2.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2005: Na revisão, este filme feito em 1962, no auge do auge da guerra fria, às vésperas da crise dos mísseis russos em Cuba, se mostra menor do que na lembrança, e muito menor do que a fama que acabou adquirindo.
Me pareceu menor, inclusive, do que a refilmagem com Denzel Washington e Meryl Streep, feita em 2004 por Jonathan Demme, com os mesmos títulos do original, tanto nos Estados Unidos, The Manchurian Candidate, quanto no Brasil, Sob o Domínio do Mal.
Uma sinopse básica: militar americano (Laurence Harvey), que lutou na Guerra da Coréia, foi preso pelos comunistas e sofreu lavagem cerebral, vai tentar assassinar um político. Mas um colega dele (Frank Sinatra) pode saber como evitar o crime.
Achei a trama confusa, mal explicada, mal resolvida. É incompreensível a atração da personagem de Janet Leigh pelo oficial à beira de um colapso mental (o papel de Sinatra) que ela conhece no trem. A própria personagem da mãe dominadora, interpretada aqui pela Angela Lansbury e na refilmagem por Meryl Streep, fica mal explicada. Não dá para entender a coexistência do discurso anticomunista ferrenho dela com a sua associação com a União Soviética e China.
E as atuações são todas exageradas demais. Num momento o oficial de Sinatra está enlouquecendo rapidamente, no momento seguinte ele é a tranqüilidade em pessoa. O amor desesperado do personagem de Laurence Harvey pela filha do senador progressista parece inviável, impossível, não tem verossimilhança alguma. Toda a interpretação dele é exagerada demais, chegando ao grotesco.
O filme ganhou uma aura, uma fama, uma respeitabilidade como poucos. Vejo por exemplo que Pauline Kael, normalmente azeda, foi um dos que endeusaram o filme: “Thriller ousado, divertido e exagerado sobre extremistas políticos. O filme faz algumas brincadeiras maravilhosas e loucas com a dieita e a esquerda; apesar de ser um thriller, talvez seja a sátira política mais sofisticada já feita em Hollywood”.
Roger Ebert dá quatro estrelas, a cotação máxima: “Eis aqui um filme que foi feito em 1962 e parece que foi feito ontem. Em nenhum momento falta tensão e uma reviravolta cínica em The Manchurian Candidate – e o que o é mais surpreendente é como o filme hoje pode ser visto como uma comédia política, assim como um thriller”.
Sob o Domínio do Mal/The Manchurian Candidate
De John Frankenheimer, EUA, 1962
Com Frank Sinatra, Laurence Harvey, Angela Lansbury, Janet Leigh
Roteiro George Axelrod
Baseado na novela de Richard Condon
P&B, 126 min.
2 Comentários para “Sob o Domínio do Mal / The Manchurian Candidate”