Lou / Lou Andreas-Salomé

Nota: ★★★½

Qualquer história envolvendo jogos de tronos, senhores de anéis, terras do meio, bruxas, fantasmas, vampiros, super-heróis é fichinha perto da história da vida de Lou Andreas-Salomé. O cinema precisava mesmo contá-la.

A rigor, é um absurdo que o cinema ainda não a tivesse contado até agora.

A tarefa foi assumida por uma jovem alemã, Cordula Kablitz-Post, que tinha em seu currículo até então apenas 9 títulos – uma série de TV, alguns documentários para a televisão. A cinebiografia dessa mulher extraordinária, de vida absolutamente intensa, rica, multifacetada, foi o primeiro longa-metragem de ficção da jovem realizadora.

Foram necessárias quatro atrizes para interpretar Lou Andreas-Salomé ao longo de seus 75 anos, entre 1861, quando nasceu em São Petersburgo, de família riquíssima, e 1937, quando o nazismo tornava sua vida insuportável. Para financiar o projeto, foram reunidas produtoras de quatro países – Alemanha, Áustria, Itália, Suíça. Não por coincidência, quatro países em que a filósofa, escritora e psicanalista viveu.

Tarefa grande demais para uma diretora jovem, em primeira experiência de longa? Sem dúvida alguma.

Pois Cordula Kablitz-Post se saiu maravilhosamente bem. O filme sobre a vida de Lou Andreas-Salomé é uma beleza.

Ela foi admirada e amada por gênios      

Diga-me com quem andas e te direi quem és.

O filósofo Friederich Nietzsche e seu amigo Paul Rée (interpretados respectivamente por Alexander Scheer e Philipp Hauß) “foram loucos por ela”. O poeta Rainer Maria Rilke (interpretado por Julius Feldmeier) “a amou apaixonadamente” – e escreveu para ela diversos de seus poemas mais arrebatadamente amorosos. Sigmund Freud (feito pelo ator Harald Schrott), “de quem ela foi aluna, admirava sua ‘inteligência formidável’. O linguista Friedrich Carl Andreas (o papel de Merab Ninidze) “a desposou, mas ela havia posto a condição de que ele não a tocasse”.

Os trechos entre parênteses acima estão no primeiro parágrafo da crítica do filme publicada em 30 de maio de 2017 no Le Figaro, assinada por Marie-Noëlle Tranchant. Essa moça resumiu de forma tão brilhante (e concisa) a relação de Lou Andreas-Salomé com essa penca de nomes ilustríssimos que resolvi me aproveitar de seu texto. Com minha incapacidade de sintetizar as coisas, jamais teria conseguido escrever o parágrafo acima.

O que o filme mostra, de forma clara, límpida, é que, vivendo na Alemanha de final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, quando a total independência das mulheres ainda era algo absolutamente impensável, Lou Andreas-Salomé conviveu com esses monstros sagrados da cultura ocidental de igual para igual. Jamais se subordinou a qualquer um deles. Independente, aguerrida, corajosa, firme, ousada, escandalizou boa parte da sociedade de então. Foi chamada, em viva voz e em letras de imprensa, de “prostituta russa” pela irmã de Nietzsche, Elisabeth (Katrin Hansmeier) que passou boa parte da vida enfurecida de ciúmes por ela – e, no entanto, não permitiu que o filósofo, louco de paixão, encostasse nela.

Mais tarde escreveu sobre Nietzsche – e Freud definiu a análise dela sobre o filósofo como um trabalho fundamental para a construção da teoria da psicanálise.

Um grande trabalho de pesquisa

Os créditos finais de Lou Andreas-Salomé, The Audacity to Be Free (esse é o título com que o filme foi distribuído nos países de língua inglesa) informam que a história do filme foi escrita por Cordula Kablitz-Post, com Susanne Hertel como co-autora, e o roteiro é de autoria das duas. Dá para inferir, portanto, que foi da própria realizadora Cordula Kablitz-Post a elaboração da trama a ser apresentada no filme, e depois ela teve a ajuda da companheira, para dar redação final à história e em seguida escrever o roteiro, a forma com que a história seria filmada. Coube à realizadora, portanto, a maior parte do trabalho de pesquisa sobre a vida de Lou Andreas-Salomé.

Conforme o próprio filme mostra, muitos dos documentos originais da filósofa e psicanalista – cartas, anotações, diários – foram queimados por ela mesma, em meados dos anos 30, por temor dos nazistas. Mas muita coisa foi salva por Ernst Pfeiffer (o papel de Matthias Lier, na foto acima), um linguista que se tornou amigo de Lou a partir de 1933, e, nos anos finais da vida dela, viria a ser seu biógrafo e o administrador de sua obra e de seus papéis.

Era muito papel, muita anotação da própria Lou – sem contar o que escreveram sobre ela os intelectuais com quem conviveu. Intelectuais, escritores, filósofos, esse povo, afinal, escreve sem parar.

O trabalho de pesquisa feito por Cordula Kablitz-Post deve ter sido pesadíssimo.

Não há por que duvidar da fidelidade da história e do roteiro final. O que há, isso sim, é a necessidade de reconhecer a imensa qualidade do trabalho. O roteiro assinado por Corula Kablitz-Poast e Susanne Hertel é um brilho.

O filme abre com um pequenino intróito de apenas duas rápidas tomadas. Na primeira, vemos o rosto de uma garota bonita, adolescente, em close-up, dizendo uma palavra que não chegamos a ouvir. Dá para perceber (se você for muito atento, ou se revir a cena, como fiz agora, ao escrever esta anotação) que a palavra que os lábios dela pronunciam é um “nein” – um “não” forte, claro, nítido. Em seguida, vemos cair ao chão uma folha de papel manuscrita.

Só isso.

Corta, a tela fica toda negra, e nela aparece o nome da biografada, Lou Andreas-Salomé.

E então vemos livros, papéis sendo queimados, numa gigantesca fogueira – a imagem mais que perfeita, o suprassumo, o resumo do que é regime ditatorial, a força bruta contra as palavras, as idéias. Uma voz em off, de uma pessoa que está discursando, falando muito alto, seguramente diante de um grande número de pessoas, faz a procissão de fé dos que só admitem um tipo de opinião, de pensamento:

– “Contra a luta de classes e o materialismo, eu consagro às chamas as obras de Karl Marx e Trótski!”

Aplausos, gritos de apoio.

– “Contra a destrutiva supervalorização do instinto sexual, pela nobreza da alma humana, consagro às chamas a obra da escola freudiana.”

O filme sobre a vida de Lou Andreas-Salomé começa com uma pincelada forte, apavorante, sobre o negror daqueles anos 30 na Alemanha.

Um letreiro informa que o que estamos vendo se passou na cidade alemã de Göttingen, em maio de 1933 – quando os nazistas, portanto, já estavam no poder.

Vemos o rosto de uma senhora idosa em close-up – ela escreve uma carta. Ao fundo, ouvimos o prosseguimento do discurso lá fora dos queimadores de livros. Ela escreve, com a ajuda de uma lente: – “Prezado professor Freud, os acontecimentos me fazem temer o pior para a Alemanha”.

Admiradores batem à porta da casa de Lou

O filme não menciona isso, mas Sigmund Freud morou em Viena até 1938, quando enfim se refugiou na Inglaterra. Morreria – aos 83 anos, em Londres – em 23 de setembro de 1939, 23 dias após as tropas nazistas invadirem a Polônia, na ação que marcou o começo da Segunda Guerra Mundial.

Ao contrário do seu professor, Lou Andreas-Salomé não chegaria a ver as primeiras notícias sobre a Segunda Guerra: como informam os letreiros ao final do filme, ela morreu, ali mesmo em Göttingen, na Saxônia, bem no centro da Alemanha, em 5 de fevereiro de 1937, aos 75 anos muitíssimo bem vividos.

Logo depois daquelas tomadas que mostram Lou com 72 anos de idade escrevendo para Freud, em 1933, há uma sequência em que um homem aí de uns 40 anos de idade bate à porta da casa dela. Veremos que se chama Ernst Pfeiffer (o papel, repito, de Matthias Lier). É atendido por uma jovem que parece a governanta de Lou, e diz para ele simplesmente que a senhora não recebe ninguém.

A moça, que, veremos, é bem mais que uma governanta de Lou, se chama Marie (o papel de Katharina Schüttler). Pfeiffer deixa um bilhete.

Da janela de seu escritório, Lou havia observado o homem que batia à porta querendo falar com ela. Logo diz para Marie mandar ele entrar.

Pfeiffer, um tanto tímido, um tanto sem jeito, um tanto zonzo por estar diante daquela mulher, tira debaixo do sobretudo um ramo de flores, entrega para ela e diz que veio procurá-la por causa de um amigo, que está desesperadamente precisando de ajuda psicológica.

Lou diz que agora já não atende mais pacientes: – “A psicanálise hoje é considerada uma ciência judaica”. Mas incentiva Pfeiffer a falar, e ele conta que o amigo não consegue mais dormir, não consegue mais escrever; precisa terminar sua tese, mas está incapaz de escrever uma linha.

Lou percebe – é claro – que o visitante é quem precisa de ajuda, que não há amigo nenhum.

Demonstra simpatia, sorri para ele.

Pfeiffer diz que é um grande admirador da obra dela, que leu muito do que ela escreveu. Lou diz que não sabia que tinha admiradores daquela geração dele, gente muito mais nova que ela.

Corta, e uma Lou bem jovem, ali dos 20 e poucos anos, está vendo um admirador batendo à porta de sua casa, com um ramo de flores. Veremos depois que é Rainer Maria Rilke (interpretado, repito, por Julius Feldmeier, na foto acima).

Uma beleza de sacada do roteiro: um admirador bate à porta da Lou de 72 anos; sob o sobretudo, leva flores; um admirador bate à porta da Lou aos 20 e poucos anos, levando flores.

Um belo recurso: velhas fotos adquirem vida

A Lou idosa de fato simpatiza com aquele rapaz um tanto sem jeito, que demonstra claramente ser uma boa pessoa. E logo propõe ditar a ele suas memórias – que ele anotará em uma máquina de escrever.

Para ajudá-la a se lembrar dos fatos, dos nomes, das pessoas, Lou tem papéis, cadernos, anotações – e velhas fotografias, muitas das quais segura nas mãos de tal forma a permitir que a câmara as focalize, e portanto que o espectador as veja.

E aí a jovem diretora Cordula Kablitz-Post tira da manga seu Coringa, seu Ás de Ouro: o cartão postal de São Petersburgo na Rússia imperial de 1860 e tantos ocupa toda a tela – e, em um pedacinho da foto, uma criança se agita.

Esse recurso de dar vida a antigas fotos será usado várias vezes, enquanto acompanhamos a trajetória fantástica, fascinante daquela mulher ao longo das décadas, na Rússia, depois na Alemanha, com uma passagem pela Itália e pela Suíça, depois na Alemanha novamente, depois Áustria, para os estudos com Sigmund Freud.

Simples, e brilhante. Belissimamente executado. Coisa de gente grande, de profissional experiente, maduro.

A Louise von Salomé. ou Luíza Gustavovna Salomé dos 6 anos de idade, filha de um pai amoroso, compreensivo, que morreria cedo, e de uma mãe rígida, formal, convencional, que exigiria dela durante décadas um comportamento careta que ela jamais teria, aparece pouco. Não mais que em umas duas ou três sequências. É interpretada, aí, por Helena Pieske.

A Louise adolescente, de 16 anos, inteligentíssima, louca para ler os filósofos, aprender, compreender o mundo, estudar, é interpretada por Liv Lisa Fries, garota de rosto bonito, forte.

É essa Louise de 16 anos que vemos naquela primeira tomada do filme, falando um “não” forte, vigoroso. O filme vai estar para lá da metade quando finalmente teremos as informações que explicam aquela primeira tomada. Ainda em São Petersburgo, ainda aos 16 anos, Louise tornou-se aluna e amiga de um sujeito versado em filosofia, Hendrik Gillot (Marcel Hensema). Esse Gillot foi o primeiro homem – de muitos – que foram tomados por imensa paixão por aquela mulher inteligente e bela. Pediu-a em casamento, enquanto a atacava fisicamente em busca da mulher na garotinha – daí o “não” que o filme mostra antes de mais nada.

As garotas Helena Pieske e Liv Lisa Fries, as Lou criança e adolescente, aparecem pouco.

Na maior parte do tempo, vemos Lou interpretada pelas atrizes Nicole Heesters e Katharina Lorenz. Eta faz a Lou dos 21 aos 50 anos, e a primeira, a Lou aos 72 anos.

Inteligente demais, mas afetivamente travada

Em conjunto, as quatro atrizes – todas muito bem, com ótimas atuações – compõem essa mulher superdotada intelectualmente e que, no entanto, tinha enormes dificuldades para lidar com os sentimentos, a afetividade, a expressão das sensações, o amor e, at last but not at least, o sexo.

Determinada, firmemente determinada a não se casar, para não ser submissa a um homem, subjugada por um homem, Lou acabou criando uma couraça em torno de seu corpo. Quando conheceu Paul Rée, e ele se apaixonou perdidamente por ela, e em seguida surgiu Nietzsche, que também se apaixonou perdidamente por ela, manteve-se firme na coisa de não casar – e, muito mais que isso, não se deixar tocar.

Não dá para segurar a brincadeira besta: só Freud explica.

Ah, Freud. O filme não diz, nem desdiz, se entre Sigmund e Lou houve mais do que uma relação de admiração intelectual, uma frutífera convivência de professor e aluna, mestre e discípula – a discípula apresentando uma inteligência que surpreendia o mestre.

Passa ao largo, bem ao largo disso.

Mas é bastante interessante que a realizadora e roteirista tenha incluído, em seu filme de apenas 113 minutos para contar uma vida tão rica, o casinho que Lou teve com um jovem médico, o dr. Friedrich Pineles (Daniel Sträßer), depois que finalmente aprendeu que esse negócio de sexo é bom. E é um brilho a forma como o roteiro trata a história: Lou se arrepende de ter contado esse caso para Pfeiffer, que está anotando o que ela dita. Diz que aquilo não tem importância alguma, que não precisa ser registrado. E Pfeiffer obedece, saca a página da máquina de escrever e a amassa.

Até os russos no filme falam em alemão

Gostaria de registrar dois detalhinhos. Os dois têm a ver com línguas. Coisa de quem é apaixonado por línguas.

Aí pouco acima falei em “Louise von Salomé ou Luíza Gustavovna Salomé”. Há ainda uma terceira grafia, Lioulia von Salomé. A explicação é simplérrima: cada língua transcreve para o alfabeto latino – o nosso, que é o da maioria dos países europeus e dos colonizados por eles – do jeito que bem entende as palavras escritas em cirílico, o alfabeto russo. Assim, Луиза Густавовна Саломе tanto pode ser grafado daquela maneira ou de alguma outra. Claro, Louise, ou Luiza, ou Lioulia lá pelas tantas resolveu se chamar de Lou, como bem mostra o filme.

O segundo detalhe, que não é tão pequeno assim, é que, num de seus únicos equívocos, o filme escrito e dirigido pela alemã Cordula Kablitz-Post sobre essa mulher que passou a grande maior parte de sua vida na Alemanha, falando e escrevendo em alemão, caiu na armadilha hollywoodiana de considerar que no mundo se fala uma única língua: aquela do país produtor do filme.

Nos filmes de Hollywood, em especial os feitos aí até os anos 80, todo mundo fala inglês. Na Roma antiga de todos os filmes sobre os Césares, falava-se inglês. Na Terra Santa de Cristo, de Ben-Hur, falava-se inglês. Soldados alemães na Segunda Guerra falavam inglês. Marcianos chegavam à Terra falando inglês.

Pois bem: na Rússia imperial deste Lou Andreas-Salomé, falava-se alemão. Quando a Lou adolescente berra o negativo para o avanço do professor Hendrik Gillot, ela berra “nein”, e não a palavra russa para “não”.

Alguém poderia argumentar que os muito ricos na Rússia imperial, em São Petersburgo, especialmente, dominavam bem as línguas da Europa Ocidental. E os pais de Lou de fato eram descendentes de franceses e alemães. É um bom argumento. Mas não cola. É uma falha do filme. Pequena, mas é.

Um filme que de fato merece ser visto

Lou Andreas-Salomé, aparentemente, não foi levado aos circuitos dos 200 mil festivais de cinema que se realizam anualmente mundo afora. O IMDb registra apenas que ele foi apresentado no Emden International Film Festival e no Socially Relevant Film Festival NY. Jamais tinha ouvido falar em Emden International Film Festival, e nunca, nem nas minhas maiores pirações, poderia imaginar que em Nova York se realiza um festival de filmes socialmente relevantes.

Teve exibição comercial no Brasil – meu irmão Floriano, cinéfilo veteraníssimo, portador de carteira número 09 do fundamental Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais, viu na época do lançamento, comentou, gostou. Mas, ao que tudo indica, foi um filme pouco visto – aqui como no resto do mundo.

Fico pensando, um tanto acabrunhado, que este é daqueles filmes que deveriam ser vistos por um número muito, muito grande de pessoas. Claro, não teria nunca bilheterias extraordinárias dos filmes de matinê, para adolescentes, porque, afinal de contas, é um filme para adultos. Mas, diacho, não dá para passar tão despercebido assim.

Esta beleza de filme, sobre essa mulher extraordinária, está (ou ao menos esteve, no segundo semestre de 2018) disponível no Now. Vale a pena ver. Vale muito a pena ver.

Anotação em setembro de 2018       

Lou / Lou Andreas-Salomé

De Cordula Kablitz-Post, Alemanha-Áustria-Itália-Suíça, 2016

Com Nicole Heesters (Lou Andreas-Salomé aos 72 anos), Katharina Lorenz (Lou Andreas-Salomé dos 21 aos 50 anos), Liv Lisa Fries (Lou Andreas-Salomé aos 16 anos), Helena Pieske (Lou Andreas-Salomé aos 6 anos), Matthias Lier (Ernst Pfeiffer), Katharina Schüttler (Mariechen), Philipp Hauß (Paul Rée), Alexander Scheer (Friedrich Nietzsche), Julius Feldmeier (Rainer Maria Rilke), Harald Schrott (Sigmund Freud), Merab Ninidze (Friedrich Carl Andreas), Peter Simonischek (Gustav von Salomé, o pai), Petra Morzé  (Kuise von Salomé, a mãe), Daniel Sträßer (Dr. Friedrich Pineles), Marcel Hensema (Hendrik Gillot, o primeiro professor), Magdalena Kronschläger       (Frieda von Bülow, a grande amiga), Ruth Reinecke (Malwida von Meysenbug), Carl Achleitner (Verleger), Katrin Hansmeier (Elisabeth Nietzsche)

Roteiro Cordula Kablitz-Post & Susanne Hertel

História Cordula Kablitz-Post & Susanne Hertel

Fotografia Matthias Schellenberg

Música Judit Varga

Montagem Beatrice Babin

Casting Anja Dihrberg

Produção Avanti Media Fiction, Tempest Film, KGP Kranzelbinder Gabriele Production, ARRI Media Productions, Norddeutscher Rundfunk (NDR).

Cor, 113 min (1h53)

***1/2

 

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