3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Al Pacino está meio exagerado, como acontece muitas vezes, e o texto (principalmente a narração com a voz dele em off, o espectador sabendo o tempo todo que ele está morrendo, porque ele é baleado à queima-roupa na primeira tomada) é um tanto pretensioso, um tanto forçadamente brilhante, para ser reconhecido pela crítica como brilhante.
Mas isso não tira a grandeza do filme. É um grande filme, dos melhores sobre o tema eterno do bandido que tenta a segunda chance mas não tem jeito, não tem saída, tudo conspira para que não dê certo.
Como de costume, Brian De Palma faz alguns planos-sequência brilhantes, e, como em Os Intocáveis/The Untouchables, faz excepcionais cenas de ação numa grande estação ferroviária, aqui a Grand Central de Nova York.
Essa moça Penelope Ann Miller, que faz a namorada do personagem de Al Pacino, e vai perdendo a paciência com ele à medida em que ele não consegue sair do mundo do crime, não é um estupor, mas é bonita, e trabalha muito bem; não dá muito para entender por que não teve mais oportunidades. E Sean Penn está brilhante como a advogado de gângster cheirador de cocaína que acaba ele mesmo virando gângster – e irreconhecível, com o cabelo encaracoladinho de judeu nova-iorquino.
Tanto Sean Penn como Penelope Ann Miller foram indicados ao Globo de Ouro como coadjuvantes.
Eu tinha visto o filme em 1994, mas, na época, não tinha anotado nada. Na revisão, uma das coisas em que reparei mais foi a trilha sonora, do escocês Patrick Doyle, que já fez belas trilhas para Régis Wargnier (Leste-Oeste/Est-Ouest), Kenneth Branagh (Voltar a Morrer/Dead Again, Hamlet e Muito Barulho Por Nada/Much Ado About Nothing), Ang Lee (Razão e Sensibilidade/Sense and Sensibility) e Robert Altman (Assassinato em Gosford Park/Gosford Park).
Duas informações interessantes do iMDB. O autor da novela em que o filme se baseia, Edwin Torres, é um juiz da Suprema Corte do Estado de Nova York; interessante, isso. Bem no começo do filme, Carlito, o personagem de Pacino, diz a um juiz que o tempo que ele passou na prisão serviu para reabilitá-lo, e que ele agora está pronto para ter uma vida normal, dentro da lei. Todo o resto do filme vai desmentir sua promessa e sua vontade.
A segunda informação interessante: a palavra “fuck” é dita 139 vezes no filme. Como são 144 minutos, dá praticamente a média de um “fuck” para cada minuto.
O Pagamento Final/Carlito’s Way
De Brian De Palma, EUA, 1993.
Com Al Pacino, Sean Penn, Penelope Ann Miller, John Leguizamo
Roteiro David Koepp
Baseado em novela de Edwin Torres
Música Patrick Doyle
Produção Bergman/Baer Productions
Cor, 144 min
R, ***
Título em Portugal: Perseguido pelo Passado
Fiquei com pena dele no final, estava quase conseguindo.
Inacreditável, e infelizmente definido! Como queríamos ver Gail e Brigante vivendo nas bahamas, alugando carros e vivendo uma vida simples com seu filho! Torcemos até o final mas de Palma sabe que parte do sucesso do filme depende desse final melancólico, que cena maravilhosa, de chorar! Amei demais esse filme e pra mim é o melhor filme do pacino. E os coadjuvantes nao ficam pra tras, pachanga, e todos os outros, maravilhosos!!