O Palácio Francês do título escolhido pelos exibidores brasileiros é o Quai d’Orsay do título original – o Itamaraty deles, a sede do Ministério de Relações Exteriores da França. E o filme O Palácio Francês/Quai d’Orsay, do competente veterano Bertrand Tavernier, é uma tremenda gozação da diplomacia francesa.
Sem qualquer diplomacia, sem luvas de pelica, escrachadamente, o filme reduz o Quai d’Orsay e seus habitantes a pó. A nitrato de pó do cocô do cavalo do bandido.
Fascinantemente, nos créditos finais há os agradecimentos de praxe aos organismos públicos e empresas privadas que auxiliaram na produção, e o primeiro da lista é o Ministério de Relações Exteriores da França. Democracia é isso aí.
Goza-se a diplomacia francesa – mas goza-se também, e muito, e virulentamente, a máquina governamental. Mostra-se a máquina como ela de fato é, gorda, imensa, paquidérmica, com gente demais, e muita bateção de cabeça entre tanto funça público.
Ou seja: o Estado gasta muito dinheiro demais da conta dos impostos dos cidadãos para criar uma máquina paquidérmica que se engastalha no seu próprio gigantismo, que se torna ineficiente por ser tão burocrática, cheia de penduricalhos inúteis.
O filme mostra tudo isso de maneira claríssima – e extremamente engraçada.
Um ministro que parece muitíssimo bem preparado mas na verdade é uim blefe
A trama criada por Christophe Blain e Abel Lanzac tem dois protagonistas: Monsieur le Ministre des Affaires Étrangères, lui-même, Alexandre Taillard de Worms, e um jovem geninho acabado de sair da universidade, Arthur Vlaminck, que o ministro quer na sua equipe de colaboradores mais próximos, como redator de seus discursos.
O garotão Arthur é interpretado por Raphaël Personnaz, jovem ator em ascensão no cinema francês, que tínhamos visto há pouco em outro belo filme, só que no diapasão oposto desta comédia escrachada aqui, o drama pesado, sério Três Mundos. Nascido em 1981, estava portanto com 32 anos em 2013, ano de lançamento do filme. O rapaz demonstra ter talento – e tem uma estampa fina que faz lembrar a do jovem Alain Delon.
Já o ator que interpreta o outro protagonista, o ministro Alexandre Taillard de Worms, Thierry Lhermitte, esse aí, apesar de veterano, confesso que não conhecia. Dei uma busca pelo nome no meu próprio site e vi que ele fez um papel menor em um filme que me impressionou demais, A Sombra da Dúvida/L’Ombre du Doute, de 1993. Não diria que sou profundo conhecedor dos atores do cinema francês, mas também não sou um jejuno no assunto – conheço um pouquinho.
De fato, acho estranho não ter conhecido Thierry Lhermitte antes. É um bom ator. Está inteiramente à vontade, e engraçadíssimo, hilariante, como o ministro des Affaires Étrangères de uma das maiores potências econômicas do Planeta, um sujeito bonitão, elegantérrimo, extremamente seguro de si, que evidentemente vem de uma família de muitos, muitos meios, e portanto estudou nas melhores escolas, e tem toda a aparência de um intelectual muitíssimo bem preparado para o cargo – mas é, na verdade, um grande engodo, um gigantesco blefe. O ministro Alexandre Taillard de Worms que o filme de Tavernier nos mostra é um idiota, um perfeito enganador, um sujeito que se finge de genial mas não passa mesmo de um embuste, que não tem opinião firme sobre questão alguma, posição tomada a respeito de nada – nem sequer, só para dar um exemplo citado várias vezes no filme, se a França deve apoiar ou não o ingresso da Alemanha no Conselho de Segurança da ONU.
E Thierry Lhermitte interpreta o embuste com uma segurança, uma tranquilidade, uma empáfia que cai como uma luva no personagem!
Bertrand Tavernier não tem vergonha de ser absolutamente claro, óbvio, escrachado, exagerado, até mesmo pastelônico: ele faz os papéis todos dos diversos escritórios do Quai d’Orsay voarem, como se atingidos por uma ventania, a cada vez que o ministro Alexandre Taillard de Worms atravessa correndo os caminhos infindáveis da sede da diplomacia francesa.
Em um longo travelling, Tavernier nos mostra o absurdo do Estado inchado
Acho que coloquei o carro um pouquinho adiante dos bois.
A narrativa começa não com o ministro, mas com o garotão Arthur Vlaminck. Na primeira sequência do filme, Arthur está se vestindo para ir até o Quai d’Orsay. O apartamento em que vivem Arthur e Marina (pronuncia-se, naturalmente, Marriná: se minha neta um dia se estabelecer na França, terá este nome, com a inevitável tonicidade na última sílaba) é uma zorra, como costumam ser os lares dos jovens.
Arthur e Marriná (interpretada por Anaïs Demoustier, na foto acima, de O Preço a Pagar, As Neves do Kilimanjaro, Elas, Thérèse Desqueyroux) parecem um casal feliz. São carinhosos um com o outro, importam-se um com o outro. Só mais para o final da narrativa, en passant, o espectador ficará sabendo que não são formalmente casados; é uma realidade extremamente comum na França de hoje, o contrato civil, em vez da certidão de casamento. Mas isso são minudências.
Revi o início do filme, antes de prosseguir nesta anotação. Interessante: não consegui ver se e quando o filme explica por que Arthur é tão desejado como membro da equipe do ministro Alexandre. Posso ter perdido alguma frase do diálogo original não traduzida nas legendas. Claro, isso é sempre possível.
O fato é que tanto a sinopse do filme na caixinha do DVD quanto a apresentada no site allocine.fr dizem que Arthur é um recém-formado da ENA, a École Nationale de Administration – embora essa informação não seja dada no filme. Mas isso importa pouco, ou nada.
Importa é que o ministro Alexandre queria porque queria ter Arthur em seu time, e, depois da sequência de abertura, Arthur trocando de roupa para atender às sugestões de Marina, temos que o garotão chega ao Quai d’Orsay para sua primeira entrevista com o figurão. Diz que está sendo esperado pelo ministro – e, depois de algum tempo de espera, em que constata que seus sapatos são sujos, em contraposição aos sapatos das demais pessoas do local, que brilham, alguém aparece para levá-lo ao gabinete do ministro.
O veterano, experiente, safo Bertrand Tavernier e seu diretor de fotografia, Jérôme Alméras, nos brindam então com uma dessas coisas maravilhosas de que só o cinema é capaz, o travelling. A câmara segue o rapaz Arthur, que por sua vez está seguindo o funça público, através dos diversos salões do Quai d’Orsay, O Palácio Francês do título brasileiro. É uma viagem longa – e, para quem gosta de cinema, um estupor. Atravessamos, junto com a câmara que está viajando, travelling, e logo atrás do protagonista da história, uns 37 corredores e uns 25 imensos salões.
Juro que, enquanto a câmara de Tavernier nos conduzia por aquele caminho infinito, cheguei a imaginar que ele está dizendo ao espectador que aquilo tudo é um absurdo. Que o Estado grande demais é um absurdo. Que essa ideologia de que o Estado forte tudo pode e tudo faz, tão presente na concepção absolutista da monarquia francesa pré-1789 quanto na dos czares russos, desde Ivan, o Terrível, até Vladimir Putin, passando por todos os que vieram entre eles, os Romanov, Lênin, Stálin, é o absurdo dos absurdos, o horror dos horrores.
Acho que viajei um pouquinho, mas a verdade é exatamente essa. Quando se concebe um Estado que tudo pode, que tudo quer, que tudo faz, as pessoas têm necessariamente que se apequenar.
Quem gosta de Estado forte demais necessariamente não gosta de liberdade individual, de pessoas conscientes e empreendedoras.
Simples assim.
E o filme insiste demais nesta tecla: o Estado francês é grande demais.
Platitudes como aquelas de Chance Gardner do filme de Hal Ashby
Ao ser recebido pelo ministro, Arthur ouve dele um discurso longo, cheio de citações de grandes pensadores fundamentais, e que não quer dizer absolutamente coisa alguma.
Bem no iniciozinho do filme, há um letreiro como uma frase de Heráclito, pensador grego do século VI A.C.: “Eu me procurei a mim mesmo.”
Ao longo de toda a narrativa, frases de Heráclito pontuam os fatos. “O combate é o pai de todas as coisas”, diz o segundo dos muitos letreiros.
Veremos que o ministro tem sempre em sua mesa um livro com pensamentos de Heráclito. O ministro baseia sua filosofia de vida (que é absolutamente nenhuma) nos pensamentos de Heráclito.
Numa das sequências mais hilariantes do filme, o garotão Arthur e o diretor de gabinete, Claude Maupas (Niels Arestrup, numa intepretação antológica) tentam seguir o pensamento do ministro e aplicar os ditos de Heráclito à disputa entre os pescadores franceses e espanhóis de anchova – e morrem de rir, eles mesmos, fazendo o espectador rir mais ainda.
Confesso que nunca li Heráclito na vida. Mas, pelo que o filme mostra, os profundérrimos pensamentos do filósofo grego de VI A.C. são mais ou menos iguais àqueles de Chance Gardner, o idiota que só fala platitudes que aprendeu na televisão e de repente é tido como um grande sábio na Washington de Muito Além do Jardim/Being There (1979), de Hal Ashby.
É exatamente isso: com um humor escrachado, uma ironia virulentíssima, Bertrand Tavernier faz algo semelhante ao que Hal Ashby havia feito com a política americana em Muito Além do Jardim. Destrói tudo, não deixa pedra sobre pedra.
Um dos muitos diálogos fascinantes deste filme cheio de diálogos deliciosos
Após a primeira entrevista com o ministro, Arthur vai até Claude Maupas, que parece ser (e é) o segundo homem no comando daquela máquina imensa do Ministério de Relações Exteriores da França. Maupas o recebe bem, mas o entrega em seguida aos cuidados de Stéphane Cahut (Bruno Raffaelli), o conselheiro de Oriente Médio. Cahut passeia longamente pelos mil aposentos do Quai d’Orsay com o garotão Arthur, explicando as coisas para ele.
Cahut: – “Você vai falar com o chefe de gabinete, que vai te dizer não.”
Arthur: – “Não ao quê?”
Cahut: – “A tudo.”
Arthur: – “Chefe de gabinete? O Maupas?”
Cahut: – “Não. O Mapaus é o diretor de gabinete. O chefe de gabinete cuida da logística e da intendêndia.”
Arthur: – “Ah, sei, a administração!”
Cahut: – “Não, administração é outra coisa. São as divisões geográficas, Europa, Ásia, etc. Acima dele há o chefe de Política Exterior, e o secretário-geral. E tem também as divisões não geográficas, que não dependem deles, os Assuntos Econômicos, os Assuntos Estratégicos, os Assuntos Culturais…”
Arthur (falando sério, sem parecer, de forma alguma, que está sendo irônico): – “Obrigado. Está cada vez mais claro.”
Um dos autores da história e do roteiro trabalhou de fato no Quai d’Orsay
Além do conselheiro de Oriente Médio, há o conselheiro de Europa, a conselheira de África, o conselheiro de América e Ásia. Não sei se de fato no Quai d’Orsay há um conselheiro de América e Ásia, mas, se de fato houver, é a prova clara, absoluta, de que o Quai d’Orsay é de uma incompetência atroz: como assim, juntar as Américas e a Ásia num único departamento, sendo toda a geopolítica de Américas e Ásia tão descomunalmente diferente?
Não tinha nenhuma idéia, ao ver o filme, se os autores do argumento e do roteiro, Christophe Blain e Abel Lanzac, se inspiraram em pessoas reais para criar esse bando de personagens interessantes. Uma personagem fantástica é a conselheira para a África, Valérie Dumontheil. Não conhecia a atriz que faz o papel, Julie Gayet, moça bonita, interessante (na foto acima).
(Hum… Abaixo, fala-se muito mais sobre Julie Gayet.)
Nosso herói, Arthur, submete a Valérie seu texto, o rascunho de um discurso do ministro. Valérie elogia o texto, e elogia muito. Aproxima-se de Arthur, chega bem pertinho dele, e está com um decote alguns centímetros a mais do que o normal. Parece que ela está se oferecendo a Arthur.
Mais tarde, numa reunião de todos os conselheiros, Valérie desce a lenha no texto que havia acabado de enaltecer.
Na vida real é assim mesmo.
Filosofa-se bastante, nos diálogos do filme, sobre a carga erótica que há nas disputas de poder entre funças públicos, por extensão entre todos os trabalhadores que gostam de ascender, nem que para isso seja necessário pisar no peito dos colegas.
Julie Gayet teve uma indicação para o César de melhor atriz coadjuvante, mas não levou. Niels Arestrup, que faz o diretor de gabinete Maupas, e está extraordinário, levou o prêmio de melhor ator coadjuvante. O filme foi ainda indicado ao César de melhor roteiro adaptado, mas não levou.
Aprendo com o site allocine.fr que o filme se baseia numa história em quadrinhos, ou novela gráfica, de autoria de Christophe Blain e Abel Lanzac. Os próprios autores foram chamados por Bertrand Tavernier para elaborar o roteiro do filme. Abel Lanzac trabalhou de fato no Quai d’Orsay, cerca de dez anos antes de lançar a novela gráfica, em 2013. Algumas de suas experiências pessoais serviram de base para o que o filme mostra.
A figura do ministro Alexandre Taillard de Worms é inspirada em Dominique de Villepin, que foi secretário-geral da presidência da República a partir de 1995 – quando o presidente era Jacques Chirac – e ocupou o cargo de ministro des Affaires Étrangères entre 2002 e 2004. Em 2005, Villepin seria nomeado primeiro-ministro por Jacques Chirac, cargo que ocupou até 2007.
Dominique de Villipin deve ter detestado o filme. Já o resto da humanidade tem motivos para dar boas risadas com essa comédia cortante que nem peixeira de baiano.
Julie Gayet, Julie Gayet! A ficção imita a vida real que imita a ficção que imita…
Então eu escrevi: “Uma personagem fantástica é a conselheira para a África, Valérie Dumontheil. Não conhecia a atriz que faz o papel, Julie Gayet, moça bonita, interessante.”
Não me caiu qualquer ficha ao ver o rosto da atriz, nem ao saber de seu nome. Foi preciso que Ary Gonçalves me enviasse uma mensagem (está aí abaixo), lembrando que “Julie Gayet foi a pivô do caso que levou o presidente francês Hollande ao seu segundo divórcio”.
Respondi para ele de bate-pronto um agradecimento (que também está aí abaixo).
Mas é claro! Julie Gayet – bela jovem atriz, nascida em 1972, que neste filme aqui, lançado na França em agosto de 2013, faz o papel de uma importante funcionária do Ministério de Relações Exteriores deles – em janeiro de 2014 virou personagem da política francesa, quando a revista Closer revelou que ela era amante de François Hollande, Monsieur Le Président de la République!
A revista Closer não chega a ser uma Time, uma The Economist, uma Der Stern. Não está no nível assim de um The New York Times, The Guardian, El País, Le Monde, Estadão, Globo, Clarín. Está mais assim para um tablóide inglês, aqueles popularescos, voltados para (como dizer sem parecer elite branca de zoio azul filho da puta?) as camadas menos estudadas da população. Algo próximo de coisas como Caras, Quem. Em suma: a imprensa mais preocupada com a cor da calcinha da celebridade do que com algo um pouco mais importante do que isso.
O socialista Hollande, que assumiu em maio de 2012 (sucedendo o direitista Nicolas Sarkozy, que havia sucedido exatamente Jacques Chirac, que nomeou Dominique de Villipin primeiro-ministro), ia de mal a pior, com a aprovação caindo assustadoramente, quando explodiu a notícia de que ele traía a primeira-dama Valérie Trierweiler.
Valérie Trierweiler, mulher bonita, que havia sido jornalista, a rigor não era esposa de Hollande – viviam juntos em união estável, algo extremamente comum na França de hoje.
Hollande, presidente hoje sem qualquer prestígio, deve possuir algo doce, porque, cacete, vai ser bom de comer mulher bonita assim, sei lá, no Palácio do Eliseu. Havia sido casado com Ségolène Royal, bela mulher, política respeitável, candidata da Partido Socialista à presidência, primeira mulher a chegar ao segundo turno da eleição presidencial, em 2007 – no qual foi vencida por Sarkozy, o direitista filho da mãe que comia, com papel passado, aquela maravilha que é a Carla Bruni.
Ségolène Royal foi preterida então por Valérie Trierweiler – que por sua vez foi preterida por Julie Gayet, a atriz que faz a conselheira para a África do Departamento de Estado, perdão, do Itamaraty, perdão, do ministério des Affaires Étrangères da França.
Valérie saiu atirando. Em setembro de 2014 – exatamente o mês em que vi este filme, sem saber dessa segunda ligação entre ele e a política francesa –, publicou Merci pour ce Moment, um ensaio-livro-de- memórias a respeito dos anos em que viveu com François Hollande.
A atriz Julie Gayet é uma gracinha.
E a política francesa é mais interessante do que a de outros países.
Anotação em setembro de 2014, com complemento em novembro de 2014
O Palácio Francês/Quai d’Orsay
De Bertrand Tavernier, França, 2013.
Com Tierry Lhermitte (Alexandre Taillard de Worms), Raphaël Personnaz (Arthur Vlaminck), Niels Arestrup (Claude Maupas), Bruno Raffaelli (Stéphane Cahut), Julie Gayet (Valérie Dumontheil), Anaïs Demoustier (Marina), Thomas Chabrol (Sylvain Marquet), Thierry Frémont (Guillaume Van Effentem), Alix Poisson (Odile), Marie Bunel (Martine, a secretária do ministro), Jean-Marc Roulot (Bertrand Castela), Sonia Rolland (Nathalie), Jane Birkin (Molly Hutchinson)
Roteiro Christophe Blain e Abel Lanzac
Baseado na história em quadrinhos criada pela mesma dupla
Fotografia Jérôme Alméras
Música Philippe Sarde
Montagem Guy Lecorne
No DVD. Produção Little Bear, Pathé, France 2 Cinéma, CN2 Productions, Alvy Développement. DVD Imovision.
Cor, 113 min
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Título em inglês: The French Minister.
Sergio, muito boa resenha, deu vontade de ver o filme. Vou deixar somente um pitaco, Julie Gayet foi a pivô do caso que levou o presidente francês Hollande ao seu segundo divórcio.
Meu Deus do céu e também da terra! Mas é claro, Ary! A moça cujo caso com o
Hollande foi revelado pela revista Closer em janeiro deste ano!
Muitíssimo obrigado pela sua observação.
Não tinha me caído a ficha!
Vou ter que mexer no texto!
Muito obrigado mesmo!
Abração.
Sérgio