Laços de Ternura / Terms of Endearment


Nota: ★½☆☆

Anotação em em 2009: Este filme foi o grande ganhador do Oscar de 1983. Teve 11 indicações, e levou cinco prêmios, inclusive os mais importantes: ganhou os de melhor filme, melhor diretor para James L. Brooks, melhor atriz para Shirley MacLaine, melhor roteiro adaptado para James L. Brooks e melhor ator coadjuvante para Jack Nicholson.

Entre os indicados que não levaram estão Debra Winger (ela concorria com a própria Shirley MacLaine na categoria de atriz), John Lihtgow (ele concorria com Jack Nicholson como ator coadjuvante) e Michael Gore, o autor da trilha sonora.

Além dos cinco Oscars, o filme ganhou outros 25 prêmios, inclusive os Globos de Ouro de melhor filme dramático, atriz para Shirley MacLaine, ator coadjuvante para Jack Nicholson, roteiro e diretor para James L. Brooks.

E foi também um estrondoso sucesso de público. Ficou em segundo lugar nas bilheterias de Estados Unidos e Canadá, num ano em que o primeiro foi de O Retorno de Jedi, o terceiro filme da trilogia Guerra nas Estrelas de George Lucas.

“Este foi outro ‘filme do público’ – como Love Story, Num Lago Dourado e até qualquer um dos da série Rocky, um filme que atrai o público não por causa de efeitos especiais ou muita ação, ou por causa das andanças pra cima e pra baixo de uma putinha, mas simplesmente porque há uma história com a qual as audiências podem se conectar”, diz Susan Sackett, uma escritora de bom texto, em seu livro The Hollywood Reporter Book of Box Office Hits. A página do livro sobre este filme é cheia de informações, e então transcrevo aqui o que ela diz:

O filme foi virtualmente o trabalho de uma única pessoa, o escritor-produtor-diretor James L. Brooks. Brooks começou sua carreira como redator mal pago do jornalismo da CBS em Nova York, e mais tarde mudou-se para a Costa Oeste, onde formou uma parceria com outro escritor, Allan Burns. Juntos, criaram o bem-amado Mary Tyler Moore Show; a dupla ganhou quatro Emmys, o Oscar da TV americana, por seu trabalho no show que foi exibido na TV ao longo de sete anos. Enquanto trabalhava na Paramount contratado para desenvolver projetos, Brooks topou com a novela Terms of Endearment, de Larry McMurtry. Ficou tão encantado com as possibilidades que pediu à Paramount para comprar os direitos de filmagem do livro, reservando para si próprio o papel de diretor. “Fiquei fascinado com o fato de que iria dirigir”, confessou Brooks. “Eu sabia onde eu poderia me ferrar. Mas estava seguro na coisa de trabalhar com atores, e tinha experiência como produtor. Todo o resto que aprendi foi por uma espécie de osmose.”

Brooks foi abençoado com um elenco vencedor, uma das razões do enorme sucesso do filme, prossegue Susan Sackett. Aí ela fala de Shirley MacLaine, Jack Nicholson – “num papel para o qual ele parece ter nascido” -, Debra Winger, Danny DeVito, John Lithgow. E conclui: “O filme, embora trate de um tema depressivo, é também cômico, tocante, e, no geral, com um tom para cima. Pegue lenços de papel quando for vê-lo, mas prepare-se também para risadas.” 

O ótimo livro brasileiro Tudo Sobre o Oscar, de Fernando Albagli, diz: “Como em 1979 e 1980, a Academia volta a premiar um filme sobre relações familiares. Trinta anos de relacionamento entre a viúva Aurora Greenway (MacLaine) e sua filha Emma (Winger). Misto de comédia e drama familiar na primeira parte mas com um fim trágico, é uma oportunidade para se ver uma espécie de duelo de interpretações entre duas atrizes das que melhor expressam vulnerabilidade por trás de uma aparência forte, e a cumplicidade entre dois veteranos – MacLaine e Nicholson, este como Garrett Breedlove, ex-astronauta com quem Aurora está tendo seu primeiro caso em 15 anos.”

Larry McMurtry, o autor do romance em que o filme se baseou, escreveu também A Última Sessão de Cinema, que virou o belo filme de Peter Bogdanovich de 1971. Essa informação abre o texto sobre Laços de Ternura no livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer. “Até hoje continua sendo um exemplo de como fazer um dramalhão hollywoodiano de sucesso comercial”, diz o livro. “Debra Winger, no ápice da sua carreira nos anos 80, faz o papel de Emma, protagonista e filha teimosa da possessiva e por vezes sufocante Aurora (Shirley MacLaine). Laços de Ternura acompanha a relação delas durante vários anos.”

Tudo bem. Juntei aí um bando de informações sobre o filme – e, até agora, não dei opinião pessoal alguma. Então vamos lá.

Não gostei do filme.

Por algum motivo do qual não me lembro, não quis ver o filme na época do lançamento. Resolvi vê-lo agora, alguns dias depois de ver também pela primeira vez outro filme que Debra Winger fez no início dos anos 80, A Força do Destino/An Officer and a Gentleman. Debra Winger me fascina cada vez mais, e por isso fui atrás do DVD na 2001.

Sim, Debra Winger está maravilhosa. Sua atuação é um espetáculo, um brilho. Acho que ela está tão boa quanto Shirley MacLaine. Na verdade, todo o elenco está muito bem – Jack Nicholson, John Lithgow, Jeff Daniels. (E, credo, como está jovem o Jeff Daniels! Todos estão bem mais jovens, é claro; o filme tem 25 anos, um quarto de século. Mas quem mais me impressionou na coisa da cara jovem foi Jeff Daniels.)

E, sim, é uma história de gente comum, gente como a gente, relações afetivas, relações familiares, ou seja, o tipo de filme de que eu gosto.

Então, se o elenco é ótimo, se é história de relações afetivas, qual é o problema? Por que eu, remando contra toda a corrente, não gostei do filme?

Sei lá. Não bateu, não caiu bem, o momento não foi o certo. Isso acontece, sim, é claro.

Achei os personagens bobos, chatos, sem brilho algum. Personagens desinteressantes. Qual é a graça do personagem de Debra Winger, Emma, uma mulher que nunca trabalhou na vida, só pariu e cuidou de filhos? O personagem de Shirley MacLaine, a mãe, Aurora, me pareceu meio caricato – e o de Jack Nicholson, Garrett, o ex-astronauta, para mim é inteiramente caricato. Gente mais chata, mais sem graça. Aliás, todo mundo diz que o filme é engraçado, além de muito triste em outros trechos – não dei um sorriso sequer, não achei graça alguma, e nem me emocionei com a tristeza anunciada.

Mas, insisto, esta é só a minha opinião pessoal, intransferível.  

Laços de Ternura/Terms of Endearment

De James L. Brooks, EUA, 1983

Com Shirley MacLaine, Debra Winger, Jack Nicholson, Jeff Daniels, John Lithgow, Danny DeVito, Lisa Hart Carroll

Roteiro James L. Brooks

Baseado no livro de Larry McMurtry

Música Michael Gore

Produção Paramount.

Cor, 132 min

*1/2

11 Comentários para “Laços de Ternura / Terms of Endearment”

  1. Concordo com a crítica sobre “Laços de Ternura”… Morninho, parece uma linha reta do início ao fim.Conflito entre mãe e filha? Natural. Mães, pais, não criam os seus para si, para marionetes. Aurora é uma chata, e chata safada, porque sufoca a filha ( se ela vai se dar mal ou não é problema dela, ainda mais com uma mãe dessas) e se ” liberta” nos braços de um sarcástico ex- astronauta. Shirley McLaine até poderia ter levado a estatieta de ayriz coadjuvante, mas Debra Winger, com sua Emma equivocada ou não, foi a protagonista. Se ia levar a estatueta de melhor atriz é outro assunto. Um filme enfadonho que consegue tantos premios que nem obras primas conseguem tiram a credibilidade do Oscar. Muito apelo, traição, crianças chorando… Deu black out na Academia.

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