(Disponível na Amazon Prime Video em 7/2023.)
Fleabag, 33 anos de idade, uma calamidade ambulante, vida pessoal, afetiva, social, econômica um absoluto e total caos, ganha do pai um voucher para uma consulta com uma psicóloga. A mulher (uma participação especialíssima, apenas naquela sequência, da grande Fiona Shaw) pergunta por que ela acha que o pai sugeriu uma terapia.
– “Deve ser porque minha mãe morreu e ele não consegue falar sobre isso. Minha irmã e eu ficamos sem nos falar por um ano; ela acha que eu dei em cima do marido dela. E porque passei grande parte da vida adulta usando o sexo para evitar o vazio dentro do meu coração. Eu sou boa nisso. Apesar de não fazer mais.”
O “não fazer mais” refere-se à prática de sexo. Fleabag é daquele tipo que dá mais que chuchu na cerca, e pensa em sexo e faz sexo a maior parte do tempo – mas, naquele momento, estava havia alguns dias sem trepar. O motivo dessa continência era, como tudo na vida dela, complicado: Fleabag estava apaixonada por um padre católico.
A conversa com a psicóloga – fantasticamente reveladora sobre a personalidade da protagonista – acontece no episódio 2 da Segunda Temporada da série Fleabag, lançada em 2019. Cada temporada tem apenas seis episódios, de 30 minutos cada; a primeira é de 2016. No quinto e penúltimo episódio da Segunda Temporada, Fleabag faz outra definição incrivelmente reveladora de si mesma:
– “Eu menti. (…) Eu roubei. Fiz muito sexo fora do casamento, e algumas vezes dentro do casamento dos outros. E teve um pouco de sodomia. E muita masturbação. Um pouco de violência, e, é claro, uma porrada de blasfêmia.”
A sequência é extraordinária, maravilhosa, soberba. Vemos Fleabag, interpretada pela mulher que a criou, a autora da história original, do roteiro, dos fantásticos, impressionantes diálogos, Phoebe Waller-Bridge, em plano americano, em um confessionário de igreja católica. No começo dessa confissão em que ela se descreve, se desnuda diante do padre que a ouve do outro lado do confessionário, Fleabag está sorridente – mas aos poucos uma nuvem carregada vai cobrindo seu rosto.
Em montagem rápida, surge em tomadas rápidas o rosto de Boo (Jenny Rainsford), a maior amiga de Fleabag, morta tragicamente. E ela – agora vista mais próxima, quase em close-up, e já sem sorrir – prossegue o striptease de sua alma:
– “Estou com medo. De esquecer as coisas. As pessoas. E tenho vergonha de não saber o que eu… Quero alguém que me diga o que vestir de manhã. Quero alguém que me diga o que vestir toda manhã. Quero alguém que me diga o que comer, do que gostar, o que odiar, de que ter raiva. O que escutar, de qual banda gostar, de que comprar ingressos, com o que fazer piada, com o que não fazer. Quero alguém que me diga em que acreditar. Em quem votar, quem amar e como dizer a ele. Acho que quero alguém que me diga como viver minha vida, padre, porque até agora acho que eu só errei. É por isso que as pessoas precisam de você na vida delas. Porque você diz como elas devem fazer. Você diz o que elas precisam fazer e o que vão conseguir no fim. Apesar de não acreditar nas suas besteiras e saber que cientificamente nada do que faço faz diferença no fim, eu continuo com medo. Por que eu ainda estou com medo?”
Nesta sequência em especial, mas a rigor ao longo de todos os 12 episódios das duas temporadas de Fleabag, Phoebe Waller-Bridge dá um show como atriz, como roteirista, como autora de história e de diálogos.
Essa moça é um fenômeno.
Uma jovem angry – no sentido de inflamada, tempestuosa
Ando preocupado com a necessidade de apresentar uma sinopse dos filmes e/ou séries que comento aqui. Já aconteceu algumas vezes de eu mandar para o meu amigo Valdir Sanches os meus textos e ele dizer algo tipo “mas você não conta sobre o que é a história”.
Então lá vai a sinopse da própria Prime Video:
“Fleabag é uma hilariante e aguda janela para a mente de uma mulher perspicaz, sexual, irada, marcada pela dor, que se lança na vida moderna em Londres. A premiada autora Phoebe Waller-Bridge escreve e interpreta o papel de Fleabag, uma mulher direta, sem filtros, que tenta se curar de dores, ao mesmo tempo em que rejeita cada pessoa que tenta ajudá-la e toca em frente sua vida.”
Ahn… Não revela muito o que é a história, né? Parece meus textos…
Tento a Wikipedia:
Fleabag, diz a enciclopédia, é uma série de televisão britânica criada e escrita por Phoebe Waller-Bridge, baseada em seu show de uma única personagem que estreou no Edinburgh Fringe Festival em 2013. Waller-Bridge interpreta a personagem-título, uma jovem mulher de espírito livre mas irada e confusa em Londres. Sian Clifford interpreta a irmã de Fleabag, Claire, e Andrew Scott (na foto abaixo) se uniu ao elenco na segunda temporada como O Padre.
“Irada”. Usei “irada” para “angry”, o adjetivo que está tanto no texto original da Prime Video quanto no da Wikipedia, mas a correspondência não é exata. “Irado“ não é uma palavra tão comum, tão amplamente usada no Português quanto é “angry” no Inglês. “Angry” serve para irado, raivoso, irritado, colérico, zangado, mas também para inflamado, tempestuoso.
E aqui é impossível não lembrar que “angry” foi usado para designar um movimento, uma escola, tanto na literatura quanto no teatro e no cinema britânicos dos anos 1950 e 1960. Depois do neo-realismo italiano dos anos 1940 e 1950, veio a nouvelle-vague francesa no finalzinho dos 50 e ao longo dos 60, assim como no Brasil veio o cinema novo. Neo, nouvelle, novo. Na Grã-Bretanha, o movimento foi chamado de Angry Young Men, muito mais do que British New Wave – o cinema de Karel Reisz, Tony Richardson, Lindsay Anderson, John Schlesinger.
Dei uma viajadinha, mas acho que tem muito a ver. Fleabag, a personagem, tem mais a ver com tempestuosa, rebelde, assim como os artistas do movimento Angry Young Men, do que com irada, raivosa. De uma certa maneira, Fleabag é uma jovem rebelde na Londres destes tempos instáveis, malucos, do Terceiro Milênio, como era rebelde a geração da Swingin’ London dos anos 60, dos Beatles, da minissaia, dos alucinógenos, da pílula, da revolução sexual e comportamental,
E Fleabag, a série, tem algo a ver com a irreverência, a coragem, a franqueza, sobretudo, e até as brincadeiras formais de filmes do americano de nascimento mas tão britânico Richard Lester, como A Hard Day’s Night (1964) e A Bossa da Conquista/ The Knack …and How to Get It (1965).
Brincadeirinhas formais: volta e meia – e bota volta e meia nisso – Fleabag-Phoebe Waller-Bridge deixa de lado a ação, a conversa com quem está, e se vira para a câmara, e portanto para os olhos do espectador, e conversa com ele.
Fala-se de sexo, mostra-se sexo – da maneira mais natural
Tudo bem: essa bossa já não é nova. O cinema vem fazendo isso há várias décadas, já – mas Phoebe Waller-Bridge radicalizou. Transformou isso numa marca da série. Fleabag conversa com a gente, olhando diretamente pra gente, umas seis, sete, oito vezes em cada episódio de 30 minutos.
A série abre com essa brincadeira. Fleabag fala com o espectador na primeira sequência do primeiro episódio da Primeira Temporada. E, já nessa sequência de abertura, escancara que a série não é feita para agradar às Ligas da Decência, às Senhoras de Santana, aos que se dizem defensores da “família e dos bons costumes” – os fariseus, os hipócritas, a direita babante.
Fleabag está diante da porta de seu apartamento. Na primeira tomada em que a vemos, de lado, de perfil, em plano entre o americano e o close-up, ela está respirando fundo, tensa, tentando se controlar. Ela respira fundo mais uma vez e se vira para a câmara, para os nossos olhos:
– “Sabe aquela sensação quando o cara de quem você gosta manda uma mensagem às 2 da manhã de uma terça-feira pedindo pra te ver, e você acidentalmente age como se tivesse acabado de chegar em casa? Então você sai da cama, toma meia garrafa de vinho, entra no chuveiro, se depila toda, coloca um lingerie bem sexy, veste uma cinta-liga e espera a campainha tocar?”
O cara chega.
– “Daí você abre a porta como se tivesse esquecido que ele viria”, ela diz para nós.
E continua conversando conosco enquanto vemos cenas de sexo – nada explícitas, nada longas, de forma alguma. Ela em cima dele, depois ele vindo por trás dela. – “Depois de uma foda bem normal, você percebe que ele está entrando no seu ânus”, lemos na legenda. A palavra que ela fala é asshole, que, mais que ânus, é cu, mesmo. E o que vemos nesse momento é o rosto dela deitado, em close-up, falando conosco.
Não há um pingo de pornografia ali – nem em um único momento dessa série que fala de sexo demais da conta. Nem um pingo de safardagem, safadeza com sacanagem. Fleabag, a série, fala muito – pra cacete, com palavrão pra caralho – de sexo, e até mostra bastante sexo, da maneira mais direta, simples, natural possível. Como se fosse pilates, ioga, meditação, ginástica, ou qualquer outra atividade do corpo humano.
Como tem que ser.
Do jeito mais natural do mundo – mas capaz de deixar loucos os fariseus de todas os tipos de hipocrisia, as damares de todas as denominações do mau uso da religião.
A amiga não sai da cabeça de Fleabag
Jogadas formais. Fleabag usa de maneira extremamente eficaz o lance de jogar rápidas tomadas do passado no meio da narrativa. Tomadas rápidas de imagens que vêm à cabeça da protagonista.
Imagens de Boo, a grande amiga, volta e meia surgem na tela, assim como surgem na cabeça de Fleabag.
Quando a ação começa – Fleabag esperando a visita do namorado sem nome, o arsehole guy, como o identifica o IMDb, interpretado por Ben Aldridge –, Boo já estava morta havia algum tempo.
Boo e Fleabag haviam aberto juntas o café, a lanchonete-café que agora Fleabag tinha que tocar sozinha – e, diabo, não estava dando certo. Freguês de menos, contas a pagar demais.
O roteiro criado por Phoebe Waller-Bridge vai contando pouco a pouco, mas bem pouco a pouco, a conta-gotas, o que foi que aconteceu com Boo, como ela morreu. É só lá pela metade da primeira temporada que ficamos sabendo que Boo era extremamente apaixonada pelo namorado, e, num período em que ele demonstrou não estar mais interessado nela, tomou uma decisão maluca: de se ferir, se machucar, para que o namorado, Jack (Anthony Welsh), ficasse tocado, emocionado, e voltasse a amá-la.
Só que o plano deu errado – e, em vez de apenas se machucar, ela foi ferida gravissimamente, e morreu.
Será só na Segunda Temporada que ficaremos sabendo que Fleabag tem sérios motivos para sofrer com a consciência de que teve a ver com o que acabaria levando à morte de Boo.
O roteiro faz um uso muito bom das imagens de Boo que volta e meia aparecem ao longo da narrativa.
Tudo, em Fleabag, é muitíssimo bem realizado.
A irmã é pirada, o pai, um babaca, a madrasta, uma megera
Não tem jeito: é preciso falar sobre a palavra fleabag.
Literalmente, fleabag é saco de pulgas.
No inglês americano, significa um hotel barato e sujo, informa meu Dictionary of English Language and Culture da Longman. Como tínhamos no Brasil a palavra “pulgueiro” para designar cinemas baratos, vagabundos. No inglês britânico, especifica o Dictionary, fleabag significa “a dirty disliked person or animal”.
Alguém que tem o apelido de fleabag é “uma pessoa suja, de quem os outros não gostam”.
O mais próximo disso que imagino no Português brasileiro é “pentelho”. Fleabag – Pentelha.
My God…
E há um detalhe importante: o espectador não fica sabendo qual é o nome da personagem título. Ele não é dito em hora alguma. Só se usa o apelido infame!
Informa-se que Fleabag era o apelido familiar de Phoebe Waller-Bridge. My God… Eu chamo minha neta de Linda&Fofa, ou então, no diminutivo, Fofinha. Será que o pai da menina que viria a ser uma grande artista a chamava, na boa, de A Pentelha?
Bem… Não sei a família de Phoebe Waller-Bridge, mas a família de Fleabag na série é a coisa mais absolutamente disfuncional que pode haver.
No início da narrativa, a mãe já estava morta; havia morrido de câncer de mama. A mulher que havia apresentado o pai e a mãe havia dado em cima do viúvo assim que ele enviuvou. É uma mulher em tudo por tudo detestável, uma megera, um horror. Mexe com arte, considera-se a maior artista plástica do mundo – e tudo que pinta e esculpe tem a ver com sexo, pau, caralho.
Não ficamos sabendo o nome dela. Não é pronunciado hora alguma. Da mesma forma que o pai.
O pai… Deus meu, o que é aquilo? O pai é um fraco, um tíbio, um banana. Um babaca. Um troglodita, incapaz de um pequeno gesto de carinho que seja por qualquer uma das duas filhas que botou no mundo.
A irmã de Fleabag é a única da família que tem seu nome falado – chama-se Claire e, como já foi dito na sinopse da Wikipedia, é interpretada por Sian Clifford (na foto abaixo). É mais doida, pirada, alucinada que Fleabag – só que, bem ao contrário da irmã, tem sucesso profissional. Trabalha numa grande empresa da área financeira, parece ser competente, porque tem alto posto, alto salário.
O marido, Martin, é um absoluto babaca. Ser alcoólatra é o menor de seus problemas.
Sian Cliffordd, como já foi dito, interpreta a irmã. Bill Paterson, o pai. Brett Gelman, o cunhado. Embora pouco conhecidos, são todos ótimos atores, como é o padrão naquelas British Islands, o maior celeiro de bons atores do mundo.
A madrasta é interpretada por uma mulher que, além de ótima atriz, é hoje uma grande estrela, conhecida, respeitada mundo afora. A madrasta horrenda vem na pele da extraordinária Olivia Colman (na foto acima), que interpretou a rainha Elizabeth II na Terceira e na Quarta Temporadas de The Crown (2019 e 2020), e brilhou como protagonista de A Filha Perdida (2021), entre outros.
Na Segunda Temporada, a madrasta e o pai resolvem se casar – e casar na Igreja, não a Anglicana, mas a Católica. E escolhem para realizar a cerimônia um padre jovem, boa pinta, jeito extrovertido, que adora uma bebida e fala quase tanto palavrão quanto Fleabag. É o papel, como já foi dito, de Andrew Scott.
O Padre, assim como o Pai, a Madrasta e a própria Fleabag, não tem nome, quer dizer, nós não ficamos sabendo seu nome. É apenas o Padre.
Fleabag se apaixona.
Diacho, nem todo mundo é tão pirado e babaca assim…
A série foi um sucesso estrondoso de público e crítica.
Faturou nada menos de 64 prêmios, fora outras 69 indicações. Só de Primetime Emmys, o Oscar da TV, levou seis prêmios na categoria série–comédia: melhor série, melhor atriz para Phoebe Waller-Bridge, melhor atriz coadjuvante para Sian Clifford, melhor diretor para Harry Bradbeer, melhor roteiro para Phoebe Waller-Bridge e melhor casting para Olivia Scott Webb.
Ao Bafta, foram dez indicações e cinco vitórias na categoria série–comédia, inclusive nas categorias de melhor série, melhor atriz e melhor roteiro para Phoebe Waller-Bridge.
No IMDb, tem a incrível nota de 8,7 em 10 – média das votações de 178 mil leitores do grande site enciclopédico.
No site agregador Rotten Tomatoes – vixe, confesso que me assustei! – a série tem 100% da aprovação dos críticos. Meu Deus do céu e também da Terra! Mais uma prova de que, ao contrário do que dizia Nelson Rodrigues, nem toda unanimidade é burra. Entre os leitores, Fleabag tem a aprovação de 92%.
Eis o “consenso da crítica” do Rotten Tomatoes: “Inteligente e viciantemente engraçada, Fleabag é uma comédia total, selvagemente inventiva, sobre uma jovem mulher complicada navegando pelas consequências de um trauma.”
Bem. Euzinho, quieto aqui no meu cantinho, me sentei para ver a série com a melhor das disposições, depois de ter me apaixonado por esse furacão que é Phoebe Waller-Bridge em Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023). E reconheci, é claro, suas imensas qualidades.
Mas confesso que houve alguns momentos em quem me peguei perguntando se eu estava de fato gostando de ver Fleabag.
Reconhecer que um filme/uma série é de grande qualidade é diferente de gostar, certo?
Achei, em alguns momentos, que Phoebe Waller-Bridge pega pesado demais em sua crítica ácida, duríssima, impiedosa, ao comportamento das pessoas, à sociedade inglesa como um todo.
Diacho, as pessoas não são tão idiotas, tão ruins da cabeça e doentes do pé quanto o Pai, a Madrasta, Claire, Martin…
Há momentos em que o humor resvala para o negro – e eu simplesmente não consigo entender humor negro, nem gostar.
E a atriz maravilhosa exagera demais nas caretas.
Mas essas são idiossincrasias minhas. Fleabag é uma beleza, sem dúvida alguma.
Anotação em julho de 2023
Fleabag
De Phoebe Waller-Bridge, criadora, roteirista, Reino Unido, 2016 e 2019
Direção Harry Bradbeer (11 episódios), Tim Kirkby (1 episódio, 2016)
Com Phoebe Waller-Bridge (Fleabag)
e Sian Clifford (Claire, a irmã), Olivia Colman (a madrasta), Bill Paterson (o pai), Jenny Rainsford (Boo, a grande amiga e sócia na cafeteria), Brett Gelman (Martin, o marido de Claire), Andrew Scott (o padre), Hugh Skinner (Harry, o ex-namorado), Ben Aldridge (arsehole guy, o cara do cu), Hugh Dennis (o gerente do banco), Kae Alexander (Elaine, a nova namorada de Harry), Anthony Welsh (Jack, o namorado de Boo), Ray Fearon (o misógino quente), Christian Hillborg (Klare, o colega de Claire), David Hargreaves (Joe Tagarela), Angus Imrie (Jake, o filho de Martin), Christopher Colquhoun (médico),
e, em participações especiais, Kristin Scott Thomas (Belinda, a colega premiada de Claire), Fiona Shaw (a psicóloga)
Argumento e roteiro Phoebe Waller-Bridge
Fotografia Tony Miller, Laurie Rose
Música Isobel Waller-Bridge
Montagem Gary Dollner, Paul Machliss
Casting Kelly Valentine Hendry, Alex Irwin, Victor Jenkins, Olivia Scott-Webb
Desenho de produção Jonathan Paul Green, Julian Nagel
Figurinos Jo Thompson, Ray Holman
Produção Sarah Hammond, Two Brothers Pictures, Amazon Studios, BBC Films (na Segunda Temporada).
Cor,
***1/2
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