Roma

4.0 out of 5.0 stars

Não é muito agradável repetir algo que muita gente, praticamente todo mundo, já disse, mas fazer o quê? Muita gente, praticamente todo mundo está certíssimo, não tem como fugir: Roma, do mexicano Alfonso Cuarón, é um filmaço, uma maravilha, um brilho, uma obra-prima.

São várias as características do filme que me impressionaram demais. A atuação maravilhosa de todos os atores, é claro, é óbvio. Antes de mais nada, o elenco perfeito – prova que o realizador é um grande diretor de atores.

A beleza da opção pelo preto-e-branco – mesmo que, em 1970, 1971, quando se passa a ação, muitos filmes já fossem em cores. Mas faz todo o sentido, creio, que os filmes sobre nossa infância sejam em preto-e-branco – mesmo para pessoas mais jovens. Cuarón é de 1961, ano em que eu, aos 11, já ia muito ao cinema, e ainda havia, sim, muitos filmes em preto-e-branco. Foi exatamente ao longo dos anos 1960, a primeira década da vida de Cuarón, que todos os grandes realizadores do mundo passaram do P&B para as cores, de Ingmar Bergman a Federico Fellini, de Arthur Penn a François Truffaut, de Michelangelo Antonioni ao casal Jacques Demy-Agnès Varda. Escrevi um texto sobre isso, “A década que coloriu o cinema”.

A extraordinária beleza da fotografia em preto-e-branco, trabalho do próprio Alfonso Cuarón, um caso raríssimo, hoje em dia, de realizador que assume ele mesmo a direção de fotografia.

Há diversas tomadas de uma beleza espantosa, acachapante – como, para dar apenas um exemplo, as quatro tomadas que mostram a família no velho e batido Galaxy, voltando para casa, vindo da praia, com a câmara focalizando uma a uma as janelas do carro e lá dentro os ocupantes – primeiro a frente, a mãe dirigindo, depois o filho mais velho no banco do carona, depois os meninos do banco de trás no lado direito, e finalmente Cleo, a empregada, a protagonista da história (o papel dessa maravilhosa Yalitza Aparicio), no lado esquerdo.

Ou a longa tomada do incêndio no bosque perto da fazenda onde a família vai passar o réveillon de 1970 para 1971, em que vai chegando para o primeiro plano um dos convidados da festa, um sujeito todo fantasiado de fera, de bicho-papão, que fica cantando em norueguês, alheio ao mundo, enquanto a seu redor, numa agitação febril, dezenas de pessoas jogam água sobre as labaredas. Não consegui me conter, e exclamei para a Mary, ou mais para mim mesmo: “Isso é Fellini puro”.

Tomadas longas, sem pressa

O tamanho das tomadas. Essa é outra das muitas características impressionantes de Roma. Cuarón fez um filme de tomadas longas, bem longas. É tudo o contrário da estética MTV dos anos 80, que diretores de clipes como John Landis, David Finch e Michel Gondry usaram e depois foi incorporado ao cinemão de Hollywood. Em especial nos filmes de ação, mas não só neles, dominam as tomadas rápidas, a montagem frenética.

Em Roma é o oposto. Roma é um filme que não tem pressa, que faz questão de não ter pressa – e pode até mesmo irritar por isso alguns espectadores nervosos, acostumados ao ritmo frenético dos filmes de ação.

Há momentos mesmo em que Cuarón deixa a tomada se estender depois que a ação que ele queria mostrar já acabou. Volta e meia acontece isso: os personagens dizem alguma coisa, falam alguma coisa, e saem do quadro – e a câmara permanece ali por mais alguns segundos, mostrando o lugar que agora está vazio.

Cuarón acentua, enfatiza o fato de que não tem pressa para contar sua história. Vai contra a corrente, contra a maré, e ainda acentua, enfatiza isso, nas tomadas longas, muitas vezes até propositalmente mais longas do que seria necessário.

E isso leva a outra característica impressionante do filme: tomada longa é mais difícil de se fazer. Se houve algum problema, alguma pequena falha, qualquer que seja, a equipe pode refazer a tomada curta várias vezes num espaço de tempo pequeno.

Numa tomada longa, é bem mais possível a existência de alguma falha, algo que não fique exatamente como planejado – e refazer aquilo tudo, botar em ação diversas pessoas, os atores à frente, e mais dezenas e dezenas de figurantes, coordenar tudo de novo, é obviamente bem mais trabalhoso.

Cuarón optou pelo mais trabalhoso.

Filme que faz reconstituição de época é evidentemente muito mais difícil de se produzir do que um que se passa nos dias de hoje. Nos dias de hoje, é só botar a câmara na rua, e pronto. Como Roma se passa em 1970 e 1971, cada detalhe tem que ser revisto – cada carro, cada ônibus que passa pela rua, mas também os cartazes nas lojas, as roupas, tudo.

Melhor então seria ser econômico nas cenas de rua.

Pois é, mas Cuarón exagera nas cenas de rua. Há diversas delas, com dezenas e dezenas de figurantes, dezenas de carros e ônibus.

Uma loucura.

A produção de Roma, as filmagens de Roma devem ter sido uma absoluta loucura, um trabalho imenso, uma coisa absurda.

Um filme extremamente pessoal

Tomadas longas, trabalhosas, mais difíceis de serem feitas. Montagem calma, sem cortes abruptos, o oposto do que tem sido feito no cinemão comercial, repito. E não é que Alfonso Cuarón assina também a montagem? Neste quesito, ao lado de um parceiro, Adam Gough.

O cara escreveu a história, escreveu o roteiro, dirigiu a fotografia, dirigiu a orquestra toda o tempo todo, e depois das filmagens foi para o laboratório fazer a montagem, a escolha de cada tomada, a junção de uma tomada com a outra. E foi um dos produtores da zorra toda.

Isso é que é fazer um filme pessoal.

Para, além de tudo, contar sua própria história. Contar uma história inspirada na sua vida quando garoto no bairro Colonia Roma da Cidade do México na passagem de 1970 para 1971. Uma história inspirada na moça que foi sua babá, sua e de seus irmãos – inclusive Carlos, o diretor da beleza que é o filme Rudo e Cursi.

E essa é outra característica impressionante do filme. Um filme caro, difícil de fazer, com custosa reconstituição de época e dispendioso uso de centenas de extras – e, no entanto, um filme pessoal, extremamente pessoal, contando episódios de vida em família que têm bastante de autobiográficos.

O milagre de haver financiamento para um projeto desses só se explica porque Alfonso Cuarón é um diretor de grande prestígio, de carreira internacional consolidada. Não se juntariam diversos produtores para botar dinheiro para um projeto desses se não fosse de um diretor que tem no currículo a refilmagem do clássico Grandes Esperanças (1998), de Charles Dickens, que já havia sido filmado por ninguém menos que o mestre David Lean. Mais um filme da franquia Harry Potter, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004). E mais Gravidade (2013), com George Clooney, Sandra Bullock, Ed Harris, extraordinário sucesso de público e crítica, 239 prêmios, inclusive 7 Oscars – 7!

Em 2013, Gravidade, uma ficção científica, produção de um dos maiores estúdios do mundo, a Warner Bros – e em seguida, em 2018, um filme pessoal sobre vida em família na Cidade do México nos anos 70, em preto-e-branco, sem sequer um único astro.

É fantástico, é sensacional, é uma maravilha.

Cleo faz lembrar Gelsomina, Cabíria…

Falei aí acima que a cena do incêndio no bosque em que aparece o sujeito fantasiado de bicho-papão (o papel do norueguês Kjartan Halvorsen) e ele se põe a cantar me pareceu Fellini puro. Foi a sensação que tive na hora, e creio que seja de fato uma imagem absolutamente felliniana – no que o adjetivo tem a ver com as obras do mestre de Rimini feitas a partir de Oito e Meio (1963).

Mas é interessante, porque antes dessa sequência do incêndio eu já havia achado que o filme personalíssimo de Alfredo Cuarón tinha a ver com Fellini – mas não o Fellini que o mundo inteiro passou a chamar de genial depois de A Doce Vida e Oito e Meio, mas o Fellini mais jovem, ainda não incensado unanimemente, de Mulheres e Luzes (1950), Os Boas Vidas (1953), A Estrada da Vida (1954), Noites de Cabíria (1957).

Algumas tomadas em que vemos Cleo em sua imensa solidão e desamparo, ao se descobrir grávida, me fizeram lembrar de imediato de coisas do jovem Fellini. Aquela pobre empregada doméstica, pessoa boa, de coração de ouro, tem muito a ver com a Gelsomina de A Estrada da Vida, com a Cabíria de Noites de Cabíria. Todas as três mulheres muito pobres, humildes, solitárias, desamparadas – e profundamente boas, coração de ouro.

E ainda tem uma outra semelhança: como o Zampanò A Estrada da Vida, em Roma há um personagem que se exibe como um homem de força física descomunal. O Professor Zovek aparece pela primeira vez num programa de TV a que a família reunida assiste – ele arrasta um caminhão puxando uma corrente presa entre os dentes; mas tarde, surge no campo de futebol da periferia em que um grupo de homens treina lutas marciais. É interpretado por Latin Lover, um conhecido homem da luta livre no México.

Não tenho a menor idéia se Fellini – que dirigiu um filme com o mesmo título em 1972 – em algum momento foi um dos inspiradores deste Roma de Alfonso Cuarón, Pode não ter nada a ver – mas eu senti que há coisas de Fellini ali. Me peguei pensando que, aos 57 anos de idade, carreira gloriosa, consagrado internacionalmente, Cuarón resolveu fazer o seu próprio Amarcord – que, talvez alguns não se lembrem, quer dizer “eu me recordo”.

Há algo em torno de Roma que transcende o próprio filme. Roma recebeu nada menos de 10 indicações ao Oscar. (Vimos o filme no dia em que saíram as indicações, 22 de janeiro.) É um dos grandes favoritos do Oscar 2019. E é impossível não lembrar que, no Oscar 2018, um dos grandes favoritos, com 9 indicações e ao fim 4 troféus, inclusive os dois mais importantes, os de melhor filme e melhor direção, foi A Forma da Água, de Guillermo del Toro, colega, amigo, conterrâneo e contemporâneo de Alfonso Cuarón.

Cuarón e del Toro formam, com Alejandro G. Iñarritu, o trio de ouro do atual cinema mexicano. Birdman, de Iñarritu, foi um dos grandes favoritos no Oscar 2015, com 9 indicações e 4 vitórias, inclusive como melhor filme e melhor direção.

Sorry, Mr. Trump, mas não há muro que consiga deter a entrada de talento mexicano nos Estados Unidos.

O filme tem dedicatória: “Para Libo”

São bem longos e detalhados os créditos – tanto os iniciais quanto os finais. Longos e – algo extremamente raros – silenciosos, sem música. Roma não tem trilha sonora, não foi composta uma trilha para o filme. Ouvimos, ao longos dos 135 minutos que na verdade passam bem depressa, diversas canções – que tocam no rádio, que são cantadas pelos personagens. Mas não há trilha sonora composta para o filme, não há música para acompanhar as cenas, realçar este ou aquele clima.

Quando a narrativa termina – numa daquelas tomadas em que a câmara fica filmando um tempo além do necessário, e já não há mais nada acontecendo –, antes mesmo de surgir na tela o título Roma, há a dedicatória: “Para Libo”.

Libo é o apelido da moça que trabalhou como empregada doméstica e babá na casa dos Cuarón quando Alfonso e seu irmão Carlos eram crianças. A moça que o filme retrata como Cleo, a protagonista da história. chama-se Liboria Rodriguez, e se mantém próxima de Cuarón e de sua família; já até fez algumas participações em filmes do diretor – em E Sua Mamãe Também, ela faz uma mulher que leva um sanduíche para o personagem de Diego Luna

Roma mostra a vida de uma família classe média para média alta – pai, mãe, quatro filhos, a avó – através da visão de Cleo, uma das duas empregadas da casa, um bem amplo sobrado num bairro residencial da Cidade do México, a Colonia Roma. Ela e Adela (Nancy García García) dividem todo o serviço da casa, mas Cleo é mais próxima das crianças. São bastante amigas, as duas; Adela chama Cleo o tempo todo de irmãzinha, e até achei que as duas fossem de fato irmãs – são, ambas, descendentes de indígenas. Adela fala na língua de seu povo – mas Cleo faz questão de responder sempre em espanhol.

Roma é um filme feminista

E aqui, só aqui, chego a duas características importantíssimas, fundamentais, de Roma sobre as quais não havia falado nada. Falei até aqui  de coisas formais. Vou agora a duas questões de fundo, do conteúdo.

Obra pessoal de um homem, e um homem latino-americano, região tida como de homens machistas, Roma é um filme feminista. E, embora feito no Terceiro Mundo, nesta América Latina que adora namorar um marxismo, um socialismo, embora trate o tempo todo das relações entre patrões e empregadas, é um filme que passa longe dessa coisa de luta de classes.

Um filme feminista: os homens são mostrados como fracos, com sérias falhas de caráter. E as mulheres como pessoas fortes, capazes de superar as crises, os problemas, por piores que sejam.

Tanto o patrão Antonio (interpretado por Fernando Grediaga) quanto Fermin, o namorado de Cleo (Jorge Antonio Guerrero) são homens tíbios, e, pior ainda, capazes de atitudes irresponsáveis, lastimáveis. O patrão abandona Sofia e os quatro filhos sem ter a coragem de fazer a coisa direito, de enfrentar de frente, de conversar com eles – foge feito um ladrão deixa a casa roubada, para usar a imagem de Renato Teixeira. E prova que não poderia ter tido um filho sequer, quanto mais quatro, ao não procurá-los durante meses. Ser pai ausente é um dos crimes mais hediondos que pode haver.

Fermin, o sujeito que namora Cleo e a engravida, é ainda pior. É um mau caráter assumido. Assim que ouve a notícia de que ela pode estar grávida, some sem deixar rastros. E quando ela finalmente descobre seu paradeiro, e vai atrás dele, reage com a atitude mais indigna do mundo.

Já Sofia e a própria Cleo são, bem ao contrário, pessoas fortes. Sofia se afunda na dor e na perplexidade da perda do marido durante um tempo – mas depois vai buscar forças provavelmente nem ela sabe onde, e um belo dia se percebe pronta para tocar a vida pra frente.

Cleo come o pão que o diabo amassou – mas, assim como a patroa, vai em frente.

É uma vida duríssima – mas não há luta de classes

Um filme que passa ao largo da luta de classes: Roma mostra com detalhes o dia-a-dia duríssimo da empregada doméstica. Cleo e Adela trabalham o dia inteiro, sem parar. Cleo levanta cedinho, antes de 7 da manhã, para tomar banho e preparar o café da manhã para seis pessoas – a patroa, a mãe dela, os quatro meninos. (O patrão, mesmo antes de sair de casa de vez, parava pouco lá, sempre viajando.) E a partir daí não pára nunca, até botar as crianças para dormir e apagar todas as luzes da casa enorme.

Trabalha feito uma moura, quase feito uma escrava, e seguramente por um salário pequeno. Mas não se queixa nunca – e é muito bem tratada. Tirando o patrão, que reclama do cocô do cachorro no piso do pátio em que ficam os carros da família (o piso que Cleo lava sempre, com o maior cuidado), Cleo é sempre bem tratada – e fica claro que ela se sente bem ali. Ama as crianças, em especial os dois mais novos, Sofi e Pepe (Daniela Demesa e Marco Graf), e as crianças a adoram.

Sofia, a patroa (o papel de Marina de Tavira), perde a cabeça e grita com Cleo uma única vez – num momento de profunda dor pela ausência do marido e por ver o sofrimento do filho mais velho. Fora esse único momento, trata Cleo de forma afetuosa: tanto ela quanto a mãe dão todo suporte à moça durante a gravidez dela.

Esquerdóides, xiitas e chaatos de maneira geral muito provavelmente detestarão a forma com que Alfonso Cuarón descreve a relação entre patrões e empregada em Roma.

“Um retrato das mulheres que me criaram”

Já dei muita opinião. Vou agora atrás de informações objetivas sobre o filme e sua realização.

* Até janeiro de 2019, Roma já acumulava 132 prêmios, fora 152 indicações – inclusive as dez ao Oscar. Cuarón levou os Globos de Ouro de melhor diretor estrangeiro e melhor direção, e, no Festival de Veneza, o Leão de Ouro de melhor filme e o prêmio de melhor direção.

* Roma é o 8º longa-metragem de Alfonso Cuarón, e o primeiro rodado no México e falado em espanhol desde E Sua Mãe Também, de 2001. De lá para cá ele havia feito Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004), um episódio de Paris, Te Amo (2006), Filhos da Esperança (2006) e Gravidade (2013).

* Uma definição do filme dada pelo próprio autor: “Roma é uma tentativa de capturar a memória de fatos que aconteceram comigo quase 50 anos atrás. É uma exploração da hierarquia social do México, onde classe e etnicidade foram perversamente interligados até hoje e, sobretudo, é um retrato íntimo das mulheres que me criaram, em reconhecimento ao amor como um mistério que transcende o espaço, a memória e o tempo.”

* Cuarón afirmou que cerca de 90% das cenas do filme foram tiradas da sua memória.

* Yalitza Aparicio, a moça escolhida para interpretar a protagonista Cleo, jamais havia trabalhado no cinema ou tido qualquer tipo de proximidade com artes dramáticas. Nascida na área rural de Tlaxiaco, Oaxaca, Yalitza acabou derrotando mais de cem outras jovens que fizeram testes para o papel. É a primeira descendente de índios a ser indicada para o Oscar de melhor atriz.

* Já Marina de Tavira, que interpreta a patroa Sofía, é atriz de teatro, cinema e televisão, com formação em escolas de artes dramáticas e uma carreira sólida nos palcos mexicanos. Segundo o IMDb, quando ela se apresentou para testes para a equipe de produção, não sabia que aquele era um projeto de Alfonso Cuarón, um dos mais importantes diretores do país – apesar de já ter trabalhado com vários diretores de renome no cinema mexicano.

* A revista Time escolheu Roma como o melhor filme de 2018, e o descreveu como “uma ode ao poder da memória, íntima como um sussurro e vital como o barulho do mar”.

O primeiro grande filme lançado diretamente em streaming

Além de toda a sua qualidade, além do absolutamente amplo reconhecimento da crítica mundo afora, Roma vai passar para a História como o primeiro grande filme de realizador importante a ser distribuído diretamente por uma empresa de streaming. A Netflix comprou os direitos de distribuição do filme no primeiro semestre de 2018, num acordo que incluía a distribuição em salas de cinema. Assim, Roma estreou nas salas ao mesmo tempo que ficou disponível para os assinantes da Netflix ao redor do mundo. Chegou praticamente ao mesmo tempo às grandes telas e aos aparelhos de TV ou computadores ou laptops ou celulares.

A estréia se deu em agosto de 2018 em um dos três mais importantes festivais de cinema do mundo, o de Veneza – onde, como já foi dito, venceu o Leão de Ouro de melhor filme e o prêmio de melhor direção. Depois de Veneza, Roma foi exibido em diversos festivais mundo afora – e em dezembro passou a ser disponível na Netflix.

Um ano antes, em 2017, o Festival de Cannes anunciou que não permitiria que participassem da sua mostra competitiva filmes distribuídos pelas empresas de streaming. Os organizadores declararam que, com isso, pretendiam preservar a forma tradicional de se ver filmes – em salas de cinema, e não em casa.

Para a premiação de 2019, a Associação dos Correspondentes Estrangeiros em Hollywood decidiu permitir pela primeira vez a participação de um filme distribuído via streaming – e, como já foi dito, Roma levou os Globos de Ouro de melhor filme estrangeiro e melhor direção.

E foi também o primeiro filme distribuído pela Netflix a ser admitido como candidato aos Oscars, depois de anos em que a Academia de Hollywood demonstrava má vontade com os filmes apresentados nas plataformas de streaming.

Um filmaço. De fazer História.

Anotação em janeiro de 2019

Roma

De Alfonso Cuarón, México-EUA, 2018

Com Yalitza Aparicio (Cleo)

e Marina de Tavira (Sofía, a patroa), Diego Cortina Autrey (Toño, filho), Carlos Peralta (Paco, filho), Marco Graf (Pepe, o filho caçula), Daniela Demesa (Sofi, a filha), Nancy García García (Adela, a outra empregada), Verónica García (Sra. Teresa, a mãe de Sofia), Andy Cortés (Ignacio), Fernando Grediaga (Antonio, o patrão), Jorge Antonio Guerrero (Fermín, o namorado de Cleo), José Manuel Guerrero Mendoza (Ramón, o namorado de Adela), Latin Lover (Professor Zovek), Zarela Lizbeth Chinolla Arellano (Dra. Velez, a ginecologista), José Luis López Gómez (pediatra), Edwin Mendoza Ramírez (médico), Clementina Guadarrama (Benita), Enoc Leaño     (político), Nicolás Peréz Taylor Félix (Beto Pardo), Kjartan Halvorsen (Ove Larsen),

Argumento e roteiro Alfonso Cuarón

Fotografia Alfonso Cuarón

Montagem Alfonso Cuarón e Adam Gough

Casting Luis Rosales

Na Netflix. Produção Nicolás Celis, Alfonso Cuarón, Esperanto Filmoj, Participant Media.

P&B, 135 min (2h15)

****

Anotação em janeiro de 2019

7 Comentários para “Roma”

  1. Sabe quando a gente assiste um filme e fica procurando alguém para falar sobre o quanto é uma obra-prima, que tem tudo pra virar um cult? Roma é o cotidiano virado do avesso, esmiuçado até as entranhas, riquíssimo em detalhes que para essa geração ansiosa pode parecer entediante. Em Roma, águas puras ou imundas, correntes ou paradas são o fio condutor, o elo, a fusão do enredo.

  2. Estava meio desanimada em ver este filme, mas depois desta maravilhosa exposição, vou correr para a Netflix.!

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