Disque M para Matar / Dial M for Murder


3.5 out of 5.0 stars

Anotação em 2010: Fazia muito, muito tempo que eu não revia Disque M Para Matar. Ao revê-lo agora, com grande prazer, fiquei impressionado com várias coisas, é claro. Como estão bem Ray Milland, Grace Kelly e John Williams. Como é bem elaborada a trama, cheia de pequeninos detalhes. Como são excelentes os diálogos. Como é esplêndida a câmara do mestre Hitchcock, mesmo presa entre quatro paredes.

Posso estar enganado, mas, em geral, quando se fala de Grace Kelly a primeira coisa que nos ocorre é a beleza – e de fato é uma beleza estonteante, absurda, um quadro renascentista. Mas é igualmente impressionante a interpretação dela como Margot, a mulher rica e infiel, dividida entre o amante americano, Mark (Robert Cummings), e o marido, Tom (Ray Milland), que de uns tempos para cá – um ano, precisamente – mudou bastante de comportamento e passou a dar a ela muito mais atenção do que no passado.

É fantástica a transformação de seu rosto ao longo do filme – desde o início em que está alegre, feliz, entre o marido e o amante, até a mulher arrasada, destruída, da metade do filme em diante.

Ray Milland está soberbo como Tom, esse canalha, mau caráter, cínico, preguiçoso, braço de jacaré, jamais disposto ao trabalho, ardiloso, cheio de truques e planos, e sempre elegante, fino, polido, um verniz de gentleman perfeito encobrindo a sujeira da alma. O Tom que Ray Milland criou é sem dúvida um dos mais elegantes pilantras da história do cinema – e um dos tipos mais sórdidos e malucos também. Como é possível, meu Deus do céu e também da Terra, mandar matar uma mulher daquela?

Tom encomenda o assassinato da incrivelmente bela Margot. E isso não é um spoiler, um estraga-prazer, porque até o sofá da sala sabe que essa é a história de Disque M Para Matar. O eventual espectador que caiu ontem da Lua e não sabe disso ficará sabendo com uns 15 minutos de filme.

E que primeiros 15 minutos. De fato, que bela trama – e que bela realização, a do mestre Hitch, embora dizer isso seja chover no molhado. Vemos o casal em sua confortável sala de estar, no café da manhã, a loura e lindérrima Margot vestida de branco, o educado e elegante Tom num belo terno. Beijam-se, vivem num lugar bonito, um bom apartamento em Londres. Ela lê o jornal – The Times, é claro –, e, epa! Um famoso escritor de histórias de mistério, Mark Halliday, é um dos passageiros que estão chegando da América no Queen Mary – corta, temos uma tomada do Queen Mary chegando ao porto, feita em estúdio, com transparência (o cenário de fundo sendo projetado numa tela), sem qualquer tentativa séria de enganar o espectador, uma marca registrada de Hitch, e logo vemos a loura e lindérrima Margot num vestido vermelho vivíssimo beijando o amante Mark, na mesma sala de estar de seu apartamento. Um ruído de porta lá embaixo no térreo, a câmara se fixa na porta de entrada do apartamento, vemos as sombras de Margot e Mark se afastarem uma da outra, entra Tom, e Margot, absolutamente calma e à vontade, faz as apresentações.   

Nenhuma sutileza: vestido branco no café da manhã com o marido, vestido vermelho vivíssimo com o amante.

Em menos de dez minutos, temos o triângulo apresentado, demonstrado, às claras. A combinação era que sairiam os três para o teatro, mas Tom diz que surgiu uma tarefa urgente no trabalho, ele não poderá ir, ficará trabalhando num relatório para o patrão, mas que Margot e Mark saiam e se divirtam. E na seqüência seguinte – uma seqüência bem, bem longa – Tom recebe a visita de Lesgate, na verdade Swan (Anthony Dawson, bom ator, perfeito no papel), o homem que ele tentará convencer a matar Margot. Tom tem um plano elaborado nos mínimos detalhes, e uma carrada de argumentos poderosíssimos para fazer Swan aceitar a missão.

         “You just shoot it”

No bom documentário sobre o filme incluído no DVD, o diretor Peter Bogdanovich, autor do livro The Cinema of Alfred Hitchcock, lançado em 1963, conta o seguinte:

– Perguntei a Hitchcock por que ele tinha feito Disque M Para Matar. E ele disse (e aí Bogdanovich, que também tem experiência vasta como ator, imita a voz do velhinho inglês): “Quando as baterias estiverem pifando, pegue uma peça de sucesso e faça um filme”. E de fato ele pegou uma peça de sucesso de Frederick Knott. E mexeu bem pouco para torná-la cinematográfica. Disse a ele: “Notei que o senhor não mudou muito”. (E de novo imita o mestre:) “Não, nunca faça isso. Se você tem uma peça de sucesso, simplesmente filme. Não mexa. Não tente torná-la cinematográfica. O que você adquire ao comprar uma peça é a construção. É a construção que a tornou um sucesso. Se você mudar isso, porá a perder exatamente aquilo que comprou. Simplesmente filme a peça.”      

E aí Bogdanovich diz o óbvio: tudo depende de quem vai simplesmente filmar.

          A câmara e os personagens sempre em movimento

É claro. A trama é boa, é ótima, os personagens são interessantes, encaixam-se perfeitamente todos os pequenos detalhes – as chaves, a questão toda das chaves, que é o centro de tudo; a bolsa de Margot, a carta de Mark, as meias de Margot, as notas surradas de 1 libra. Os atores são excelentes. Um diretor com um mínimo de talento conseguiria certamente fazer um bom filme. Quando é Hitchcock, então…

– Ninguém era melhor que Hitchcock em termos de escolher o lugar certo para estar em cada momento do filme – prossegue Bogdanovich. – É disso que se trata: colocar a câmara exatamente no lugar certo.

Quase todas as seqüências do filme de 123 minutos se passam dentro do apartamento do casal Tom e Margot, e o roteiro foi escrito por Frederick Knott, o próprio autor da peça teatral. Mas a verdade é que o espectador nem fica preocupado com isso; seu interesse está é na história, que é fascinante. E o espectador nem percebe que está preso num único cenário, porque a câmara de Hitchcock consegue ser ágil mesmo dentro daqueles estreitos limites. A câmara até que não anda tanto quanto nos demais filmes do mestre (e vou precisar voltar a esse tema um pouco mais tarde); mas ele a coloca em tantas posições diferentes, dentro daquela sala de estar, e os personagens estão sempre em movimento, que o que vemos não é teatro filmado – é cinema puro. Cinema, sempre é bom lembrar, vem do grego kinema, que significa movimento.

O homem sabia demais. Como notou outro entrevistado do pequeno documentário, acho que o historiador de cinema Robert Osborne, Hitchcock já havia feito um filme inteirinho passado dentro de um bote salva-vidas – Um Barco e Nove Destinos/Lifeboat, de 1944 –, e outro inteirinho passado dentro de um apartamento, e feito como se fosse em um único plano-seqüência – Festim Diabólico/Rope, de 1948.

Então, o fato é que o filme vai se desenrolando e o espectador nem percebe que está num único cenário – ou, se percebe, não dá a menor bola para isso. Não interessa. O filme prende a atenção do espectador direto e reto. É de tirar o fôlego.

         Disque M foi filmado em 3D!

Muito bem. Isso dito, isso colocado, vou ter que admitir, não sem uma boa dose de vergonha, uma estúpida falha minha. Uma falha de conhecimento, uma falta de informação histórica, e ao mesmo tempo também uma falha como espectador atento, como observador. Se é que eu já soube disso alguma vez na vida, tinha me esquecido completamente – e, ao rever agora o filme, exatamente nestes tempos de Avatar, não reparei: Disque M Para Matar foi filmado em 3D!

Gigantesca falta de conhecimento. Gigantesca pisada na bola como observador.

Só fui ver essa informação nos especiais do DVD, após ver o filme. Aí, é claro, cai a ficha – e a ficha cai como um elefante cai na lama. Cai com um baita estrondo. É claro! Como foi que eu não percebi isso ao ver o filme? Em diversas tomadas, na maioria delas, na verdade em quase todas, há objetos em primeiro plano, colocados entre a câmara e os personagens. As garrafas de bebida – temos as garrafas de bebida em primeiro plano, e lá atrás Ray Milland e Grace Kelly. Ou um vaso de flores. Ou um enfeite qualquer. Claro, óbvio – porque é isso que dá, para quem vê um filme num cinema equipado com projetores para terceira dimensão, a sensação de 3D, a profundidade do campo.

Claro que, nos filmes vagabundos que se fizeram na primeira tentativa da indústria de implantar o 3D, exatamente no início dos anos 50, apelava-se para truques baratos – os personagens estavam sempre lançando coisas para a frente, em direção à câmara, para assustar os pobres espectadores com aqueles óculos desconfortáveis na cara, ou por cima dos seus próprios óculos de grau.

Como é Hitchcock, o que há é isso: em quase todas as tomadas, há algo em primeiro plano, com os personagens logo atrás. Apenas em dois momentos – momentos chaves, especiais, em que isso se justifica perfeitamente dentro da narrativa – alguma coisa avança em direção à tela, o que nos cinemas deve ter sido realmente aterrador, dando aquela impressão de que está vindo na cara do espectador, está saindo da tela e vindo na cara. A primeira delas é a mão direita de Grace Kelly que se lança na direção da câmara, procurando pegar a tesoura, na clássica, antológica, brilhante cena da tentativa de assassinato. A outra é já bem no final, quando a chave – a chave da porta que é a chave de toda história – avança rumo à fechadura, avança rumo à câmara.

         Quando chegou aos cinemas, o modismo do 3D já havia passado

E é o fato de ter sido filmado em 3D – quando são usadas duas câmaras, uma ao lado da outra – que explica por que, ao contrário do normal, a câmara de Hitchcock, neste filme aqui, mexe-se pouco. Mexe-se, é verdade – mas nem tanto quanto nos demais. O mestre, porém, compensou o número menor de travellings com o uso de tomadas feitas de diversos locais do estúdio onde se reproduziu a sala de estar do apartamento. Ficou elas por elas, como eu já havia dito mais acima, antes de falar da coisa do 3D.

O pequeno documentário que acompanha o filme no DVD conta a grande ironia da história: o estúdio, a Warner Bros., exigiu que o filme fosse feito em 3D, porque, naquela época, 1953, tudo era ou em CinemaScope ou em 3D – as armas que o cinema estava usando para enfrentar a concorrência da televisão. Mas, quando o filme ficou pronto, em 1954, o modismo do 3D já estava virando coisa do passado. Disque M Para Matar chegou a ser exibido em 3D – mas virou clássico na forma tradicional.

Agora que o 3D voltou, e muita gente boa garante que desta vez para ficar, quanto tempo vai levar para a Warner tire dos seus baús a versão em terceira dimensão do filme e promova a reestréia nas salas? Se demorar, é porque são muito burros, os caras.

Vejo no final da crítica de Pauline Kael – que desprezou o filme – o seguinte: “Filmado em 3D, mas lançado em geral na forma convencional; a versão em 3D foi relançada em 1980”. Não sabia que tinha havido uma tentativa de voltar com o 3D em 1980.

         Refilmagens desnecessárias – por que não rever o original?

Em 1981, a peça foi refilmada para a TV americana, com direção de Boris Segal e Angie Dickinson e Christopher Plummer nos papéis centrais; segundo Leonard Maltin, a refilmagem usou muito dos toques que Hitchcock deu à história.

Em 1998, um sujeito chamado Patrick Smith Kelly fez um roteiro a partir da trama da peça original, adaptando a história à Nova York de então. O resultado foi Um Crime Perfeito/A Perfect Murder, o filme dirigido por Andrew Davis com Michael Douglas, Gwyneth Paltrow e Viggo Mortensen nos papéis principais – um filme bem anos 1990, com sangue esguinchando na cara de Gwyneth Paltrow, a explicitude dos novos tempos, os exageros dos novos tempos.

Bobagem, bobagem. Muito melhor é rever o original – mesmo sem 3D.

         O inglês John Williams rouba a cena

Lá em cima, citei o ator John Williams (na foto ao lado). John Williams, ator inglês nascido em 1903 e morto em 1983, que Hitchcock dirigiu também em Agonia de Amor/The Paradine Case, de 1948, e Ladrão de Casaca/To Catch a Thief, de 1955, homônimo do compositor de dez de cada dez filmes de Spielberg, entra no filme a partir da metade – e rouba a cena. Faz o inspetor-chefe Hubbard, uma figuraça sensacional, inglês até a medula.

A frase dele, quando Mark Halliday, o amante americano, autor de novelas policiais, aparece sem ser convidado, é sensacional:

– “Eles falam dos policiais de pé chato. Que os santos nos protejam dos amadores talentosos.”

E, quando entrega a bolsa de Margot para que um subordinado leve até a delegacia, e o policial põe a bolsinha no braço, como se fossse uma mulher:

– “Oh, espere aí! Você não pode andar na rua desse jeito… Você, você pode ser preso!”

Foi o primeiro dos três filmes que Hitchcock fez com Grace Kelly, um atrás do outro. Logo em seguida, no mesmo ano, 1954, viria Janela Indiscreta/Rear Window, e, no ano seguinte, Ladrão de Casaca

A carreira de Grace Kelly foi meteórica demais – não me lembrava que tinha sido tão curta, tão absolutamente breve. Durou de 1951 a 1956. Foram apenas 11 filmes. Aí virou princesa. Melhor para ela, azar, imenso azar do cinema, e de todos nós.

         O maior marqueteiro de si mesmo da história do cinema

Já considerava esta longa anotação pronta quando fui dar uma olhada no livro Hithcock Truffaut, aquela preciosidade – a reunião das entrevistas que o genial cineasta francês fez com o mestre Hitch, editado originalmente em 1967, e que teve uma belíssima edição brasileira em 2004, pela Companhia das Letras. Dá vontade de transcrever toda a parte sobre Disque M Para Matar, mas seria trabalhoso demais. Vou transcrever alguma coisa.

Hitchcock deixa claro que não gosta muito do filme; Truffaut deixa claro que o adora.

“Truffaut – Estamos em 1953, com Disque M Para Matar

Hitchcock – … sobre o qual podemos passar muito rapidamente, pois não tenho muito a dizer.  

Truffaut – Peço desculpas por não ter a mesma opinião, ainda que se trate de um filme de momento…”

Aí Hitch conta que tinha um contrato com a Warner Bros; estava trabalhando num roteiro que não andava. “Descobri que a Warner Bros havia comprado os direitos de uma peça que era um sucesso na Broadway, Disque M Para Matar, e falei na mesma hora: ‘Vou pegar isso’, pois sabia que aí eu podia navegar.”

Fez o filme em 36 dias apenas. Truffaut pergunta sobre a questão do 3D, e dá uma informação interessantíssima: “Infelizmente, na França só o vimos como se fosse plano, pois por pura preguiça os gerentes dos cinemas não quiseram distribuir os óculos à entrada das sessões”. E Hitch replica: “Como a impressão de terceira dimensão era sobretudo nas tomadas em contre-plongée, mandei fazer um fosso para que às vezes a câmara pudesse ficar no nível do soalho. Fora isso, havia poucos efeitos ligados diretamente ao relevo.”

“Truffaut – Um efeito com um lustre, com um vaso de flores e, sobretudo, com as tesouras.

Hitchcock – É, quando Grace Kelly procura uma arma para se defender, e depois um efeito com a chave na fechadura, e nada mais.”

Aí Truffaut pergunta se, fora isso, o filme é muito fiel à peça, e Hitch responde basicamente o que respondeu também a Bogdanovich e já citei lá em cima. Discorre sobre o que considera um grande erro de muitos diretores, quando filmam peças de teatro, de tentar criar cenas de exterior, para tirar a impressão de coisa teatral. Diz que, ao fazer isso, esses diretores perdem uma qualidade fundamental da peça, que é a sua concentração.

Hitch fala sobre as roupas de Grace Kelly – e aqui é bom lembrar que este foi seu segundo filme em cores, depois apenas de Festim Diabólico: “Em matéria de cor, fiz uma pesquisa interessante em torno do figurino de Grace Kelly. Ela vestiu cores vivas e alegres no início do filme, e suas roupas foram ficando cada vez mais escuras à medida que a trama ia se tornando mais ‘sombria’.”

Nesse momento Truffaut fala – que maravilha, Truffaut:

“Antes de deixarmos Disque M Para Matar, do qual falamos como de um filme menor, gostaria, ainda assim, de lhe dizer que é um dos seus filmes que mais revejo, e sempre com muito prazer. Aparentemente é um filme de diálogos, e, no entanto, a perfeição da decupagem, do ritmo, da direção dos cinco atores é tamanha que escutamos cada frase em atitude de recolhimento. Creio que é muito difícil fazer com que um diálogo ininterrupto seja bem escutado; nisso aí, mais uma vez, você conseguiu algo que parece fácil mas que na verdade é muito difícil.”

E aí o velhinho doido, o maior marqueteiro de si mesmo da história do cinema, mais até que Cecil B. de Mille, que Quentin Tarantino, mostrou mais uma vez que, quando o Criador distribuiu a modéstia, ele estava passeando longe:

“Fiz meu trabalho, o melhor possível. Servi-me de meios cinematográficos para contar essa história adaptada de uma peça de teatro. Toda a ação de Disque M Para Matar se passa numa sala, mas isso não tem a menor importância. Eu também filmaria de bom grado um filme inteiro dentro de uma cabine telefônica.”

Ah, sim, para terminar: neste filme, Hitchcock não faz aquela aparição como extra, que tradicionalmente faz em quase todos os seus filmes. Quer dizer, faz, mas não em ação, em movimento. Ele aparece numa foto que Tom mostra duas vezes durante o filme, para outros personagens e para a câmara.

Disque M Para Matar/Dial M for Muder

De Alfred Hitchcock, EUA, 1954

Com Ray Milland (Tom Wendice), Grace Kelly (Margot Wendice), Robert Cummings (Mark Halliday), John Williams (inspector-chefe Hubbard), Anthony Dawson (Lesgate, ou Swan)

Roteiro Frederick Knott, baseado em sua peça teatral

Fotografia Robert Burks

Música Dimitri Tiomkin

Produção Warner Bros.

Cor, 123 min

R, ***1/2

28 Comentários para “Disque M para Matar / Dial M for Murder”

  1. Nunca li nada que descreva melhor Hitchcock do que essa resposta a Truffaut:
    “Fiz meu trabalho, o melhor possível. Servi-me de meios cinematográficos para contar essa história adaptada de uma peça de teatro. Toda a ação de Disque M Para Matar se passa numa sala, mas isso não tem a menor importância. Eu também filmaria de bom grado um filme inteiro dentro de uma cabine telefonônica.”
    Obrigada, Sergio. Valeu. Vou comprar o DVD e rever esse filme do qual sempre gostei e cuja cena da mão buscando a tesoura, sem eu saber que tinha sido filmada em 3D, sempre me impressionou.
    Assim como a transformação de uma mulher esplendorosamente colorida numa pessoa quase em preto e branco. Grande diretor, grande atriz.

  2. É uma honra para mim ter um comentário seu no site, Maria Helena. Muito obrigado.
    Sérgio

  3. Ótimo texto, Sérgio!

    Você definiu muito bem uma das fortes impressões deixadas por esse clássico: o fato de 99% do filme se passar no apartamento – lembro-me somente da cena do Queen Mary se aproximar do porto de Londres e a do restaurante que se desenrola simultaneamente à invasão do apartamento por Swann – e só percebermos isso depois, em momento de análise e revisão.

    Hitchcock dirige magistralmente os diálogos e os pequenos detalhes do comportamento de cada personagem. Os enquadramentos são tão diferentes – e muitos ousados, como a tomada feito em perspectiva isométrica – que o cenário único em momento nenhum cansa a quem assiste.

    Enfim, mais uma aula de Hitchcock!

    Abraço,

    Matheus Nahkur

  4. Caro Sérgio tenho que encontrar este filme em DVD, é um dos filmes de Hitchcock que vi só no cinema e na TV; nem em VHS.
    E como gosto dele.
    Vou já procurar!

  5. Já tenho o DVD e já vi o filme.
    Gostei muito e até gostei mais do que quando o vi no cinema. Às vezes acontece-me o contrário: filmes antigos que adorei no cinema e que agora não aprecio muito.
    A sua análise está um primor, aliás gosto muito da sua maneira de escrever.
    Nós por cá temos um estilo muito sério, pesadão, chato; qualquer autor de um blog sobre cinema esmera-se em usar frases complicadas, rebuscadas e pomposas.
    Também tenho o livro de Truffaut já há uns bons anos e não me caso de o ler.
    Uma maravilha aquela dupla!

  6. Caríssimo José Luís,
    Agradeço imensamente pelo seu comentário – e pelo elogio que você faz à minha maneira de escrever. Como acho que já mencionei, tenho o maior respeito por você, por causa de seus comentários que demonstram elegância, educação, conhecimento sério dos filmes e paixão por eles – pelos bons entre eles.
    Digo a você que me deixa extremamente feliz sua referência à forma com que escrevo. É uma coisa de que me orgulho. Neste paisão aqui colonizado por seus antepassados temos essa mesma característica a que você se refere: uma paixão pelo estilo sério, pesadão, chato, pelas frases complicadas, rebuscadas, pomposas.
    Uma vez me disseram que meus comentários sobre os filmes são agradáveis porque parece que estou conversando com amigos no bar – o contrário dessa coisa rebuscada que os críticos de cinema perseguem. Foi um dos maiores elogios que tive na vida.
    Jamais me esqueci da lição dada por um professor de Filosofia no Colégio de Aplicação, em Belo Horizonte: “Só é complexo, confuso, tortuoso quem não sabe o que dizer”.
    Um grande abraço!
    Sérgio

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