A Filha Perdida / The Lost Daughter

3.0 out of 5.0 stars

(Disponível na Netflix em 2/2022.)

Atriz talentosa, consagrada, Maggie Gyllenhaal resolveu estrear como roteirista e diretora levando para as telas um romance da italiana Elena Ferrante que é duro, amargurado, e trata de tema que pouquíssima gente tem a coragem de enfrentar: o lado obscuro, escuro, sombrio da maternidade.

As dores, as angústias das mulheres que não se dão bem com a maternidade – ou às vezes se dão terrivelmente mal –, e causam feridas profundas nos filhos que não sabem amar.

Ela foi extremamente fiel ao romance que Elena Ferrante publicou em 2006, cinco anos antes do sucesso avassalador de A Amiga GenialLa Figlia Oscura, no Brasil A Filha Perdida, nos países de língua inglesa The Lost Daughter.

O filme teve – merecidamente – uma extraordinária recepção entre os críticos e o mundo dos festivais. Exibido pela primeira vez no Festival de Veneza, em setembro de 2021, conquistou, até meados de fevereiro de 2022, 27 prêmios, e teve 105 indicações, inclusive a três das categorias mais importantes do Oscar – melhor atriz para Olivia Colman, melhor atriz coadjuvante para Jessie Buckley e melhor roteiro adaptado para Maggie Gyllenhaal. E também aos Baftas de melhor atriz coadjuvante e roteiro adaptado.

Segundo o site Rotten Tomatoes, que agrega as opiniões de críticos e do público, The Lost Daughter teve 95% de aprovação em um total de 216 resenhas; o consenso da crítica, segundo o site, foi: “Uma estréia surpreendentemente segura da roteirista-diretora Maggie Gyllenhaal, The Lost Daughter une um brilhante elenco a serviço de uma história ousadamente ambiciosa.”

Eu, pessoalmente, não gostei do filme; não me envolvi com ele, ele não me envolveu. Tem a ver com um problema específico meu: não consigo me sintonizar com obras em que os personagens não são pessoas simpáticas, agradáveis – e Leda, a protagonista da história, interpretada maravilhosamente por Olivia Colman nos dias “de hoje”, aos 48 anos de idade, e por essa surpreendente Jessie Buckley na faixa dos 20 e tantos, definitivamente não é uma pessoa simpática, agradável.

Então o fato é que não rolou empatia com o filme (e o mesmo aconteceu com Mary).

Não quer dizer que achei o filme ruim. De forma alguma. É um belo filme – e, além disso, uma obra corajosa, importante, que merece todo o respeito.

Depois que ele terminou, fui atrás do livro – minha filha havia me emprestado o exemplar dela meses atrás, na época em que vi a maravilhosa série A Amiga Genial. Me atraquei com o texto de Elena Ferrante de uma forma que não me acontecia há muito, muito tempo, e terminei de ler em pouco mais de 24 horas.

Não costumo muito fazer isso aqui, mas, no caso específico deste The Lost Daughter/La Figlia Oscura, vou falar bastante das semelhanças, que são muitíssimas, e das dessemelhanças, poucas, entre o livro de Elena Ferrante e o filme de Maggie Gyllenhaal.

Elena Ferrante, como se sabe, é um pseudônimo. A autora esconde com especiais cuidados sua verdadeira identidade. “Os livros, uma vez escritos, não precisam de seus autores”, ela argumenta, em entrevistas dadas por escrito, nunca diante de um repórter.

O detalhe do dialeto napolitano se perde, é claro

Antes das comparações entre livro e filme, no entanto, é preciso registrar a dessemelhança que há no próprio título da obra.

La Figlia Oscura não é exatamente The Lost Daughter ou A Filha Perdida. Oscura, mostram os dicionários, significa obscuro, escuro, sombrio. Não é a mesma coisa que perdida, lost. Tanto que os portugueses, que se costumam se ater com vigor à lógica, traduziram o livro de Elena Ferrante como A Filha Obscura. No México e na Argentina o filme é La Hija Oscura.

The Lost Daughter é uma co-produção EUA-Grécia-Inglaterra-Israel; em sua maioria, os atores são britânicos e americanos, e então seria natural que a língua falada fosse o inglês. Isso levou Maggie Gyllenhaal a fazer adaptações da história original em seu roteiro.

No livro, Leda, professora universitária nascida em Nápoles que havia emigrado para o Norte desenvolvido e rico, tira férias de verão de seus 48 anos numa praia do Sul da Itália (o local exato não é identificado). Viaja sozinha – e acontece de, na praia, se ver convivendo com uma imensa família exatamente de Nápoles, o lugar de origem que havia abandonado bem jovem.

No filme, Leda, professora universitária do Queens, o distrito menos, digamos, nobre, de Nova York, que agora mora em Cambridge, Massachussetts, perto de Boston, tira férias no verão de seus 48 anos numa praia de uma ilha grega (o lugar exato não é identificado, mas boa parte das filmagens foi na ilha de Spetses). Viaja sozinha – e acontece de, na praia, se ver convivendo com uma imensa família exatamente do Queens, o lugar de origem que havia abandonado bem jovem.

Maggie Gyllenhaal procurou aí fazer um paralelo quase perfeito com o que acontece no livro. No livro, é muito importante essa coisa de Leda ter saído do lugar mais pobre, e ter, através do estudo, do ralar muito, ascendido – não apenas na escala social. Na escala social, sim, também. é claro – mas, para Leda, importa muito mais o fato de ela haver ascendido intelectualmente. Deixado para trás a origem humilde e pouco letrada da família napolitana, e ter se radicado em Florença, que não apenas é no Norte mais rico, mais desenvolvido, como é a cidade das artes, de Michelangelo. Florença, diante de Nápoles, é assim mais ou menos como, digamos, um trecho de Dante Alighieri comparado a um verso banal de um Peppino di Capri.

Toda essa coisa de Leda se sentir acima, intelectualmente, da família napolitana que encontra na praia é muito importante no livro. Revela muito da personalidade da protagonista da história.

Só que, no livro, há toda uma questão do uso do dialeto napolitano, misturado ao italiano.

Infelizmente, isso se perde bastante na adaptação do livro todo passado na Itália, com personagens italianos, para a história do filme, em que os personagens são todos americanos.

Foi uma boa tentativa, essa adaptação – só que não é, absolutamente, a mesma coisa. A diferença de classe social e intelectual entre Leda e a família numerosa, fundamental na história do livro, se perde bastante no filme.

Entre as muitas coisas que Maggie Gyllenhaal copiou literalmente do livro, na tentativa – corretíssima, bem-vinda – de ser fiel ao romance, há a frase de Will, o salva-vidas da praia (o papel de Paul Mescal), para Leda, sobre a grande família napolitana: – “Eles não maus”.

No filme, Will, o salva-vidas, é um estudante inglês (ou seria irlandês? Vixe, não lembro!) que no verão trabalha naquela praia grega para garantir um dinheirinho. No livro o salva-vidas é um estudante italiano chamado Gino. Exatamente como Will, Gino diz para Leda: – “Eles são ruins.”

No livro, dá para o leitor inferir que Gino está dizendo para Leda que alguém ali daquela grande família – muito provavelmente Toni, o marido de Nina, a bela jovem mãe – é gente da Camorra, a perigosíssima Máfia napolitana. No filme, a frase fica meio perdida no ar.

Leda observa a relação da garota com a filha

Então há essas necessárias adaptações de uma história no original totalmente italiana para uma história em que um bando de americanos está de férias numa ilha grega. Mas é notável como Maggie Gyllenhaal se esforçou para fazer uma boa transposição. No livro, o faz-tudo, o zelador do apartamento que Leda aluga para as férias na praia se chama Giovanni. No filme, virou Lyle (o papel do grande Ed Harris), um americano que havia muitos anos se radicara ali naquela ilha grega.

Essa transposição foi muito na boa. O Lyle do filme é igualzinho o Giovanni do livro – assim como o salva-vidas Will é idêntico a Gino.

Mas a personagem que importa mesmo é Nina, a bela jovem que tem uma filhinha de uns três anos, Elena.

Assim como Leda, Nina tem o mesmo nome no livro e no filme. É interpretada por Dakota Johnson (na foto abaixo), essa jovem atriz tão linda como seguramente Elena Ferrante imaginou, ao escrever seu livro, que Nina seria. Athena Martin Anderson é o nome da garotinha que faz o papel de Elena, a filhinha de Nina.

Demorei para chegar ao cerne da questão, o fulcro da história, the heart of the matter.

O cerne da trama de La Figla Oscura é que, de férias na praia, a professora universitária Leda fica reparando na relação doce, gostosa, amorosa, tranquila, da jovem e bela mãe Nina com sua filhinha Elena.

Aquela relação de mãe e filha doce, gostosa, amorosa, tranquila, mexe profundamente com Leda. Porque ela jamais havia tido uma relação doce, gostosa, amorosa, tranquila, com suas duas filhas, Bianca e Martha.

Leda fica observando Nina e Elena – e lembrando como era a relação dela com Biancha e Marta quando as duas eram pequenas. E as recordações são, na sua maior parte, tristes, penosas, dolorosas.

O que importa é a sensação, a emoção

La Figlia Oscura é uma obra absolutamente feminina, com a visão, a sensação, a emoção femininas.

(Não é à toa que, como conta o primeiro item da página de Trivia do IMDb sobre o filme, Maggie Gyllenhaal tenha afirmado que a autora Elena Ferrante só aprovaria uma adaptação da obra para o cinema se a produção fosse dirigida por uma mulher. Eu, pessoalmente, e em princípio, acho uma grande besteira isso de que só mulher pode dirigir filme sobre mulheres, só negro pode dirigir filme sobre negros, etc, etc, etc – mas, neste caso específico, acho que Elena Ferrante tem razão. Melhor mesmo que fosse uma mulher para escrever e dirigir The Lost Daughter.)

É uma obra absolutamente feminina – e nela o que mais importa é a visão, a sensação, a emoção. Não são propriamente os fatos, os eventos, os acontecimentos que contam – e sim como eles impactam a vida das personagens.

É uma obra sobre pequenos detalhes. Não sobre estrondos (embora haja alguns poucos estrondos na história), mas sobre detalhes que provocam lembranças, dores, suspiros.

E, em muitos momentos, muitos mesmo, Maggie Gyllenhaal conseguiu transpor o texto de Elena Ferrante para a tela com perfeita fidelidade, com maestria. Como, por exemplo, no momento em que Nina está deitada na espreguiçadeira na praia, e a pequenina Elena fica molhando a mãe e a sua bonequinha da qual não se desgruda nunca com água trazida do mar em um baldinho. Elena vai até o mar, pega mais água, e vai jogando delicadamente sobre a mãe e sobre a boneca, sobre a mãe e sobre a boneca.

E, da sua própria espreguiçadeira, Leda fica observando aquilo. Durante um longo, longo tempo.

Ou como na arte que Leda conseguiu desenvolver de descascar a laranja com uma faca formando com a casca uma grande serpente, sem quebrá-la – a casca saía inteirinha, uma serpente, uma serpentina, para espanto e admiração das pequenas Bianca e Martha. Um dos momentos da relação entre Leda e suas duas filhas, quando eram crianças, que eram doces, gostosos, amorosos, tranquilos.

Dos poucos momentos. Porque, na maior parte do tempo, a relação de Leda com as filhas era dolorosa, nervosa, tensa. Leda se sentia asfixiada pelas filhas; as filhas – e sua necessidade eterna de atenção, de cuidados – eram um estorvo, que sugavam seu tempo e a impediam de se dedicar ao estudo.

Deveria haver concurso para quem quer ser pai/mãe

E é a coragem de abordar isso que, na minha opinião, assim como na da Mary, transforma o livro e o filme em obras importantes.

Não é um tema frequente na literatura, nem no cinema.

Tornou-se um axioma, um truísmo, uma verdade incontestável que as mulheres têm o dom da maternidade. Que foram feitas para ser mães.

E essa é uma noção inteiramente – e aterradoramente – errada, falsa.

Nem toda mulher quer ser mãe.

Mais: nem toda mulher que vira mãe tem talento para isso.

Maternidade (assim como a paternidade, é claro) é coisa que exige talento, vontade, dedicação, empenho.

Não é pra qualquer uma, pra qualquer um.

Minha filha, que se revelou uma mãe extraordinária, fantástica – o absoluto oposto dessa Leda criada por Elena Ferrante –, postou no Facebook, quando a filha dela tinha um ano e meio, por aí, uma frase absolutamente perfeita: “Maternidade – Se você não está cansada, não está fazendo direito”.

Mesmo para quem se mostra boa mãe, quem demonstra de fato ter talento – e força, paciência, resiliência – para a dura tarefa, não é um mar de rosas. Bem ao contrário. É dureza, pauleira.

E a verdade dos fatos é que há muitas, mas muitas, mas muitas mulheres que são mães sem ter talento e competência para o desafio. (E pais também, é óbvio. Tudo o que está dito aqui sobre mães vale também para os pais – nem seria necessário reafirmar.)

Esse é o caso de Leda. Simples assim.

Há muitos anos defendo com unhas e dentes isto que me parece a cada dia mais uma verdade fundamental:

Os dogmas religiosos e a biologia que me perdoem, mas a lógica humana indica que Deus (ou a natureza, para quem não acredita em Deus) errou profundamente. Nenhum homem ou mulher deveria ter a capacidade de ser pai ou mãe – até prova em contrário. Ser pai ou mãe não deveria ser uma obrigação decorrente da biologia, deveria ser uma opção. Mais ainda: para permitir que alguém decidisse ser pai ou mãe deveria haver alguma espécie de vestibular. Só poderia ter filhos quem passasse em concurso. Concurso sério, com prova de títulos e de conhecimento, e com banca examinadora exigente.

E o fato é que são poucos os filmes que tratam dessa questão de que nem todos estão preparados para a paternidade/a maternidade.

Me lembrei agora que um dos poucos que tiveram coragem de fazer isso foi Tully (2017), do sempre ótimo Jason Reitman, com roteiro de Diablo Cody, aquela moça de talento nada convencional, rebelde, corajosas. Quando vi o filme, anotei: “Tully é um filme para mostrar que a maternidade é dureza. É pauleira. É difícil pra cacete. Há momentos em que a maternidade é simplesmente o mais puro horror.”

Elena Ferrante teve a coragem, a ousadia de escrever um livro que enfrenta esse tema de frente.

Mas eu, pessoalmente, achei uma pena que ela tenha desenhado essa Leda como uma pessoa tão – repito – antipática, chata, desagradável. Capaz de um gesto absurdo, inaceitável, quase criminoso, como o que ela comete com a bonequinha que a menina Elena ama de paixão.

Preferiria que a defesa da corretíssima tese de que nem toda mulher está preparada para ser mãe fosse feita com uma personagem mais agradável. Uma personagem que atraísse a simpatia do espectador – como é, por exemplo, aquela Tully criada por Diablo Cody.

Bem, mas isso é uma idiossincrasia minha. Não tem nada a ver com a qualidade do filme. E então digo de novo: não gostei deste A Filha Perdida – mas isso é um problema meu. Maggie Gyllenhaal fez um belo filme. Soube transformar um excelente livro num belo filme.

“Este é um filme para adultos”

O site RogerEbert.com deu ao filme a cotação máxima de 4 estrelas. O texto assinado por Sheila O’Malley começa assim:

“É difícil imaginar a princípio o que está acontecendo com Leda. A mulher com o nome simbólico que remete a Yeats (o poeta irlandês William Butler Yeats, 1865-1939), é uma professora universitária e tradutora, que está em breves férias na Grécia, e procurando relaxar ao sol. No entanto, quase imediatamente após sua chegada a uma pequena cidade litorânea, as coisas começam a ficar estranhas. Leda é o centro da estranheza. Estaria ela gerando a estranheza, ou é o mundo que é estranho? Por que suas reações às coisas são tão intensas? Por que ela é tão paranóica e esquisita, inábil? O que está acontecendo com ela? The Lost Daughter, adaptação do romance de 2006 de Elena Ferrante do mesmo nome, é a estréia de Maggie Gyllenhaal na direção – e que estréia. Angustiante, imprevisível, doloroso, confrontador, este é um filme para adultos.”

E mais adiante:

“As misteriosas e tensas sequências dos dias de hoje são intercaladas com cenas da vida de Leda 20 anos antes. Essas cenas não funcionam como flashbacks. Elas correm numa linha paralela, criando um conjunto confuso de sensações e paralelismos, e também preenchendo lacunas na história de Leda. A Leda mais jovem é interpretada por Jessie Buckley (extremamente crível como a Olivia Colman mais nova), e a Leda mais jovem é esgotada, irritada, sobrecarregada, tentando equilibrar suas ambições profissionais com os cuidados com duas filhas pequenas e pegajosas. (As fotos abaixo mostram que há alguma semelhança entre as duas atrizes.) Quando uma estrela do mundo acadêmico (Peter Sarsgaard, marido da diretora na vida real) demonstra interesse pelo trabalho de Leda, é sopa no mel para a mulher oprimida. Ela quer ser livre, está cansada das responsabilidades, cansada de tudo.”

Sheila O’Malley termina sua bela crítica assim:

“Os filmes às vezes são rejeitados pelas platéias porque seus personagens não são ‘relacionáveis’. Sim, alguns personagens refletem de volta para você a sua própria experiência, e isso é muito válido. Mas alguns dos maiores personagens da literatura nos mostram coisas que não queremos ver, nos mostram as partes feias da humanidade, as partes escuras, mesquinhas, as partes em que não fazemos o melhor de nós. Essas coisas são verdadeiras, se não mais verdadeiras, do que é considerado ‘relacionável’. The Lost Daughter aceita a feiúra, dando espaço para que ela se expresse, permitindo que ela exista sem recuar para um território seguro.

“O desafio de Gyllenhaal era capturar todo esse rodopiante subtexto ‘não falado’. Há um caos emocional ricocheteando na praia, entre todas aquelas filhas, filhas perdidas e não. Gyllenhaal permite o caos. Ela não tenta desarmá-lo. Ela não busca a clareza. Sua abordagem é turbulenta, subjetiva, e tão perto do ponto de vista de Leda que é quase claustrofóbico. Leda é vigilante e angustiada, às vezes impulsiva e desleixada, sempre mentindo e fingindo, e crescentemente incapaz de esconder dos outros e de si própria seu estranho mundo interior. Colman tem uma das melhores atuações do ano.”

Depois desses trechos da bela crítica de Sheila O’Malley a rigor eu não deveria falar mais nada. Mas ainda gostaria de fazer dois registros.

A ótima atriz italiana Alba Rohrwacher tem um pequeno papel, uma participação especial, como a mulher de um casal de andarilhos que pega carona no carro de Leda e seu marido Joe (Jack Farthing), durante uma viagem. O encontro com essa desconhecida tem um efeito importante na vida da então jovem Leda – tanto no livro quanto no filme. É um dos vários detalhes em que o filme é exatamente igual ao livro.

O curioso é que Alba Rohrwacher emprestou sua voz como narradora da série A Amiga Genial (2018), baseada no primeiro dos quatro volumes da Série Napolitana de autoria de Elena Ferrante.

Não dá para saber se foi uma coincidência – ou se Maggie Gyllenhaal e sua equipe de casting a escolheram exatamente porque ela havia sido a narradora na série…

Um último registro. Tão bem recebido pela crítica e pelos jurados dos festivais, 95% de aprovação dos críticos segundo o Rotten Tomatoes, o filme teve apenas 48% de aprovação entre o público geral, segundo o site. O consenso da audiência, segundo o Rotten Tomatoes, é o seguinte: “O filme inclui grandes atuações e alguns momentos realmente intensos, mas, no geral, The Lost Daughter é chato e difícil de acompanhar.”

Mas aí eu acho que quem tem razão é a crítica Sheila O’Malley. Boa parte do público não gosta de ver refletidas na tela suas partes feias.

Anotação em fevereiro de 2022

A Filha Perdida/The Lost Daughter

De Maggie Gyllenhaal, EUA-Grécia-Inglaterra-Israel, 2021

Com Olivia Colman (Leda aos 48 anos),

Jessie Buckley (Leda aos 20 e poucos anos)

e (na praia) Dakota Johnson (Nina, a jovem mãe), Ed Harris (Lyle, o zelador), Paul Mescal (Will, o salva-vidas), Dagmara Dominczyk (Callie, a cunhada de Nina), Oliver Jackson-Cohen (Toni, o marido de Nina), Athena Martin Anderson (Elena, a filhinha de Nina), Panos Koronis (Vassili), Konstantinos Samaa (garoto fortão), Emmanouela Zacharopoulou (mulher na bilheteria),

(no passado de Leda) Jack Farthing (Joe, o marido de Leda), Peter Sarsgaard (professor Hardy), Robyn Elwell (Bianca, a filha mais velha de Leda), Ellie Mae Blake (Martha, a filha mais jovem), Ellie James (Bianca mocinha), Isabel Della-Porta (Martha mocinha), Alexandros Mylonas (professor Cole), Alba Rohrwacher (a andarilha que pega carona), Nikos Poursanidis (o andarilho que pega carona), Alma Stansil (babá), Daniela Babek (italiana da faculdade)

Roteiro Maggie Gyllenhaal

Baseado no livro “La Figlia Oscura”, de Elena Ferrante

Fotografia Hélène Louvart

Música Dickon Hinchliffe

Montagem Affonso Gonçalves

Casting Kahleen Crawford

Direção de arte Inbal Weinberg

Produção Maggie Gyllenhaal, Osnat Handelsman-Keren, Talia Kleinhendler, Endeavor Content, Samuel Marshall Films, Pie Films, Faliro House Productions.

Cor, 121 min (2hh01)

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