O próprio Woody Allen define Bananas, o segundo filme escrito e dirigido por ele, lançado em 1971, como “uma comédia que não tem trama”. Eric Lax, o autor do livro Conversas com Woody Allen, diz que Bananas e o primeiro filme do realizador, Um Assaltante Bem Trapalhão, “são essencialmente monólogos cômicos filmados: uma gag verbal ou visual em cima da outra, sem muita atenção para os aspectos artísticos.”
É bem verdade que é uma piada atrás da outra, absolutamente sem parar. São 82 minutos de piadas, sem pausa. E é também um dos filmes de Woody Allen que mais abusa do nonsense: falta lógica, sentido, em quase tudo – é uma zoeira, uma coisa sem pé nem cabeça.
Mas… não acho que o filme não tenha trama. Tem trama, sim, e uma trama que mexe com um tema do qual Woody Allen passa longe na maioria de seus filmes: a política.
Num pequeno país da América do Sul, uma republiqueta de bananas, chamado San Marcos, um presidente é assassinado; um general toma o poder; um grupo de guerrilheiros luta contra a ditadura do general, e toma o poder. Mas, em vez de convocar eleições livres e abertas, e devolver a democracia ao país, o líder guerrilheiro se transforma em um novo ditador.
Com o detalhe de que todos os guerrilheiros são barbudos, e muitos usam uniformes bem parecidos com os daqueles que desceram da Sierra Maestra e derrubaram o ditador Fulgêncio Batista, em Cuba, em 1959, assumiram o poder e dele não saíram nunca mais.
Já estão ali muitas das características da persona de Allen
Woody Allen faz o papel dele mesmo, como sempre: um judeu nova-iorquino que fala sem parar, tem absoluta fascinação pelas mulheres, é um tanto inseguro e bastante trapalhão. Ou seja: já estão ali muitos dos elementos da persona que Allen criaria e que povoaria boa parte dos seus filmes, o judeu nova-iorquino intelectualizado, ligado de alguma forma às artes ou ao show-business, neurótico, apaixonado pelas mulheres e sempre preocupado com as grandes questões metafísicas.
Aqui, o personagem se chama Fielding Mellish, e trabalha numa gigantesca corporação como um dos homens que testam os produtos fabricados pela empresa. Na primeira sequência em que aparece, Fielding Mellish está testando um conjunto de invenções malucas para que as pessoas que trabalham em escritório possam se exercitar durante o expediente.
O roteiro original criado por Allen e seu amigo desde os tempos da adolescência Mickey Rose deu um jeito engenhoso e rápido de unir os acontecimentos de San Marcos, a republiqueta de bananas, com o protagonista. Uma moça, uma ativista em prol das boas causas sociais, bate a campainha no apartamento de Fielding Mellish. Está recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado contra a ditadura militar que tomou o poder e está governando San Marcos.
Fielding primeiro de tudo quebra a caneta que a moça oferece para que ele assine o documento – e em seguida a convida para entrar. Daí a algum tempo estarão namorando.
A moça se chama Nancy, e é interpretada por Louise Lasser, a segunda senhora Allan Stewart Konigsberg de papel passado.
Nancy, ativista incansável, carrega Fielding para todo tipo de manifestação política por causas justas, progressistas – o fim da ditadura no longínquo San Marcos entre elas, claro.
Lá pelas tantas, no meio de um passeio pelo Central Park, Nancy diz para Fielding que não quer mais saber dele. Que não gosta dele, que ele é inadequado para ela em tudo.
Uma das características de todo o filme é que em Bananas os atores todos foram colocados absolutamente à vontade para improvisar. Há muito mais improvisação do que diálogo previamente escrito no roteiro por Allen e Mickey Rose. Nessa sequência em que Nancy dispensa Fielding, Allen e Louise Lasser improvisaram o diálogo – e chega a ser até chato o tanto que eles falam, sem parar, os dois ao mesmo tempo, ela explicando os problemas da relação e ele se defendendo, tentando convencê-la de que os dois estão dando certo. É uma das marcas registradas das comédias de Woody Allen, o excesso de palavras – e a sequência é marcante, impressionante. Falam-se mais palavras ali do que caem gotas d’água das cataratas do Iguaçu, de Niagara.
Os guerrilheiros são, obviamente, inspirados nos cubanos
Abandonado pela namorada, Fielding decide embarcar para San Marcos, para fazer alguma coisa importante na vida, alguma coisa boa, certa, justa.
Junta-se aos rebeldes de Fidel Castro – ah, não, perdão, do guerrilheiro Esposito (Jacobo Morales).
No meio do monte de barbudos do guerrilheiro Esposito, há uma guerrilheira – morena, alta, magra, muito a atraente, muito gostosa. Chama-se Yolanda, como na canção maravilhosa que o cubano Pablo Milanés criaria anos mais tarde, e é interpretada por Natividad Abascal (na foto acima), uma espanhola que a equipe de casting descobriu e que depois trabalharia apenas em mais um filme e duas séries de TV. O nome dela é o quarto a aparecer nos créditos do filme, depois dos de Allen, Louise Lasser e Carlos Montalbán – embora, como nota o IMDb, ela não tenha uma fala sequer.
Não tem fala, é verdade, mas o personagem dela serve para piadas divertidíssimas.
Carlos Montalbán, o ator que aparece em terceiro lugar nos créditos, faz o ditador Fulgêncio Batista – ah, não, perdão, o ditador General Emilio Molina Vargas.
Prenome Emilio. Sobrenome Vargas. Não é uma coincidência fantástica que em 1971, o ano de lançamento de Bananas, um país grandão da América do Sul tivesse um ditador chamado Emílio – Emílio Garrastazu Médici? E não é também uma danada de uma coincidência que aquele mesmo país grandão tenha tido um outro ditador chamado Vargas – Getúlio Dornelles Vargas?
Chamar um daqueles guerrilheiros de Fidel ou Ernesto teria sido bandeira demais, óbvio demais. Mas que as referências aos guerrilheiros comandados por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara são claríssimas, ah, lá isso são.
E acho interessantíssimo que não se fale dessas referências nos textos sobre o filme. Nos que já li até agora, pelo menos, não há qualquer menção a Cuba. Não se fala uma palavra sobre Cuba nos trechos sobre Bananas do maravilhoso livro Conversas com Woody Allen, de Eric Lax. Na página de Trivia do IMDb sobre o filme, é transcrito um trecho de entrevista que Allen deu à revista Rolling Stone em 1971: – “Dizem que é um filme político, mas eu na verdade não acredito muito em política. Groucho Marx me disse que os filmes dos Irmãos Marx nunca foram conscientemente políticos ou anti-establishment. Os filmes têm que ser antes de tudo engraçados.”
Engraçado Bananas é, sem dúvida alguma. Como foi dito, é uma piada atrás da outra, sem parar. Claro que há algumas piadas mais bobas, mas há dúzias, dúzias de ótimas piadas.
Um pedido na lanchonete: mil e tantos sanduíches
Uma sequência hilariante é quando os guerrilheiros encarregam Fielding de chefiar um destacamento para obter comida para toda a tropa. E é fantástico como mais uma vez há coincidência entre o que Allen e Mickey Rose criaram e algo relacionado àquele tal país grandão da América do Sul.
Fielding vai a um bar, uma lanchonete – e faz o pedido de mil e tantos sanduíches. Exatamente como alguns dos estudantes que participavam do secretíssimo congresso da UNE em 1968 em um sítio em Ibiúna, nos arredores de São Paulo, que foram a um armazém da cidade e fizeram um pedido para alimentar dezenas e dezenas e dezenas de adolescentes de todo o país. O pedido despertou suspeitas – e daí a pouco dezenas e dezenas e dezenas de delegados estudantis de todo o país, José Dirceu inclusive, se não estou enganado, eram levados presos pelos agentes do Dops.
Não sei como foi em Ibiúna, mas, em Bananas, os funcionários da lanchonete prepararam os mil e tantos sanduíches direitinho, em embalagens unitárias – mas a maionese é servida à parte, conforme Fielding havia pedido, e ela vem em vários daqueles carrinhos da construção civil (na foto acima).
Há uma sequência que demonstra como o jovem Woody Allen, em seu segundo filme, aos 36 anos de idade, já tinha talento sobrando para improvisar num set de filmagem. É a sequência em que o general Emilio Molina Vargas recebe o gringo Fielding para jantar. O gringo ainda não havia se unido ao grupo de guerrilheiros que lutava contra a ditadura do general. Num mezanino na sala em que o general e dois de seus auxiliares recebem o gringo, há um quarteto de cordas tocando – sem os instrumentos. Os músicos fazem a mímica – e aquilo é desconcertante, nonsense, doidão, engraçado.
Foi uma improvisação. No dia da filmagem da cena, os instrumentos não chegavam. Não chegavam, não chegavam. Woody Allen decidiu: filmaria sem os instrumentos, os atores que interpretam os músicos fazendo mímica.
Allen quis dispensar Sylvester Stallone!
Há uma sequência, no entanto, que tem a ver com uma falha de Woody Allen, um grande erro de avaliação dele.
É a sequência em que Fielding está no metrô de Nova York, e entram em cena dois bandidos, ladrões, brutamontes que querem roubar os passageiros e também atazaná-los, provocá-los, bater neles.
Não é preciso o espectador prestar muita atenção: um dos bandidos é Sylvester Stallone (na foto acima). E não, não é uma participação especial, um cameo role, como dizem os americanos. É uma das primeiras aparições de Sylvester Stallone numa tela de cinema: o cara estava em inicinho de carreira. Havia tido papéis pequeninos, mínimos, em três filmes, antes de Bananas – um em 1969, dois em 1970.
O papel dele como um dos bandidos que atacam no metrô é tão pequeno que seu nome não aparece nos créditos, nem nos iniciais, nem nos finais.
Em uma das dezenas de entrevistas que deu a Eric Lax ao longo das décadas, e que resultou no livro Conversas com Woody Allen, o cineasta contou a história do casting de Sylvester Stallone como prova de quanto ele pode errar a mão: “Eu estava fazendo Bananas (em 1970) e pedido para o pessoal de casting que me mandasse uns gângsteres. Me mandaram o Stallone e um outro garoto, e eu disse: ‘Não é nisso que eu estava pensando. Não são tão agressivos quanto eu queria’. E os dois garotos disseram: ‘Por favor, Mr. Allen, dá uma chance, deixa a gente se maquiar’. Eles voltaram em 60 segundos e eu me dei conta do imbecil que era.”
Uau! Woody Allen olhou Sylvester Stallone e achou que ele não tinha um jeitão de tão forte, tão agressivo quanto ele queria!
Stallone, de 1946, estava com 24 anos em 1970, durante as filmagens de Bananas. Apenas cinco anos depois, em 1976, ele lançou o primeiro Rocky, dez indicações ao Oscar, vencedor nas categorias melhor filme, melhor direção para John G. Avildsen e melhor montagem.
É uma das características da obra de Woody Allen isso de atores bem em início de carreira aparecerem em pontas em seus filmes. Foi assim, por exemplo, com a maravilhosa Sigourney Weaver: quando estava começando, a linda mulher fez uma ponta em Annie Hall (1977), como uma moça que vai ao cinema com Alvy Singer, o papel de Allen.
Me permito transcrever um trecho do meu texto sobre Annie Hall:
O mais atento, fanático, cuidadoso espectador terá imensa dificuldade em ver Sigourney Weaver em Annie Hall. Eu, fã de carteirinha da grande deusa, sempre que revejo Annie Hall tento encontrá-la – em vão. É preciso ver o filme em DVD, observar os créditos finais, voltar atrás, parar, para… não propriamente ver, mas para verificar que Sigourney Weaver deve ser aquela mulher altíssima ao lado do baixinho Woody Allen, naquela única tomada, em plano geral, a câmara bem distante de um grupo de quatro pessoas diante de um cinema que exibe The Sorrow and the Pity: Alvy e sua amiga, talvez nova namorada, e Annie e seu novo namorado. Na única tomada em que Sigourney Weaver aparece em Annie Hall, mal dá para vê-la. Apenas dois anos mais tarde, em 1979, o inglês Ridley Scott botaria a deusa Sigourney Weaver para enfrentar um Alien, e a deusa passaria direto e reto de figurante para fulgurante estrela maior, com perdão pela aliteração.
Foi exatamente assim também com Christopher Walken, com Jeff Goldblum, com John Turturro e… com Meryl Streep.
Christopher Walken e Jeff Goldblum têm papéis mínimos, mínimos em Annie Hall. John Turturro, em Hannah e Suas Irmãs (1986). E Meryl teve um pequenino papel em Manhattan (1979), como a mulher que trocou Isaac Davis, o personagem de Woody Allen, por outra mulher. Mais tarde, naquele mesmo ano de 1979, ela faria o principal papel feminino de Kramer vs. Kramer, e o cinema nunca mais seria o mesmo.
Louise Lasser já era ex-esposa nas filmagens de Bananas
Como já foi dito, Bananas é o segundo filme escrito e dirigido por Allen – e o segundo filme de Allen com sua segunda mulher Louise Lasser (na foto acima). No primeiro, Um Assaltante Bem Trapalhão/Take the Money and Run, ela teve um papel bem pequeno. Woody Allen chegou a considerar a possibilidade de colocá-la como Louise, o principal papel feminino do filme, mas ele e os produtores acabaram optando por Janet Margolin.
Louise Lasser voltaria a trabalhar com Allen no seu filme de número 3, Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar, de 1972: ela faz Gina, no terceiro segmento do filme, o que é todo falado em italiano, “Por que algumas mulheres têm dificuldade para chegar ao orgasmo?”
Ela esteve nos três primeiros, mas não voltaria a trabalhar mais em filmes com o ex-marido. É interessante notar que, nas filmagens de Bananas, em 1970, Allen e Louise não estavam mais casados. O casamento deles durou de 1966 até exatamente 1970. Durante as filmagens de Bananas, Woody Allen já estava namorando a que seria sua terceira mulher, Diane Keaton.
Allen e Diane Keaton viveram juntos durante alguns poucos anos, três ou quatro – e, depois que se separaram, continuaram fazendo filmes juntos. Foram cinco consecutivamente: O Dorminhoco (1973), A Última Noite de Bóris Grushenko (1975), Annie Hall (1977), Interiores (1978) e Manhattan (1979). Depois, em plena fase Mia Farrow, ele ofereceu a Diane Keaton uma participação especial em A Era do Rádio (1987); e, logo após o fim da fase Mia Farrow, ainda fariam juntos Um Misterioso Assassinato em Manhattan (1993).
Não houve casamento de papel passado nem com Diane Keaton, nem com Mia Farrow. Com papel passado foram três: com Harlene Susan Rosen (1956-1962), com Louise Lasser (1966-1970) e com Soon-Yi Previn, a filha adotiva do casal Mia Farrow-Andre Previn. O casamento com Soon-Yi foi em 1997, e estão juntos até hoje.
O carrinho de bebê – a homenagem a Eisenstein
No meio da sequência em que os guerrilheiros tomam o poder do ditador Emílio Molina Vargas, há uma rápida tomada mostrando um carrinho de bebê que vai, desgovernado, descendo uma escadaria.
Dezesseis anos mais tarde, em 1987, outro grande cineasta americano da mesma geração de Woody Allen também filmaria um carrinho de bebê descendo uma escadaria. Allen era um iniciante em Bananas, e então a cena do carrinho de bebê na escadaria é bem rápida, não é uma coisa elaborada, caprichada. Quando fez Os Intocáveis (1987), Brian De Palma já era um realizador experientíssimo, maduro – e ele caprichou especialmente na sequência do tiroteio na maior estação de trem de Chicago em que aparece o carrinho de bebê caindo escadaria abaixo.
São, as duas sequências, a de Allen e a de De Palma, uma homenagem a um dos grandes mestres do cinema, dos que escreveram a gramática da nova arte, o russo Serguei Mikhailovich Eisenstein, e à magnífica, antológica sequência do tiroteio nas escadarias de Odessa em O Encouraçado Potemkin (1925).
Algumas informações esparsas sobre o filme e sua produção, a maioria tirada da página de Trivia do IMDb:
* Por causa do (falso, fictício, é claro) anúncio de cigarros que aparece como se fosse um intervalo na reportagem da televisão que transmite a consumação do casamento dos personagens de Allen e Louise Lasser – que é todo feito numa igreja, e em que se agradece a Deus pelo cigarro –, o filme mereceu um selo de “condenado” da Igreja Católica nos Estados Unidos.
* Diz o IMDb que, quando perguntado em uma entrevista por que o filme tem o título de Bananas, Allen respondeu: “Por que não há bananas nele”. O grande site dá essa informação assim, seca. Não faz referência alguma à expressão “república de bananas”, usual até hoje – ou até pouquíssimo tempo atrás.
“República de bananas”, é bom lembrar, foi uma expressão usada inicialmente por americanos para se referir a paísecos da América Latina que viviam da produção de bananas e outras frutas, eram absolutamente subdesenvolvidos e sempre sujeitos a golpes de estado. Consta que o termo teria sido cunhado por O. Henry, o pseudônimo do escritor William Sydney Porter (1862-1910), no conto “O Almirante”, de 1904. O conto é do período em que o escritor americano morou em Honduras – uma época em que a empresa United Foods mandava e desmandava em países da América Central onde plantava bananas y otras frutitas más.
* No julgamento de Fielding Mellish em um tribunal de Nova York, quase ao fim do filme, uma das testemunhas – uma mulher negra, grande – se apresenta como J. Edgar Hoover, o criador do FBI, Federal Bureau of Investigation, e seu todo-poderoso diretor de 1935 a 1972. Ou seja: o cara ainda era o chefão da Polícia Federal americana quando Woody Allen lançou o filme. (A atriz que interpreta J. Edgar Hoover disfarçado de mulher negra e grande se chama Dorothi Fox; fez 28 filmes, em uma carreira entre 1970 e 2018.)
O IMDb informa o seguinte: “Isso no filme era para ser apenas uma piada; mas, depois que J. Edgar Hoover morreu, seria revelado ao mundo que ele gostava de usar roupas de mulheres – algo em que ninguém teria acreditado na época do filme”.
Fantástico como há coincidências entre o que Allen e Mickey Rose criaram no roteiro e algumas verdades históricas… Emilio… Vargas… Hoover como uma mulher…
* Foi o segundo – e último – filme de Allen com trilha sonora escrita especialmente para ele pelo compositor Marvin Hamlish. E a canção “Quiero la noche”, letra e música de Hamlish, é uma absoluta delícia, engraçadíssima. Nos filmes seguintes, e ao longo de toda a longa carreira, Allen passaria a não ter trilha sonora composta para ele. Uma das características de seus filmes é usar composições já conhecidas – eruditas, de jazz, da Grande Música Americana, mas sempre composições já existentes.
Já dá para perceber que ali estava um gênio
Leonard Maltin deu a cotação máxima de 4 estrelas para o filme: “Hilariante; a costumeira variedade de boas piadas, piadas ruins. Idéias bizarras construídas em torno da premissa improvável de Woody se envolver numa revolução ao Sul da fronteira. Trilha engraçada de Marvin Hamlisch; procure por Sylvester Stallone como um bandido, Allen Garfield como homem na cruz.”
Jamais tinha ouvido falar em Allen Garfield até rever agora Bananas, e ler as referências a ele no papel de um sujeito que é colocado em cima de uma cruz em uma das sequências passadas na fictícia república de bananas de San Marcos. “Nascido em New Jersey, Allen Garfield estudou no Actors Studio em Nova York. Teve uma carreira prolífica no teatro antes de fazer sua estréia no cinema em 1968”, ensina o IMDb. Vixe: 119 títulos em sua filmografia.
Diz o Guide des Films de Jean Tulard: “Bananas é o segundo filme de Woody Allen. Ainda um pouco rascunho, e filmado de forma muito desconexa e muitas vezes desejeitada, ele deixa, no entanto, pressentir o cômico e a inteligência de um futuro grande realizador”.
Oulalá! É isso aí. Um dos maiores realizadores da História – tout court.
Anotação em março de 2019
Bananas
De Woody Allen, EUA, 1971
Com Woody Allen (Fielding Mellish)
e Louise Lasser (Nancy), Carlos Montalban (General Emilio Molina Vargas), Natividad Abascal (Yolanda), Jacobo Morales (Esposito), Miguel Suarez (Luis), David Ortiz (Sanchez), Rene Enriquez (Diaz), Jack Axelrod (Arroyo), Howard Cosell (ele próprio), Roger Grimsby (ele próprio), Don Dunphy (ele próprio), Charlotte Rae (Mrs. Mellish), Stanley Ackerman (Dr. Mellish), Dan Frazer (padre), Martha Greenhouse (Dra. Feigen), Conrad Bain (Semple), Tigre Perez (Perez), Baron DeBeer (embaixador), Arthur Hughes (juiz), John Braden (promotor), Dorothi Fox (J. Edgar Hoover), Dagne Crane (Sharon), Allen Garfield (o homem na cruz)
Argumento e roteiro Woody Allen & Mickey Rose
Fotografia Andrew Costikyan
Montagem Ron Kalish
Música Marvin Hamlisch
Produção Charles H. Joffe, Jack Grossberg, United Artists. DVD Fox.
Cor, 82 min (1h22)
R, ***
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