Eu Te Amo: Uma Comédia do Divórcio / Jag älskar dig – En Skilsmässokomedi

1.0 out of 5.0 stars

(Disponível na Netflix em março de 2022.)

Este troço aqui (chamar de filme é um elogio que ele não merece) serve para uma coisa: para demonstrar que na superdesenvolvida, rica, culta Suécia de Ingmar Bergman, Victor Sjöström, Bo Widerberg, Lasse Hallström, também sabem fazer porcarias.

Produzido e lançado em 2016, estave disponível em março de 2022 na Netflix com o título original de Jag älskar dig – En Skilsmässokomedi – que o tradutor do Google informa que significa “Eu te Amo – uma comédia de divórcio”. No IMDb ele apareceu com o título original sueco e como I Love You, até que, mais recentemente ganhou no grande site enciclopédico em português o título que é a tradução literal.

O fato de ter demorado a ganhar um título para exibição no Brasil é o menor de seus pecados: parece ter virado moda ultimamente não traduzirem ou criarem um título brasileiro. Os exemplos são vários.

Um dos pecados graves é que o filme pretende ser uma comédia, já a partir do título original – só que não tem graça alguma! É tudo bobo demais, bocó, absolutamente desprovido de inteligência e de talento.

A mulher faz uma malinha e sai de casa

É um roteiro original – uma história criada diretamente para o filme –, assinado pelo diretor, Johan Brisinger, e mais duas pessoas, Mikael Södersten e Martina Haag, ela também atriz do filme.

Há um rápido intróito, em que vemos um jovem casal apaixonado, em Paris, provavelmente na lua-de-mel. Um letreiro informa que estamos “18 anos depois” – e temos que agora Gustaf (Björn Kjellman) simplesmente não presta atenção a Marianne (Christine Meltzer). Parece não percebe nada do que acontece a seu redor – e um belo dia Marianne anuncia que está cascando fora. E vai embora mesmo; leva uma malinha para a casa da grande amiga Camilla (o papel de Martina Haag, uma dos três autores do argumento e do roteiro).

Camilla quer que a amiga faça como ela mesma: viva a vida, descole uns namorados, uns casos, umas transas. Marianne está confusa, não entende muito bem o que acabou de fazer, se sente culpada – não conversou absolutamente nada com os dois filhos adolescentes, Filip e Emma (os papéis de Anton Forsdik e Saga Samuelsson).

Gustav, este se sente absolutamente perdido. Não sabe o que fazer. Acha que a mulher vai voltar logo, que é uma coisa passageira.

Eventualmente, vai pintar um cara na vida de Marianne, um fotógrafo italiano, charmosão, Rodolfo (Rodolfo Corsato). E vai pintar uma jovenzinha na vida de Gustaf, uma moto girl, estudante de Medicina, Rita (Nour El-Refai).

O marido vai morrer de ciúme do italiano, a mulher vai morrer de ciúme da jovenzinha. Lá pelas tantas fica parecendo que os dois vão voltar.

No final surge uma grande surpresa – um fato realmente surpreendente. E o fecho da história, a moral, é surpreendentemente boa, positiva, correta. Me fez lembrar o final de Hannah e Suas Irmãs (1986), aquela maravilha de Woody Allen na sua Era Mia Farrow.

Até os atores estão muito mal

Mas nem mesmo isso, um final com bela moral da história, torna este Jag älskar dig – En Skilsmässokomedi algo acima do patamar de porcaria, abacaxi azedo.

É tudo muito ruim, é tudo muito bobo demais. Até os atores são ruins! Dá para imaginar um filme da pátria de Ingrid Bergman, Ingrid Thulin, Eva Dahlbeck, Gunnar Bjönstrand, Harriet Andersson, Ulla Jacobsson, Bibi Andersson e tantos, tantos, tantos outros trabalhando mal?

Pois é.

Tudo, neste filme, parece coisa de programa bem popular de TV – aquele tipo de programa de emissora que acha que a maior parte das pessoas é burrinha, pouco informada, e gosta de coisas bobas.

Vejo na internet que a atriz que faz Marianne, Christine Meltzer, é famosérrima na televisão sueca. É comediante e apresentadora de programas q ue fizeram tremendo sucesso, e, segundo a Wikipédia, foi chamada de “a mulher mais engraçada da Suécia”.

Não achei a moça engraçada, de forma alguma – só achei que é uma má atriz. É uma mulher interessante: com a boca fechada, é bastante bonita. Mas tem os dentes saltados para a frente, que tiram toda beleza dela assim que abre a boca.

A única pessoa que me pareceu interessante no elenco é essa Nour El-Refai, que faz Rita, a estudante que – não dá para entender por que – fica a fim de Gustav, aquele sujeito bobo, chato, sem qualquer coisa interessante. Nour El-Refai é uma daquelas pessoas de muitas caras diferentes – uma qualidade perfeita para uma atriz. Jovem demais – nasceu em 1987, no Líbano -, começou a carreira em 2005, quando estava portanto com apenas 18 anos, e tem já 30 títulos em sua filmografia como atriz, além de já ter experiência como roteirista e diretora.

Com 10 minutos de filme, Mary e eu nos perguntávamos se não seria o caso de desistir – já dava para perceber que era canoa furada. Acabamos indo até o fim: afinal, eu tenho um site de filmes, já tinha começado, coisa e tal.

Quem não tem site de filmes não deveria perder tempo com esta bobagem. A vida é curta.

Anotação em março de 2022

Eu Te Amo: Uma Comédia do Divórcio/Jag älskar dig – En Skilsmässokomedi

De Johan Brisinger, Suécia, 2016

Com Björn Kjellman (Gustaf, o marido),

Christine Meltzer (Marianne, a mulher)

e Rodolfo Corsato (Rodolfo, o fotógrafo), Nour El-Refai (Rita, a estudante moto girl), Martina Haag (Camilla, a grande amiga de Marianne), Thomas Hanzon (Nils, o irmão de Gustav), Anton Forsdik (Filip, o filho), Saga Samuelsson (Emma, a filha), William Spetz (Fabbe, o namorado de Emma), Sven-Bertil Taube (Anton, o pai de Gustaf), Anita Wall (Clara, a mãe de Gustav)

Argumento e roteiro Johan Brisinger, Martina Haag, Mikael Södersten

Fotografia Carl Sundberg        

Música Jimmy Lagnefors       

Montagem Fredrik Nordenson

Casting Sara Törnkvist, Maggie Widstrand

Direção de arte Ulrika von Vegesack

Figurinos Anna Hagert  

Produção Lena Rehnberg, Film i Väst, StellaNova Film

Cor, 98 min (1h38)

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2 Comentários para “Eu Te Amo: Uma Comédia do Divórcio / Jag älskar dig – En Skilsmässokomedi”

  1. Sergio
    Até critica de filme ruim que você faz , é boa.
    Só você para me deixar com vontade de ver filme ruim.
    Mas acho que vou aceitar sua sugestão e não perder tempo.
    Excelente texto.
    Como sempre.

  2. Puxa vida, André, muito obrigado! Não mereço tanto, mas é claro que adorei receber sua mensagem!
    Um abraço, e uma boa semana!
    Sérgio

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