Uma Aventura na Martinica / To Have and Have Not

2.5 out of 5.0 stars

A mística em torno de To Have and Have Not, no Brasil Uma Aventura na Martinica, é imensa, densa, gostosa, passional – e enfumaçada, como eram os bares de antigamente. O filme, na verdade, é muitíssimo menor que a mística, a lenda, a fama, a glória, mas fazer o quê? Nada é perfeito.

Dá logo para perceber que é uma tentativa de reeditar a magia (e o sucesso imenso, sem paralelo) de Casablanca, que havia lançado dois anos antes, em 1942 – mas fica tão longe do original quanto o Sol da Lua, a democracia do nazismo, os colaboracionistas dos camaradas da Resistência. Há um monte de elementos na história – se é que se pode considerar aquilo como uma história – que são absolutamente inexplicáveis, ilógicos, sem sentido.

Mas, diabo, foi nas filmagens de To Have and Have Not que Humphrey Bogart e Lauren Bacall se conheceram – e bastava isso para que o filme fosse um mito, uma lenda. Mas não é só. Conta-se que o filme se originou de uma boutade, uma frase brincalhona, um desafio: Howard Hawks bancou que poderia fazer da pior novela de Ernest Hemingway um bom filme. Desafiaram-no a provar – e então ele fez To Have and Have Not.

Tem ainda mais: William Faulkner assina o roteiro do filme, ao lado de Jules Furthman. Uma história de Ernest Hemingway, roteirizada por William Faulkner! Meu, nunca houve outra experiência como essa!

Não deu outra: sucesso absoluto de crítica. Não há cinéfilo que se preze – ao menos entre os que têm mais de 50 anos – que não babe diante de To Have and Have Not. Inclusive eu, é claro; nesta anotação, posso até questionar algumas coisas do filme – o que não me impede de adorá-lo.

“A revigorante ousadia de Bacall rompeu as convenções da época”

Eis como Pauline Kael, a prima donna da crítica americana, em geral chata que nem dor de dente, começa seu texto sobre o filme:

“Neste filme, Humphrey Bogart, o maior de todos os heróis cínicos, se viu na Martinica, onde uma bela garota chamada Lauren Bacall cruzava indolentemente a tela pela primeira vez e conseguia fazer a pergunta ‘Alguém tem um fósforo?’ parecer o mais insolente e o mais insinuante dos pedidos”.

Belo início de texto; Dame Kael era cricri mas tinha um texto elegantérrimo – tão elegante quanto as roupas usadas pela bela garota Lauren Bacall em seu filme de estréia.

E ela prossegue, numa avaliação mais longa do que era o seu normal:

“Howard Hawks dirigiu este melodrama da Segunda Guerra Mundial luzidiamente profissional e de todo assistível, extraído do que a Warner Brothers anunciava como o romance de Ernest Hemingway, com William Faulkner incluído nos créditos como co-autor (com Jules Furthman) do roteiro – o que faz deste o único filme na história com dois vencedores do Prêmio Nobel. Não se iludam: é a mistura de sempre da Warners – sexo e política – mas desta vez melhor. Solicitado a explicar a gênese do filme, Hawks contou que uma vez, quando caçava com Ernest Hemingway, disse que podia pegar a pior história dele e transformá-la num filme. Hemingway perguntou qual era a sua pior história, e Hawks respondeu To Have and  Have Not. Segundo Hawks, Hemingway explicou então que a escrevera de uma sentada, quando precisava de dinheiro. Hawks cumpriu a bazófia, mas ele e os roteiristas tapearam um pouco: o filme trata do que poderia ter acontecido nas vidas dos personagens antes de o romance começar.”

Mais adiante, Pauline Kael acrescenta o óbvio: que “Hawks alterou o original de Hemingway para incluir elementos que tinham rendido grande bilheteria a Casablanca.”

E ainda:

“A revigorante ousadia de Bacall rompeu as convenções da época. O escritor disse que sua ‘voz rouca, suspensa, ideal para o duplo sentido, faz até as mais simples observações parecerem apelos de acasalamento na selva.”

A personagem de Lauren parece o tempo todo doida para dar para o de Bogey

De fato: Lauren Bacall é sensualidade pura, o tempo todo. Não que apareça pouco vestida – não é isso, de forma alguma. Não vemos sequer os joelhos ou o iniciozinho do vale entre os seios. Mas o jeito de olhar, o jeito de andar, o jeito de falar – é tudo sensualidade pura. Marie Browning, sua personagem, estava o tempo todo doidinha para dar para Harry Morgan – exatamente como a estreante de 20 aninhos diante do veterano de 45.

Ela nascera Betty Joan Perske, em 1924, no Bronx, descendente de imigrantes judeus do Leste europeu. A beleza a levou à carreira de modelo, e foi numa capa de revista que a mulher de Howard Hawks reparou nela; Hawks a fez assinar um contrato de sete anos e levou-a para Hollywood. Consta que tinha segundas intenções para com a garotinha, e ficou frustradíssimo ao ver que ela se apaixonava não por ele, mas por Bogey. Teria até tentado vender o contrato dela.

Humphrey Bogart havia nascido em 1899, e gostava de se dizer um homem do século anterior, o que incluía um código moral um tanto rígido, em que um dos mandamentos era não trair a esposa. E ele estava no terceiro casamento, com Mayo Methot, também atriz, pessoa problemática, instável.

Foi paixão de cara, dessas fulminantes, e começou durante as filmagens de To Have and Have Not.

Os dois se casaram no ano seguinte ao do lançamento do filme, 1945, assim que saiu o divórcio dele; tiveram dois filhos, e viveram juntos até a morte dele, em 1957.

O personagem de Bogey neste filme é bem parecido com o Ricky de Casablanca

Sobre Harry Morgan, ficamos sabendo algumas informações. Assim como Ricky Blaine, o personagem de Humphrey Bogart em Casablanca, ele é um americano desterrado, morando na ilha caribenha da Martinica, no momento em que se passa a ação – “verão de 1940, logo após a queda da França”, conforme informa letreiro assim que terminam os créditos iniciais. O que é mais uma coincidência – ainda que muito proposital: assim como Ricky Blaine, este Harry Morgan é um americano desterrado que mora em possessão francesa, da França ocupada pelos nazistas

Assim como Ricky Blaine em Casablanca, neste filme aqui Harry Morgan também passa um bom tempo em um bar.

Assim como em Casablanca, na Martinica há franceses colaboracionistas, que colaboram com os invasores nazistas, e há franceses que resistem ao inimigo.

Assim como Ricky Blaine, Harry Morgan se diz neutro, não ligado a nenhum dos lados em luta. Posa de cínico, de egoísta, de quem só quer saber de cuidar da própria vida. Lá como cá, em Casablanca e na Martinica, gente da Resistência pedirá a ajuda de Ricky e de Harry. E é claro, é evidente, é óbvio, que Harry, como Ricky, vai optar pelo lado certo.

Em Casablanca, Ricky se deu muito bem, é dono de um belo bar, que é muito mais que um bar, é um esplêndido night club. Na Martinica, Harry é dono de um barco, um belo barco, aliás. Vive – pelo que é mostrado no filme – de levar turistas endinheirados para pescar em alto mar.

Não devia ser lá uma atividade muito lucrativa, mas Harry vivia num bom hotel de Fort de France, a capital da ilha – o mesmo hotel em que está hospedado um de seus clientes, um tal de Johnson (Walter Sande), que não tem qualquer traço de simpatia nem de bom pescador.

E é naquele mesmo hotel, um hotel bom, caro, com amplo bar no térreo, muito frequentado, que surge a jovem e bela Marie Browning.

A personagem feminina é um mistério. Não se sabe quase nada sobre ela

Já sobre Marie Browning, os dois Prêmio Nobel cujos nomes aparecem nos créditos, Hemingway e Faulkner, não informam muita coisa para o espectador, não. Ficamos sabendo que é jovem, bela, tem uma das vozes mais sensuais da História do cinema, e veste roupas extremamente elegantes, caras. Bem, mas essas características são as de Betty Perske, rebatizada como Lauren Bacall para sua estréia no cinema.

Quem é Marie Browning? De que ela vive? De onde vem, para onde vai? Por que foi parar exatamente em Fort de France – e exatamente no quarto de hotel em frente ao quarto de Harry Morgan? E por que, de todos os homens do mundo, ela foi pedir fogo justamente para Harry Morgan, e não o soltou mais?

Ah, aí os autores são um tanto misteriosos.

Na verdade, me ocorreu que Harry Morgan poderia fazer quase a mesma exclamação que seu primo-irmão Ricky Blaine faz: – “Of all the gin joints, in all the towns, in all the world, she walks into mine.” De todas as espeluncas, em todas as cidades do mundo todo, ela entra na minha.

É dito que Marie Browning, 22 anos de idade (os realizadores devem ter achado que usar a idade da atriz que a interpretava, 20 anos, tornaria a personagem escandalosamente jovem demais da conta), tinha estado no Rio.

A menção ao Rio não chega a surpreender: muitos personagens de filmes americanos dos anos 40 visitavam lugares distantes, perdidos ali naqueles países da América do Sul. A Gilda de Rita Hayworth dançava em Momtevidéu em 1946, a Alicia de Ingrid Bergman em Interlúdio/Notorious passeava pelo Rio naquele mesmo ano, a Charlotte Vale de Bette Davis em A Estranha Passageira viveu um caso de amor no Rio em 1942.

Mas será que sou só eu que fiquei curioso em saber o que essa Marie Browning, tão jovem, foi fazer no Rio de Janeiro?

Fica claro que ela não vem de família rica; na verdade, é mostrado que ela rouba a carteira do antipático Johnson, o cliente de Harry. Seria, então, uma punguista profissional? Uma profissional do sexo? Não, não, de forma alguma, nada indica isso – e o Código Hays de qualquer forma não permitiria.

Por que a parada na Martinica? Ela diz que o dinheiro que tinha só dava para passagem até lá – mas aí vai uma coisa muito esquisita. Fort de France não era propriamente um ponto importante na rota da aviação comercial em 1940…

E, se não tinha dinheiro para chegar da América do Sul aos Estados Unidos, como tinha tantas roupas elegantes? E como podia pagar a hospedagem naquele hotel caro?

A voz dela faz qualquer coisa “parecer apelos de acasalamento na selva”

Bem, mas vai ver que de fato ninguém está interessado nessas questões assim tão prosaicas. Só mesmo um idiota da objetividade – para usar a expressão de Nelson Rodrigues – faria esse tipo de perguntas.

“Anybody got a match?”, pergunta Marie Browning, encostada no umbral da porta do quarto de Harry Morgan – e multidões de fãs de cinema se encantaram e não pararam nunca mais de se encantar com a voz rouquíssima, sensacional, de Lauren Bacall.

Voz como aquela, só a de outra personagem feminina que é sensualidade pura – a coelhinha Jessica Rabbit, de Uma Cilada Para Roger Rabbit, que falava com a voz de, meu Deus do céu e também da terra, Kathleen Turner.

Lauren Bacall, perdão, Marie Browning,. olha para Harry – que ela insiste em chamar de Steve, uma boa brincadeirinha – e diz, com aquela voz de dar tesão a um frade de pedra: – “Você sabe que comigo você não tem que fingir, Steve. Você não tem que dizer nada, e não tem que fazer nada. Nadinha. Ou talvez só assobiar. Você sabe assobiar, não sabe, Steve? É só juntar os lábios e soprar.”

Pois é. “A voz rouca, suspensa, ideal para o duplo sentido, faz até as mais simples observações parecerem apelos de acasalamento na selva.”

Hoagy Carmichael e Walter Brennan fazem dois personagens deliciosos

Há dois personagens secundários no filme que são deliciosos, fascinantes, e interpretados por duas figuras fantásticas.

Assim como no bar de Ricky em Casablanca, no bar do hotel em que ficam hospedados Harry e Marie também há um pianista. Lá era Sam, interpretado por Dooley Wilson, um ator que fazia lembrar Louis Armstrong. Aqui o pianista – mais um americano desterrado – é conhecido pelo apelido de Cricket, e é feito por Hoagy Carmichael (na foto acima). Cricket fica ali no bar tocando um pianinho suave, agradável, acompanhado por uma pequena banda; canta, também – canções alegres, brincalhonas, como Hong-Kong Blues (letra e música do próprio Carmichael), ou doces, como “Am I blue?”

A bela Marie fica amiga do pianista – e acaba sendo contratada pelo gerente do hotel (ou seria o dono? não sei), Gérard (Marcel Dalio) para cantar com a banda de Cricket. Assim, o espectador terá a oportunidade de ouvir a voz rouca de Lauren Bacall cantar “How little we know”, música de Carmichael, letra de Johnny Mercer, acompanhada ao piano pelo autor.

Hoagy Carmichael (1899-1981) é uma figura tão simpática, agradável, quanto o seu personagem Cricket. Além de compositor de mão cheia (“Stardust”, “Georgia on my mind”), teve participações como ator em duas dezenas de filmes e séries, entre eles o grande clássico Os Melhores Anos de Nossas Vidas (1946) e Êxito Fugaz/Young Man With a Horn (1950), por coincidência também com Lauren Bacall e sob a direção de Michael Curtiz, o cineasta que fez Casablanca.

Outro personagem fascinante do filme é Eddie, o papel de Walter Brennan (à esquerda na foto abaixo).

Eddie é mais um americano expatriado que vive na Martinica – céus, como tinha americano expatriado na Martinicia, pelo menos na imaginação dos roteiristas Jules Furthman e William Faulkner. (Não, Ernest Hemingway não tem nada a ver com isso. Na história dele, a ação se passa em Cuba; o protagonista Harry Morgan é um americano que vive em Cuba – assim como o próprio Hemingway viveria – e contrabandeia rum.)

Vive bêbado esse Eddie – é aquele bêbado simpático, de coração imenso, incapaz de fazer mal a uma mosca. Harry tem por ele profunda afeição; dá uns servicinhos para ele em seu barco, e com isso vai garantindo que ele sobreviva.

Ao conhecer Marie, acha que ela é moça legal. Depois se esquece de tudo, e, ao vê-la pela enésima vez, já no final da história, pergunta quem ela é. Um bêbado deliciosamente simpático.

Walter Brennan (1894-1974) é uma das grandes figuras da galeria de grandes atores do cinema americano que nunca tiveram os papéis principais, mas sempre brilharam em dezenas de bons filmes atuando maravilhosamente bem como personagens secundários. Um dia gostaria de fazer um texto sobre eles…

A filmografia de Walter Brennan tem 242 títulos, entre 1925 e o ano de sua morte, 1974. É um absurdo. Foi indicado quatro vezes ao Oscar de melhor ator coadjuvante e levou o prêmio três vezes – por Meu Filho é Meu Rival/Come and Get It (1936), Romance do Sul/Kentucky (1938) e O Galante Aventureiro/The Westener. (Não levou o prêmio por Sargento York, de 1941.)

O governo Roosevelt não queria um filme mostrando corrupção em Cuba

Algumas informações sobre o filme e sua produção, a maioria tirada da página de Trivia do IMDb:

* A famosérrima cena em que Lauren-Marie fala a frase “Você sabe como assobiar, não sabe?” não foi escrita por Hemingway, nem Faulkner nem Furthman, e sim pelo próprio Howard Hawks. Ele escreveu a cena para usar no teste de câmara de Lauren Bacall – e consta que o teste foi importante para convencer os executivos da Warner Bros. de que aquela novata merecia o papel.

* No funeral do marido, Lauren Bacall colocou um apito no caixão – um desses apitos que fazem som parecido com o de assobio.

* Bogey e Lauren fariam mais três filmes juntos: À Beira do Abismo/The Big Sleep (1946), de novo de Hawks; Prisioneiro do Passado/Dark Passage (1947), de Delmer Daves; e Paixões em Fúria/Key Largo (1948), de John Huston.

* Houve quem acreditasse que a voz que canta “How little we know” no filme é a de Andy Williams, que tinha então 16 anos. O cantor fez essa afirmação na sua biografia. Pesquisadores garantem, no entanto, que a voz é mesmo de Lauren Bacall.

* Na novela de Ernest Heminway, como já foi dito, Harry Morgan era um contrabandista de rum – agia entre Cuba e a Flórida nos anos 1930. E Cuba era mostrada como um antro de corrupção e violência. Havia no governo Roosevelt, nos anos 40, um Escritório de Negócios Inter-Americanos, Office of Inter-American Affairs, que cuidava da “Política de Boa Vizinhança” com os países situados ao Sul do Rio Grande. O propósito era estimular a cooperação entre os governos das nações das Américas – e afastá-los de um possível namoro com o nazi-fascismo de Alemanha e Itália.

O Office of Inter-American Affairs não gostou nadinha da idéia de Hollywood fazer um filme mostrando Cuba como um lugar cheio de corrupção e violência – e deve ter feito lá suas tratativas junto aos chefões da Warner Bros. para que abandonassem a idéia.

Foi de William Faulkner a idéia de salvar o projeto, mudando a ação de Cuba para a ilha da Martinica, uma possessão francesa, sob o mando do governo títere de Vichy, do colaboracionista Marechal Pétain. Matavam-se vários coelhos com uma cajadada só: tirava a corrupção de Cuba, botavam-se os maus como funcionários do governo colaboracionista – e, claro, de quebra, estabelecia-se uma semelhança com Casablanca que o original hemingwayano não tinha.

* A primeira versão do roteiro, escrita basicamente por Jules Furthman, era muito fiel ao livro. Faulkneur reescreveu muito, fez as adaptações todas. Mas consta que muito do que ele escrevia – em especial os diálogos – era depois refeito pelo próprio Hawks com os atores, que tinham liberdade para improvisar uma fala ou outra.

To Have and Have Not é não apenas o único filme da História escrito por dois Prêmios Nobel, como é também o único filme escrito por dois Prêmios Nobel e reescrito no set, na hora da filmagem, pelo diretor e pelos atores.

O filme de fato não é lá essas coisas – mas não há como resistir a seu charme

Leonard Maltin Review dá ao filme 3.5 estrelas 4: “A ‘pior novela’ de Hemingway forma a base da versão de Hawks para Casablanca: o duro capitão de barco Bogart relutantemente se envolve com a Resistência Francesa, e menos relutantemente corteja a ainda mais dura Bacall (em sua estréia no cinema). As lendárias cenas de amor dos dois fazem o filme, mas há também sólidas interpretações, e alguns canções. (Andy Williams foi contratado para dublar Bacall cantando, mas é a voz dela que ouvimos, afinal.)”

Maltin acrescenta ainda que o filme seria refeito como The Breaking Point (1950) e The Gun Runners (1958). Eu não sabia disso. The Breaking Point, no Brasil Redenção Sangrenta, foi – quanta ironia! – feito por Michael Curtiz, o autor de Casablanca – e parece que o filme é bem mais fiel à história original de Hemingway. E The Gun Runners, no Brasil Contrabando de Armas, transplanta – meu Deus do céu e também da terra! – elementos da história original de Hemingway, passada, como já foi dito, nos anos 30, para o final dos anos 50, nos primórdios do que viria a ser a revolução cubana liderada por Fidel Castro.

O livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer diz: “Um dos muitos filmes realizados depois do sucesso de Humphrey Bogart em Casablanca, esta obra ainda mais romântica tem como núcleo um caso amoroso que ameaça jogar a Segunda Guerra Mundial para escanteio. Hawks (à direita na foto abaixo), que descobriu Lauren Bacall antes de Bogart, sentiu-se traído pelo casamento das estrelas, porém foi ele o principal responsável pela criação dos personagens que o casal acabaria interpretando na vida real.”

É isso. O filme mesmo pode não ser lá essas coisas – e não acho que seja. Mas as histórias em torno dele são ótimas, e definitivamente não há como resistir a seu charme.

E aquela dançadinha de quadris que a garotinha Lauren Bacall dá, sorrindo deliciosamente, revirando os lindos olhos brilhantes, na última sequência? Ah…

Anotação em maio de 2018

Uma Aventura na Martinica / To Have and Have Not

De Howard Hawks, EUA, 1944

Com Humphrey Bogart (Harry Morgan), Lauren Bacall (Marie Browning), Walter Brennan (Eddie), Hoagy Carmichael (Cricket), Dolores Moran (Helene De Bursac), Walter Molnar (Paul De Bursac), Sheldon Leonard (tenente Coyo), Marcel Dalio (Gerard, o gerente do hotel), Walter Sande (Johnson, o cliente de Harry), Dan Seymour (capitão M. Renard), Paul Marion (Beauclerc), Emmett Smith (Emil, o garçom)

Roteiro Jules Furthman e William Faulkner

Baseado em novela de Ernest Hemingway

Fotografia Sid Hickox

Montagem Christian Nyby

Música Franz Waxman

Figurinos Milo Anderson

Produção Howard Hawks, Warner Bros. DVD Warner.

P&B, 100 min (1h40)

R, **1/2

Título na França: Le Port de l’Angoisse. Em Portugal: Ter ou Não Ter.

5 Comentários para “Uma Aventura na Martinica / To Have and Have Not”

  1. De fato, não é um grande filme de concorrer a Oscars, rsrs mas é uma delícia assistir, reassistir, e vai dai, e aquele charme com apelo sexual da Lauren Bacall , deixa louc.o, qualquer homem que tem sangue bas veias. Adoro ver sempre esse delicioso filme. Antonio Carlos Novelli

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