, e Paul sendo solto – são as únicas deste texto em que adianto fatos além do que já é mostrado nos primeiros episódios. Não há spoilers nesta anotação, que não sou doido de estragar o prazer de se descobrir essa trama fascinante.

         Na delegacia, uma bela galeria de tipos

Bem. Falta contar o que há de trama principal ao longo desta primeira temporada, a trama que vai sendo tecida ao longo dos 12 episódios, enquanto outras histórias entram e saem. Já no primeiro episódio ficamos sabendo que há um serial killer agindo em Miami (além de Dexter, é claro). Ele mata mulheres, retira todo o sangue dos corpos, pica-os em pedacinhos e os deposita em algum lugar da cidade, acompanhado de uma fotinha tipo Polaroid do próprio ponto escolhido para o despejo dos restos. Ficará sendo conhecido como o assassino do caminhão de gelo.

Os crimes do assassino do caminhão de gelo e as investigações vão sendo contados ao longo da primeira temporada inteira, enquanto vamos acompanhando o dia-a-dia de Dexter, de Rita, de Debra e dos demais membros daquela delegacia de polícia de Miami.

É uma bela galeria de tipos – personagens tão bem construídos quanto são bem escolhidos os atores para interpretá-los. É um espanto o talento dos roteiristas da série na criação dos personagens – 13 pessoas, ao longo das quatro temporadas já apresentadas –, assim como é um espanto o acerto dos responsáveis pelo casting, a escolha dos atores.

Temos o detetive Angel Batista (David Zayas), uma figuraça sensacional. De origem latina, como mostra o nome, Angel está sempre de roupas esportivas, um tanto berrantes e dissonantes, e usando um chapéu fora de moda, fora de tudo. É severo, sério, honesto até a medula – menos na hora de falar de sua vida pessoal. Tenta esconder de todos que sua mulher pediu um tempo, depois de saber que ele havia pulado a cerca, e estão vivendo separados. É absolutamente apaixonado pela mulher, e não quer que ninguém saiba o que está acontecendo na verdade. Gosta de uma cachaça e de dançar ao som de ritmos latinos.

(Aliás, a trilha sonora, excelente, é cheia de músicas incidentais de sabor cubano, já que Miami, como se sabe, parece ter mais cubanos que Havana. Mas não só de sabor cubano – os diversos ritmos caribenhos, maravilhosos, se espalham ao longo de todos os episódios.)

E temos o perito Vince Masuka (C.S.Lee), um china, perdão, um asiático-americano, outra figuraça. Mulherengo, tem sempre uma piadinha pronta para Debra, a “Morgan quente”, conforme sua definição. É competentíssimo no exame dos cadáveres, que faz ao lado de Dexter, mas tem alguns pavores e neuroses. Morre de medo de doenças transmissíveis, não pode chegar perto de um rato.

E temos o já mencionado, léguas atrás, sargento James Doakes (Erik King), que pressente algo estranho em Dexter. “Estou de olho em você”, diz umas trocentas vezes ao longo de toda a primeira temporada para o nosso herói-anti-herói; Doakes, assim como os cachorros, se assustam com Dexter – farejam perigo quando estão perto dele. Doakes é experiente, puta velha, até demais – ao longo da temporada, veremos que ele teve no passado experiências no serviço secreto do Exército, antes de ir parar na Polícia de Miami. Como tantos funcionários, em todos os empregos do mundo, é quase subserviente diante dos superiores e ditatorial diante dos subordinados.

A superior de Doakes, de Masuka, de Angel, de Dexter, de Debra, é a tenente Maria Laguerta (Lauren Vélez, na foto), outra latina, como mostra o nome. Um tipo perigoso: é competente, trabalhadora, basicamente honesta, mas padece da síndrome do spotlight: faz tudo para aparecer diante de uma câmara de TV. Bonitona, um tanto bastantosa, figura de certa forma atraente, quente, arrasta uma asinha pra cima de Dexter, no primeiro episódio – para grande pavor dele. Mas detesta a irmã dele, a grande e verde Debra, que por sua vez a detesta, e, exatamente por ser verde, inexperiente, apressada, vai cometer o pecado capital de passar por cima dela, dirigindo-se diretamente ao superior de todos eles, o capitão Tom Matthews (Geoff Pierson).

O capitão, um veterano, que conheceu Harry, o pai de Dexter e de Debra, e foi o responsável por nomear Maria tenente, tem, ele também, uma queda pelas câmaras de TV. E sabe ser vingativo.

         Um recurso narrativo que remete ao mestre Bergman

Uma galeria de bons, sólidos, bem construídos personagens, interpretados por atores perfeitos, talhados para os papéis, numa trama envolvente, fascinante, que não se quer deixar de lado a não ser no último e derradeiro The End. O que se pode querer mais?

O exigente espectador pode querer também belos trabalhos de câmara, cenografia maravilhosa, tomadas lindíssimas de Miami, aquela cidade doidíssima, estapafúrdia. Está tudo lá.

E ainda tem um detalhe fascinante. Os roteiristas e diretores da série decidiram usar um recurso maravilhoso que o mestre Ingmar Bergman usou bem demais em Morangos Silvestres (não sei se alguém havia usado isso antes; acho que não). Como o velho Isak Borg da obra-prima de Bergman, o Dexter de hoje entra nas cenas em que aparecem seus sonhos, suas lembranças da infância e da adolescência. Ele fica lá nas tomadas, observando os diálogos entre seu pai Harry e o Dexter garoto ou o Dexter adolescente. Esse recurso é muitíssimo bem usado na série.

         Vai contra as minhas convicções – mas é excelente, e quero mais

Estou doidinho para ver a segunda temporada de Dexter.

A frase brincalhona acima seria um bom fecho de texto. Mas de repente me lembrei de Pauline Kael, a primeira dama da crítica americana, mulher inteligente, sagaz, cultíssima, refinada. Pauline Kael classificava Dirty Harry, o detetive durão que primeiro atirava e depois pensava, se é que pensava, interpretado por Clint Eastwood nos filmes dirigidos por Don Siegel nos anos 1970, como “fascista”.

Num poema bem humorado escrito lá pelos anos 1970, Millôr Fernandes se perguntou “o que restará para sonhar depois do anos 2000”. Em meados dos anos 70, Peter, Paul and Mary cantaram uma bela canção dizendo que naquela época víamos os believers, os que acreditam, virarem cínicos.

Perto de Dexter, Dirty Harry parece um humanista.

Fico me perguntando o que diria Pauline Kael de Dexter.

Em que tempos vivemos, meu Deus do céu e também da terra.

Evidentemente, os 653 minutos da primeira temporada de Dexter não alteraram nem um milímetro as minhas convicções. Sou, desde que me entendo por gente – assim como sou pró-aborto, pró-eutanásia e pró-legalização de todos os tipos de drogas –, radicalmente contra a pena de morte; não tenho a menor confiança em júri popular; acho até os mais cuidadosos juízes podem se enganar – mas tenho a certeza plena de que a Justiça é a única entidade que tem o direito de decidir a que pena condenar um criminoso. Vingança ou “justiça” com as próprias mãos é crime abominável.

Mas estou doidinho para ver a segunda temporada de Dexter.

Dexter – A Primeira Temporada

Produção executiva John Goldwyn, Sara Colleton e Clyde Phillips

Desenvolvido para a TV por James Manos, Jr.

Baseado no romance de Jeff Lindsay

Com Michael C. Hall (Dexter Morgan), Julie Benz (Rita Bennett), Jennifer Carpenter (Debra Morgan), Lauren Vélez (tenente Maria LaGuerta), David Zayas (Angel Batista), James Remar (Harry Morgan), C.S. Lee (Vince Masuka), Christina Robinson (Astor Bennett), Preston Bailey (Cody Bennett), Erik King (sargento James Doakes), Geoff Pierson (capitão Tom Matthews), Christian Camargo (Rudy Cooper), Mark Pellegrino (Paul Bennett)

Produção Showtime

***1/2

10 Comentários para “Dexter – A Primeira Temporada”

  1. a primeira temporada é a melhor.
    a segunda tem bons momentos.
    a terceira se torna repetitiva.
    não vi a quarta temporada…

    se curte séries, recomendo que veja duas da AMC que são demais:
    – breaking bad
    – mad men

    e tem a clássica The Shield que é foda!

  2. Eu adoro a série, é muito boa mesmo!
    No geral gosto de todos os personagens, de uns mais que de outros. Gosto do fato de ter latinos na equipe, e de eles misturarem às vezes um pouquinho de espanhol (adoro o leve sotaque do Angel). Acho a Maria bonita, embora over no figurino e na maquiagem (acho que os americanos pensam que todas as latinas se vestem daquele jeito) e pra mim ela é mais bonita do que a Rita, por exemplo, que é o estereótipo americano de mulher bela: loira, malhada, siliconada. Aliás, a irRita é a única de quem eu realmente não gosto. Tenho birra dela desde a primeira temporada, com aquela vozinha nhenhenhém. Quando chora, fala, grita é sempre a mesma voz; pra um ator isso é péssimo. O Dexter é o fingidor, mas é ela quem parece estar sempre atuando. De tão doce chega a ser amarga – por excesso de açúcar. Detesto a forma como desde o começo ela cobra o Dexter, sempre obrigando-o a ir à casa dela quando ela quer. Se o carro estragou chama o Dexter, se não pode ir pegar os filhos na escola chama o Dexter, se a unha quebrou chama o Dexter. Ele só a aguenta pq não é normal, pq não sabe como um homem normal agiria; do contrário já teria dado um belo pé na bunda dessa chata. Além de tudo é sem sal, como bem disse a Debra uma vez. Quando a doida inglesa entrou na vida do Dexter eu confesso que achei ótimo, não aguentava mais o mimimi da irRita.
    Em compensação adoro a filhinha dela, a menina é muito fofa.

    Também gosto bastante da Debra, do seu jeito despachado, espevitado, às vezes meio infantil, toda estranha naquele corpo desproporcional, com um amor imenso pelo irmão (ai, se ela soubesse) e sempre procurando o cara perfeito que seja como o pai dela (Freud explica, depois ela vai descobrir que ele não era tão perfeito assim).

    E o Dexter é o Dexter. Às vezes a gente até esquece que ele é um psicopata. Você tem razão: parece que o Michael C. Hall nasceu para interpretá-lo. E além de tudo ainda é gato (deviam explorar mais o corpinho malhado dele, mas até à praia o personagem vai de roupa, assim fica difícil). Acho muito legal as narrações, morro de rir dos seus pensamentos, das caras que ele faz nessas horas (e aí vemos a boa mão dos diretores, todos perfeitos). E mais legal ainda é a sua pronúncia quando está narrando, bastante limpa e clara.
    Logo que comecei a ver a série me dei conta de que não é só o Dexter que finge ser normal. Todos nós fingimos um pouco, usamos as máscaras que nos são mais convenientes; do contrário, a vida em sociedade seria insuportável. Eu mesma estou sempre me esforçando para parecer “adequada”, para saber onde colocar as mãos e os pés, e olha, não é fácil. Super entendo o Dexter, acho que até me identifico. hahaha

    Seu texto está excelente, a série é mesmo ótima, a gente não cansa de ver nem de babar. As subtramas são muito boas e os roteiros muito bem amarrados. Até a abertura foi muito bem feita, a música é perfeita; as imagens sempre remetendo à carne, a sangue, a objetos cortantes e perfurantes (só deviam ter mandado o ator escovar as unhas antes da cena do fio dental). Faço questão de ver a abertura em cada episódio, mesmo quando faço “maratona” de alguma das temporadas.

  3. Comecei a ver esta série há pouco tempo, através do Netflix que chegou a Portugal há um mês e confesso que adoro.
    Apesar das óbvias questões morais levantadas.
    Vi a 1ª temporada toda e já vou na 2ª. Também vi algumas outras séries que não me agradaram tanto com excepção de Broadchurch que me deixou deliciado.

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