Meu Amor de Verão / My Summer of Love


2.5 out of 5.0 stars

Anotação em 2008: Este é um filme triste, melancólico, desesperançado. Fala da imensa distância, o imenso fosso que separa o mundo de uma garota rica daquele de uma garota pobre, numa pequena cidade da Inglaterra – e faz isso de uma forma cruel.

Mona (Natalie Press) é a garota pobre. Tem 16 anos, é solitária, e não gosta do irmão Phil (Paddy Considine) com quem vive e que a sustenta. Phil era dono de um bar da cidadezinha, mas, depois de más experiências, virou um cristão fanático e transformou o outrora pub numa espécie de templo religioso.

averao2Mona vai ficar conhecendo Tamsin (Emily Blunt), a garota rica, que mora numa casa grande, confortável, em tudo diferente da casa humilde de Mona, no segundo andar do ex-pub, agora templo de cristãos renascidos. Rapidamente Tamsim e Mona passam da amizade para uma louca paixão; como Tamsim está sozinha em casa, Mona passa a ficar praticamente todo o tempo lá com ela. Vai depois sofrer demais, comer o pão que o diabo amassou. É de dar muita pena da pobre personagem.

As duas jovens atrizes estão muito bem, mas quem me impressionou demais foi Emily Blunt. Essa menina, nascida em Londres em 1983, tem muito talento, como depois mostraria também em O Diabo Veste Prada/The Devil Wears Prada, de 2006, e especialmente em O Clube de Leitura de Jane Austen/The Jane Austen Book Club, de 2007. É uma atriz para se acompanhar com atenção.  

Anotei, impressionado, dois pequenos detalhes sobre o filme. Numa determinada hora lá, Tamsim, a garota rica, põe para Mona, a garota pobre, ouvir uma música de Edith PiafLa Foule – e conta para ela quem é cantora, misturando fatos com absurdos. Diz que é uma cantora francesa, que teve uma vida rica e trágica, casou-se três vezes, todos os maridos morreram; um deles – e aqui vai o absurdo – era um campeão de boxe, que ela assassinou com uma faca, mas não foi presa, porque na França os crimes passionais são perdoáveis.

Evidentemente,

a) o boxeador Marcel Cerdan jamais foi casado com a Piaf; eles foram amantes, mas Cerdan era casado com outra mulher;

b) Cerdan morreu em um acidente de avião;

c) Piaf jamais matou alguém;

e d) essa história de crime passional ser perdoado na França é pura lorota da garota inglesa rica doida de pedra.

O outro detalhe interessante é que, numa outra determinada hora, no quarto da menina rica, o aparelho de som dela toca Três Caravelas, de A.Algueró Jr e G.Moreu, na versão feita por João de Barro e que Caetano e Gil cantam no disco Tropicália, de 1968. 

Meu Amor de Verão/My Summer of Love

De Pawel Pawlikowski, Inglaterra, 2004

Com Nathalie Press, Emily Blunt, Paddy Considine

Roteiro Pawel Pawlikowski e Michael Wynne

Baseado na novela de Helen Cross

Produção Apocalypso Pictures

Cor, 86 min.

**1/2

Título em Portugal: Amor de Verão

8 Comentários para “Meu Amor de Verão / My Summer of Love”

  1. Não conheço a novela que deu origem ao filme mas… no próprio filme a personagem interpretada por Emily Blunt é “maluquete”… Ela inventa a morte da própria irmã… Gostei do filme que tem muita coisa, dentro do próprio, a desvendar..um pouco misterioso e vai-se demonstrando pouco a pouco..

  2. Acabei de assistir este filme e, digo que gostei sobretudo pela ótima atuação da Emily Blunt. Arrisco até a dizer assim de bate-pronto, sem citar outras duas no momento, que ela (Emily)e também a Carey Mulligan, lá na frente… um pouco mais lá, serão duas “damas” do cinema.
    So não gostei totalmente, porque é o tipo de filme que não me satisfaz por inteiro. É daqueles filmes que dizem “em aberto”.
    A Mona e a Tamsin, padecem do mesmo mal, a solidão, cada uma do seu modo, seu motivo. Só que, a Tamsin, é maluca, pirada e a Mona,não. A Tamsin é rica e a Mona é pobre.
    Não sei se viajei mas, assim como a Tamsin, tbm achei que o irmão da Mona (Phil)era uma tremenda fraude, quase comeu a Tamsin no sofá
    quando pedía para ela abrir o coração para Deus.Ele quería mesmo era que ela abrisse outra coisa. E, depois ele capitula, se transforma, fica violento, xinga todo mundo, expulsa todo mundo e, afinal o que aconteceu com ele, como ficou? Eu até torci para que a Mona levasse a cabo sua intenção com a Tamsin no rio, ela (Tamsim) merecía, não se brinca com os sentimentos de outros daquela forma,não se faz o que ela fez. Simplesmente,usou e brincou de gostar com a Mona, na sua doideira. Não gostei do final, por isso dizem ser em aberto (?)Depois de deixar Tamsin no rio, Mona sai andando pela estrada, para onde? O que acontece com ela?
    Minha mãe gostava muito da Piaf. Realmente foi interessante a cena em que toca “tres Caravelas”. Eu tive esse disco, TROPICÁLIA.
    Em tempo: gostei da Nathalie Press(não a conhecia)mandou bem . E, claro tbm gostei do Paddy Considine,já o tinha visto em “o vôo da coruja” e em “o ultimato bourne”.

  3. Quase um ano depois volto aqui neste filme.
    Nem exatamente para falar dele que , como já disse na época, gostei
    É que ontém assisti outro filme deste mesmo diretor, Pawel Pawlikowski.
    ” Estranha Obsessão ” no original, “La Femme du Vème”.
    Os protagonistas são a maior referência para assistirmos este fime.
    Ethan Hawke e Kristin Scott Thomas.
    Mas, não gostei.
    Este filme é uma interrogação muito grande , ou é ruím mesmo ou eu não tive capacidade para entendê-lo.
    Entendi como sendo “do nada à lugar nenhum”.
    Achei muito confuso. Certas coisas ficam sem explicação,como por exemplo o lugar onde ele trabalha. Até imaginei o que podería ser mas fiquei nisso.
    As situações na história ficam incompletas.
    Que final foi aquele ?? Será que foi o final que eu tentei entender ??
    Apesar de tudo isto que eu disse,Sergio, se voce ou outros amigos do site quiserem ver este filme, para mim seria interessante suas opiniões , no sentido de me elucidarem e até podendo me criticar à vontade.
    Só não tome como sendo uma sugestão ruím anunciada.
    Voce pode ter outra visão, entender e gostar do filme.
    Não sei quem viajou; eu ou o diretor ?
    Que diferença de um filme para outro.
    Um abraço !!

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