Aliados / Allied

Nota: ★★★★

Aliados me deixou deslumbrado, boquiaberto, de queixo caído.

Vejo muitos filmes já faz tempo demais, e então, quando um filme novo me pega da maneira com que este Aliados pegou, fico ao mesmo tempo absolutamente contente e bastante surpreso. É uma sensação boa demais, e não é tão comum assim.

Os 2 ou 3 primeiros minutos do filme me surpreenderam pela beleza visual.

Quando, ali pelos 4, 5 minutos, entendi o que estava acontecendo e o que estava para acontecer, me senti fascinado pela inteligência da trama.

Quando, aí pelos 6, 7 minutos, os personagens de Marion Cotillard e Brad Pitt se vêem pela absoluta primeira vez na vida e fingem maravilhosamente bem que são casados e se adoram e estão se revendo depois de alguns meses de distância, tive vontade de bater palmas de pé como na ópera.

Aliados/Allied, co-produção caprichadérrima EUA-Inglaterra de 2016, orçamento folgado de US$ 85 milhões, excede em cada um de qualquer tipo de quesito possível e imaginável. Creio que Robert Zemeckis atinge aqui, no 18º filme que dirigiu, o ponto mais alto de sua carreira já absolutamente brilhante. Realizou com este filme um drama que tem momentos de extraordinária beleza plástica, que demonstra um domínio magistral das técnicas todas. Mas, além disso, ele soube como fazer, mais do que uma história de espionagem, de guerra, de ação, bela em cada um desses gêneros, uma extraordinária narrativa – segura, adulta, madura – de uma arrebatadora, especial, única história de amor em meio à guerra.

Aliados tem talento e beleza em todas as áreas – mas, desde o iniciozinho, me peguei admirando o sujeito, ou os sujeitos, que criaram a história.

O filme não tem créditos iniciais, como hoje em dia acontece na maior parte das vezes, e então eu não sabia quem era o autor do romance em que se baseava o roteiro. Lá pelos 40, 50 minutos de filme, comentei com Mary que a trama era tão brilhante que parecia coisa de Ian McEwan, o escritor que mais tem me surpreendido nos últimos anos.

Só nos créditos finais fica-se sabendo: o filme não se baseia em romance, em peça de teatro. É uma história original, criada especificamente para o filme.

O autor da maravilha se chama Steven Knight. Não divide a autoria com ninguém: é tudo dele. É o autor da história e da forma com que a história iria ganhar a versão em imagens que se movem.

Estamos em 1942, na Segunda Guerra, e em Casablanca, exatamente Casablanca

Não é uma idéia absolutamente magistral? De repente, um homem e uma mulher que jamais haviam se visto antes se encontram no meio do bar de um hotel chique, onde ela estava reunida com um grande grupo de amigos, e fingem que são marido e mulher.

Eles têm que fingir muitíssimo bem, porque estão sendo o objeto de toda a atenção daquele grupo de pessoas.

Estamos em 1942, o terceiro ano da Segunda Guerra Mundial – e em Casablanca, exatamente Casablanca. É bom que o espectador não fique pensando em Casablanca, o filme mais adorado de toda a história do cinema, mas seria bom se ele se lembrasse de que Casablanca, no Marrocos, era território francês, francês do governo títere de Vichy, do marechal Pétain, a França que, invadida pelos nazistas, havia se rendido a eles e colaborava com eles.

Como no filme de Michael Curtiz de 1942 com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, Casablanca está cheio de nazistas.

Max Vatan, o personagem de Brad Pitt, é um canadense, um alto oficial do serviço de inteligência da Grã-Bretanha, fingindo ali que é um empresário milionário da área de mineração, e totalmente apolitico. O personagem de Marion Cotillard, Marianne Beauséjour, é uma alta figura da Resistência Francesa, fingindo ali que é a esposa apolítica, fútil, mundana, dondoca do ricaço.

Têm uma missão para executar juntos em Casablanca: serem convidados para o baile do embaixador alemão, onde só entram pessoas importantes para os nazistas, e de toda confiança, e, ali, executarem o embaixador e o maior número pessoal de oficiais nazistas.

Tudo foi arranjado previamente. Formou-se a história de que Marianne chegaria antes a Casablanca, onde penetraria no círculo dos mais ricos, dos bem postos, dos amigos dos alemães, enquanto Max estava ainda em Paris cuidando dos negócios de sua empresa.

É uma relação absolutamente tensa, e a tensão só aumenta

E então os dois se vêem pela absoluta primeira vez sob o escrutínio de muitos dos amigos que a mulher havia feito em Casablanca.

E vão para casa – a casa que ela alugado para eles.

Nunca tinham se visto antes – e estão ali unidos para fazer um trabalho. Vão ter que fingir para todo o mundo exterior que são marido e mulher e se adoram, se dão muito bem e trepam maravilhosamente.

Nunca tinham se visto – são lindos, e charmosos, e simplesmente não seria possível ficarem juntos, fingindo de marido e mulher, sem que surgisse algo entre eles.

Ah, meu, que maravilhosa idéia de história.

É magnífica a atuação dos dois belos atores. O espectador percebe que, desde o início, o oficial canadense e a resistente francês se observam, se checam – e cada um deles fica satisfeito com o que vê. Cada um vai passando a ter confiança no outro, e até mesmo admiração – mas, ao mesmo tempo, cada um fica um tanto pé atrás com o outro. A missão exige duas pessoas absolutamente perfeitas – nada pode dar errado, tudo tem que ser milimetricamente medido.

Marianne nota que o francês de Max é nitidamente québécoise. Ele teria que praticar muito para adquirir o francês dos parisienses, ou então isso poderia denunciá-lo diante do círculo de amizades que Marianne havia construído. Marianne o chama sempre de québécoise, natural da província de fala francesa do Canadá – mas ele não esconde que é de Ontario, a província de fala inglesa. O francês é para ele a segunda língua, o que torna mais difícil dominar o francês com sotaque típico dos parisienses.

É uma relação absolutamente tensa, o tempo todo, e a tensão só aumenta à medida em que vai chegando perto da data do baile do embaixador.

Ela comete uma pequenina falha, ele reage com dureza, agressividade

Vão juntos para o deserto um dia, praticar com as metralhadoras que seriam usadas no atentado no baile do embaixador, e Max percebe que Marianne demonstrou – durante pouquíssimos segundos, décimos de segundo – não conhecer todos os detalhes daquele tipo de armamento, e cobra dela pela falha.

É um momento de extrema tensão.

Max pega a arma e dá vários tiros absolutamente certeiros em alvos que eles haviam colocado a uma boa distância. Aí fala com ela: – “Fale-me sobre esse Hober que vamos ver amanhã. O que você sabe dele?”

Marianne: – “Ele é o officier de liaison (o intermediário) do embaixador. Alta patente do Partido Nazista. É da cidade de Colônia. Gosta de golfe e de apostas. É o nosso último obstáculo.”

Esse Hober é que tomará a decisão de convidar o casal para o baile – ou não.

Max passa a arma para ela e fala secamente: – “Você tem 2 segundos. Vá.”

E é nesse momento que ela se atrapalha por não mais que 2 segundos. Mas em seguida atira nos alvos – com maestria, perfeição.

Encaminham-se de volta para o jipe. Marianne dá mais informações: – “As armas estarão embaixo da mesa de champagne. O embaixador chega às 8h30.”

Max: – “E se ele se atrasar?”

Marianne: – “Ele é alemão. Será pontual.”

Max, cortando o assunto: – “Como é possível que você não conheça uma Sten?”

Marianne, visivelmente irritada por ter sido pega numa falha, ainda que mínima: – “Eu conheço, sim. Não vi quando você acionou a trava de segurança.”

Max: – “Vai ficar tudo OK para você usar a Sten?”

Marianne: – “Vai ficar tudo OK nem que eu tenha que usar uma faca de cozinha.” E, depois de uma breve pausa, continua como se não tivesse havido uma interrupção: – “A explosão para desviar a atenção será às 8h35. Depois disso tudo estará nas mãos de Deus.”

Max: – “Ótimo. Ele certamente saberá tirar a trava de segurança.”

Corte rápido, e há o close de um ventilador. Vemos Marianne e Max almoçando na mesa da sala de seu apartamento.

Depois de ser criticada, ela abre uns botões da blusa. E abre mais uns…

Marianne exclama que está quente. Max está sério, sisudo, toda a atenção no prato de comida à sua frente.

Marianne desabotoa um botão de sua blusa. Max dá uma olhada, não fala nada, continua comendo.

Marianne desabotoa mais botões da blusa, deixa à mostra seu sutiã. Max: – “O que você está fazendo?”

E ela: – “Testando você, do jeito que você me testou. (E, como uma voz jocosa: ) Sei que você tem uma arma, sr. Vatan. Só estou checando se a trava de segurança está ativada.”

Max dá uma risada tensa, e diz, muito sério: – “Marianne, nós dois já vimos gente que fodeu com o outro e aí fodeu tudo e acabaram fodidamente mortos.”

E ela: – “Wow… that’s a lot a fucks…” A palavra foda apareceu muitas vezes…

Max, seco: – “Abotoe a droga da blusa.”

Esses dois diálogos que fiz questão de transcrever acontecem quando o filme, que dura 124 minutos, está aí com quase 30.

Quando estamos com 35 minutos, Max e Marianne se comem dentro do carro que tinham usado para ir até o deserto, ver o amanhecer do dia em que tentariam matar o embaixador alemão e mais um monte de nazistas – o dia que poderia ser o último de suas vidas.

A primeira trepada vem numa sequência estonteantemente bela, inesquecível

É uma sequência belíssima, estonteantemente bela – que acho desde já antológica, dessas inesquecíveis.

A câmara vai rodando em volta dos dois, rodando, rodando, rodando. Todas as janelas do carro estão fechadas: naquele momento, está ocorrendo lá fora uma tempestade de vento, e a areia do deserto vai batendo em todos os vidros do carro, enquanto os dois estão se amando pela primeira vez na vida e a câmara vai rodando, rodando em volta deles.

Nunca fui ligado nessas coisas técnicas, nunca quis tentar entender como são feitos tecnicamente alguns truques do cinema. Detalhes técnicos de fato não me interessam – e a verdade é que agora, com as imagens geradas por computação gráfica, simplesmente já não existe mais efeito especial que não se consiga criar.

Robert Zemeckis é um especialista em usar todos os tipos de técnicas, todos os tipos de avanços tecnológicos em seus filmes. Em seu Uma Cilada para Roger Rabbit (1988), fez uma das mais perfeitas combinações de animação com ação real com atores da história do cinema. Em Forrest Gump, insertou Tom Hanks em diversos trechos de cinejornais, e então o personagem aparecia ao lado de John Kennedy na Casa Branca, e depois ao lado Reagan, e etc, etc, etc.

Não tenho interesse algum em saber como é que ele realiza esses prodígios.

Mas o fato é a sequência de sexo de Marianne e Max dentro do carro no meio da tempestade de vento no deserto do Saara é de uma imensa beleza.

De alguma maneira, o mago Robert Zemeckis conseguiu nos fazer crer que colocou uma câmara de cinema dentro daquele pequeno carro dos anos 40, e que a câmara ficou girando em torno dos belos Marion Cotillard e Brad Pitt – e aí, de repente, a câmara pára de girar, e sai de dentro do carro, atravessando não se sabe como o vidro, e se distancia para vermos mais de longe do carro preto envolto pela areia em transe.

Aos 53 minutos de filme, há um diálogo crucial, que muda tudo

Logo após o atentado durante a festa do embaixador alemão – rápida, mas eficientíssima sequência que faria a felicidade de qualquer fã de filmes de ação -, no carro em que estão fugindo a toda, Max diz a Marianne: – “Venha comigo para Londres para ser minha mulher”.

O chefe de Max, Frank Heslop, um homem simpático, afável (interpretado pelo sempre ótimo Jared Harris), tenta dissuadir o rapaz: insiste em que amor que começa em ação no campo, no meio de uma ação, nunca dá certo.

Quando estamos com 46 minutos de filme, Robert Zemeckis nos brinda com outra sequência extraordinariamente bela: Marianne está para  dar à luz a filhinha dela e de Max em um hospital no momento exato em que começa um duríssimo bombardeio nazista sobre Londres, e então ela, assim diversas outras pessoas internadas ali, é levada para a rua – para evitar o risco de um desabamento do prédio sobre os pacientes. E a filha do oficial canadense e da francesa da Resistência nasce no meio de uma rua londrina em meio a um intenso bombardeio.

Passa-se um ano após o parto da garotinha Anne, e estamos com 53 minutos – praticamente na metade do filme – quando há um diálogo que muda absolutamente tudo.

Revelar o que é dito nesse diálogo que acontece no meio do filme e muda absolutamente tudo é um imenso, um gigantesco, um criminoso spoiler.

Pois não é que o diálogo está no trailer do filme?

O trailer de Aliados andou sendo bastante exibido no Now. Quando quem tem Net liga a TV ela está no Now – e assim eu vi mais de uma vez o trailer, antes de finalmente nos sentarmos para ver o filme.

No momento em que Max pede Marianne em casamento, durante a fuga após o atentado no baile do embaixador alemão, eu me lembrei de ter ouvido o tal diálogo que não poderia de forma alguma estar no trailer do filme. E de fato isso me estragou bastante o prazer de ver o trecho de Aliados entre aquele momento do pedido de casamento até a sequência do diálogo que muda absolutamente tudo.

Um spoiler criminoso.

Este belíssimo filme foi ignorado nas grandes premiações e não foi imenso sucesso

Aliados foi ignorado nas grandes premiações. Não recebeu sequer uma indicação ao Globo de Ouro, e, tanto no Oscar quanto no Bafta, recebeu apenas e tão somente indicação para melhor figurino, de autoria de Joanna Johnson – e nem mesmo esse prêmio levou.

O roteiro original – que me deixou boquiaberto de queixo caído – sequer mereceu uma indicação ao prêmio do Writers Guild, o sindicato dos roteiristas.

Steven Knight, o autor da história e do roteiro, um inglês nascido em Marlborough, em 1959, tem em sua filmografia de 31 títulos outro grande filme, Coisas Belas e Sujas/Dirty Pretty Things, que Stephen Frears dirigiu em 2002, e ao menos dois outros belos trabalhos, Circuito Fechado/Closed Circuit (2013) e A 100 Passos de um Sonho/The Hundred-Foot Journey.

Dramas sérios, maduros, para público adulto, que falam de política, imigração, racismo, conflitos. É um grande roteirista, esse Steven Knight.

Aparentemente, Aliados não foi um grande sucesso de público. Produção muito cara – custou US$ 85 milhões, como já foi dito –, rendeu US$ 40 milhões no mercado americano. No resto do mundo, faturou US$ 79 milhões, o que dá um total de US$ 119 milhões. Não foi um fracasso, de forma alguma – mas também não foi um imenso sucesso.

Mas imenso sucesso, hoje em dia, só as aventuras de super-heróis…

Brad Pitt e Marion Cotillard são dos mais fascinantes casais que já apareceram no cinema

O AllMovie deu ao filme 4 estrelas em 5, e a crítica assinada por Tim Holland é daquelas que valem a pena. Vou transcrever trechos, porque é bom ter outra opinião e também para não ficar parecendo que só eu e Mary nos maravilhamos com o filme…

“Quem disse que eles não fazem mais como faziam antes? Allied, o thriller de espionagem de Robert Zemeckis passado na Segunda Guerra Mundial, é um excelente retorno àquele tipo de dramas românticos de guerra que diretores como Alfred Hitchcock, Michael Curtiz e William Wyler criavam nos anos 1940 (embora este tenha mais sexo e violência). Da direção de arte e os figurinos que recriam com perfeição a época à bem medida construção do suspense, Allied é um filme que vai agradar não apenas à platéia do TCM, mas todos os que gostam de uma aventura passada na Europa devastada pela guerra. É uma pena que não tenha sido filmado em preto-e-branco.”

Esta última frase seguramente é uma brincadeira de Tim Holland. Embora de fato faça lembrar Casablanca, Interlúdio e outros clássicos filmes em preto-e-branco feitos durante a Segunda Guerra ou pouquinho depois, Aliados tinha necessariamente que ser em cores. Por causa das sequências belíssimas de nascer do sol no deserto, dos vestidos coloridos de Marianne Beauséjour, dos olhos claros de Marion Cotillard – e das duas antológicas sequências que citei, a do sexo no carrinho preto no meio de uma tempestade de areia no deserto e a do nascimento da filhinha em meio a um bombardeio nazista sobre Londres.

Bem mais adiante, Tim Holland diz em sua crítica que Zemeckis e o roteirista Steven Knight examinam a fundo a relação entre Max e Marianne desde o início do filme, “habilmente preparando o terreno para o que virá depois”.

“É uma construção lenta, mas a recompensa vale a pena. Começamos a nos afeiçoar por aquelas almas atormentadas pela guerra. Naturalmente, nada disse funcionaria se Pitt e Cotillard não tivessem uma verdadeira química na tela. Não é preciso dizer que eles têm aquela beleza imensa para desperdiçar, e que eles nunca pareceram tão gentis e tão artistas de cinema quanto aqui. Podem não ser Bogart e Bergman, mas também, quem é? Para fãs de cinema cansados de super-heróis, mágicos e trolls, Allied oferece grande entretenimento para adultos banhado no glamour e no estilo da velha Hollywood. É uma espelunca na qual vale a pena entrar.”

No original, a frase com que o crítico termina seu texto é ‘It’s a gin joint worth walking into”. Gin joint é como Rick Blaine, o herói de Casablanca, chama seu belo estabelecimento, na noite em que reviu Ilsa Lund, e então encheu a cara até ficar bêbado feito um gambá:

– “Of all the gin joints, in all the towns, in all the world, she walks into mine”. De todas as espeluncas de todas as cidades no mundo inteiro, ela entra no meu.

Podem não ser Bogey e Ingrid, mas que Brad Pitt como Max Vatan e Marion Cotillard como Marianne Beauséjour são dos mais fascinantes casais que já apareceram no cinema, lá isso são.

Anotação em julho de 2017

Aliados/Allied

De Robert Zemeckis, EUA-Inglaterra, 2016.

Com Brad Pitt (Max Vatan), Marion Cotillard (Marianne Beauséjour)

e Jared Harris (Frank Heslop), Simon McBurney (o oficial do S.O.E., Special Operations Executive), Lizzy Caplan (Bridget Vatan), Daniel Betts (George Kavanagh), Matthew Goode (Guy Sangster), August Diehl (Hobar), Thierry Frémont (Paul Delamare), Xavier De Guillebon (Claude), Michael McKell (oficial alemão no Café), Charlotte Hope (Louise), Marion Bailey (Mrs. Sinclair), Anton Lesser (Emmanuel Lombard)

Argumento e roteiro Steven Knight

Fotografia Don Burgess

Música Alan Silvestri

Montagem Mick Audsley e Jeremiah O’Driscoll

Casting Nina Gold e Robert Sterne

Produção GK Films, Huahua Media, ImageMovers,

Paramount Pictures.

Cor, 124 min (2h04)

****

8 Comentários para “Aliados / Allied”

  1. Sérgio, o filme, de fato, é tudo isso que você escreveu. Obrigado pela dica, foram duas horas de cinema e entretenimento de primeira classe.
    Realmente, quando os norte-americanos querem, sabem fazer filmes com “F” maiúsculo.

  2. Gostei muito desse “Aliados”. Tenho uma queda por filmes com tema de espionagem. Adoro o figurino de época, a reconstituição, a atmosfera, a música. O roteiro não se aprofunda nas questões da guerra, e acaba sendo um romance dramatizado; para mim, um ótimo entretenimento. A história prende, anda rápido e tem um plot twist de tirar o fôlego; uma pena, um crime mesmo que isso seja revelado no trailer!

    Produção super caprichada, como você disse, com atenção aos detalhes: como na pequena sala da casa da irmã de Max, com pôsteres na parede com nome de compositor e partitura, por conta da moça que tocava violoncelo.

    Como você falou maravilhosamente bem sobre o filme, vou comentar sobre o que considero o ponto fraco: a não atuação de Brad Pitt. Só pra dar um exemplo do quanto ele está ruim: quem é que vê que um avião vem caindo na direção da sua casa, e não faz pelo menos uma cara de espanto ou horror antes de sair correndo? Por isso, preciso discordar de você sobre a atuação do cara, que de magnífica não tem nada, na minha opinião.
    Em várias cenas eu ficava tentando adivinhar o que ele queria demonstrar, pois o rosto era inexpressivo (li comentários de quem acha que usaram computação gráfica no rosto dele, de tão estranho que está em algumas cenas). Em pelo menos duas sequências bem dramáticas, ele ficou muito aquém do que um bom ator entregaria.
    Sei que atores com nome de peso são contratados para cavar bilheteria, mas achei muito díspar a idade entre o seu personagem e o de Marion (que está aparentando no mínimo 10 anos a menos (quero usar o mesmo creme de rosto que ela usa!). Pra completar, a atriz que faz a irmã dele, também aparenta menos idade, e o gap entre os dois ficou gritante. Mas não é só a idade que pega, poderiam também ter escalado um ator cuja língua fosse realmente o francês, pois quando ele enganaria alguém, principalmente um nazista, com aquele francês cheio de sotaque americano? Matthias Schoenaerts me veio à cabeça, pois fala francês e inglês fluentemente, e tem ótima expressão facial, mas claro que há outros que poderiam ter sido escalados; qualquer um com a expressividade maior que a de uma porta. Ainda sobre a irmã do personagem, não entendi o porquê de um papel tão pequeno e sem importância na trama, e achei inverossímil que uma militar nos anos 1940 fosse assumidamente homo, e ainda assim aceita na corporação.

  3. – Marion Cotillard está ótima e bela, como sempre, mas não entendi por que ela fala inglês o tempo todo com um forçado sotaque da Inglaterra, se a personagem é francesa. Ficou falso e irritante.
    – August Diehl está perfeito em mais um papel de nazi; e fala francês super bem.
    – Matthew Goode também ótimo em sua pequena participação.

    Algumas das minhas cenas e frases preferidas do filme:
    Marianne diz a Max que eles precisam conversar e dar risada para enganar as vizinhas. Max: “Somos casados, por que daríamos risada?”
    Quando Vatan chega à base e cumprimenta o amigo George, este diz: “Continência, francês!” Max: “Vá pro inferno!” George: “Isso aqui é o inferno, é um escritório!” (Aliás, esse Vatan era abusadinho e impertinente, hein?! Não prestava continência, usava palavrão com os superiores, e não os chamava de senhor. Até a secretária teve que lembrá-lo de que lá era a terra do “sim, senhor”, “não, senhor”, mas pelo visto não adiantou).
    Max, ao receber a notícia bombástica do oficial, pergunta a Frank: “Sério, Frank, quem é esse?” E o oficial do SOE, com toda a pompa, fleuma e sotaque inglês diz: “I’m a rat catcher”. Ra-paz! Se eu fosse uma espiã nazista nessa hora teria entrado debaixo da mesa. hehehe (Essa é minha sequência preferida do filme, a revi várias vezes. Simon McBurney brilha!).
    O restante da frase que o SOE diz a Max depois de dizer que é um rat catcher: “E também sou seu superior, então me chame de ‘senhor'”.
    George para Max, sobre a Seção V: “They never say what they mean, and they never mean what they say. And they never say anything on the phone”.
    A frase na parede da base militar canadense em Londres: “Lembre-se: o inimigo está ouvindo”.
    Ou seja, acho que de romântica não tenho nada, minhas cenas preferidas são as que envolvem os militares. hehehe Vou falar sobre o meu não romantismo quando comentar no texto de “Brief Encounter”.

    SPOILER:

    Sobre o roteiro ser original, é verdade, mas a história central foi inspirada num relato que o roteirista ouviu da amiga de uma tia, 30 anos atrás, no Texas. Ela disse que teve um irmão que foi do SOE e lutou na Segunda Guerra, engravidou uma mulher da Resistência Francesa, depois descobriu que ela era uma espiã, e acabou tendo que matá-la. Ele disse que não conseguiu checar a veracidade da história, mas acha também que não foi algo inventado aleatoriamente. “It was the kind of story that couldn’t be made up. I always knew that someday it would be a film.”
    “I also got the distinct impression that the story was being told from a place of deep emotion, a painful memory being shared.”

    Na cena do piano, ainda fica a dúvida se Marianne saberia ou não tocar. Quando vi o tamanho das unhas da personagem, matei a charada, porque se ela tocasse piano com aquelas unhas enormes seria um caso para estudo.

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