Nota:
Joe Bradley e Anne formam, com toda certeza, um dos casais mais simpáticos, charmosos, encantadores da história do cinema.
Os dois personagens são fascinantes – e, como se isso não bastasse, nos aparecem na pele de Gregory Peck e Audrey Hepburn.
Difícil encontrar casal mais simpático, charmoso, encantador.
Joe é jornalista, mas não é um bom jornalista. Ou, no mínimo, está num momento da vida em que dá pouca importância ao jornalismo, às notícias. Pelo pouco que ficamos sabendo de seu passado, já trabalhou em boas redações em Nova York, mas faz tempo que está vivendo em Roma, trabalhando como repórter numa pequena (e fictícia, é claro) agência de notícias, a American Press Association. Ou porque não está se esforçando nada, ou porque é mesmo ruim de serviço, tem um salário baixo; vive num pequeno apartamento numa graciosa vila romana, e não paga o aluguel faz dois meses. Quando o vemos pela primeira vez, está jogando cartas com um grupo de amigos, na casa do fotógrafo Irving (Eddie Albert) – e perdendo. Nem fica para a última rodada, para não perder a última nota que tem, de 5 mil liras; 5 mil pode parecer muito, mas em dólar aquela nota vale pouquíssima coisa.
Sai caminhando pelas ruas de Roma, tarde da noite, rumo a seu apartamento. Às 11h45 da manhã seguinte, tem que estar na entrevista coletiva que a princesa Anne vai dar, no palácio belíssimo onde funciona a embaixada de seu país na Itália.
A princesa Anne, a essa altura o espectador já conhece bem. Roman Holiday, no Brasil A Princesa e o Plebeu, esta obra-prima dirigida por William Wyler em 1953, começa, após os créditos iniciais, com um cinejornal da Paramount News, que mostra cenas da recente turnê da princesa Anne por capitais européias.
Anne é a herdeira do trono de um país cujo nome não é mencionado, obviamente um país fictício. O locutor do cinejornal diz que a sua é uma das mais antigas famílias reais da Europa. Sua viagem se destina a melhorar ainda mais a relação de seu país com a Grã-Bretanha, a Holanda e a França, que ela já havia visitado, e com a Itália, onde ela está agora.
E, depois desse noticiário do cinejornal – uma bela sacada dos roteiristas para nos dizer quem é a princesa – vemos a própria, numa recepção ao corpo diplomático acreditado em Roma.
Cansada, a princessa tem um suave, belo, elegante ataque de nervos
Os créditos iniciais dizem assim: “Presenting Gregory Peck, introducing Audrey Hepburn”.
A Princesa e o Plebeu/Roman Holiday foi seu primeiro filme! Eu mesmo já havia me esquecido disso, quando nos sentamos para revê-lo com a certeza de que estávamos diante de uma maravilha.
Sei lá quantas vezes já vi A Princesa e o Plebeu, mas seguramente foram muitas. O prazer de revê-lo agora foi imenso, maior ainda do que eu esperava.
Quando Audrey Hepburn surge na tela, na recepção ao corpo diplomático, Mary comentou: “Só podia ser mesmo uma princesa”.
O cinejornal menciona que a princesa Audrey, perdão, Anne não demonstrava cansaço durante sua fatigante viagem por diversos países, com agendas carregadíssimas.
Anne sorri gentilmente para aquelas dezenas e dezenas de pessoas dos mais diferentes países que vão sendo apresentadas a ela, ela de pé para recebê-los. Usa um vestido comprido, até o chão – mas a câmara, numa indiscrição, mostra que a princesa tira um de seus sapatos e, com o pé descalço, coça delicadamente o tornozelo.
A princesa está ali cumprindo seu papel, e sorrindo educadamente para todos, mas está cansada, nessa quarta parada da viagem, após Londres, Amsterdã e Paris.
No imenso quarto de dormir reservado para ela no palazzo da embaixada, ela ouve da condessa Vereberg (Margaret Rawlings), sua dama de honra, o extenuante programa que terá no dia seguinte, e que inclui a entrevista coletiva às 11h45.
E então a princesa Anne tem um suave, belo, elegante (porque tudo que Audrey Hepburn faz é sempre suave, belo, elegante) ataque de nervos. Está cansada de tudo aquilo.
Tudo o que a princesa Anne gostaria na vida era de não ter nenhuma programação no dia seguinte. E poder passear por Roma como uma pessoa comum.
Preocupada, alarmada, a condessa Vereberg chama o médico, o dr. Bonnachoven (Heinz Hindrich). O dr. Bonnachoven aplica na princesa uma injeção de um calmante.
A princesa sai à rua anônima, para ver de perto das pessoas comuns
O calmante fará efeito, mas não de imediato. Se fizesse efeito imediato, não haveria história, não haveria uma das mais deliciosas comédias românticas de todos os tempos.
Ao se ver finalmente sozinha no quarto gigantesco, a princesa Anne, em vez de dormir, veste uma roupa mais simples, e foge do palazzo.
Daí a pouco está caminhando pela noite de Roma. Satisfazendo seu desejo, sua curiosidade de observar as pessoas nas ruas.
Estamos aos 16 minutos de filme quando a narrativa deixa a princesa Anne passeando e nos apresenta Joe Bradley, jogando cartas com os amigos e perdendo o pouco dinheiro que tem.
Aos 18 minutos, Joe Bradley, tendo deixado a jogatina na casa do fotógrafo Irving, está passando numa rua perto de ruínas da Roma Antiga, quando vê a moça deitada num banco.
Joe Bradley pode ser um jornalista ruim, ou pouco informado – ele seguramente era o único jornalista em Roma que não tinha visto uma única foto da princesa Anne em sua vida, a princesa que ele iria entrevistar na manhã seguinte –, mas é um cavalheiro.
Pára junto da moça, tenta acordá-la, tenta convencê-la de que ela não deveria dormir em plena rua.
A moça que todo mundo – com a única exceção de Joe Bradley – está cansado de saber que é a princesa Anne está sonadíssima, sonsa, com o calmante do bom dr. Bonnachoven. Ela conversa um pouco com ele, mas daí a pouco volta a dormir.
Muito contra sua vontade, Joe põe a moça num táxi. Insiste em perguntar onde ela mora, mas a moça está em sono profundo.
Cada vez mais contra sua vontade, Joe não tem outro jeito a não ser levá-la para seu apartamentozinho charmoso mas acanhado.
Joe acha que a moça bebeu demais. No dia seguinte ela deverá estar melhor.
Pouco informado, mas cavalheiro, Joe não encosta um dedo na moça linda.
As fichas demoram bastante para cair na cabeça lerda do jornalista Joe
Dormem demais, os dois, Joe e a princesa que só Joe não sabe que é a princesa.
Ele só acorda ao meio-dia – depois da hora marcada para a entrevista coletiva. Corre para o escritório. O chefe, o sr. Hennessy (Hartley Power), é um gozador. Pergunta a seu repórter como foi a coletiva da princesa, e Joe mente descaradamente como foi. Grande gozador, Hennessy faz mais e mais perguntas: o que ela respondeu sobre o comércio entre os países? Joe mente um pouco mais.
Todos os jornais daquele dia haviam noticiado com estardalhaço que a programação da princesa havia sido inteiramente cancelada, porque ela tinha tido uma repentina indisposição.
Estamos com 35 minutos de filme quando Hennessy esfrega no nariz de Joe um dos jornais do dia, com uma grande foto da princesa e a notícia de sua indisposição e do cancelamento de sua programação.
Só aí é que Joe percebe o que todos nós já sabíamos. A princesa tinha dormido na casa dele! E estava dormindo ainda quando ele saiu esbaforido para a redação.
E só aí cai a ficha na cabeça lerda de Joe Bradley que ele tinha uma matéria exclusivíssima na mão, um furo internacional.
Pergunta para Hennessy quanto ele pagaria por uma entrevista exclusiva com a princesa Anne. Hennessy pergunta se ele havia bebido de manhã. Mas, depois de algum tempo, diz que, se aquela idéia louca, absurda, inacreditável de uma exclusiva pudesse se converter em realidade, a matéria valeria a Joe 5 mil dólares.
Um delicioso conto de fadas saído da cabeça de um comunista
É absolutamente fascinante que este delicioso conto de fadas tenha saído da cabeça de um comunista.
Dalton Trumbo (1905-1976), grande roteirista, diretor de um único filme, um apavorante panfleto contra as guerras, Johnny Vai à Guerra/Johnny Got His Gun, de 1971, foi membro do Partido Comunista americano entre 1943 e 1948. É um dos chamados Dez de Hollywood – os artistas que se recusaram a depor diante do Comitê sobre as Atividades Anti-Americanas (HUAC, na sigla em inglês) da Câmara dos Deputados, e, como os demais, entrou na lista negra do macarthismo. Os estúdios estavam proibidos de contratar seus serviços ao longo dos anos 1950.
Assim, o nome de Trumbo não apareceu nos créditos iniciais de A Princesa e o Plebeu, embora ele seja o autor da história e um dos roteiristas.
No DVD lançado no Brasil pela Paramount seu nome já consta dos créditos. O Writers Guild of America, o sindicato dos roteiristas, já havia dado o devido crédito ao autor.
A trama de A Princesa e o Plebeu é sem dúvida um conto de fadas, um saboroso conto de fadas. Mas trai a ideologia de quem o criou. Afinal, tudo o que a princesa quer é ser uma pessoa comum, andar entre a gente do povo.
Na vida real, muitas mulheres comuns gostariam de ser princesas. No conto de fadas do comunista Dalton Trumbo, a princesa quer ser uma mulher comum.
É interessante pensar que essa história jamais poderia ser filmada nas últimas décadas. Uma princesa, mesmo que de um país fictício, seria perseguida em cada passo por dezenas de paparazzi.
Joe Bradley tem muito do Rick Blaine e um tanto de Atticus Finch
Ao rever o filme mais uma vez agora, me peguei pensando que Joe Bradley tem muito do Rick Blaine de Casablanca, e também um tanto de Atticus Finch de O Sol é para Todos/To Kill a Mockinbird.
Atticus Finch – que deu ao mesmo Gregory Peck de Roman Holiday o Oscar de melhor ator em 1962 – é um dos personagens mais íntegros, mais nobres da história do cinema. Advogado de uma pequena cidade do Sul Profundo racista, defende com brilhantismo um negro acusado de estuprar uma mulher branca. Quando, ao final do julgamento, ele junta seus papéis e caminha bem devagar até a porta de saída do tribunal, um velho senhor, na galeria reservada aos negros, diz para a garotinha que é a protagonista da história: “Levante-se, senhorita Jean Louise. O seu pai está passando.”
Gregory Peck na verdade fez diversos papéis de homem altivo, íntegro, nobre. Eram papéis que lhe cabiam perfeitamente, porque o próprio ator era tudo isso.
Joe Bradley não é tão íntegro, honesto, perfeito quanto o Atticus Finch de O Sol é para Todos. Como já disse no início deste texto, é até um jornalista meio chinfrim, ou no mínimo descuidado. E chega a pensar em ganhar uma boa grana com sua matéria exclusiva sobre o feriado romano da princesa Anne.
Mas, como Rick Blaine-Humphrey Bogart, que parecia em Casablanca ser um sujeito que só queria saber de cuidar de si mesmo e de seu Café Américain, sem querer tomar partido contra os nazistas, Joe Bradley cresce no final da trama. Agiganta-se. Abre mão dos seus interesses pessoais, em nome de princípios maiores, mais elevados.
O Joe Bradley-Gregory Peck que caminha a passos lentos pelo gigantesco salão do palazzo romano tem a mesma estatura moral do Atticus Finch-Gregory Peck ao deixar o tribunal da cidadezinha racista do Alabama.
Foi o primeiro papel importante de Audrey, e ela já levou o Oscar
Audrey Hepburn irrompeu no cinema como uma princesa, uma estrela maior.
Já em seu primeiro papel importante, no filme em que os letreiros iniciais dizem “introducing Audrey Hepburn”, foi indicada ao Oscar – e levou a estatueta. Seria indicada novamente para o prêmio por Sabrina (1954), Uma Cruz à Beira do Abismo/The Nun’s Story (1959), Bonequinha de Luxo/Breakfast at Tiffany’s (1961) e Um Clarão nas Sombras/Wait Until Dark (1967).
A rigor, o “introducing” é uma mentirinha. A Princesa e o Plebeu não foi o primeiro filme dessa moça elegante por natureza, cosmopolitana de nascença (o pai era um banqueiro inglês e a mãe, uma baronesa holandesa). Em 1951, o ano em que completou 22 de idade, participou de cinco filmes e uma série para a TV, em papéis pequenos. Em 1952, teve pequeno papel em um filme e fez outra série de TV. Mas seu primeiro papel importante foi mesmo aqui.
A Princesa e o Plebeu teve dez indicações ao Oscar, inclusive os de melhor filme e melhor diretor. Levou três – o de Audrey Hepburn, um dos vários de Edith Head pelos figurinos e o de melhor história.
O Oscar de melhor história (esse prêmio não existe mais) foi dado a Ian McLellan Hunter, que servia de testa de ferro, de laranja, para Dalton Trumbo. Em dezembro de 1992 a Academia decidiu mudar os registros e dar o crédito a Dalton Trumbo. O nome de Ian McLellan Hunter foi removido dos registros da Academia, e uma estatueta foi entregue à viúva de Trumbo em 1993.
William Wyler filmou esta comédia entre dois dramas pesados
Um grande filme tem sempre muitas historinhas saborosas. Aí vão algumas, boa parte delas tirada do IMDb:
* William Wyler a princípio queria Jean Simmons no papel de Anne; quando ficou claro que a bela atriz inglesa não faria o filme, o diretor quase desistiu do projeto.
* Audrey Hepburn ganhou o papel de Anne graças ao teste de cena. Wyler havia instruído o operador de câmara para continuar filmando mesmo depois que ele desse a ordem de “Cut”. Então a jovem Audrey representou uma das cenas previstas do roteiro, mas continuou conversando depois da ordem para cortar. Sua espontaneidade na parte não oficial do teste teria sido bem importante para sua escolha para o papel.
* Esta foi a primeira comédia da carreira de Gregory Peck. Consta que ele estava doido para fazer um papel numa comédia. E teria dito que todos os roteiros que lia naquela época “tinham as impressões digitais de Cary Grant”. O que é interessante, porque Cary Grant faria uma comédia-ação-mistério com Audrey Hepburn, o maravilhoso Charada, de Stanley Donen, o mesmo Stanley Donen que dirigiria Gregory Peck em outra comédia-ação-mistério, Arabesque, em que ele contracena com outra das maiores estrelas do século XX, Sophia Loren.
* Consta que o papel de Joe Bradley chegou a ser oferecido a Cary Grant, mas ele teria recusado por acreditar que estava velho demais para fazer o papel junto de uma garotinha tão jovem. No entanto, trabalharia com Audrey em Charada, dez anos mais tarde.
* Havia muito tempo também que William Wyler não dirigia uma comédia. A última havia sido em meados dos anos 1930. A Princesa e o Plebeu veio depois de dois dramas pesados: Tarde Demais/The Heiress e Chaga de Fogo/Detective Story.
* O filme teve um orçamento de cerca de US$ 1,5 milhão, e rendeu US$ 5 milhões só nas bilheterias americanas.
* Foi a primeira produção americana a ser inteiramente rodada na Itália. Os créditos iniciais mostram que os produtores se orgulhavam disso. Está lá o seguinte: “This film was photographed and recorded in its entirety in Rome, Italy”.
* A seqüência do baile na embaixada, no início do filme, contou com importantes figuras da sociedade italiana trabalhando como extras; consta que eles doaram seus salários para entidades de caridade. Os repórteres na coletiva no final do filme também eram de fato repórteres.
* Na época da filmagem em Roma, Gregory Peck estava se separando de sua primeira mulher, Greta Kukkonen. E foi durante a estadia em Roma que ele conheceu uma francesa chamada Veronique, com quem se casou e viveu até sua morte, em 2003.
* Audrey Hepburn estava atuando na Broadway, na peça Ondine, com seu futuro marido Mel Ferrer, quando ganhou o Oscar de melhor atriz. Mais tarde, no mesmo ano, ela venceu o Tony, o Oscar da Broadway, por sua interpretação em Ondine. Ela é até hoje uma das duas únicas atrizes a ganhar o Oscar e o Tony no mesmo ano. A outra é Ellen Burstyn, que ganhou o Oscar por Alice Não Mora Mais Aqui, de Martin Scorcese, e o Tony por Same Time, Next Year. (Ellen Burstyn depois faria o filme baseado nessa peça.)
“À meia-noite, virarei uma abóbora, e irei embora com meu sapato de cristal”
Quando A Princesa e o Plebeu já está na segunda metade, há um diálogo especialmente delicioso. O filme é cheio de diálogos gostosos, inteligentes, espirituosos, mas este me chamou especialmente a atenção.
É quando Joe Bradley e o fotógrafo Irving incentivam Anne a continuar suas aventuras naquele seu dia de passeios por Roma. Anne se lembra de que o cabeleireiro que tinha conhecido antes havia mencionado o lugar onde se dançava junto do Rio Tibre.
O repórter e o fotógrafo sabem que Anne é a princesa, mas ela não sabe que eles sabem. Eles querem mais histórias, mais fotos para sua reportagem exclusiva, seu furo mundial.
E então a princesa Anne-Audrey Hepburn diz: – “À meia-noite, virarei uma abóbora, e irei embora com meu sapato de cristal”.
E Joe-Gregory Peck: – “E será o fim do conto de fadas”.
Meu Deus do céu e também da terra, que filme maravilhoso.
Anotação em maio de 2013
A Princesa e o Plebeu/Roman Holiday
De William Wyler, EUA, 1953
Com Gregory Peck (Joe Bradley), Audrey Hepburn (Princesa Anne),
e Eddie Albert (Irving Radovich), Hartley Power (Mr. Hennessy), Harcourt Williams (o embaixador), Margaret Rawlings (condessa Vereberg), Tullio Carminati (General Provno), Paolo Carlini (Mario Delani, o barbeiro), Claudio Ermelli (Giovanni, o senhorio), Heinz Hindrich (Dr. Bonnachoven)
Roteiro Dalton Trumbo (não creditado na época do lançamento do filme) e John Dighton
Baseado em história de Dalton Trumbo (também não creditado na época do lançamento do filme)
Fotografia Henri Alekan e Franz Planer
Música Georges Auric
Montagem Robert Swink
No DVD. Produção Paramount. DVD Paramount.
P&B, 118 min
R, ****
Sérgio, sem pieguices, você me faz chorar de emoção, após um texto como esse!
Gregory Peck é Deus. Amém.
Meu filme favorito!
Engraçado que entrei aqui esses dias procurando esse filme e também o Bonequinha de Luxo (que só vi há pouco tempo e não achei nada da grandiosidade que falam; pelo contrário, assisti dando pausas porque não aguentava a chatice; é superestimado).
Eu vi A Princesa e o Plebeu quando tinha uns 17, 18 anos. Passou na Globo, num horário já meio tarde. Comecei a ver despretensiosamente, mas não consegui desgrudar da tela, e quando terminou eu estava encantada. Comentei com uma amiga da época, e passado um tempo, ela disse que tinha visto e que o filme era uma porcaria. Falei que não era possível, e fiz umas perguntas para saber se era o mesmo, e claro que não era; ela tinha visto uma refilmagem.
Não lembro de quase nada da história, só lembro de ter gostado muito e de ter achado muitas cenas engraçadas. Eu só o vi uma vez, acho que por medo de perder o encanto, mas lendo o seu texto fiquei com vontade de assistir novamente e já baixei!
Pode rever numa boa, caríssima Jussara. Acho muito difícil você se decepcionar com o filme. Praticamente impossível.
Um abraço.
Sérgio
E, Valdecir, agradeço muito por sua mensagem. Porque, é claro, a entendo como um elogio…
Um abraço.
Sérgio
Segui seu conselho e revi o filme, já faz um tempo. E realmente, seria difícil eu me decepcionar com ele. Claro que ao revê-lo agora, depois de décadas, a impressão foi diferente, mas não deixou de ser um prazer.
A história é deliciosa e cheia de diálogos engraçados. Sinto uma certa inveja da inocência daquela época, do respeito, dos “modos”, embora certamente não fosse exatamente como nos filmes.
Gregory Peck bonitão, charmoso e bom ator; Audrey Hepburn tinha mesmo rosto de princesa. Aliás, para mim a definição de “rosto de princesa” é o rosto dela, justamente por causa desse filme.
Acho muito legal a história de como Peck conheceu a segunda mulher, e como deu certo de ficarem juntos pelo resto da vida, mesmo com ele recém saído do primeiro casamento (eles tinham uma história bem bacana de filantropismo).
Audrey Hepburn fez teste para o papel de dançarina de An American in Paris. Ela fez o teste com o próprio Gene Kelly, ele gostou dela, viu que ela tinha talento e etc, mas queria alguém com um rosto mais francês, algo assim (quando eu achar o texto onde li isso, atualizo aqui). O papel acabou ficando com a insossa da Leslie Caron, mas logo depois Audrey fez o teste para A Princesa e o Plebeu e deu no que deu (tem parte desse teste no YouTube).
O final da história era diferente do que eu tinha na cabeça; não sei se confundi com outro, ou se no fundo era o final que eu queria, mas fiquei levemente decepcionada. De todo modo, não tirou a graça e a leveza desse filme simpático, charmoso, encantador (sim, roubei e usei os mesmos adjetivos que você usou para os atores, no começo do texto – e acho que deu super certo). E obrigada por me encorajar a revê-lo, é um filme para ser visto várias vezes ao longo da vida.
Sérgio, assistir novamente a esse filme é sempre um prazer. Procurava por informação sobre os locais onde foi filmado e encontrei seu charmoso texto. Resumiu bem, parabéns! E veremos muitos outras vezes!!! ✨✨✨