Nota:
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Eis aí um filme badalado que eu simplesmente tinha perdido. Não vi na época, nunca tinha visto até então. E é uma absoluta delícia.
Dustin Hoffman está num dos melhores momentos de uma carreira cheia de momentos bons. A história é deliciosa, as situações são hilárias, todo o elenco é extraordinário.
Uma grande curiosidade, agora, é ver a então jovem e iniciante Geena Davis em uma quase ponta, como uma das belas moças com que o personagem travestido de Hoffman cruza nos bastidores e camarins da emissora de TV. (A gigantesca Geena, de 1956, estava portanto com 26 aninhos; foi seu primeiro filme.)
Até a sempre ácida Pauline Kael gostou do filme; como ela faz uma ótima sinopse, me poupa o trabalho:
“Maravilhosa diversão. Dustin Hoffman é ao mesmo tempo o herói e o alvo desta farsa satírica sobre atores. Ele interpreta Michael Dorsey, um brilhante ator nova-iorquino “que não faz concessões” e ninguém emprega, pois inferniza a vida de todo mundo. Quando a namorada de Michael (Teri Garr) vai fazer um teste de seleção para um papel numa novela e é recusada, ele se veste de mulher, apresenta-se como “Dorothy Michaels” e consegue o trabalho. E Michael se descobre como Dorothy – não por ter algum desejo secreto de ser mulher, mas porque quando é Dorothy está atuando. É um ator tão dedicado e fanático que só se sente inteiramente vivo quando faz uma personagem – vê-se isso em seus olhos intensos e reluzentes. Michael está disfarçado de Dorothy quando conhece a garota de seus sonhos – Jessica Lange.”
E, meu Deus do céu e também da terra, como Jessica Lange era linda. Continua bonita, é claro – ainda outro dia a vimos em A Força da Amizade/Bonneville, de 2006, e ela está gloriosa aos 57 anos. E foi melhorando cada vez mais como atriz. Mas, na época deste filme, 1982, ela com 33 – que coisa esplêndida, maravilhosa.
Sydney Pollack, esse grande diretor que adorava trabalhar como ator, está ótimo como o agente de Michael-Dorothy. Pauline Kael diz que “Pollack realiza um de seus melhores trabalhos já nas seqüências de abertura – uma apresentação rápida, crepitante, das esperanças versus realidades das vidas dos atores em busca de trabalho”. Ela também informa que “o roteiro é creditado a Larry Gelbart e Murray Schisgal, mas Don McGuire escreveu o primeiro esboço e Elaine May e muitos outros trabalharam nele”.
Jessica Lange ganhou o Oscar de atriz coadjuvante. Além dela, o filme teve outras nove indicações da Academia, incluindo melhor filme, direção, ator para Hoffman, atriz coadjuvante também para Teri Garr, roteiro original, fotografia e montagem.
Uma total delícia.
Tootsie
De Sydney Pollack, EUA, 1982.
Com Dustin Hoffman, Jessica Lange, Teri Garr, Bill Murray, Sydney Pollack, Dabney Coleman, Geena Davis
Roteiro Larry Gelbart e Murray Schisgal
Baseado em história de Don McGuire and Larry Gelbart
Música Dave Grusin
Produção Columbia
Cor, 116 min
***1/2
Eu amooo esse filme! É uma das melhores comédias de todos os tempos.
Assisti em 1983,com um primo, logo que me mudei para Rio Grande-RS (é, eu sou gaúcha!)em um cinema lindo que tinha lá, daqueles antigos, com porta na calçada, telona imensa e cadeiras com estofamento de couro. Um luxo que só quem curtiu esses cinemas antigos sabe avaliar!
Pois bem. Eu amei o filme tanto que convenci uma amiga a ir comigo no domingo.
O Dustin Hoffmann está glorioso travestido. Ele “vive” o papel feminino com uma leveza e graça que o distanciam de todos os estereótipos e caricaturas do gênero. Na minha opinião,apenas Patrick Swayze em “Para Wong Foo, obrigado por tudo” (outro filme que eu amo!) conseguiu fazer outra mulher com a mesma graça e distinção.
Voltando à Tootsie. Minha cena inesquecível: quando Dorothy, andando pela rua, se sente incomodada pelo elástico da calcinha e dá aquela “puxadinha básica” tipicamente feminina e pretensamente discreta. O cinema veio à baixo.
Eu não sou um grande apreciador de género comédia, é mesmo verdade, quando vou à minha locadora de DVDs onde os filmes estão arrumados por género, nunca olha para essa secção, passo para outras, em especial drama e thriller.
Mas este é um caso à parte, gosto mesmo muito dele e talvez seja, para mim, a melhor comédia que vi.
5 estrelas!
Gostei de ” Tootsie “, com todos aqueles elementos absurdos, porém necessários, de comédia rasgada, mas inteligente, de qualidade, que nos faz descontrair. Ótima pedida para rir com motivo e ir saboreando as atuações muito boas do elenco, em especial Dustin Hoffman e Jessica Lange. Só ficou clichê a musiqinha água com açúcar da trilha sonora, “It Might be You”; não faria nenhuma falta.