A Dama de Preto / Park Row

2.5 out of 5.0 stars

(Disponível no Dwan & Walsh Filmes do YouTube, em 12/2023.)

O cinema americano tem longa tradição de obras sobre a imprensa, de Cidadão Kane a Todos os Homens do Presidente, passando por O Homem Que Matou o Facínora, para citar só três imensos clássicos. Mas não há elogio aos jornais, aos jornalistas e ao jornalismo maior, mais derramado, mais apaixonado, mais arrebatado, mais exagerado do que Park Row, no Brasil A Dama de Preto, que Samuel Fuller escreveu, produziu (com dinheiro do próprio bolso) e dirigiu em 1952.

É um espanto.

Não é assim uma crônica sutil, suave, doce, ou um artigo ou reportagem que procura ser o mais imparcial possível. Não, de jeito algum. É um libelo, um panfletaço, um editorial escrito com o coração e o fígado.

Para qualquer pessoa que goste de jornalismo, e saiba que sem ele não há democracia, é um filme fascinante.

Tem muitas tomadas longas, belíssimos travellings – duas características visuais, formais, que deixam os cinéfilos babando. Mas é também palavroso – e palavroso demais da conta, exageradamente. É cheio de belas frases, afirmações pomposas, coisas de literatos – e de jornalistas.

Não são à toa, é claro, tanta paixão, tanta veemência, tanto arrebatamento. Antes de se dedicar ao cinema, e se tornar um dos realizadores americanos mais incensados pelos críticos, Samuel Fuller foi jornalista – bem cedo, desde a adolescência.

A abertura de sua ode ao jornalismo é absolutamente sensacional. Vamos vendo passar pela tela centenas e centenas de nomes de jornais – apresentados em seus logotipos! E letreiros sobre os logotipos vão nos dizendo:

“Estes são os nomes dos 1.772 jornais diários dos Estados Unidos.”

“Um deles é o jornal que você lê.”

“Todos eles são os astros desta história.”

“Dedicado ao jornalismo americano.”

Ah, meu que maravilha!

Jornalistas “misturam sangue e tinta para fazer História”

Vemos o logotipo da Samuel Fuller Productions e em seguida, antes mesmo dos créditos iniciais, há um intróito em que um narrador vai dando explicações sobre o que a câmara mostra – imagens da Park Row, a rua do sul da ilha Manhattan que é o título original do filme. A começar por uma bela, imponente estátua:

“Este é Johannes Gutenberg, inventor dos tipos móveis, 500 anos atrás, e editor da primeira Bíblia impressa. Reconhecido como o pai da imprensa, Gutenberg está na Park Row, a mais famosa rua de jornais do mundo, onde os gigantes do jornalismo misturam sangue e tinta para fazer História através da primeira página da América. Nossa história começa em Nova York, na década de ouro de 1880, quando Park Row era berçário e cemitério de grandes manchetes.”

A câmara de Samuel Fuller e seu diretor de fotografia John L. Russell Jr. vinha caminhando por Park Row, e neste momento focaliza outra grande, bela estátua – que vai aparecer novamente em várias sequências, inclusive uma que mostra uma violenta luta não com palavras, mas com os punhos.

“A rua do primeiro jornalista americano mundialmente famoso, ‘aprendiz diabo’ que ajudou a elaborar a Declaração de Independência e foi um dos seus signatários – Benjamin Franklin, o padroeiro de Park Row. E é a rua de Phineas Mitchell.”

Phineas Mitchell (o papel de Gene Evans) é o protagonista da história criada por Samuel Fuller – uma história fictícia, é claro, mas cheia de referências a pessoas e acontecimentos reais. E é logo depois que o narrador fala o nome dele que começam os créditos iniciais.

Neles, o espectador não verá um único nome muito conhecido – à exceção, claro, de Samuel Fuller. Não há grandes astros nas telas; a segunda personagem mais importante da trama, a dama de preto do título brasileiro, é interpretada por Mary Welch, e nos demais papéis principais estão Bela Kovacs, Herbert Heyes, Tina Rome, George O’Hanlon, J.M. Kerrigan, Forrest Taylor.

Nem o compositor Paul Dunlap nem o diretor de fotografia John L. Russell nem o montador Philip Cahn tiveram grande fama.

Park Row – exatamente como o jornal que o protagonista Phineas Mitchell vai lançar – é um filme feito com muito pouco dinheiro.

Com imensa paixão – e muito pouco dinheiro.

Transcrevo literalmente o que diz o primeiro dos 16 itens da página de Trívia do IMDb sobre o filme:

“Auto-financiado por seu diretor independente. Na época, Samuel Fuller tinha apenas US$ 201.000,00 na sua conta bancária. Ele separou U$ 1.000,00 para seus gastos pessoais, quantia que gastou em charutos e vodca. O resto foi para o filme.”

O segundo item da página de informações sobre a produção do filme acrescenta: “O diretor Samuel Fuller colocou seu próprio dinheiro para fazer o filme e perdeu tudo”.

Huuum… Será que foi bem assim?

Bem, mas… Como diz um personagem de O Homem Que Matou o Facínora: “Quando a lenda vira um fato, publique-se a lenda”.

Não é um mandamento muito jornalístico, mas… É cinema, uai!

Demitido, o repórter funda um novo jornal

Uma sinopse. É necessária uma sinopse. Vou me apropriar dos primeiros parágrafos da descrição da trama feita pela Wikipedia em inglês, bem mais detalhada, é verdade, que propriamente uma sinopse – mas correta, informativa.

Em 1886, o repórter Phineas Mitchell é demitido do jornal The Star por criticar seus métodos e filosofia. Quando seus amigos o defendem, são demitidos também. Enquanto vários jornalistas – entre eles vários recém-desempregados – estão afogando suas mágoas em um bar, um conhecido de todos, noivo da filha do dono do bar, Steve Brodie (George O’Hanlon), aparece, todo molhado, contanto que tinha pulado da Ponte do Brooklyn e sobrevivido, e insiste em que Mitchell escreva sobre ele e o faça famoso. Mitchel conta para Brodie que não tem mais o emprego no jornal.

Outro conhecido frequentador do bar, Charles Leach (Forrest Taylor), diz para Mitchell e os demais ali do bar da região da Park Row que sempre sonhou em ser jornalista; ele possui uma prensa, um imóvel com alguns cômodos por ali e algum dinheiro – que tal se ele e Mitchell se unissem para criar um jornal?

Ali no botequim, na hora, Mitchell contrata o veterano repórter Josiah Davenport (Herbert Heyes) e o adolescente Rusty (Dee Pollock), que sabe mexer com os tipos de chumbo.

Policiais chegam para prender o louco que havia pulado da Ponte do Brooklyn. Mitchell entrega a eles Steve Brodie, que havia se escondido atrás do balcão do bar – e com isso tem em mãos a manchete da primeira edição de seu jornal, que ele batiza como The Globe.

A primeira edição – de quatro páginas, impressa em papel de embrulhar pão – é um sucesso instantâneo.

Para a absoluta contrariedade da herdeira e única proprietária do jornalão The Star, Charity Hackett – jovem, ambiciosa, impiedosa, a Dama de Preto do título brasileiro, interpretada por Mary Welch.

Vai surgir entre o impetuoso e pobre jornalista do The Globe e a rude e rica dona do The Star uma relação absolutamente tempestuosa.

A invenção da linotipia, a chegada da Estátua da Liberdade…

Como já foi dito rapidamente, Samuel Fuller encheu a sua história fictícia de referências a personalidades reais, como, além de Benjamin Franklin, grandes nomes do jornalismo americano do século XIX. Várias vezes é citado, por exemplo, Joseph Pulitzer (1847-1911), que dirigiu o New York World nos anos 1860 e foi uma das figuras mais importantes do jornalismo dos Estados Unidos – é dele o nome dos prêmios jornalísticos e literários mais importantes do país.

Fuller colocou como personagem da sua história fictícia outra figura importante na história do jornalismo mundial, Ottmar Mergenthaler (1854–1899), o imigrante alemão que foi chamado de o segundo Gutenberg, por ter inventado a máquina de linotipo.

Meu, o linotipo! “O primeiro dispositivo que conseguiu, de maneira fácil e rápida, criar linhas inteiras de tipos para uso no processo de impressão; a máquina revolucionou a arte de imprimir”, resume a Wikipedia.

(Não consigo me impedir de registrar que, quando comecei no jornalismo, em 1970 – uns 90 anos depois dos eventos mostrados na história de Samuel Fuller –, os jornais ainda eram impressos com a linotipia. Foi só em meados daquela década de 70 que chegou ao Brasil o off set, adotado pelo Jornal da Tarde no então chamado Prédio Novo do Estadão, junto de onde o Córrego do Mandaqui cai no Rio Tietê.)

No filme, Ottmar Mergenthaler trabalha na criação da máquina de linotipo enquanto está trabalhando no The Globe. É uma das belezas da ficção – misturar personagens e fatos históricos com a história inventada por uma mente criativa. Como Liev Tolstói fez ao colocar Napoleão Bonaparte na mira do revólver de Piotr Bezukhov, o personagem principal de Guerra e Paz

E é do herói da história, esse fantástico Mr. Phineas Mitchell, a idéia de criar o que viriam a ser as bancas de jornal!

Samuel Fuller colocou também na sua história a Estátua da Liberdade – e é um dos belos pontos da trama. Mitchell fica sabendo que, com doações do povo francês – sem aporte de dinheiro do Estado –, foi construída uma gigantesca estátua que seria doada ao povo norte-americano. Do povo para o povo, sem governo envolvido. Mas havia um problema: seria necessário angariar dinheiro para a construção do pedestal no qual ficaria assentada a Dona Liberdade. O governo dos Estados Unidos não quis saber. E então Mitchell teve a idéia: The Globe entraria na campanha por somar doações para o pedestal. Cada pessoa que doasse algum dinheiro – mesmo que fosse uma moedinha de quarter, 25 cents, teria seu nome impresso no jornal.

Uma bela liberdade poética. Na verdade, foi Joseph Pulitzer que, no seu jornal, o New York World, começou o projeto de doações para completar a construção do pedestal. A campanha atraiu mais de 120 mil colaboradores, a maioria dos quais deram menos de US$ 1,00.

Os críticos europeus adoram Samuel Fuller

Como Mary gosta sempre de repetir, a gente não sabe nada, coisa alguma. Eu jamais tinha ouvido falar em Park Row. Não sabia que Nova York tinha uma rua, uma região que havia concentrado um grande número de jornais.

(Sempre havia ouvido falar na Fleet Street de Londres, que os americanos, sempre com aquela tendência a se acharem o umbigo do mundo, talvez pensem que é a Park Row da Grâ-Bretanha, embora, naturalmente, seja o contrário. A Fleet Street tive a sorte e o orgulho de conhecer, quando a Agência Estado me mandou fazer um curso na Reuters; estive na redação da respeitabilíssima agência de notícias, e até jantei com um de seus editores em um bar frequentado pelo povo das diversas redações da região. Bar e jornalista são coisas que estão sempre juntas, como bem lembra este filme de Samuel Fuller.)

Informa o IMDb: “O título se refere à rua na Lower Manhattan que era o centro do negócio dos jornais naquela época e também no século XX. Entre os jornais localizados na rua ou perto dela estavam The New York Times, The New York Herald, The Sun, The New York Tribune, The New York World, The Press e The New York Observer. Os escritórios antigos da Associated Press também estavam localizados na rua.”

Samuel Michael Fuller (1912-1997) estava entrando na adolescência quando começou a frequentar a Park Row e sua região. Tinha 12 anos (ou 14, dependendo da fonte) quando começou a trabalhar como copyboy – a palavra do jargão jornalístico americano para o que aqui chamamos de contínuo. Aos 17 já era um repórter policial do New York Evening Graphic. Passou a escrever romances – em 1944, aos 32 anos, publicou The Dark Page, que teria uma reedição em 2007 con introdução de Wim Wenders.

Wenders e muitos outros europeus, como os jovens críticos franceses que depois, passando de pedra a vidraça, criariam a nouvelle vague, são fãs absolutos de Samuel Fuller.

“Samuel Fuller não é um primário, é um primitivo; seu estilo não é rudimentar, é rude; seus filmes não são simplistas, são simples e é esta simplicidade que admiro antes de mais nada”, escreveu o jovem François Truffaut sobre Proibido/Verbotten, drama de guerra de 1959, exatamente o ano em que o jovem crítico lançaria seu primeiro longa-metragem, Os Incompreendidos/Les Quatre-Cents Coups. “Temos tudo a aprender com os cineastas americanos de talento como Samuel Fuller. (…) Impossível, diante de um filme de Samuel Fuller, dizer: era preciso fazer de outra maneira, era preciso ir mais depressa, era preciso isso ou aquilo; as coisas são como elas são, filmadas como devem ser, é o cinema direto, incriticável, incensurável.”

E Truffaut termina seu texto assim: “Vou rever o filme, pois sempre saio de um filme de Samuel Fuller admirado e ciumento, porque gosto de receber lições de cinema.”

“O resultado fica mais difuso do que convincente”

Leonard Maltin, o autor dos guias de filmes mais vendidos do mundo no tempo em que se vendiam guias de filmes, deu 3 estrelas em 4 para Park Row: “Bom, duro pequeno filme com o jornalista (Gene) Evans lançando seu próprio jornal, rivalizando-se com a magnata da imprensa (Mary) Welch na Nova York dos anos 1880”.

Eis o que diz o Guide des Films de Jean Tular sobre Violences à Park Row: “O jornalista Mitchell funda, ali por 1880, em Nova York, um jornal que vai concorrer com o de uma magnata da imprensa. Um bom testemunho sobre o início da imprensa nos Estados Unidos, mas prejudicado por um orçamento medíocre.”

Cada um tem sua opinião, mas não acho que o filme tenha sido “desservi par un medíocre budget”. Samuel Fuller estava absolutamente acostumado aos pequenos orçamentos, ao esquema dos filmes B.

Aqui vai uma preciosidade: a crítica publicada na edição de 22 de dezembro de 1952 no New York Times, assinada por um crítico que usava apenas as iniciais, A. W. Creio ser necessário lembrar que, a partir da Grande Depressão dos anos 1930, e até pelo menos a década de 50, muitos cinemas, provavelmente a maioria, costumava apresentar – para atrair mais público – um programa duplo, pelo preço de um único ingresso: um filme B, mais curto, de menor orçamento, e em seguida uma produção classe A. A críticas de A. W. faz menção a isso. E eu adorei o latinório dele já na primeira frase.

“Já que ele é reconhecidamente um alumnus do que uma vez foi a rua dos jornais de Nova York, não é nada surpreendente que Samuel Fuller ainda esteja alimentado pelas memórias daquele ofício. E, em Park Row, que ele de maneira independente escreveu, produziu e dirigiu e que foi revelado ontem como metade de uma sessão dupla em vários teatros Loew das redondezas, Mr. Fuller está tentando fazer justiça aos gigantes do jornalismo que abundavam nos queridos, idos dias de Dana, Bennett e Raymond e a um editor fictício que reverenciava o tipo de cruzada deles.”

Os nomes de Charles A. Dana (1819-1897), James Gordon Bennett (1795-1872) e Henry J. Raymond (1820-1869) são citados diversas, diversas vezes ao longo do filme. Vamos em frente.

“Mas, embora Mr. Fuller mereça um A pelo empenho, ele encheu seu filme com tantos detalhes sobrepostos que o resultado fica mais difuso do que convincente e de alguma maneira mais confuso do que enérgico. Ele se concentra em um Phineas Mitchell, um repórter dedicado cujo sonho é editar um jornal que incorpore todos os ideais de uma imprensa independente imaginados por John Peter Zenger e todos seus herdeiros jornalísticos.”

John Peter Zenger (1697-1746) foi um imigrante alemão, editor do New York Weekly Journal, que passou para a História como um símbolo da liberdade da imprensa americana por ter sido acusado de difamação sediciosa em 1734 pelo então governador real de Nova York, William Cosby. A defesa do jornalista argumentou que a verdade é uma defesa contra as acusações de difamação – e foi vitoriosa.

Prossegue o crítico do New York Times:

“Ao ter a chance de editar seu jornal, oferecida por um impressor igualmente idealista, ele foi o primeiro a capitalizar o salto de Steve Brodie da Ponte do Brooklyn; permite que ninguém menos de que Ottmar Mergenthaler aperfeiçoe seu linotipo na redação do recém-fundado Globe; é o objeto da primeira ‘guerra’ de circulação da nossa cidade; inspira a adesão pública ao pedestal da Estátua da Liberdade, e até encontra tempo para um romance com a linda mais dura dona de seu principal competidor, The Star.

“Como fica óbvio, Mr. Fuller juntou uma grande quantidade de histórias nos arredores de Park Row, algumas fases das quais poderiam facilmente servir como a base de longa-metragens. Gene Evans, como o indomável editor mascador de charutos, consegue retratar dureza de corpo e espírito; Bela Kovacas, como o inventor do linotipo, e Herbert Heyes, como o velho, cínico e sábio repórter que escreve seu próprio obituário, são gentis e genuínos. Mas Mary Welch, como a editora do The Star, dificilmente parece o a figuras para se encaixar naquele tipo de pessoa e sua época. Na realidade, apesar da atenção de Mr. Fuller para minúcias técnicas, e do apreço de seu herói à liberdade e aos ideais dos jornalistas, Park Row é um relato desconexo, e não impressionante.”

Um filme importante. Para um jornalista, uma maravilha. Mas…

Legal. Transcrevi informações e as opiniões dos outros. Ficou faltando a minha opinião  – e o problema é que a esta altura já fiquei meio cansado de Park Row. Vou ser breve.

Acho o filme importante, pela paixão com que Samuel Fuller o construiu, pelo amor grandioso pela imprensa livre e pela liberdade de imprensa. É um filme admirável por retratar essa época interessante da imprensa americana, por reunir fatos verdadeiros à trama fictícia – e por fazer isso dessa forma arrebatada, apaixonada.

Gostei demais de ter visto o filme. Para um jornalista, e em especial para um velho jornalista, é uma maravilha ver essa declaração de amor ao jornalismo.

Agora, é preciso reconhecer que é tudo muito exagerado demais da conta. Muito implausível demais da conta. Muito discursivo demais da conta – e todos os personagens falam frases geniais, cuidadosissimamente ensaiadas. Todos os personagens falam e agem da maneira mais artificial, mais antinatural, mais anti-realista possível.

Anotação em dezembro de 2023

Um P.S.: Um mês depois de ter terminado a anotação acima, ao botar no ar o comentário sobre um filme do Fuller que detestei, O Beijo Amargo/The Naked Kiss, dei com uma anotação sobre Park Row escrita em 2000, que já estava no 50ADF. Não me lembrava dela de jeito nenhum, assim como, ao ver o filme em 12/2023 não me lembrei que já havia visto!

Tirei fora do site, mas guardei o texto aqui… Estava inclusive com o título errado, A Dama de Negro, em vez de A Dama de Preto.

Transcrevo o que escrevi em 2000 por amor à honestidade – e porque o texto é uma belo exemplo do que sempre digo: a opinião que a gente tem sobre um filme depende muito do momento em que você o viu. Às vezes você está de mau humor, ou simplesmente acontece de o seu santo não sintonizar com a obra naquela hora.

E, além disso, mudar de opinião é um direito que todo mundo tem…

Lá vai:

A Dama de Negro/Park Row

Anotação em 2000: Bola preta. Eis aí um filme de merda. Ele é totalmente feito de clichês, e os atores estão todos, o tempo todo, exagerados, fazendo caras mui bravas e falando mui alto e com frases feitas sobre a liberdade de imprensa.

Todos os clichês sobre o jornalismo estão reunidos aqui – o que torna o filme, apesar de horroroso, uma interessante peça de museu.

O que faz o endeusamento cego de alguns nomes. A assinatura de Sam Fuller deve seguramente ter valido elogios a este filme, o que é, no mínimo, grotesco.

Depois de fazer a anotação, fui checar e não deu outra. Leonard Maltin, por exemplo, dá 3 estrelas em 4 e esta sinopse: “Bom, firme pequeno filme com o jornalista Evans começando seu próprio jornal para enfrentar a concorrência do magnata Welch na Nova York dos anos 1880”. Steven H. Sheuer, em seu guia, também dá 3 estrelas em 4 e faz sinopse semelhante.

A Dama de Preto/Park Row

De Samuel Fuller, EUA, 1952.

Com Gene Evans (Phineas Mitchell),

Mary Welch (Charity Hackett, a dona do The Star)

e Bela Kovacs (Ottmar Mergenthaler, o inventor do linotipo), Herbert Heyes (Josiah Davenport, o veterano jornalista), Tina Rome (Jenny O’Rourke, a moça do bar), George O’Hanlon (Steve Brodie, o que pula da ponte), J.M. Kerrigan (Dan O’Rourke, o pai de Jenny, dono do bar), Forrest Taylor (Charles A. Leach, o dono da prensa), Dee Pollock (Rusty, o garoto), Don Orlando (Mr. Angelo), Neyle Morrow (Thomas Guest), Dick Elliott (Jeff Hudson), Stuart Randall (Mr. Spiro, o redator-chefe do The Star), Hal K. Dawson (Mr. Wiley, o diretor comercial do The Star), Charles Horvath (homem espancado junto de monumento)

Argumento e roteiro Samuel Fuller

Fotografia John L. Russell Jr.

Música Paul Dunlap

Montagem Philip Cahn

Direção de arte Theobold Holsopple

Figurinos Jack Miller

Produção Samuel Fuller, Samuel Fuller Productions. Distribuição United Artists.

P&B, 83 min (1h23)

**1/2

Título na França: “Violences à Park Row”. Na Espanha: “La Voz de la Primeira Plana”.

 

 

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