(500) Dias com Ela / (500) Days of Summer


Nota: ★★★★

Anotação em 2010: Este filme é uma bênção, uma dádiva, uma absoluta, total delícia. Umas 20 mil pessoas já disseram isso e escreveram loas ao filme antes de mim, mas paciência – meus comentários não são mesmo um primor no quesito atualidade. Mas o fato é que (500) Dias com Ela merece todos os elogios que vem recebendo.

Ele me fez lembrar algumas outras pérolas, jóias raras – O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, Todas as Mulheres do Mundo, Simplesmente Amor/Love Actually, Apenas Uma Vez/Once. Tem o frescor, a alegria dos dois últimos, e a criatividade, a imaginação, a inteligência das brincadeiras formais dos dois primeiros. Lembra ainda umas cenas de dança e música de Todos Dizem Eu Te Amo e umas brincadeiras de Poderosa Afrodite, de Woody Allen.

Não é pouca coisa, de jeito nenhum.  

É, na minha opinião, um das melhores comédias românticas de todos os tempos. É daqueles poucos, raros, maravilhosos, que deixam a gente levitando alguns centímetros acima do chão quando infelizmente terminam – infelizmente, porque a gente fica torcendo para que não termine nunca. Daqueles que fazem a gente achar que valeu o dia, valeu a semana, simplesmente por ter visto uma beleza de filme.

A criatividade começa antes da ação: de cara, há um letreiro com o seguinte “Aviso do Autor”: “O que vem a seguir é um trabalho de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera  coincidência.”

Rápida pausa. E aí acrescenta-se: “Especialmente você, Jenny Beckman”.

Nova rápida pausa. E aí acrescenta-se: “Puta”.

         Muita badalação costuma fazer a gente não achar tão bom

Uma pequena tergiversação. É bastante natural que a gente às vezes se decepcione um pouco com um filme que foi muito badalado, muito bem falado demais. Não costumo ler muito sobre filmes que ainda não vi, mas naturalmente vejo os títulos das matérias e das críticas nos jornais, nas revistas, na internet – e só vi elogios a (500) Dias com Ela. E então o risco de decepção existia, claro. E quem eventualmente ler este comentário aqui antes de ver o filme talvez se exponha ao mesmo perigo – de, na hora de ver, pensar: pô, legal, mas também não é aquilo tudo que andaram falando.

No meu caso específico com este filme, o risco de decepção foi embora com esse texto apresentado em letreiro antes mesmo do começo da ação. Com uma abertura dessa, com esse brilho, com essa inteligência faiscante, é claro que não haveria risco de decepção.

         O narrador avisa de cara: “Esta não é uma história de amor”

E aí entra a voz em off de um narrador:

– “Esta é uma história de garoto encontra garota.”

É uma bela voz, de alguém de idade, um timbre claro, forte, que faz até lembrar a maravilhosa voz de Morgan Freeman, que Spielberg teve a sacada de usar como narrador em seu Guerra dos Mundos. O narrador é Richard McGonagle; eu não conhecia, mas o cara já trabalhou em 140 filmes e/ou episódios para a TV. O narrador prossegue:

– “Mas você precisa saber desde o início que esta não é uma história de amor. É uma história de garoto encontra garota.”

Enquanto o narrador vai nos apresentando a base da trama, em um texto de estilo assim quase sociológico, vemos, na tela dividida em duas, cenas da vida do garoto e da garota crescendo, como se fossem filmes amadores das famílias.

– “O garoto, Tom Hansen de Margate, New Jersey, cresceu acreditando que nunca seria verdadeiramente feliz até o dia em que encontrasse a mulher da sua vida. Essa crença surgiu a partir de uma exposição, quando ainda era muito jovem, à triste música pop britânica e uma leitura completamente mal feita do filme The Graduate. A garota, Summer Finn de Shinnecock, Michigan, não compartilhava dessa crença. A partir da desintegração do casamento de seus pais, ela passou a amar apenas duas coisas. A primeira era seu longo cabelo escuro. O segundo era quão facilmente ela podia cortá-lo sem sentir absolutamente nada. Tom se encontra com Summer no dia 8 de janeiro. Ele sabe quase imediatamente que ela é a pessoa por quem ele vinha procurando. Esta é uma história de garoto encontra garota, mas você precisa saber desde o início que não é uma história de amor.”  

 Uma cuidadosa, deliciosa desconstrução da ordem cronológica

O ator que faz Tom, Joseph Gordon-Levitt, de quem nunca tinha ouvido falar, está excelente. O estado de espírito de seu personagem quica do chão aos céus, como uma bola de basquete; passa da mais profunda fossa à euforia – dependendo das atitudes de Summer em relação a ele. Summer é interpretada por Zooey Deschanel, essa moça de gigantescos olhos azuis que, aos parcos 30 anos de idade e carinha de 20, já trabalhou em quatro dezenas de filmes e/ou episódios para  TV. (Já estão no site Fim dos Tempos/The Happening, de 2008, e Armações do Amor/Failure to Launch, de 2006.) Está bem, ela, no papel de Summer, uma moça que aparenta (atenção: aparenta) ter o Medo do Compromisso, essa síndrome que o crítico Roger Ebert chama de um dos mais confiáveis clichês românticos modernos.

Para contar a história dos 500 dias com Summer (o título original é um trocadilho óbvio com 500 dias de verão), nos quais Tom vai várias vezes do céu ao inferno, os roteiristas Scott Neustadter e Michael H. Weber desconstruíram totalmente a cronologia. Ebert, que citei há pouco, costuma reclamar das narrativas que começam com duas pessoas conversando, digamos, em 2010, e aí a ação volta para 1980, para contar a história que o personagem está contando para o outro em 2010. Eu também implico bastante com narrativas que vão contando paralelamente histórias ocorridas em, digamos, 1980 e 2010, e que vão e voltam constantemente, repetitivamente, no tempo.

Mas esses esquemas gastos e repetitivos não têm nada a ver com o que os roteiristas fizeram aqui. Eles de fato desconstruíram completamente a ordem cronológica, mediante um recurso simples e muito bem sacado: números entre parênteses vão nos mostrando quando aquela determinada seqüência aconteceu – o dia 1, claro, é o dia em que pela primeira vez Tom botou os olhos na bela Summer, no escritório em que ele já trabalhava, como redator de textos para cartões de cumprimento, e onde ela começa a trabalhar como assistente do patrão. Então veremos, digamos, fatos do dia 328, depois do dia 1, depois do dia 229 – e vai por aí.

A desconstrução faz todo sentido, porque realça os altos e baixos da relação dos dois e torna muito mais divertido, para o espectador, acompanhar a montanha russa de sensações do nosso pobre protagonista profundamente apaixonado à primeira vista por aquele ser que se recusa a ser tida como “a namorada de alguém”.

Um brilho de narrativa, sacadas inteligentes a cada momento

É um brilho de narrativa. Há sacadas inteligentes pipocando a cada momento, diálogos espertos, gostosos, ao longo de todo o filme. Num determinado momento, por exemplo, Tom está no auge do auge da felicidade; sai pelas ruas cumprimentando as pessoas, e as pessoas primeiro começam a sorrir para ele, depois começam a dançar com ele – é uma seqüência maravilhosa, bem feitíssima, engraçadíssima, que faz lembrar os números musicais e as brincadeiras que Woody Allen criou em Poderosa Afrodite e Todos Dizem Eu Te Amo.

Os dois personagens centrais têm toda uma forte ligação com música e cinema – o que, para quem gosta de música e cinema, é um absoluto paraíso. Há diálogos e gozações envolvendo Sex Pistols (há uma ótima conversa em que Tom e Summer se comparam a Syd e Nancy), os Smiths, os Beatles (o preferido de Summer, para absoluto espanto de Tom, é Ringo), Simon & Garfunkel; a trilha sonora tem, nas músicas incidentais, até Carla Bruni! Goza-se a angústia do cinema francês e o questionamento metafísico do cinema sueco – uma seqüência, com Tom e sua fascinante irmãzinha muito mais jovem mas mais ajuizada, jogando uma partida de xadrez junto ao mar, remete diretamente a O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman.

E, quase chegando ao fim de um filme que não deveria terminar nunca, o espectador revê, junto com os personagens, ao som de “Bookends” e “Old Friends”, do disco de 1968 de Simon & Garfunkel, a antológica, um tanto misteriosa, absolutamente aberta às mais diferentes interpretações ou leituras, última seqüência de A Primeira Noite de um Homem/The Graduate, de Mike Nichols. A seqüência que, segundo o narrador, o pobre Tom não entendeu.  

(500) Dias com Ela é uma maravilha, é uma obra-prima.

         Close-ups de Zooey Deschanel – e dois textos opostos, antípodas        

Me lembrei agora, ao fazer esta anotação, da sensação que tive ao ver pela primeira vez, adolescente, Os Guarda-Chuvas do Amor. Adolescente, com a certeza adolescente de estar vivendo um grande amor, anotei no diário algo do tipo: “Obrigado, Jacques Demy, seu filho da puta, por mostrar que o grande amor também acaba.” Os roteiristas deste filme alegre e solar como Todas as Mulheres do Mundo retomaram essa lição de forma absolutamente brilhante – doçamargamente, melancolicalegremente. Criaram duas seqüências de big close-ups de Zooey Deschanel – os olhos, os joelhos, os cabelos – que são praticamente repetidas, em momentos diferentes, enquanto a voz de Tom diz dois textos opostos, antípodas. No primeiro momento:

“Adoro o sorriso dela. Adoro cabelo dela. Adoro seus joelhos. Adoro como ela molha os lábios antes de falar. Adoro a marca de nascimento em forma de coração no pescoço dela. Adoro vê-la dormindo.”

E, no outro momento, de novo com big close-ups de Zooey Deschanel:

“Odeio os dentes feios dela. Odeio aquele corte de cabelo à la anos 60. Odeio os joelhos pontudos dela. Odeio a marca de nascimento em forma de barata no pescoço dela. Odeio o jeito com que ela estala os lábios antes de falar. Odeio o som que ela faz quando ri.”

         Será que não teria havido, na vida real, uma Summer Finn?

Tudo tem tanto frescor, tanta sinceridade, que a gente se pega pensando, marotamente: cacilda, será que um dos roteiristas, ou o diretor Marc Webb, não se inspirou numa experiência afetiva real com uma Summer Finn, ou talvez uma Jenny Beckman – aquela puta?

O diretor Marc Webb, aliás, é um garoto; nasceu em 1974, um ano antes da minha filha Fernanda. Antes deste filme, tinha feito um curta-metragem e um documentário de 60 minutos sobre o cantor Jesse McCartney – só isso. É um daqueles nomes para a gente acompanhar. É um talento espantoso.

Fui dar uma olhada no Box Office Mojo, um site que traz todas as cifras relativas aos filmes. (500) Dias com Ela custou US$ 7,5 milhões – uma bobagem, uma bagatela, em termos de cinema americano. Estreou nos EUA em julho de 2009 e, nestes sete meses até fevereiro de 2010, faturou R$ 58,5 milhões. Nada extraordinário – mas é sem dúvida bastante rentável, comparando com o custo muito baixo. Tomara que seja mais do que suficiente para permitir que Marc Webb continue fazendo filmes com independência.

Ah, sim. Acabei fazendo toda a anotação antes de ler sobre o filme – com exceção dos números do parágrafo acima. Numa rápida passagem pela internet à procura das fotos para ilustrar o post, vi que, ao contrário do que eu achava, há muita gente que, em comentários muito sérios, sisudos, fazem duras críticas ao filme. Claro, todo mundo tem direito à sua opinião. Vi também que alguém diz que o filme pode ser tido assim como uma espécie de cruzamento de Alta Fidelidade com  Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças com Annie Hall. De fato, tem um pouco de Brilho Eterno, na inventividade, na criatividade da narrativa. De Alta Fidelidade, tem as citações todas a música e a cinema, mais o clima de jovens espertos e bem informados sobre os assuntos mais próximos a eles. E de fato tem pitadas de Woody Allen, conforme eu já havia dito lá em cima. E tem, sim, pitadas de Annie Hall e de Manhattan: é um filme feito por gente que tem profundo amor à cidade de Los Angeles. Los Angeles já foi mostrada 200 mil vezes no cinema – em geral como uma cidade enlouquecedora, louca, dura, difícil. (500) Dias com Ela mostra uma Los Angeles linda, acolhedora – “uma cidade se transforma num mundo, quando a gente ama um de seus habitantes”, escreveu Lawrence Durell. De fato, o jovem Marc Webb fez com aquela metrópole doida o que o jovem Woody Allen fazia com Nova York.

(500) Dias com Ela/(500) Days of Summer

De Marc Webb, EUA, 2009

Com Joseph Gordon-Levitt (Tom Hansen), Zooey Deschanel (Summer Finn), Clark Gregg (Vance), Matthew Gray Gubler (Paul), Rachel Boston (Alison), Geoffrey Arend (McKenzie), Chloe Moretz (Rachel Hansen), Minka Kelly (Autumn)

Argumento e roteiro Scott Neustadter e Michael H. Weber

Fotografia Eric Steelberg 

Música Mychael Danna e Rob Simonsen

Produção Fox Searchlight Pictures

Cor, 95 min

****

18 Comentários para “(500) Dias com Ela / (500) Days of Summer”

  1. Um dos melhores filmes de 2009!!! História muito bem contada. Além de tudo que foi falado na tua anotação, aquela sequência, da festa no apartamento de Summer, em que a tela é dividida em duas partes e vai aparecendo o desenrolar de duas possíveis situações sob a ótica de Tom é fantástica!
    Filme extremamente original!!

  2. Boa, Fernando! Muito boa lembrança – essa seqüência realmente é sensacional. Tinha tanta coisa pra falar do filme que acabei me esquecendo de falar dela.
    Um abraço, e obrigado pelo comentário.
    Sérgio

  3. Imagino, Danielle, que você se refira à moça que Tom encontra na última seqüência do filme, enquanto espera ser chamado para uma entrevista para uma vaga em empresa. O personagem chama-se Autumn, e a atriz, linda, é Minka Kelly.

  4. Só vi esses dias, estava com medo de todas as críticas favoráveis. Gostei. O único porém é que como a gente sabe que não é uma “história de amor” dá pra imaginar mais ou menos como vai terminar, embora tenha tido uma ou outra surpresa.
    Foi engraçado ele falar mal do corte de cabelo da Summer já na fase pós-pé na bunda, pois o cabelo dela me incomodou muito o filme todo. E me incomodou tb a desfaçatez e o não comprometimento dela com o Tom. Eu, pelo menos, acabei me afeiçoando ao personagem dele.
    Agora, parando pra pensar, eles apenas colocaram num papel feminino algo que os homens estão cansados de fazer: não querer compromisso e depois agir da mesma maneira que ela agiu no final, ficar com a mulher, mas não assumir o namoro/relação, dar uma de amiguinho depois do término, criando assim falsas esperanças etc, etc. Não estou dizendo que só os homens fazem isso, mas é mais comum vê-los fazer (se a arte imita a vida, taí o cinema que não me deixa mentir).
    O que se passa na sequência que o Fernando citou é clássico (na parte da tela que mostra as expectativas dele). Depois de um fora, os menores sinais são interpretados como uma possível volta ou conciliação. Pobre Tom.
    As referências são todas ótimas; como vc bem disse, pra quem gosta de música e cinema é o paraíso. Adorei terem colocado duas músicas da Regina Spektor. Mas o que eu mais gostei mesmo foi quando o Tom citou a Super Vicky (acho que só quem foi criança nos anos 80 entendeu). Nada supera as memórias da infância, então peço licença para tergiversar: a Super Vicky passava às sextas-feiras na parte da tarde, e eu amava. Eu estudava nesse horário, mas tinha a sorte de sair mais cedo às sextas, por regras da escola. Meu pai nos buscava nesse dia (um primo morava na minha casa) e quando ele recebia o salário (era sempre sexta), comprava coisas que gostávamos de comer. Então chegar em casa correndo, ligar a TV pra assistir a Super Vicky e ainda poder comer porcarias, com o fim de semana pela frente, era o céu.

    Voltando ao filme: adorei a sacada de colocar o nome da moça que aparece no final de Autumn. Eu conhecia o Joseph Gordon-Levitt de um filme que vi várias vezes e é um dos preferidos dos adolescentes, o “Dez Coisas que eu Odeio em Você”. A meu favor tenho a dizer que o filme é bem-feito , tem o finado Heath Ledger cantando uma música que eu adoro, o roteiro é divertido, a Julie Stiles está ótima no papel e eu assisti há dez anos, então tenho um desconto por ter gostado de um filme feito para o público teen, não?

  5. Tentei assistir duas vezes este filme e acabei desistindo; mas após ler seu comentário vou assisti-lo assim que puder.

  6. Grande Sérgio!
    Esse é mesmo um grande filme. E você é um poeta! Sempre consegue descrever minhas impressões muito melhor do que eu poderia fazer: “É daqueles poucos, raros, maravilhosos, que deixam a gente levitando alguns centímetros acima do chão quando infelizmente terminam – infelizmente, porque a gente fica torcendo para que não termine nunca.”
    É ISSO, exatamente ISSO! Melhor impossível… Ah, mas esse já é outro filme. 🙂
    (aliás, um filme que você não comentou ainda…)

    Grande abraço…

  7. Esse filme quase acabou comigo… Quando assisti, meio por acaso porque estava passando na TV a cabo, eu tinha acabado de me livrar de uma “Summer”, então o tempo todo eu me via no Tom. Digamos que por causa do filme minha psicóloga demorou mais uns 4 meses pra me dar alta…

  8. o filme e muitoooo bom

    mas deixou uma pergunta no ar
    quem e aquela moça do final e sera que ele fica cm ela?

  9. Assim como diz a voz do narrador : “Esta é uma historia de garoto que encontra garota”.
    ” Esta não é uma história de amor ” .
    Então, o final não seria aquele esperado.
    Como o Sergio diz, um filme fantástico.
    Assim como nossa amiga Jussara, eu também já conhecia o ator Joseph Gordon-Levitt e gosto muito de seus trabalhos.
    É aquela coisa onde algumas vezes,só um ama e o outro brinca de amar.
    Também achei muito bem sacado a cena das expectativas e realidades.
    Gostei do final quando ele conhece a Autumn.
    Mostra que a vida segue e que há uma nova oportunidade de tentar ser feliz.
    Amar e ser amado . . . de verdade.
    Faltou um pouquinho de atenção à nossa amiga edinalva . . .
    Um abraço, Sergio !!

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