2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: La Binoche nunca esteve tão bela quanto neste filme. Só por ela já valeria a pena ver Chocolate.
Depois das cenas de sexo quase abertamente explícito de Perdas e Danos/Damage, de Louis Malle, de 1992, ela aqui parece inocente como uma freira – e, no entanto, está mais sensual do que nunca como a quase bruxa que vai contra todas as rígidas convenções de uma cidadezinha do interior da França com seus chocolates capazes de efeitos miraculosos.
O filme é uma fabulinha, uma fantasia, quase um conto de fadas. O diretor sueco há muito radicado nos EUA Lasse Hallström deixa isso absolutamente claro logo na abertura do filme – vemos um plano geral, em tomada aérea, de uma cidadezinha imaculadamente linda, no topo de uma colina, que parece ter mesmo sido criada por um cuidadoso desenhista de histórias infantis, e, quando a câmara se aproxima da igreja na praça principal, com todos os habitantes do local entrando para a missa, a voz em off de Juliette Binoche conta: “Era uma vez uma calma cidadezinha no interior da França cujos habitantes acreditavam em tranquillité – tranqüilidade”.
Vianne, a doce bruxinha-confeiteira interpretada por La Binoche, chega com a filhinha Anouk exatamente para acabar com aquela tranqüilidade, para chacoalhar a mentalidade daquelas pessoas, para botar ação, sentimento, sensualidade, ousadia, rebeldia, naquela pasmaceira.
É assim, talvez, uma espécie bem mais branda, bem menos ousada, do Teorema de Pasolini, em que o estranho interpretado por Terence Stamp irrompe na vida de uma família e não deixa pedra sobre pedra.
A música de Rachel Portman – dos grandes nomes da música para o cinema nos últimos anos, autora das trilhas de O Clube da Felicidade e da Sorte/The Joy Luck Club, Regras da Vida/The Cider House Rules e Confidencial/Infamous – é uma maravilha. Ela ajuda a dar o clima do filme, uma coisa que tem um pouco do realismo mágico de Gabriel García Márquez, um espírito cigano e suavemente safado.
O filme teve cinco indicações ao Oscar – melhor filme, melhor atriz para Juliette Binoche, atriz coadjuvante para Judi Dench, trilha sonora para Rachel Portman e roteiro adaptado para Robert Nelson Jacobs. Não levou nenhuma estatueta, mas ganhou oito outros prêmios e teve 28 indicações.
Outros filmes do diretor Lasse Hallström no site:
Minha Vida de Cachorro/Mitt Liv Som Hund;
Um Lugar para Recomeçar/An Unfinished Life;
Chegadas e Partidas/The Shipping News;
Regras da Vida/The Cider House Rules.
Chocolate/Chocolat
De Lasse Hallström, Inglaterra-EUA, 2000.
Com Juliette Binoche, Judi Dench, Alfred Molina, Carrie-Anne Moss, Lena Olin, Johnny Depp
Roteiro Robert Nelson Jacobs
Baseado em livro de Joanne Harris
Música Rachel Portman
Produção Miramax
Cor, 121 min.
**1/2
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