A Terra Treme / La Terra Trema

2.5 out of 5.0 stars

Alguém deveria um dia fazer um filme sobre as filmagens de La Terra Trema, como E. Elias Merhige fez em A Sombra do Vampiro (2000) a reconstituição de como foi rodado o Nosferatu de F.W. Murnau. Tem tudo para ser um filmaço.

Lançado em 1948, apenas três anos após o final da Segunda Guerra, portanto, La Terra Trema – o segundo longa-metragem de Luchino Visconti – viria a ser um dos filmes mais cultuados, mais incensados de toda a História por críticos e cinéfilos. Na época do seu lançamento, no entanto, foi um absoluto fracasso comercial, e provocou escândalo e reações iradas. Em parte, pelo menos, imagino – embora não tenha prova nenhuma disso – pelo fato de que era inteiramente falado no dialeto dos moradores da região de Catânia, na Sicília. E não tinha legendas em italiano.

“Quando, no outono de 1948, o filme foi apresentado na Mostra de Veneza, desencadeou a cólera de um público escandalizado”, escreveu Laurence Schifano em Luchino Visconti – O Fogo da Paixão, a premiada biografia do cineasta ao mesmo tempo aristocrata e comunista. “O filme provocou um pandemônio”, conta, na biografia, o cineasta Francesco Rossi. “Berros, assobios, protestos de todo o tipo e insultos pessoais contra Visconti. Por quê? É a eterna história do público dos festivais, mas era também a história de um ‘burguês’ degenerado, que se transviara e traíra.”

O filme ficou dois anos sem ser exibido nos cinemas italianos. Só estrearia no circuito comercial nas grandes cidades italianas em janeiro de 1950.

Do mesmo ano de Ladrões de Bicicleta

O primeiro longa-metragem de Visconti havia sido realizado ainda durante a Segunda Guerra, em 1943: Obsessão/Ossessione, com Clara Calama e Massimo Girotti, era a história de um sujeito que arranja um emprego em um pequeno hotel de beira da estrada e se torna amante da mulher do patrão; a mulher o convence a matar o marido. Os créditos do filme não citavam o nome do escritor americano James M. Cain, mas é óbvio que é a história de The Postman Always Rings Twice, o romance lançado em 1934 que o cinema americano só iria filmar em 1946 – The Postman Always Rings Twice, no Brasil O Destino Bate à Porta, de Tay Garnett, com Lana Turner e John Garfield, seria um dos mais clássicos filmes noir da História.

Obsessão marcara a aurora do neo-realismo; A Terra Treme deveria ser o zênite deste”, escreve Laurence Schifano, o biógrafo de Visconti.

A aurora do neo-realismo. O termo é perfeito. A rigor, as primeiras obras do neo-realismo foram lançadas algum tempo depois da libertação da Itália, ou seja, a partir do final de 1945, ao longo de 1946.

Em 1948, o ano em que La Terra Trema estreou no Festival de Veneza, foi lançado aquele que é um dos maiores marcos do neo-realismo, Ladrões de Bicicletas, de Vittorio De Sica. Do mesmo ano é também Alemanha, Ano Zero, de outro expoente do movimento, Roberto Rossellini.

Há toda uma grande discussão teórica entre historiadores e críticos sobre se La Terra Trema é ou não neo-realista, se pertence ou não aos filmes do grande movimento do cinema italiano surgido logo no pós-guerra que viria a ser talvez o mais influente de todos – abrindo caminho para a nouvelle vague francesa, o novo cinema inglês dos anos 60, o cinema novo brasileiro e até o cinema iraniano dos anos 90.

O fato é que em La Terra Trema Visconti foi fundo, mas muito, muito, muito fundo em retratar o mais realisticamente possível fatos da vida real – a vida dos pescadores em uma pequenino lugarejo da Sicília.

É uma experiência como pouquíssimas outras – talvez seja, a rigor, uma experiência única. É uma mistura de ficção com documentário. É quase um documentário – só que com um fiapo de história, de trama, baseada em fatos reais, do dia a dia, em que pessoas do povo que vivem aqueles fatos interpretam a si mesmos.

Antes de iniciar as filmagens, Visconti escreveu notas que tiveram o título de Per um film documentario sulla Sicilia. Quando ele viajou para a região de Catânia, na Sicília, levando uma pequenina, enxutíssima equipe, falava-se que iriam mesmo fazer um documentário, como mais tarde, em entrevistas, contaria um dos membros da trupe, Francesco Rosi.

A equipe – chefiada pelo cineasta nascido em Milão, de família aristocrática, conde de Modrone – passou seis meses vivendo no pequenino lugarejo litorâneo de Aci Trezza.

Não há um único ator profissional no elenco. Todas as pessoas que trabalham no filme foram escolhidas entre gente do povo da região. A rigor, são pessoas que fizeram diante da câmara do diretor de fotografia G.R. Aldo as mesmas coisas que faziam na vida real.

“As duas moças que fazem as irmãs do personagem central eram as filhas do dono da hospedagem em que comíamos”, conta Francesco Rossi. Elas tiravam os figurinos de cena e punham aventais para nos servir. Depois voltávamos a filmar.”

Visconti incentivava os “atores” a falar como na vida real

Não havia um roteiro estruturado. Visconti ia escrevendo as cenas, os diálogos, no dia a dia.

A inspiração era I Malavoglia, romance de Giovanni Verga (1840-1922), que nasceu exatamente em Catânia, no Oriente da Sicília, diante do Mar Jônio, poucos quilômetros ao Sul de Aci Trezza. Verga ficou conhecido como o maior expoente do verismo, uma corrente literária italiana baseada em um conjunto de princípios realistas. O romance conta a história da família Malavoglia, em que os homens são pescadores.

Visconti deu o nome de Valastro à família que seu filme focaliza. O filho mais velho dos Valastro, o protagonista da história, é ‘Ntoni (o papel coube a Antonio Arcidiacono). É o único da família que já saiu de Aci Trezza – fez serviço militar, conheceu algumas grandes cidades. O pai morreu no mar. Ele pesca no barco da família juntamente com o avô e o irmão logo abaixo dele, Cola (Giuseppe Arcidiacono). É um líder nato, tem o respeito da comunidade de pescadores. E é o que mais se revolta contra a exploração dos pescadores pelos comerciantes, que pagam uma ninharia pelo produto da pesca.

O cineasta contou como trabalhou: “O roteiro não era pré-estabelecido. Eu o confiava inteiramente a eles (os atores, as pessoas do lugar). Por exemplo, tomava os dois irmãos e lhes dizia: ‘Aí está, a situação é a seguinte: vocês perderam seu barco, estão reduzidos à miséria; não têm mais nada para comer, não sabem mais o que fazer. Cola quer partir, mas é muito jovem, e ‘Ntoni quer retê-lo. Diga para ele o que impele você para longe daqui.”

Visconti tentava, ao máximo, fazer com que os pescadores transformados em atores falassem e agissem diante da câmara exatamente da forma com que falavam e agiam na vida real.

E, como já foi dito rapidamente mais acima, todos eles falavam no seu dialeto, o dialeto daquela região da Sicília – que, segundo consta, não é bem compreendido sequer em Palermo, a maior cidade da Sicília, localizada a Oeste da ilha.

“Eu era um jovem repórter enviado a Veneza para a Mostra de Cinema, e fui convidado, como os outros enviados, à exibição de imprensa de A Terra Treme. Ninguém entendia nada!”, conta o jornalista Turi Vasile, num dos especiais que acompanham o filme no DVD lançado pela Versátil (e que fez parte da Coleção Folha Grandes Diretores no Cinema). “Então eu fiz a tradução simultânea dos diálogos para que os jornalistas entendessem.”

O capital para as filmagens veio dos comunistas

A equipe, como já foi dito, era reduzidíssima. Eram dois assistentes de direção, o diretor de fotografia, alguns poucos técnicos.

Os assistentes de direção eram dois jovens que viriam depois a ser realizadores importantíssimos: o já citado Francesco Rosi e Franco Zeffirelli.

Francesco Rosi (1922-2015) dirigiria 19 títulos, vários deles grandes obras do cinema italiano, como O Bandido Giuliano (1962), O Caso Mattei (1972), Cadáveres Ilustres (1976), Cristo Parou em Éboli (1979), Crônica de uma Morte Anunciada (1987). Estava, durante as filmagens em Aci Trezza, com 25 anos.

Visconti tinha já 41 anos em 1947: ele é de 1906. (Morreria aos 69, em 1976, de derrame.)

Franco Zeffirelli (1923-2019) estava com 24 anos, e pelas fotos da época dá para ver que era um jovem de beleza impressionante, como alguns dos atores que Visconti filmaria em suas obras-primas – Alain Delon, Jean Sorel, Helmut Berger, Björn Andrésen. Entre outros filmes imporrtantes, Zeffirelli viria a dirigir A Megera Domada (1967), Romeu e Julieta (1968), Irmão Sol, Irmão Lua (1’972), Chá com Mussolini (1999).

Segundo relatou Rosi, a Zeffirelli cabia a preparação dos atores improvisados. Era ele que os ensaiava, os organizava antes da filmagem de cada tomada. Rosi tinha duas tarefas distintas: era encarregado de fazer uma espécie de diário de bordo, que registrasse exatamente os fatos de cada dia de trabalho. E também de desenhar cada enquadramento. “Não havia nada como Polaraid naquele tempo”, ele brinca.

As condições materiais, durante aqueles seis meses em que a trupe ficou em Aci Trezza, não eram nada boas. Visconti não conseguiu financiamento com nenhum estúdio, e o capital inicial foi obtido do Partido Comunista Italiano, de que o conde de Modrone era fiel e apaixonado simpatizante. “O PCI foi o único a acreditar no meu empreendimento e a me ajudar a realizá-lo, dando-me 3 milhões.”

Ah, os paradoxos da vida! Como o capital fornecido pelo Partido Comunista era pouco, a trupe enxutíssima tinha que se desdobrar. Havia dias em que membros da equipe chegavam a trabalhar 18 horas. Francesco Rosi contou, em depoimento que está no DVD do filme lançado pela Versátil, que houve um momento em que a equipe decidiu protestar contra aquela carga horária excessiva; como eram tão poucas pessoas, ele, Rosi, assim como Zeffirelli, ficaram do lado da equipe – o que provocou a ira de Visconti, que se sentiu traído pelos seus dois assistentes, seus braços direitos.

No meio das filmagens, os 3 milhões do PCI se esvaindo, Visconti viajou para Roma e Milão, à procura de alguém que aceitasse se transformar em produtor associado do filme. E encontrou justamente um siciliano, Salvo d’Angelo, dono da Universalia Produzione, que fazia filmes de estilo completamente diferente, em especial histórias bíblicas ou passadas na Roma da época do início do cristianismo.

Está na biografia O Fogo da Paixão: “Nesse meio tempo, ele precisara vender ações, quadros de família e até as últimas jóias da mãe; ‘O senhor conde está se arruinando! – murmurava, com um ar contrafeito, o administrador da família Visconti…”

O então crítico Antonioni fez a defesa do filme

A biografia de Visconti escrita por Laurence Schifano narra algo de que eu jamais tinha tido idéia, nem poderia suspeitar: um dos grandes defensores do filme, logo após sua apresentação inicial no Festival de Veneza, foi Michelangelo Antonioni. Antes de se iniciar no cinema – foi assistente de direção, montador e roteirista a partir de 1942 -, o grande realizador foi crítico de cinema.

Ao escrever sobre La Terra Trema, fez alguns reparos (absolutamente corretos, na minha opinião), mas eram coisa pouca diante das loas ao realizador e a seu filme: “A ética de Visconti é de uma grande humanidade e se identifica com sua arte. Mas quando entre um e outro se revela uma fratura, então é a retórica que desponta, com tudo o que pode ter de mau. Os ricos comerciantes de peixe sentados à mesa, diante de um monte de víveres, o riso grosseiro do homem apoiado a uma parede onde aparece um slogan mussoliniano, certos discursos de ‘Ntoni: essas imagens não nascem da mesma felicidade expressiva que inspira, ao contrário, a evocação das duas irmãos, dos irmãos.”

E mais adiante: “Quem conhece Visconti sabe bem que seus gestos certamente têm mais peso e refletem melhor do que sua palavras. Seus gestos são tantas sequências do filme, as vozes e os rumores, quando os pescadores partem para o mar, ao cair da tarde, as canções do pedreiro, a luz lívida da tempestade, as inflexões de voz da irmã mais moça e as atitudes da mais velha, a veemência de ’Ntoni e a resignação da mãe, e tantas outras coisas que, além da inevitável denúncia social, contêm o tom e o timbre mais siceros da voz poética de Luchino Visconti.”

Uau! É absolutamente fascinante saber – ainda que tanto tempo depois – desse episódio em que Michelangelo Antonioni fez essa defesa firme (e bela) do segundo longa-metragem de Visconti. Justamente ele, um cineasta que seria criticado duramente por boa parte da esquerda italiana por abandonar os pobres – personagens de seu filme O Grito (1957) –, para, a partir de A Aventura (1960) se dedicar a mostrar personagens burgueses, essa coisa nojenta, argh!

Em texto escrito muitos anos depois, o Guide des Films de Jean Tulard dá 3 estrelas a La Terre Tremble: “Num pequeno porto nas proximidades de Catânia, uma família de pescadores, para escapar da extorsão dos mercadores, decide se estabelecer por conta própria. A tentativa é um fracasso e a família se dispersa. Um filme neo-realista, ou seja, filmado em ambientes naturais com atores não-profissionais, abordando problemas da vida cotidiana, mas encenado por Visconti com enquadramentos desenhados previamente e com o refinamento das imagens graças a Aldo. O filme foi um fracasso comercial e teve que ser apresentado em seguida em versões esquartejadas. É no entanto não menos que uma obra-prima lírica, graças a Visconti, que soube transcender através das imagens um tema medíocre.”

Longe do neo-realismo, diz o historiador Sadoul

Em seu Dicionário de Filmes, Georges Sadoul, um dos maiores historiadores e críticos de cinema do século XX, autor de uma fantástica História do Cinema Mundial, dedica uma página inteira a La Terra Trema. Alguns trechos:

“Realizado em condições difíceis, todo o filme foi interpretado por atores não-profissionais, o canotiero feito por um ganancioso vendedor de peixe, a moça pela criada do albuergue, cujo rosto ‘assumiu uma beleza leonardiana assim que pus um véu negro sobre seus cabelos’ (L.V.), etc. (…)

“Embora La Terra Trema tenha adotado os métodos neo-realistas do filme-mvestigação, estava longe, nas antípodas mesmo, de Paisà (Rossellini, 1946) ou de Ladrões de Bicicleta (Zavattini, De Sica, 1948). André Bazin observou então que seus personagens lembravam um pouco o heróis da ópera, e Antonioni lembrou o Hamlet de Laurence Olivier, onde ‘a técnica é um fim em si’, enquanto ‘em Visconti a técnica está realmente a serviço da poesia’, com ‘os enquadramentos que sempre dizem alguma coisa, mesmo um simples estado de alma, uma fotografia que revela sempre uma atomosfera, poderosamente. (…)

“Após a falência da Universalia (causada por suas superproduções, não por este filme de orçamento modesto), La Terra Trema foi apresentado em versão reduzida e dublada em italiano na França, foi picado e enfarpelado por uma narração que lhe dava sentido contrário. (…) Às vezes meio elaborado na direção, La Terra Trema (na versão integral) nem por isso deixa de ser uma grande obra lírica em seu realismo, um cine-ópera-verdade.”

No livro As Obras-Primas do Cinema, Claude Beylie faz uma bela síntese: “Cúmulo do realismo, este filme se revela, ao mesmo tempo, paradoxalmente, o cúmulo do formalismo. Isso porque a arte de Visconti se situa no exato ponto de junção dessas duas exigências.”

Um filme de visual majestosamente lindo. Mas…

A rigor, a anotação está pronta.

Só ficou faltando minha opinião. E aí é que está.

Talvez minha opinião fosse diferente se tivesse visto La Terra Trema quando era bem jovem, adolescente, e vi meus primeiros Visconti, Fellini, Antonioni, Monicelli, De Sica… Na época, muito provavelmente eu teria ficado encantado. Mas não vi; só vim ver pela primeira vez agora, quando o filme e eu já somos velhos.

Antes de mais nada, é preciso registrar duas características.

A primeira: boa parte dos diálogos do filme é berrada, gritada – o que seguramente reproduz realisticamente o jeito de falar daquela gente focalizada na história, mas é chato a não mais poder.

(E é interessante, porque Belíssima, o filme seguinte de Visconti, seu terceiro longa, é igualmente berrado. Anotei sobre ele: “É bem provável que seja um dos filmes mais irritantemente berrados, gritados, da história do cinema mundial”. Mas não fui só eu. O Film Guide da Time Out define Belissima, de 1951, como “quite the noisiest film ever made”.)

A segunda: 160 minutos, 2h40, é tempo demais para contar o que se conta em La Terra Trema. É um filme longo demais, cansativamente longo.

E agora lá vai minha opinião, que seguramente chocará viscontianos exacerbados, fanáticos: na minha opinião, La Terra Trema é um filme tão majestosamente belo na forma quanto absurdamente ginasiano no conteúdo. Ginasiano, coisa de adolescente. Cheio de obviedades, de platitudes.

Sim, as imagens são esplendorosas, esplendorosamente belas. Cada enquadramento é pensado, maturado, elaborado – e perfeito, e lindo.

Se há poesia visual, é aquilo ali. É tudo pura poesia visual.

Não foi à toa que a família do conde fez com que o jovem Luchino aprendesse desenho, pintura, ópera.

Agora, o que o filme diz é mais ou menos o que um garoto de 14, 15, 16 anos de idade encantado com as promessas de justiça social do comunismo seria capaz de escrever num conto, numa pequena peça de teatro, numa redação de final de ano.

Eu sei bem disso porque quando tinha aí uns 14 anos escrevi um monte de coisas assim.

Os patrões são muito cruéis. Nós, o povo, somos honestos, trabalhadores, só fazemos o bem. Nos, os pescadores, trabalhamos muito, demais da conta, enfrentamos toda a dureza do mar, esfolamos nossas mãos – e os mercadores, os ricos, eles nos exploram. Todo o lucro fica com eles, e a nós só resta o trabalho duro. É preciso dizer basta à exploração do homem pelo homem; é preciso que nós, o povo, nos unamos, porque todos juntos somos fortes, e juntos vamos fazer um novo dia, um amanhã mais justo.

Nada contra isso tudo que o filme diz. É tudo a maior verdade dos fatos. Mas dito assim, com aquele monte de frases feitas que ‘Ntoni fala, não passa de uma, como dizia o Millôr Fernandes, compozyção infantil.

La Terra Trema é um conjunto magnífico de belísssimas, maravilhosas imagens, que entrega para o espectador verdades dolorosas e bastante conhecidas, expressas como numa compozyção infantil.

Agora, se alguém tivesse a coragem de fazer um filme sobre as filmagens de La Terra Trema, e sobre as reações à obra, as iniciais e as posteriores…

Um conde comunista de Milão reúne uma pequena trupe e começa a fazer um quase-documentário-manifesto sobre o dia-a-dia dos pescadores miseráveis da Sicília com capital de 3 milhões fornecido pelo Partido, e ao longo das filmagens submete sua equipe a trabalho análogo ao escravo…

Ahnnnn! Tem tudo para ser um filmaço!

Anotação em agosto de 2019

A Terra Treme/La Terra Trema

De Luchino Visconti, Itália, 1948.

Com Antonio Arcidiacono (‘Ntoni), Giuseppe Arcidiacono (Cola, irmão), Agnese Giammona (Lucia, irmã), Nelluccia Giammona (Mara, irmã), Antonino Micale (Vanni, irmão garoto), Nicola Castorino (Nicola, o pedreiro), Rosa Catalano (Rosa), Rosa Costanzo (Nedda), Alfio Fichera (Michele), Carmela Fichera (a baronesa), Rosario Galvagno (Don Salvatore, o chefe dos carabinieri), Ignazio Maccarone (Maccarone)

Argumento e roteiro Luchino Visconti

Inspirado no romance I Malavoglia, de Giovanni Verga

Fotografia G.R. Aldo

Música Willy Ferrero

Montagem Mario Serandrei

Assistentes de direção Francesco Rosi e Franco Zeffirelli

Produção Universalia Film. DVD Versátil.

P&B, 160 min (2h40)

**1/2

 

 

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