[rating:3.5}
(Disponível na Netflix em 4/2023.)
Umas dez ou mais pessoas entre as mais famosas e respeitadas do século XX – artistas, escritores, intelectuais – são personagens de Transatlântico, minissérie de 2023 co-produzida por Alemanha e França. Marc Chagall, Hannah Arendt, André Breton, Max Ernst, Walter Benjamin são alguns deles. Todos foram salvos do nazismo por um grupo de jovens idealistas americanos, que conseguiram tirar mais de 2 mil pessoas de Marselha, no Sul da França, em 1940 e 1941, e enviá-las para o outro lado do Atlântico.
Jovens americanos idealistas, ativistas em favor da inteligência contra a brutalidade.
O jornalista Varian Fry (1907-1967) já foi chamado de o Oskar Schindler americano – munido de uma lista de nomes importantes perseguidos pelo nazismo, ele liderou um grupo chamado Comitê de Resgate de Emergência, que não tinha o apoio formal do governo americano – país que oficialmente era ainda neutro na guerra. Mary Jayne Gold (1909-1997), uma moça de Chicago, herdeira de grande fortuna, usou uma boa quantidade de dinheiro do pai milionário – e doses maciças de coragem – para ajudar Fry no seu colossal trabalho.
Tudo isso são fatos históricos que – dá para dizer com segurança, creio – ainda não eram amplamente conhecidos, embora a Segunda Guerra Mundial e a perseguição do nazismo aos judeus sejam dos eventos mais vasculhados e reproduzidos pelo cinema, ao longo destes últimos 78 anos.
São contados agora nesta bela série que, em cada um de seus sete episódios de cerca de 50 minutos, avisa: “Esta série é um trabalho de ficção inspirada em eventos e pessoas reais”.
É uma produção caprichadíssima, impecável em todos os quesitos técnicos, com um grande elenco de bons atores – a imensa maioria deles desconhecida por mim, um sujeito que vê filmes e/ou séries sem parar.
Um locutor de rádio explica o contexto
A série abre com imagens em preto-e-branco, como se fossem de cinejornais da época, enquanto a voz de um locutor de rádio, mais do que dar notícias, fornece ao espectador da série informações fundamentais para que ele compreenda um pouco do contexto da história que será apresentada a seguir.
– “E agora, notícias da Europa. Com a retirada das forças britânicas do continente, os nazistas estão dominando o Canal da Mancha, a costa do Atlântico e o Norte da França, forçando multidões a fugir de Paris para a zona não ocupada no Sul.”
Surge na tela, gigantesco, o título Transatlantic. A voz em off do locutor prossegue – e o tom é de quem se dirige ao público norte-americano, distante do drama pavoroso que acontece na Europa:
– “O último porto livre, Marselha, está cheio de refugiados de toda a Europa, desesperadamente buscando vistos de viagem e fundos para partir para o Novo Mundo.“
O narrador (a voz de Ari Gold, segundo informam os créditos finais) se cala. Voltará a falar a cada abertura de episódio.
Muitas das tomadas em preto-e-branco que víamos, na clara intenção dos realizadores de fazer parecer que aquilo eram cenas reais de 1940, não são, de forma alguma, footage antiga, de cinejornal da época– são tomadas feitas agora, para a série. No momento em que o narrador pára de falar, vemos, em letras bem grandes, a informação do quando e onde – “Marseille, 1940” –, enquanto ao fundo estão diversas pessoas caminhando. Refugiados. Pessoas que fogem da França ocupada.
No momento em que a câmara focaliza um rapaz e uma moça, o preto-e-branco se transforma em um filme em cores. Estão diante de nós os dois jovens que dali a pouco conheceremos como Ursula e Albert Hirschman, irmãos alemães judeus que haviam fugido de seu país para Paris, e, com o avanço dos nazistas sobre a França, haviam fugido em direção ao Sul. Têm toda a aparência de refugiados que caminharam dias e dias e dias.
O cônsul dos EUA não ajudava os refugiados
Ursula (o papel da suíça Morgane Ferru) terá muita importância no início do primeiro dos sete episódios de Transatlântico – mas não voltará a aparecer na tela, embora seja citada várias vezes. Albert (o papel do austríaco Lucas Englander) será um dos personagens centrais da série, juntamente com os já citados jovens idealistas Varian Fry e Mary Jayne Gold – os papéis de Gillian Jacobs e Cory Michael Smith (na foto acima).
O jovem judeu alemão Albert Hirshman. Os jovens americanos Varian Fry e Mary Jayne Gold, e ainda outro deles, Thomas Lovegrove (Amit Rahav, à direita na foto acima). A rigor, esses quatro são os principais personagens da minissérie, de um conjunto de 18 personagens que têm importância na trama.
As personalidades que eles salvarão (ou ajudarão a salvar) dos nazistas são importantes na narrativa, é claro – mas esses quatro jovens são os protagonistas da história.
Os papéis de – segundo a ordem nos créditos – Gillian Jacobs, Lucas Englander, Cory Michael Smith e Amit Rahav.
Não tenho vergonha de confessar: nenhum desses nomes me dizia coisa alguma. Agora já sou fã de Gillian Jacobs desde criancinha, mas isso não importa. Aproveito, no entanto, para dizer que, de todo o elenco bem grande de Transatlântico, eu só conhecia dois atores: o americano Corey Stoll, o carecão feioso que fez o deputado Peter Russo em House of Cards (2013-2016) e Sandy Baschman em Homeland (2014), e o alemão Moritz Bleibtreu, ator de tantos bons filmes, como, parta citar só uns poucos, Corra, Lola, Corra (1998), Em Julho (2000), O Acompanhante (2007) e O Grupo Baader Meinhof (2008).
Moritz Bleibtreu faz o papel do escritor Walter Benjamin (1892-1940). É praticamente uma participação especial – o personagem tem grande importância na história, mas aparece pouco tempo em cena.
Corey Stoll (na foto abaixo) é o quarto nome a aparecer nos créditos, antes de Amit Rahav. Seu papel é fundamental – ele faz o cônsul americano em Marselha naquele ano de 1940, Graham Patterson.
Graham Patterson – bem ao contrário dos jovens Varian Fry, Mary Jayne, Thomas, Albert – não é uma boa pessoa. A série o mostra como carreirista, ambicioso, egocêntrico. Pior: torcia pela vitória, nas eleições presidenciais de novembro daquele ano de 1940, do empresário republicano Wendell Willkie, contra o democrata Franklin D. Roosevelt, por acreditar que com Roosevelt reeleito haveria a possibilidade de os Estados Unidos afinal entrarem na guerra contra o nazismo. Enquanto, com Willkie, as chances eram de o país permanecer neutro, o que facilitaria a vitória dos nazistas.
Não que a série mostre o cônsul Patterson como abertamente pró-nazismo. Não chega a tanto. Mas o cônsul – isso é o que diz a série – preferia que os nazistas vencessem logo a guerra, e se tornassem bons parceiros comerciais dos Estados Unidos.
Não chegava a ser abertamente pró-nazismo – mas não tinha qualquer simpatia pelos judeus ou pelos artistas e intelectuais que precisavam fugir da Europa para não serem presos e enviados aos campos de concentração.
E, para poder embarcar nos transatlânticos rumo ao Novo Mundo, os artistas, intelectuais e outros refugiados que o Comitê de Resgate de Emergência tentava retirar da Europa precisavam de um visto de entrada em algum país das Américas.
Isso colocava em rota de colisão o cônsul Patterson e o jovem Varian Fry – e também Mary Jayne, é claro.
Os realizadores queriam leveza, humor
Os criadores da série Transatlântico são Anna Winger e Daniel Hendler. Os dois, pelo que se depreende, escreveram a história – com base no romance The Flight Portfolio, de Julie Orringer, e, claro, nos muitos registros que há sobre os fatos reais – e foram os responsáveis por dar forma final ao roteiro, em que trabalharam quatro outros profissionais, Tunde Aladese, Steve Bailie, Carey McKenzie e Isabel Teitler.
O livro The Flight Portfolio foi lançado em 2019 – o que mostra que os criadores de Transatlântico foram bem rápidos, para conseguir lançar a série ainda no início de 2023. A sinopse do livro feita pela Amazon diz o seguinte:
“Marselha, 1940. Varian Fry, um jornalista e editor formado em Harvard, chega à França. Percebendo a escuridão que cai sobre a Europa, ele e um grupo de pessoas como ele formam o Comitê de Resgate de Emergência, ajudando artistas e escritores a escapar dos nazistas e imigrar para os Estados Unidos. No meio do caos da Segunda Guerra Mundial, e em desafio às políticas de imigração restritivas dos EUA, Fry tinha que procurar falsos passaportes, assegurar vistos, procurar rotas de fuga através dos Pirineus (as montanhas que fazem a fronteira do Sul da França com a Espanha) e por mar, e tomar decisões impossíveis sobre quem deveria ser salvo, tudo sob pressão profunda, e em um estado de irrevogável mudança pessoal. Neste deslumbrante trabalho de ficção história, iluminam-se elementos da história de Fry que ainda não haviam sido explorados, e são trazidas novas perspectivas sobre sua vida.”
Em um belo making of de 30 minutos também disponível na Netflix – com entrevistas com nada menos de 27 pessoas, inclusive, claro, a romancista Julie Orringer –, a autora Anna Winger insiste muito em que ela e os demais realizadores queriam que a série tivesse humor, leveza. Embora fale de uma das maiores tragédias da História da humanidade, o nazismo.
– “Eu realmente queria que tivesse um pouco de leveza, uma saturação de cor, uma sensação de pesadelo no paraíso”, diz ela, que tem entre suas realizações a série Nada Ortodoxa/Unorthodox, de 2020,
Ela conta que as duas diretoras, as suíças Stéphanie Chuat e Véronique Reymond, realmente entenderam a energia, o clima de humor. – “Isso é extremamente importante, porque estamos em uma linha tênue entre drama e humor.”
E a diretora Vèronique Reymond diz que a inspiração foram filmes feitos na época da guerra, como Ser ou Não Ser, de Ernst Lubitsch – aquela virulenta sátira do nazismo, uma tremenda gozação da figura de Adolf Hitler, que foi lançada em 1942, logo após os Estados Unidos entrarem finalmente na guerra. Ser ou Não Ser – diz ela – e também outros filmes daquele início dos anos 40, inclusive O Grande Ditador, de Charles Chaplin, de 1940. “Aqueles filmes que são comédias acontecendo em tempos sombrios.”
Véronique Raymond parece muito jovem no making of da série, e é jovem mesmo, mas daquela idade em que os profissionais já são experientes – ela é de 1971. Fala com a segurança de uma veterana: – “Há sempre uma dicotomia entre a beleza da paisagem e por que aquelas pessoas estão ali e por que estamos aqui com elas.”
“Um trabalho de ficção inspirado em eventos e pessoas reais”, como informam letreiros em cada um dos sete episódios. A autora Anna Winger resume o processo de criação da narrativa:
– “Decidimos pegar personagens reais e eventos e soltá-los em um ambiente ficcional. Consolidamos certos personagens, unimos vários em um só. Inventamos romances entre eles, para contar a versão mais rica possível em um curto período de tempo.”
Para dar leveza, criaram histórias de amor
Criaram compósitos – personagens que unem características de várias pessoas reais. Inventaram romances.
Assim, se Varian Fry, Mary Jayne Gold, Hiram Bingham realmente existiram – e muitos fatos de suas vidas estão relatados na Wikipedia, exatamente como vemos na série –, o making of deixa claro que Thomas Lovegrove (o papel, como já foi dito, de Amit Rahav) e Paul Kandjo (o papel de Ralph Amoussou, na foto acima) são personagens fictícios – compósitos, reuniões de características de diversas pessoas da vida real.
Paul Kandjo e seu irmão mais novo, Jacques, o Petit (Birane Ba), são imigrantes da região do Benin, e trabalham como recepcionistas do hotel Splendide, que Varian Fry e Mary Jayne Gold transformam assim em uma espécie de segunda sede do Comitê de Resgate de Emergência. Com o desenrolar dos acontecimentos, Paul vai se mostrar um corajoso herói na luta contra os nazistas e os policiais franceses chefiados por Philippe Frot (Grégory Montel), um cão sabujo dos invasores alemães.
Paul e seu irmão são importantes para os realizadores da série mostrarem a presença muito grande de negros no que viria a ser, a partir de 1941, a Resistência Francesa. No making of, fala-se muito dessa questão.
Thomas Lovegrove serve ao propósito dos realizadores de abordarem a homossexualidade de Varian Fry – e para formar um dos romances que ajudam Transatlântico a ficar mais leve, mais suave, que uma dura reconstituição da luta contra os nazistas na Marselha de 1940.
Fry era casado – e isso é citado muitas vezes ao longo da série. Ele e Eileen Avery Hughes se divorciaram após a volta dele da França, ao final da Segunda Guerra, mas continuaram amigos – ele a visitava com grande frequência no hospital em que ela enfrentou o tratamento contra o câncer, segundo relata a Wikipedia. No final de 1948 ou início de 1949, ele conheceu Annette Riley, moça 16 anos mais jovem que ele; casaram-se em 1950, e tiveram três filhos.
Segundo depoimentos no making of da série, há vários registros de que Fry também manteve relacionamentos homossexuais – e, com base nessas informações, os autores do roteiro inventaram a história de amor entre Fry e Thomas Lovegrove.
Inventaram também uma história de amor entre Paul e Lisa Fittko, uma ativista firme, incansável, que ajuda o Comitê levando grupos de quatro refugiados por vez para a Espanha via Pirineus. Lisa é o papel de Deleila Piasko, uma jovem suíça belíssima, nascida em 1991, 17 títulos na filmografia.
É linda uma cena de amor entre a branquelíssima Lisa-Deleila Piasko e negro negrérrimo Paul-Ralph Amoussou.
E é claro que inventaram também uma história de amor entre a herdeira milionária Mary Jayne e o refugiado pobre de marré deci Albert. E é uma bela história de amor.
Personalidades de vida riquíssima
A ativista Lisa, o ativista Thomas, o recepcionista de hotel Paul – personagens fictícios, embora criados a partir de perfis de pessoas reais. E, entre os personagens reais, Mary Jayne Gold, Varian Fry, Hiram Bingham. Cada um deles foi herói à sua maneira. Pessoas comuns, gente (quase) como a gente – mas que, em uma hora sombria, soturna, apavorante da História, se agigantaram.
Eu ainda não havia falado de Hiram Bingham. Bingham, interpretado por Luke Thompson, chegou a Marselha enviado pelo Departamento de Estado para ocupar o cargo de vice-cônsul. Era o exato oposto de seu chefe, o cônsul Patterson. Torna-se um valiosíssimo aliado de Varian Fry dentro do consulado americano.
A sequência em que Bingham comete um gigantesco ato de heroísmo é emocionante. Acontece na véspera da partida para a Martinica de um transatlântico cargueiro cujo capitão, um velho conhecido de Fry, admitia levar até 300 refugiados, desde que tivessem algum visto. E as armas do herói são uma máquina de escrever, papéis timbrados e um carimbo do consulado.
Hiram Bingham, assim como Mary Jayne Gold, tiveram vidas fascinantes, riquíssimas – e, por coincidência, eram ambos riquíssimos.
O nome completo do diplomata é Hiram Bingham IV, que em inglês fica muito mais aristocrático do que um simples “Quarto” – Hiram Bingham The Fourth. Nasceu em 1903, morreu em 1988; seu pai, o Bingham The Third, foi governador de Connecticut e senador, e também o primeiro norte-americano a explorar as ruínas incas de Machu Pichu. Seu bisavó Bingham The First e seu avó Bingham The Second foram alguns dos primeiros missionários protestantes a atuar no então Reino do Havaí.
Mas tem mais. Sua mãe, Alfreda Mitchell, era herdeira da Tiffany and Co.
Estudou não em uma das melhores universidades dos Estados Unidos, mas em duas – Yale e Harvard. Serviu na embaixada americana em Kobe, Japão, viajou pela Índia e pelo Egito, serviu depois na embaixada em Pequim, no começo da revolução comunista de Mao Tsé-Tung. Numa temporada em Londres, conheceu uma professora universitária de teatro da Georgia, Rose Lawton Morrison; casaram-se com ela e tiveram 11 filhos.
Mary Jayne Gold (1909–1997) poderia ser uma personagem de F. Scott Fitzgerald, o escritor que tinha fascinação pelos muito ricos e soube descrever tão maravilhosamente as vidas de americanos ricos na Europa nos eletrizantes anos 1920, os Roaring Twenties, a Era do Jazz.
Imagine o caríssimo eventual leitor: com 20 e tantos aninhos de idade, a moça pilotava seu próprio aviãozinho pelos céus da Europa! Frequentava os ambientes dos muito ricos em Londres, Paris, nos Alpes, chamava a atenção de todos…
Vivia com a polpuda mesada do papai milionário de Chicago em um apartamento em Paris quando os nazistas chegaram, em 1940 – e aí foi para Marselha, na região não ocupada mas sob o controle do governo fantoche e colaboracionista do Marechal Pétain. E lá conheceu a estudante de arte Miriam Davenport e o jornalista Varian Fry.
Passou a usar a mesada do papai para ajudar a manter vivos artistas, intelectuais, pensadores, escritores.
Eventualmente tornou-se amante não de um refugiado alemão cheio de força de vontade e disposição de fazer o bem, como Albert Hirschman, mas um ex-membro da Legião Estrangeira que virou gângster no Sul da França, Raymond Couraud. Separou-se dele para voltar para os Estados Unidos, em 1941. E o ex-legionário se tornou um ex-gângster, ao se alistar num Special Air Service britânico de que eu nunca tinha ouvido falar; tornou-se um herói de guerra.
Em 1980, Mary Jayne escreveu suas memórias sobre o tempo da guerra no livro Crossroads Marseilles 1940, publicado originalmente pela prestigiosíssima Doubleday. Nunca se casou, não teve filhos. Morreu em sua villa em Gassin, na França, aos 88 anos muito bem vividos.
Mereceria uma série sobre sua vida essa Mary Jayne.
“Salvar a cultura que os nazistas queriam erradicar”
Um pouquinho sobre essa moça escolhida para fazer Mary Jayne, Gillian Jacobs.
Uma comparação: Mary Jayne estava com 31 anos em 1940, a época em que se passa a ação. Gillian Jacobs, nascida em Pittsburgh, em 1982, estava portanto com 40 em 2022, época das filmagens – mas sua aparência é mesmo de quem tem 30. É muito bonita, atraente, simpática – e, ao longo dos sete episódios da série, soube passar várias vezes, com muito talento, da mais pura alegria à tristeza profunda, com momentos de dúvida, inquietação, preocupação, desejo, tesão.
Começou a carreira aos 23 anos, em 2005, e trabalha sem parar: sua filmografia já tem uma centena de títulos. Teve participações em várias séries de sucesso, como Lei & Ordem (em 2009), The Good Wife (2009), Girls (2015), e filmes como O Solteirão (2009), A Caixa (2009) Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (2012), Preto e Branco (2014). Como vários desses títulos já estão aqui no site, fica claro que eu já tinha visto Gillian Jacobs – possivelmente em papéis pequenos – e não tinha reparado nela… Erro meu, porque a moça merece atenção. Seria muito bom se, depois d o papel principal nesta bela série, Gillian Jacobs tivesse outras boas oportunidades.
Bem. Escrevi trocentas linhas sobre Transatlântico – mas não creio ter conseguido definir a série como Clint Worthington faz no lead, o parágrafo de abertura de sua crítica no site RogerEbert.com:
“Histórias de heroísmo passadas na Segunda Guerra Mundial são a coisa mais comum do mundo – soldados enlameados em missões valentes atrás das linhas inimigas, atirando em nazistas com prazer encharcado de sangue. Transatlantic, a nova minissérie de Anna Winger para a Netflix. nos lembra de que heróis nem sempre são forjados atrás do gatilho de uma arma. Às vezes eles são civis comuns, usando o único tipo de privilégio que possuíam para salvar não apenas as pessoas caçadas pelo Terceiro Reich mas a cultura que eles queriam erradicar da face da Terra.”
Anotação em 4/2023
Transatlântico/Transatlantic
De Daniel Hendler e Anna Winger, criadores, roteiristas, Alemanha-França, 2023.
Direção Stéphanie Chuat, Véronique Reymond, Mia Maariel Meyer
Com Gillian Jacobs (Mary Jayne Gold),
Lucas Englander (Albert Hirschman, judeu alemão refugiado),
Cory Michael Smith (Varian Fry, o líder do Comitê de Resgate de Emergência),
Corey Stoll (Graham Patterson, o cônsul americano em Marselha), Amit Rahav (Thomas Lovegrove, o ativista, namorado de Varian Fry), Ralph Amoussou (Paul Kandjo, o recepcionista do Hotel Splendide), Deleila Piasko (Lisa Fittko, a ativista), , Grégory Montel (Philippe Frot, o comandante da polícia de Marselha), Birane Ba (Jacques ‘Petit’ Kandjo, o Petit, irmão de Paul), Henriette Confurius (Lena Fischmann, a secretária do Comitê), Lolita Chammah (Lorene Letoret, a secretária do cônsul), Luke Thompson (Hiram Bingham, o vice-cônsul herói), Louis-Do de Lencquesaing (André Breton, o escritor surrealista), Mila Rigaudon (Aube Breton), Hande Kodja (Jacqueline Lamba). Rafaela Nicolay (Margaux, a agente britânica), Bogdan Zamfir (Victor Brauner), Nadiv Molcho (Bill Freier, o expert em falsificação), Yoli Fuller (Souleymane Toure), Isalinde Giovangigli (Madame Nouget, a senhora amiga de Thomas), Jonas Nay (Walter Mehring, o escritor e músico satírico), Emmanuel Salinger (Victor Serge, o escritor e historiador russo), Hanno Koffler (Hans Fittko, o marido de Lisa), Pete Starrett (Doug Nugent, o empresário americano da ACM), Sam Crane (Michael Bretherton), Richard Ross-Harris (Ian Canning), Shane Travis (Dennis Williams), Moritz Bleibtreu (Walter Benjamin, o escritor), Alexander Fehling (Max Ernst, o artista plástico), Gera Sandler (Marc Chagall, o artista plástico), Ronit Asheri (Bella Chagall), Alexa Karolinski (Hannah Arendt, a filósofa), Jakob Diehl (Hans Bellmer), Michel Benizri (o rabino), Michaël Abiteboul (capitão Guillaume Dubois), Markus Gertken (gruppenführer Otto Schrader), Ari Gold (o locutor de rádio americano), Harvey Friedman (Dillon Reese), Morgane Ferru (Ursula Hirschmann, a irmã de Albert), Dominique Horwitz (Daniel Oppenheim), Jodhi May (Peggy Guggenheim), Ralph Martin (Marcel Duchamp),
Roteiro Tunde Aladese (editora de história), Daniel Hendler, Anna Winger, Steve Bailie, Carey McKenzie, Isabel Teitler.
Inspirado no romance “The Flight Portfolio”, de Julie Orringer
Fotografia Sebastian Thaler, Wolfgang Thaler
Música
Montagem Jamin Benazzouz, Barbara Gies, Gesa Jäger, Julia Kovalenko
Casting Constance Demontoy, Anja Dihrberg-Siebler, Anne Fremiot
Desenho de produção Silke Fischer
Direção de arte Lionel Mathis, Gilles Boillot
Figurinos Justine Seymour
Produção Studio Airlift, Cactus Films.
Cor, cerca de 350 min (5h50)
***1/2
Um comentário para “Transatlântico / Transatlantic”