Consta que A Sombra de uma Dúvida/Shadow of a Doubt é o preferido de Alfred Hitchcock entre as obras do cineasta preferido dele, Alfred Hitchcock. O que tem toda lógica: o mestre do suspense adora um suspense que fuja do óbvio como o diabo da cruz, e o espectador de A Sombra de uma Dúvida não tem sombra de dúvida alguma, desde o iniciozinho da narrativa, de que o protagonista, o tio Charlie (Joseph Cotten) é o criminoso.
O suspense todo é saber como e quando a sobrinha que o idolatra vai perceber isso que o espectador já sabe desde sempre. E o que virá depois.
A sobrinha que idolatra o tio Charlie chama-se, em homenagem a ele, Charlotte, mas todos a conhecem por Charlie. A atriz que interpreta a mocinha Charlie é Teresa Wright, e Teresa Wright é, na minha opinião, a melhor coisa do filme.
Não que o filme não tenha outras qualidades. Não foi isso que quis dizer, de forma alguma. É uma beleza de filme. Hitch está afiadíssimo, como em seus melhores momentos.
Os atores coadjuvantes todos estão ótimos, em interpretações magníficas. A câmara faz belíssimos movimentos – ou não seria a câmara de Alfred Hitchcock.
Mas o filme não seria o que é se não fosse por Teresa Wright. Até porque seu personagem é a razão de ser de toda a trama.
Casais elegantes dançando ao som de uma valsa. A valsa é uma pista importante
O nome de Teresa Wright aparece junto com o de Joseph Cotten nos créditos iniciais, na mesma hora – só que acima do de Cotten.
Embora Cotten seja mais velho do que Teresa – ele tinha 37 anos em 1942, quando o filme foi feito, e ela estava com 24 –, os dois estavam em começo de carreira no cinema. E vinham, ambos, de filmes importantes. A jovem e bela atriz tinha feito Pérfida/The Little Foxes e Rosa de Esperança/Mrs. Miniver, ambos dirigidos pelo respeitado William Wyler.
E Cotten tinha feito Cidadão Kane e Soberba/The Magnificent Ambersons, ambos de Orson Welles.
Eram dois atores em início de carreira, sim – mas que início!
Os dois aparecem pela primeira vez na tela – ele antes, ela pouco depois – quase exatamente na mesma posição: deitados na cama. Não para dormir, mas deitados completamente vestidos, em camas perfeitamente arrumadas.
Durante os créditos iniciais, vemos casais dançando uma valsa. Casais elegantes, em roupa de gala. O que ouvimos é a trilha sonora do mestre Dimitri Tiomkin, uma peça retumbante, imponente, como costumam ser as composições do russo – mas, em diversos momentos, alguns compassos de uma valsa vão se intrometendo na melodia de Tiomkin. Se por acaso o espectador reconhecer aquela valsa, e se lembrar do nome dela, já saberá, por antecipação, algo que o filme só mostrará quando está exatamente na metade.
Faz parte do manual do mestre Hitchcock dar pistas para o espectador sobre o que virá na trama. É o contrário do estilo, por exemplo, de Agatha Christie, que esconde do leitor fatos que seriam fundamentais para que ele formasse uma suspeita sobre quem é o criminoso.
Os compassos são da “Valsa da Viúva Alegre”, de Franz Lehár.
Um homem com muito dinheiro vivo, procurado por policiais
Depois dos créditos iniciais, vemos algumas tomadas de um bairro simples, humilde. Uma pensão – há um cartaz lá fora mostrando que se alugam quartos. E então vemos um quarto da pensão. Há um monte de notas de dinheiro no criado mudo ao lado da cama, no chão. O homem (interpretado por Joseph Cotten) está deitado na cama, segurando um grande charuto que ainda não foi acesso.
A dona da pensão bate à porta, entra. Espanta-se com a dinheirama, diz que ele não deveria andar com tanto dinheiro espalhado assim. E informa que dois homens, dois amigos dele, tinham estado lá perguntando por ele; ela, como boa dona de pensão, havia dito aos homens que Mr. Spencer – é como o personagem é chamado naquela cena – havia saído.
E ela ainda informa que eles continuavam ali por perto.
Depois que a dona da pensão o deixa sozinho de novo, Mr. Spencer se levanta. Está completamente vestido – usa paletó, gravata. Toma um trago de um copo que estava no criado mudo, joga o copo vazio contra a parede. Vai até a janela, observa os dois homens que está parados na esquina, bem à vista. E então fala sozinho, em voz alta:
– “Estão blefando. Não têm nada contra mim.”
Junta aquele punhado de dinheiro, bota no bolso, e sai da pensão. Passa pelos dois homens, também vestidos de terno, que fingem não notá-lo. Quando já percorreu aí uns 100 metros, os homens passam a segui-lo. Mas Mr. Spencer é esperto, e consegue escapar dos seus perseguidores.
Mr. Spencer não é Spencer coisa alguma. Chama-se Charles Oakley. O tio Charlie. Depois que escapa da perseguição dos dois policiais, manda um telegrama para a irmã, Emmy, em Santa Rosa, na Califórnia, avisando que irá visitá-la.
Uma jovem ingênua, inocente, sonhadora, que que acha a vida aborrecida
E então estamos em Santa Rosa, uma pequena cidade do Norte da Califórnia. Vemos tomadas gerais da cidade – um cenário completamente diferente daquele bairro degradado onde o Tio Charlie se escondia em Nova Jersey.
E A Sombra de uma Dívida entra na casa de uma típica família americana de classe média.
Em uma única e longa seqüência magistral, o filme apresenta aquela família para o espectador.
O pai, Joe Newton (interpretado pelo sempre ótimo Henry Travers, o anjo de A Felicidade Não Se Compra, o milionário de Os Sinos de Santa Maria), é um homem bonachão, simpático, boa praça; veremos que trabalha como caixa no banco da cidade.
A mãe, Emma (Patricia Collinge, excelente), é a típica dona de casa dedicada, trabalhadora, ordeira, eficiente. Emma é irmã de Charlie Oakley.
O caçula, Roger (Charles Bates), garoto aí de uns seis anos, é só isso: um garoto aí de uns seis anos.
A filha do meio, Ann (Edna May Wonacott), de uns dez ou 12 anos (nunca sei calcular direito as idades dos garotos e garotas), é uma leitora compulsiva; lê dois livros por semana. É inteligente, esperta, sensível. Usa grandes óculos. Alguém reparou que todas as crianças nos filmes de Hitchcock usam óculos.
E então, last but not least, temos Charlie, a mais velha. Charlie está aí por volta dos 18, talvez 20 anos, e na primeira tomada em que a vemos está, repito, deitada na cama arrumada, os braços para trás, as mãos atrás da nuca. Neste início da trama, Charlie é uma garota ingênua, inocente, sonhadora; ainda tem resquícios da adolescência, e acha aborrecida aquela vidinha quieta, pacata, simples, de família tranqüila em cidade pequena, em que nada de grandioso, de espetacular acontece.
Charlie, assim como a mãe, tem imenso fascínio pelo tio Charlie, de quem ela sempre ouviu histórias interessantes. Ela, assim como a mãe, não sabe muito bem o que o tio Charlie faz na vida, mas tem certeza de que é tudo muito fascinante. Ele é um homem rico, viajado, conhece muitos lugares importantes – um homem do mundo.
A garota Charlie acha que se comunicou com o tio Charlie por telepatia
O roteiro – brilhante a maior parte do tempo, embora tenha uns pequeninos tropeços – brinca, de maneira engenhosa, com algo além do material, algo próximo da telepatia.
Naquele dia exato em que ficamos conhecendo os Newton, a típica família americana, o mesmo dia em que o tio Charlie mandou lá do Leste distante um telegrama avisando que iria para Santa Rosa, a jovem Charlie tem uma grande idéia: vai mandar um telegrama para o tio Charlie, convidando-o para visitar a irmã e sua família. O tio Charlie traria vida, vitalidade, novidade para aquela família sossegada demais, tranqüila demais.
O espectador já sabe que o tio Charlie está vindo visitar a irmã e os sobrinhos. Na seqüência de apresentação dos Newton, a funcionária do posto dos correios havia ligado para a casa da família para avisar que chegara um telegrama; a garota Ann havia atendido, e ficara de avisar a mãe quando esta chegasse em casa.
Sem saber da existência do telegrama, a jovem Charlie vai ao correio para enviar o seu próprio. E aí a funcionária fala do telegrama que havia chegado. Charlie abre o telegrama, e entra em êxtase. Diz para a atônita funcionária que foi telepatia.
A jovem Charlie fica feliz feito pinto no lixo com a chegada do tio Charlie – assim como Emma, sua mãe.
O tio Charlie traz presentes para todos. Para a jovem Charlie, traz um anel com um diamante, uma peça preciosíssima.
É Hitchcock em estado puro. Uma garotinha saltitando de felicidade com a presença do tio charmoso, bonitão, homem do mundo – e o espectador sabe o tempo todo que o sujeito é um criminoso. Só não sabe ainda que tipo de crime ele cometeu, mas sabe que ele é um criminoso – e que a alegria absurda da garotinha vai acabar a qualquer momento.
O primeiro filme de fato americano de Hitchcock, e um dos poucos que são realistas
“Era o filme preferido de meu pai, porque ele adorava a idéia de trazer o mal para uma pequena cidade, para uma família que nunca antes conhecera coisas más”, conta Patricia Hitchcock, a única filha que Alfred e Alma Reville tiveram na vida, num longo e denso making off dirigido em 2000 por Laurent Bouzereau, e que acompanha o filme no DVD.
O cineasta e estudioso Peter Bogdanovich, um dos grandes conhecedores da obra de Hitch, diz, no mesmo filme de 34 minutos, que A Sombra de uma Dúvida foi, na realidade, o primeiro filme verdadeiramente americano do realizador: afinal, os dois anteriores, Rebecca e Suspeita, passavam-se no exterior. Enquanto este aqui mostrava de fato os Estados Unidos da América, uma pequena cidade que poderia ser qualquer cidade do interior do país, do país profundo.
Bogdanovich faz outra afirmação dessas assim superlativas: “É talvez o filme mais realista de Hitchcock, ao lado de O Homem Errado”.
Bogdanovich sabe do que fala, e é bem verdade essa sua afirmação. Em geral, os filmes de Hitchcock, em especial da fase americana, a partir de Rebecca, são histórias um tanto fantásticas, algumas com tom abertamente farsesco, como O Terceiro Tiro/The Trouble With Harry. São histórias muito elaboradas, histórias que claramente saíram da cabeça de gente com imaginação prodigiosa – Os Pássaros é talvez o mais bem acabado exemplo disso – e não histórias de gente como a gente, pessoas comuns.
De fato, A Sombra de uma Dúvida tem mais realismo que a maior parte dos filmes do mestre.
Sempre se diz que Hitchcock preferia trabalhar dentro dos estúdios, em cenários montados dentro dos estúdios. No entanto, A Sombra de uma Dúvida foi quase inteiramente filmado em locação, na cidade de Santa Rosa, que na época era de fato bem pequena, segundo contam entrevistados no especial realizado por Laurent Bouzereau. A produção alugou uma casa para ser o lar da família Newton.
É bem possível que esse fato, de o filme ter sido rodado em locação real, ajude nessa coisa do realismo de que fala Bogdanovich.
Um pouco usual agradecimento ao escritor Thornton Wilder
Há detalhinhos interessantes dos créditos iniciais. Antes de aparecer na tela os dizeres “Directed by Alfred Hitchcock”, há um agradecimento que não é nada usual. Um letreiro diz, em corpo grande: “Desejamos reconhecer a contribuição do sr. Thornton Wilder à preparação desta produção”.
Antes, já havia aparecido o crédito de “roteiro de Thornton Wilder, Sally Benson e Alma Reville, baseado em história de Gordon McDonell”.
Thornton Wilder (1897-1975) já era um nome respeitadíssimo da literatura americana em 1942 – ganhou três Prêmios Pulitzer, e então seria natural que a produção tivesse orgulho em expor seu nome, até porque não era comum o dramaturgo e novelista trabalhar em roteiros para o cinema. De qualquer forma, é um agradecimento bem pouco usual.
Não é também usual que o nome de Alma Reville apareça nos créditos como co-roteirista. Sabe-se que Alma era peça fundamental nos filmes do marido; ela revisava os roteiros antes das filmagens, discutia cada cena com ele. Era do ramo, conhecia cinema profundamente: já trabalhava como montadora na Inglaterra antes que ele começasse na profissão. Foi chefe dele no início da carreira de Hitch.
Mas não é nada comum o crédito a ela nos letreiros iniciais. Que eu me lembre, este caso aqui é um dos raros.
O próprio Hitchcock explicou, em uma da série de entrevistas que deu a François Truffaut, e que resultaram no esplêndido livro Hitchcock Truffaut Entrevistas, os motivos de seu agradecimento especial a Thornton Wilder. “Na Inglaterra, sempre consegui a colaboração das melhores estrelas e dos melhores escritores. Nos Estados Unidos não foi a mesma coisa e engoli recusas de certas estrelas e de certos escritores que desprezavam o tipo de trabalho que me interessa. Por isso é que, de repente, foi para mim muito agradável e gratificante descobrir que um dos melhores escritores americanos estava disposto a trabalhar comigo e a levar seu próprio trabalho a sério.”
Truffaut pergunta então se Hitch escolheu Thornton Wilder ou se alguém sugeriu que ele recorresse ao escritor. Hitch diz que foi ele que escolheu o escritor. “Uma mulher, Margaret McDonell, que era chefe do departamento literário da empresa de Selznick, me disse um dia que seu marido, um romancista, tinha uma idéia de filme mas ainda não havia posto no papel. Convidei-os para almoçar no Brown Derby, de Beverly Hills, e me contaram a história, que reconstruímos juntos, enquanto almoçávamos. No final, disse-lhes: ‘Pois bem, voltem para casa e me datilografem isso’. Conseguimos um esqueleto de narrativa em nove páginas, que enviamos a Thornton Wilder, e ele veio trabalhar aqui, neste estúdio onde estamos. Eu trabalhava com ele toda manhã e ele prosseguia sozinho de tarde, num pequeno caderno escolar. Não gostava de trabalhar de modo seqüencial, pulava de uma cena para outra ao sabor de sua fantasia.”
Thornton Wilder entregou o roteiro para Hitchcock, segundo este contou a Truffaut, e foi se alistar no Serviço Psicológico do Exército – os Estados Unidos já haviam entrado na Segunda Guerra Mundial. “O roteiro não estava totalmente no ponto, e eu queria que alguém desenvolvesse certos instantes de comédia, em contraponto com o drama. Thornton Wilder havia me recomendado um escritor da MGM, Robert Audrey, que me pareceu sério demais, por isso terminei o roteiro com Sally Benson.”
O bicho é fogo: nem cita Alma!
Outro detalhinho: no último letreiro antes do início da ação, aquele que diz “Directed by Alfred Hitchcock”, há, embaixo, em letrinhas miúdas, o seguinte: “Por cortesia de David O. Selznick Productions Inc.”
Selznick, um dos produtores mais poderosos de Hollywood, tinha sido o responsável pela mudança de Hitchcock da Inglaterra para os Estados Unidos, e tinha o diretor sob contrato. Emprestou Hitch para a Universal para a feitura de A Sombra de uma Dúvida.
Outro dia vimos um filme da mesma época, Os Sinos de Santa Maria, em que, nos créditos iniciais, se informava que Ingrid Bergman aparece por autorização de David O. Selznick. Feio, isso, não é não? Parece coisa de senhor feudal, de escravidão. Como se Hitchcock e Ingrid Bergman fossem propriedade do cara. Feio.
A Sombra de uma Dúvida teve uma única indicação ao Oscar – para Gordon McDonell, o marido de Margareth McDonell, citada na história contada por Hitchcock, o autor da história original.
O fato de Teresa Wright não ter sido indicada ao Oscar, na minha opinião, é um dos maiores injustiças na história dos prêmios da Academia.
Momento de gênio: a câmara sobe para bem alto, e a jovem Charlie fica pequenina
Mencionei acima que o roteiro é brilhante a maior parte do tempo, embora tenha uns pequeninos tropeços. Falo de um tropeço, que nem é tão pequenininho assim, para justificar a afirmação: a paixão súbita, infinda, repentina do personagem Jack Graham (interpretado por um ator que me pareceu fraquinho, Macdonald Carey) pela jovem Charlie. O que é aquilo, meu? Viu a moça um dia e aí se apaixonou daquele tanto? Epa!
O roteiro é mesmo brilhante. A coisa da telepatia é sensacional – a garotinha Charlie dizendo no início da narrativa que ela e o tio são como gêmeos, um consegue sentir o que o outro está sentindo, que um não consegue guardar segredo do outro, é uma maravilha.
E logo depois a jovem Charlie começa a cantarolar a “Valsa da Viúva Alegre”. E tenta lembrar o nome da valsa, e o tio Charlie rapidamente diz que é “Danúbio Azul”, porque não quer que a expressão viúva alegre seja lembrada – isso é uma maravilha.
Outra bela, gostosa sacada é o fato de que o pai, o boa praça bancário Joe, tenha a mania de, com o amigo e vizinho Herbie (Hume Cronyn), um fanático por histórias policiais, ficar sempre falando sobre crimes, formas de assassinar pessoas. É um delicioso contraponto com o drama real que a família está vivendo – sem saber.
E, em um filme de um dos maiores mestres da câmara, um momento especial, um momento de gênio: bem no meio da narrativa, a garota Charlie lê finalmente a notícia no jornal que o tio Charlie tinha rasgado. E então a câmara se eleva, puxada por uma grua, e vai lá para cima, num belíssimo plongée – é como se a garota tivesse de repente ficado bem pequenina, curvada sob o peso daquilo que acabara de ler.
É, o cara é gênio mesmo. Baita marqueteiro de si mesmo, a empáfia em forma de gente – mas não tem jeito, o cara é gênio.
Anotação em dezembro de 2013
A Sombra de uma Dúvida/Shadow of a Doubt
De Alfred Hitchcock, EUA, 1943
Com Teresa Wright (a jovem Charlie Newton), Joseph Cotten (o tio Charlie),
e Henry Travers (Joseph Newton), Patricia Collinge (Emma Newton), Edna May Wonacott (Ann Newton), Charles Bates (Roger Newton), Hume Cronyn (Herbie Hawkins), Macdonald Carey (Jack Graham), Wallace Ford (Fred Saunders)
Roteiro Thornton Wilder, Sally Benson e Alma Reville
Baseado em história de Gordon McDonell
Fotografia Joseph A. Valentine
Música Dimitir Tiomkin
Montagem Milton Carruth
Produção Jack H. Skirball, Skirball Producions, Universal Pictures. DVD Universal.
P&B, 108 min.
R, ***1/2
Gosto muito deste filme, acho que está tudo muito bem elaborado e tem suspense e humor. A actriz principal Teresa Wright faz um grande desempenho e todo elenco a acompanha. A valsa que se ouve no filme é a Valsa da Viúva Alegre e não a que o Sérgio indica.
Mas é claro que o nome é “Valsa da Viúva Alegre”! Citei a valsa duas vezes, e na primeira, equivocadamente, usei “Valsa da Viúva Negra”. Graças ao amigo José Luís, já fiz a correção.
Sérgio
Um dos meus filmes favoritos de Hitchcock. O primeiro que eu vi sem saber que era dele. Prendeu-me a atenção e cativou-me. As interpretações são muito boas e o guião está acima do bom, se bem que tem o problema referido pelo Sérgio sobre a paixão entre Teresa Wright e o detetive/polícia. Andam bem e, de repente, a cena muda para outra gradualmente e aparece ela a perceber que ele é um policia. Li um ensaio sobre a dualidade em “Shadow of a doubt”: reparem que a sobrinha e o tio são como gémeos, o bar onde vão chama-se qq coisa com dois e o relógio aponta duas horas ou algo do género e a empregada trabalha há duas semanas. Tudo isso reforça a dualidade entre Teresa e Joseph Cotten